The Beautiful Thieves escrita por bitterends


Capítulo 8
Tímido Demais Para Gritar




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Faltavam vinte minutos para a hora da saída, pedi permissão e corri para o banheiro levando o "kit de primeiros socorros", chamado maquiagem.

Passei um delineador, rímel, blush bem fraquinho e um brilho labial. Soltei os cabelos, estava pronta e ansiosa!

Voltei para a sala, terminei de arrumar minhas coisas e finalmente o sinal bateu. Recebi uma mensagem no celular escrita " Estou aqui, bebê." Ah, como meu coração bateu mais forte!

Procurei-o com os olhos, de cima dos poucos degraus de entrada e saída da escola, avistei-o de braços cruzados, vestindo uma blusa rosa - claro que amo, calça preta, all star preto e óculos escuros estilo aviador, com os cabelos muito arrepiados... Ele queria me matar de paixão,  porque sabia exatamente como eu babava em vê-lo, ainda mais vestido como um garotão.

Ele me viu e acenou sorrindo para mim. Conforme me aproximava, ele tirou os óculos... Seus olhos castanhos brilhavam, de modo que trazia muito mais beleza a estes. Não me contive. O abracei forte e o  cumprimentei com um selinho demorado, estávamos quase tocando nossas línguas quando ele me afastou, interrompendo o momento que eu tanto esperava.

— Vamos... - Ele abria a porta para que eu entrasse no carro, meio corado e de cabeça baixa.

Logo também entrou no carro, alisando os cabelos. Estava nervoso, o que quase aconteceu certamente havia mexido com ele.

— O que você gostaria de ouvir?

— Sua voz... - Respondi

— Tenho alguns cd's da banda no porta-luvas, escolha algum! Vai cansar de me ouvir rapidinho! – Brincou.

Não era o que eu esperava que me respondesse, queria que fosse mais romântico, que conversássemos como se não tivesse acontecido algo.

— Você é um pouco narcisista, não é? Ter os próprios CDs no carro! – Tentei descontrair.

Escolhi o "DecemberUnderground" e coloquei a música "Summer Shudder" para tocar.

" Ouça quando eu digo,

Quando eu digo que isso é real.

A vida real segue indefinida

Por que você tem que fazer tanta falta?..."

Sua expressão tornou-se triste, de modo que eu não tinha visto antes, enquanto a música rolava.

"Sob a chuva de verão eu me consumi

Sob a chuva de verão (Queima!)

Você se afastou."

Seus olhos estavam cheios de lágrimas, mas ele não as derramava. Eu queria ver até onde isso iria, sabia que por algum motivo àquela música o machucava e queria saber qual motivo era.

" Esta é a queda

Este é o longo caminho pra ruína

E nossas vidas parecem menores agora

E nossas vidas parecem tão pequenas

Dispostas a chorar. "

Até que com olhos pesados, ele parou o carro, num olhar que acabava comigo.

— Você poderia, por favor, pular para outra música?

— Claro, sem problemas.

— Eu consigo me emocionar com minhas próprias músicas. Que desastre.

Eu sorri sem jeito e nada respondi, mas coloquei em uma pior ainda para ele, "Endlessly, she said".

"... Eu retornei, mas encontrei

Minha casa vazia

O rádio disse para eu ficar

Eu cantei sozinho aqui

Toda a vontade que passo, meu amor."

Davey chorava feito criança, olhou fixamente para mim e deu um soco no volante, me deixando assustada.

—Isto não está me fazendo bem hoje, está acabando comigo...

Eu olhei para ele completamente assustada. Como ele podia dizer aquilo? Eu só havia colocado um CD e as letras das músicas tinham sido escritas por ele!

Não pensei, não perguntei... Simplesmente abri a porta do carro, me soltei do cinto de segurança e saí correndo para dentro do Central Park, que era onde ele havia parado o carro para darmos uma volta.

Quando perdia meu fôlego, por tanto correr e chorar, senti meu braço sendo puxado com força... Era ele.

— Me perdoa, você não tem culpa... Você nem sabe... - Ele segurava meus dois braços, evitando que eu pudesse me soltar e fugir.

— Exatamente por isso não entendo! Eu nem sei o que te aconteceu, por que me disse aquilo? - Ele então me soltava, secando o rosto.

— Me perdoa... - Sua voz mal saía, eu me sentei no gramado, encostada na árvore atrás de mim enquanto ele em pé, se controlava tentando voltar a ser o Davey que eu conheci. - Escrevi essas músicas no auge de minha saudade. Por favor, não me pergunte... São coisas que eu ainda não sei como contar pra você... E eu sei, Michelle, que você talvez possa me ajudar a estancar este sangramento em meus sentimentos.

Ele se sentava ao meu lado, sem conseguir olhar para mim. Suas palavras me sensibilizaram e passei a tentar confortá-lo.

— Davey, não farei você falar... Não quis te pressionar, se eu sou a única que posso fazê-lo parar de sangrar... Não me importa o que deva fazer, eu faço. Mas precisa confiar em mim.

— Eu confio e é o que me assusta... Ah, Miche, você não sabe o quando dói, o quanto sangra...

— Me deixe fazer parar então.

O abracei e o beijei... Ele retribuía desta vez, intensificando nosso beijo, nosso primeiro beijo... Com gosto de lágrimas, envolvido num carinho inexplicável, enquanto ele me deitava no gramado.

Foi um beijo longo, lindo... Quando acabou, estávamos deitados, sentindo a brisa seca tocando nossas peles, minha cabeça pousada em seu peito e ele acariciava meus cabelos.

Nada precisava ter sido de outro modo... era uma doação de alma, de amor, de conforto.


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