The Beautiful Thieves escrita por bitterends


Capítulo 4
Reencontro e Alerta




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Eram 6:00 da manhã, minha ansiedade me fez levantar.

Escolhi muitas roupas, mas nada parecia cair bem, experimentei todas as roupas novas do meu closet... Como elas podiam não cair bem?

Decidi então me vestir o mais simples possível; coloquei um vestidinho cinza, que combinava com a manhã nublada, um casaquinho preto por cima, prendi meus cabelos e coloquei uma sapatilha também preta, contornei meus olhos com o delineador, usei rímel nos cílios, um blush bem leve, mas meu batom vermelho intenso era o único destaque em meu rosto.

Eu não era habituada a usar sapatilhas e cabelos totalmente presos, as pessoas não sabiam o quão baixinha eu realmente era, muito menos como era meu rosto sem a quantidade de maquiagem que eu gostava de usar. Mas naquele dia eu me senti uma pessoa diferente, senti que aquele dia iria ser diferente!

Desci para tomar o café da manhã junto ao papai, ele já lia o seu jornal na sala de refeições, enquanto Mary, nossa governanta preparava a mesa para o café e Jane trazia a refeição.

Mary trabalhava em nossa casa desde antes da mamãe morrer, apesar de eu ser uma pessoa difícil, ela me tratava com muito amor e carinho e eu sempre a amei, ainda mais depois que perdi minha mãe, para nós era como se fosse da família e não empregada.

Papai e Mary olharam para mim com olhos brilhantes, papai levantou-se como sempre fazia para me dar um beijo, mas desta vez meio pálido assim como Mary.

— Meu Deus, você está igualzinha a sua mãe, Michelle! Puxa, como você é baixinha, nunca reparei!

— Está linda assim: simples, natural. Você está tão... tão você - Mary tentava encontrar palavras para me descrever.

—Gente, eu estou com fome, parem de me admirar e afirmar o que já sabem: sou linda e ponto!

Após o que eu disse, nós rimos bastante e começamos a conversar animadamente sobre o que gostariamos de realizar naquele dia, Jane também comentou sobre meu visual, e a convidamoos para tomar o café conosco, interagimos muito mais!

Saímos de casa às 8:00, chegamos na produtora, os funcionários já haviam começado suas tarefas, todos eram muito ageis e competentes, meu pai não se preocupava quanto a isso.

Minha ansiedade por ver Davey aumentava a cada minuto, ele havia me enfeitiçado, eu precisava vê-lo. A AFI chegaria no estúdio às 10:00, mas para minha surpresa, Davey chegou com uma hora de antecedência.

— Bom dia sr. Walker, como vai?

— Vou bem Davey, e eu não gosto quando me chamam de "senhor", não gosto de lembrar que estou envelhecendo! E você, como está? O que te trouxe tão cedo?

— Bem, vim agora de Seatle, a mãe de Jeff está lá e doente... fui dar uma força a eles.

— Puxa, o Jeffrey deve estar muito mal...

— Exatamente por isso vim embora... ele não está mal, trata a mãe com mágoa e nós brigamos feio por isso e ...

Chegando, atrapalhei a continuidade da conversa, mas quando seus olhos encontraram os meus... Me senti no céu e no inferno ao mesmo tempo, um gelo, um calafrio percorria meu corpo, e ele me cumprimentou da mesma forma que a primeira vez.

Mas eu podia ver em seus olhos um brilho triste, que dilacerava meu coração, eis que a proposta de meu pai acendeu uma chama em meu olhar.

— Davey, eu queria continuar a conversa, mas como vê, a banda que marquei antes de vocês já chegou. Ah! Michelle pode te acompanhar até a cantina e vocês podem tomar um café, se distrair até os outros chegarem. O que acha?

— Acho ótimo! Tenho certeza que teremos muitos assuntos.

— Agora que está bem acompanhado, me dê licença! Cuide bem do meu bebê... É a única coisa que eu tenho!

— Papai! - Eu não gostava de ser tratada como uma bonequinha, ainda mais perto de quem eu queria impressionar.

 Davey riu gostosamente e nos dirigimos a cantina. Ele pediu um café bem forte, e eu apenas um suco de laranja, o assunto de repente fluiu.

— Entendo o seu pai, ele será assim a vida inteira, pode ter certeza!

— É, eu sei, minha única queixa é que ele me vê ainda como um bebê!

— Hum... Qual sua idade mesmo?

— Ahn... 16 anos. - Eu não queria ter respondido minha idade, mas se eu mentisse, bem, ele iria acabar descobrindo!

— Ora, me desculpe, por favor... Mas você realmente é um bebê, queridinha! Só perdoo você, porque com 16 anos eu também queria ser tratado como um adulto e também odiava ouvir o que te falei!

— Obrigada pela parte que me toca! - Ri meio constrangida.

Continuamos conversando animadamente, o senti melhor e automaticamente também me senti muito bem, até que o celular dele tocou, e a expressão de seu rosto mudou completamente.

— Um instantinho, Michelle! -acenei com a cabeça e ele atendeu na minha frente mesmo. - Pode falar, Jeffrey... Não, eu tenho ensaio com a banda hoje, não posso faltar porque entraremos em turnê mundial daqui a quatro meses... Já te disse, não volto para aí enquanto você continuar tratando sua mãe dessa forma, você deveria perdoá-la e dar valor, porque quando ela morrer você será o primeiro a chorar e eu não vou querer ver suas lágrimas de arrependimento... Falo assim mesmo, está se comportando como a menininha infantil que nunca foi! - Num suspiro de ódio ele desligou o celular... apesar de eu estar assustada, não quis demonstrar, para que ele não ficasse desconfortável.

— Me perdoe Michelle, perdoe mesmo, não me contive... Falei dele de um jeito tão preconceituoso... eu gosto desse idiota, mas ele me tira do sério!

Eu coloquei minha mão sobre a dele, alisei seu braço tatuado... e então, tentava achar palavras que o confortassem, olhava-o fixamente, até que disse finalmente o que eu queria... e o que ele precisava.

— Olha, sei que não poderei te ajudar e que você me acha um bebê... Mas eu tenho todo o tempo pra te ouvir, se você quiser conversar, falar. Prometo somente escutar e eu não conto pra mídia!

Ele riu e me abraçou e começou a contar o que havia ocorrido depois da festa até sua chegada à produtora.

Surgia ali um sentimento de conforto e amizade.

Como o tempo passa quando nos divertimos, os outros chegaram as 10:00 em ponto, mas uma hora de conversa com  Davey me pareceu a eternidade.

Escutei um pouco do ensaio deles, depois fui ao estúdio de fotografia, encontrei todos de bom humor, mas meio atrapalhados ainda.

— Aí, a chefia chegou! Vamos fingir ordem senão ela nos despede. - Greg já brincou.

— Você está atrasada, hein perua?! Disse que iria estar aqui às 9:00 em ponto... são quase 11:00! Espero que o bofe que você estava admirando seja bom, senão te dou uma pancada na cabeça! - Harry falava e gesticulava com as mãos, de modo muito engraçado, fazendo todos rir.

Logo após, começaram a elogiar minha aparência (que carma, todos resolveram fazer isto naquele dia), agilizamos nosso serviço e já era a hora do almoço! Louis, Greg, George e Perry decidiram almoçar no restaurante Italy, ao lado da produtora, já eu e Harry fomos para o outro lado da rua, no restaurante japonês.

Assunto foi e veio, até que Harry me surpreendeu.

— Miche, você tá interessada no Havok, não está?

— Harry, por que me perguntou isso?!

— Eu fui até a cantina pra pegar meu café, como todos os dias e os observei conversando... Você olhava pra ele de um jeito que estava difícil não reparar.

— Estou apaixonada pelo Davey, isso começou semana passada, sei que é pouco tempo pra dizer que é paixão, mas eu o quero... muito, muito mesmo Harry... Ele me enfeitiçou! Porém eu sei que nunca o terei pra mim, ele é muito mais velho, me acha um bebê e meu pai jamais aprovaria e ele também é...

— Segundo a ciência, a paixão pode acontecer até em uma hora, olha só, a sua já tem sete dias! Queridinha, não vou te desanimar nem te incentivar, você precisa saber que nada é impossível, mas existem muitos riscos a serem corridos. Primeiro que ele é mais velho e realmente pode não te querer, e mesmo querendo, você é menor de idade... Ele pode ir preso. Segundo que homens mais velhos tem necessidade de sexo, coisa que você ainda não fez!

— Credo, Harry!

— O que foi, eu estou mentindo? Quieta, eu ainda não terminei de falar! Terceiro, pelo que sei, até um tempo atrás ele saia com homens, e por fim, não menos importante, seu pai não ia gostar nada do bebê dele com um bissexual, isto se ele é bi mesmo. Talvez nem você mesma iria aceitar. Pensa bem.

— Já pensei nisso, eu aceitaria...

— Com receio, bebê... Você sempre teria medo dele te trair com um homem!

— Harry, por favor, vamos mudar de assunto.

Ele respeitou minha vontade, mudamos de assunto. Suas palavras eram duras de ouvir, mas eram verdade.

O dia seguiu divertido, mas não me saiam os pensamentos duros da cabeça: eu aceitaria ficar com o Davey, mesmo que ele seja bissexual? E se eu aceitasse, teria receio e sempre teria medo dele me trair com um homem? E logo se via meu sofrimento por antecipação, já que eu realmente nem sabia se ele gostava de mulheres... Poderia muito bem ser gay. Eu estava tão cega que nem considerei.

Estas questões não são irrelevantes quando se quer verdadeiramente uma pessoa.


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