The Beautiful Thieves escrita por bitterends


Capítulo 37
...Mas Casa é Lugar Nenhum.


Notas iniciais do capítulo

Narrado novamente pela Miche!



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  Eu realmente amava dar aulas de inglês para as crianças, era a única coisa que eu sabia para ensinar perfeitamente. E elas, por sua vez, faziam colares com dentes de leão ou crocodilos e pulseiras de linha. Esse tipo de presente era bastante especial, pois em geral vinham de alguma aventura de seus pais, amarrados com o próprio couro do animal, cortado bem fino por suas mãe. Seus hábitos eram bem tribais, festivos, mesmo faltando o que comer, é um povo que mostra alegria e força para sobreviver.

Certamente Davey não concordaria com os meus 'presentes', mas eu os sinto como amuletos, e há um muito especial pra mim, que uma menina de doze anos chamada Zanúbia me deu.

'' - Tia Miche, eu quero te dar uma coisa... -ela estendeu o colar - eu já te disse que meu pai foi morto por um crocodilo?

- Sim, já contou, querida.

- Eu e Iroque estávamos juntos, lá... Papai nos ensinou como caçar com lanças. Quando o bicho dormiu, eu e meu irmão o matamos... porque precisavamos abrir seu estômago para retirar papai e o cremar e dar de comer para a tribo o resto do crocodilo... Nosso povo crema os mortos sabe? Pra alma ver a luz e o mal não se apoderar do corpo. Com o couro do animal enrolamos o corpo. Arrancamos os dentes pra fazer enfeites e utensílios. O único dente que prestava para um enfeite era esse... eu mesma arranquei e mamãe poliu, disse que faria o colar mais bonito pra você, porque ensinou a mim e Iroque a ler e escrever, nos ajudar com o que comer e ser tão boa. Eu sei que você vai embora algum dia, minha tribo também vai. E já que vou me lembrar de você em cada livrinho que me deu ou placas que vou ler, queria lhe dar algo que a fizesse se lembrar do meu irmão e eu. ''

Desde então, não tirei mais do pescoço, apenas na hora de dormir, pois o dente é tão polido e afiado que pode facilmente perfurar a pele até o coração.

Eu não me dava conta de quanto tempo já havia passado, já era final de julho, no próximo mês papai estaria fazendo aniversário. Eu não tinha dinheiro para voltar pra casa para vê-lo, minhas poucas roupas que trouxe estavam guardadas muito tempo  e como emagreci muito, certamente não serviam. Abri mão de todas para usar os vestidos de saco beges e marrons que as mães das crianças faziam para mim, e à noite, as blusas de Josh eram bastante convenientes. Eu tinha duas sapatilhas, também guardadas, para caso eu decidisse voltar algum dia. Andava descalça, sentindo a aridez da areia, pés calejados das pedrinhas que chutava. Eu estava tão encantada com aquele lugar, a lua era mais brilhante e o sol insistente e ardido, minha pele finalmene estava um pouco mais dourada, pois nos primeiros dias, ficou tão vermelha que pensei que iria ter um câncer de pele.

Josh era uma companhia maravilhosa todas as noites, ele tem o mesmo nome do cara que me estuprou, algo que me dei conta faz pouco tempo, mas não parecia nem uma gota com aquele porco nojento. Em outro tempo, em outra vida eu o teria amado como homem, o amado infinitamente. Me casaria com ele e envelheceriamos juntos, cuidando daquelas pessoas, como queria que acontecesse.

Por mais perfeito que ele fosse, eu só queria ao Davey. Era com ele que eu acreditava estar escrito o meu destino. E era com ele que eu teria filhos. Apesar de tudo, eu sentia que ele poderia me aceitar de volta, quando soubesse o que passei para me descobrir, para descobrir o que é vida, o que é amor , que ele dizia eu não saber o sinificado.

Eu estava quase pronta pra voltar pra casa. Pra voltar pra ele.

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PARTE 2

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Josh acordou comigo afagando seus cabelos escuros com poucos fios grisalhos começando a aparecer junto com seus 32 anos - e novamente alguém bem mais velho que eu! - eu gostava do charme da idade dele aparecendo.

- Já é de manhã?

- Não, ainda vai dar meia noite...

- Por que está acordada ainda?

- Estou pensando em Harry, tive um sonho ruim com ele há pouco.

- Ligue para ele...

- Eu não tenho como... esqueceu que me livrei do celular pra não me rastrearem?

- Puxa, como você complica as coisas... -disse ele me entregando seu aparelho. - não se preocupe, coloquei em modo restrito, não terão como rastrear nem tão fácil.

- Obrigada...

- Disponha... lá fora o sinal é menos péssimo, quando terminar me chame, eu quero me aproveitar mais um pouco enquanto posso! - ele disse me fazendo sorrir '' é, também quero me aproveitar de você Jos!''

Disquei o número de Davey espontanea e inocentemente, mas não pareceu tão inocente quando me dei conta e deixei chamar...

- Alô?

- David? É você?

- Oi, a ligação está péssima, eu não posso te ouvir. Mas o Davey está no banho, ele pode te ligar depois... qual seu nome?

Eu sabia bem de quem era aquela voz. Desliguei e apaguei a chamada... liguei para Harry. Ele parecia sonolento quando atendeu.

- Harry?

- Eu conheço essa voz de qualquer lugar da galáxia!  MICHELLE WALKER, SUA VADIA!!!! - beleza, agora ele estava ofensivamente eufórico! - Por que demorou tanto pra falar comigo? Você acha que pode me deixar uma cartinha há oito meses atrás, me ligar às nove da noite depois de tanto tempo que vou te atender como se nada fosse mais importante do que falar com você? ... Que bom que me conhece porque é tudo isso mesmo, você sabia que iria te atender e largar de transar com um puto que paguei, quase tendo um orgasmo...

- Que nojo, Harry...

- Pelo amor de Deus, conversa comigo... a ligação está chiando um pouco, mas eu consigo te ouvir bem.

- Estou ligando porque eu estou com tanta saudade, tive um pesadelo com você e meu coração apertou... e também quero saber de papai e de... tudo...

- Seu pai tá naquelas, eufórico quando o telefone toca, colocou toda a polícia federal atrás de você, ele sempre acha que você vai dar notícias, e se for liar pra ele e não quiser que ele descubra onde te encontrar, cuidado! Ele grampeou todos os telefones que dão acesso à ele, mas mesmo assim, eu queria que ele pudesse te ouvir. Ele está triste demais, o aniversário dele está chegando e ele está mais deprimido... você poderia voltar...  E o Davey, bem... ele tá trabalhando como louco, vai fazer um filme, sabia?  E... está morando com o Jeffrey, o Joe, meu cabeleireiro e do Jef, disse que Jeffrey chega muito alegrinho alguns dias que Davey está em casa e comenta sobre a noite que teve com o cara... Desculpe te falar isso, sei com certeza que você ainda o ama e que se voltar, vai procurar por ele...

- Talvez... eu encontrei alguém também... de verdade! Eu o amo, mas como um amigo que faço sexo e sinto profunda gratidão por ele, em outra circunstância, eu adoraria me casar com ele...

- Ui!

- E vou ser bastante sincera com você... estou na Africa, cuidando de crianças, ensinando-as a ler e escrever, usando vestidinhos de saco feitos com carinho por suas mães, andando descalça, estou mais magra, bronzeada, meus cabelos estão muito curtos, eu não tenho dinheiro pra voltar pra casa... aliás, eu tenho dinheiro pra nada, vim com duas mudas de roupa, duas sapatilhas, a única coisa que trouxe exageradamente foram peças íntimas... de comida até sabonete tenho por conta do grupo de médicos voluntários a que me juntei financiado com uma quantia razoável pelo governo inglês... estou falida, quebrada, com calos de escrever nas mãos e calos da aridez do luar nos pés... e por incrivel que pareça, eu nunca estive tão feliz na minha vida.

- E por quê você quer voltar pra cá?

- Porque fiz a coisa certa no lugar certo, eu errei em absolutamente nada aqui... E aprendi a enfrentar meus erros, fazer a coisa certa no lugar que deixei tudo errado. Meu pai merece ver minha felicidade e ficar feliz também e minha história com Davey não acabou... mesmo que tenhamos pessoas diferentes neste momento... temos muito o que resolver ainda.

- E se não ficarem juntos?

- Vou estar com consciência limpa e assim estarei livre pra recomeçar seja com ou sem ele. O importante não é só voltarmos, o importante é cessar todo o rancor.

- Eu não quero que você sofra, de novo.

- Eu vi o suficiente pra não sofrer por uma pessoa. Sofrer por amor é só a prova que ainda não aprendemos a amar.

- Estou realmente feliz por escutar essas coisas de você, ver que aprendeu e qe sua fuga fez algo valioso no teu coração... Você pretende voltar quando?

- Quando estiver pronta... se conseguir dinheiro...

- Quando quiser vir, apenas me diga quando e me passe algum endereço. Eu VOU dar um jeito de você voltar. Não te perdoarei se não fizer o que eu disse... Então jure por Deus que vai ligar quando voltar?

- Juro, eu vou fazer o que me pediu.

- Perfeito.

- Preciso desligar, Harry... Eu quero que saiba que amo você.

- Tudo bem... posso dizer ao Bryan que entrou em contato?

- Por favor, diz! Pode contar toda a conversa, e que eu o amo tanto que não sei dizer. Até mais.

- Até, cuide-se!

E desligamos, meu coração palpitava...  eu estava quase pronta.

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Voltei para o lado de Josh, ele estava dormindo. Mordisquei seu pescoço e ele sorriu, me abraçando ainda com os olhos fechados,  o corpo ainda estava despido debaixo da manta.

Em termos de beleza, Josh era extremamente bem servido, e mais fascinante que a de Davey -muito mais.

Ele tinha traços quadrados típicos de ingleses, cabelos escuros, meio de lado, corpo bronzeado, muito alto e musculoso, e transparecia exatamente a idade que tinha.  Lindo por dentro e por fora, o que ajudava na hora de não conseguir resistir a ele.

(http://www.glimboo.com/imagens_homens.php  -o da primeira foto, só pra terem uma ideia melhor do que imagino ele *-* )

- Como foi?

- Está tudo bem, só meu pai que colocou os federais atrás de mim... não posso ligar pra ele, porque mandou grampear os telefones...

- Acredito que já está pronta pra voltar...

- Não basta estar pronta pra voltar, tenho muito no que pensar, os riscos... se valerá à pena... e... as crianças... você...

- O que é pra ser, é e pronto, querida. Mas eu quero que você seja tão feliz, não importa com quem esteja, onde esteja. Apenas que esteja feliz e eu saiba dessa felicidade, pra ser feliz também... é o suficiente. Eu sei que você gosta de estar aqui conosco, mas você tem muita coisa pra resolver no seu país.

- Eu achei que você, depois daqueles quatro meses atrás, tentaria me fazer...

- Te fazer ficar? Nunca faria isso com você, senão estaria apenas criando falsas expectativas em mim, conheço sua história e sentimentos, não seria justo... você nunca seria feliz. Sei que deve estar confusa, temos algo bem legal, podemos continuar sendo amigos ainda.

- Eu nunca quis me aproveitar de você... sabe... eu...

- Blablablá. Fique quietinha, senão essa conversa vai ficar repetitiva.

Eu ia abrir a boca pra dizer qualquer coisa, mas ele me interrompeu com um beijo casto, bom e calmo. Reconfortante.

Me deu uma olhada nos olhos e sorriu, voltou a me beijar e nossos corpos encheram-se de desejo. Eu tirei a única peça em meu corpo -sua camisa- e ele abocanhou um de meus seios, descendo as mãos lentamente pelo meu corpo. E nos amamos pela terceira vez naquela noite.

- Eu te amo, Josh.

- Eu também amo você.

- Então por que infernos não ficamos juntos? Como casal, infinitamente?

- Porque a intensidade desse amor não é suficiente para nos juntar. 


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