The Beautiful Thieves escrita por bitterends


Capítulo 30
Perigo


Notas iniciais do capítulo

Perdoem, perdoem, perdoem! Estava sem criatividade para está fic, odeio finais!
Ai está, um capítulo dividido em três partes + pov pra vocês



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Voltei andando para casa, me perdi duas vezes, mas consegui encontrar o caminho, levei três horas para chegar. Estava bastante frio.

Fui organizando minha cabeça, pensando no que iria fazer, como contaria ao meu pai sobre a gravidez, como Davey terminou comigo... mas se eu contasse, papai ficaria bravíssimo por ele me deixar no estado em que estou.

Eu não poderia dizer a ele sozinha, já que Davey não queria me ver e provavelmente não atenderia minhas ligações. Precisava, ao menos uma vez, fazer uma escolha por mim, algo sozinha... sem alguém que me torturasse por uma escolha errada. Eles diziam “você tem que aprender”, mas nunca deixaram a vida me ensinar.

Só então eu soube o quanto minha vida era uma farsa: um namoro que, a todo custo, eu queria tornar perfeito, somente eu, ele e nosso bebê. Um pai que me amava mais que tudo, mas não confiava em mim. Eu, uma mimada nojenta, que achava que tudo deveria ser como eu queria e que as pessoas deveriam pagar... o quanto eu era injusta. Mas o pior, era a criança em meu ventre, que eu propositalmente, descuidei-me para que ela existisse, porque queria que Davey ficasse feliz por completo e porque pensei que assim, ele daria mais assistência para mim, ficaríamos juntos a todo tempo... somente nós dois: sem shows, sem fãs, somente nós dois. Algo totalmente impossível.

Realmente, eu me afeiçoei ao bebê, mas seria errado... Eu o amava mas não queria tê-lo, nunca seria uma boa mãe antes de levar grandes tombos, tivesse a chance de cair, levantar e aprender sozinha, com meus próprios erros.

Qualquer decisão que eu tomasse, as pessoas talvez já esperassem, eu sempre fui louca mesmo!

Eu precisava de um tempo, talvez longo demais, sozinha. Precisava pensar em tudo, e pela primeira vez, não tinha a ver com alguém; não era com Davey, não era com papai... Era apenas comigo e nem mesmo meu bebê poderia mudar.

- E é isto papai, nós terminamos... quero dizer... ele terminou comigo...

- Ah, minha filha... Por que você tinha de fazer aquela cena? Ele suportou tantas coisas por você Michelle... Haviam horas que ele era mais seu pai do que eu mesmo...

- Puxa pai, eu estou tão mal... não me culpe, não me acuse nem jogue estas coisas em minha cara! - balbuciei.- Eu queria poder voltar no tempo e fazer tudo diferente, mas não posso. Eu... não vou procurá-lo. Vou deixá-lo seguir seu próprio destino, ele poderá realmente ser feliz sem mim, mesmo que eu não seja sem ele... -As lágrimas rolaram, papai veio, me tomando em braços, como quando eu tinha cinco anos, me colocou em seu colo e me abraçou.

- Sabe, querida. Nem sempre as coisas são como esperamos, mas no fim, tudo é válido, tudo nos faz crescer. Além do mais, ele gosta muito de você, quando esfriarem as cabeças, tenho certeza que as coisas se resolverão.

- Papai, estou de férias da escola. Quero passar um tempo sozinha, esfriando a minha cabeça... Ainda temos aquela fazenda no Texas?

- Temos sim, você realmente quer ficar sozinha lá?

- Temos empregados, não ficarei tão sozinha... Eu NECESSITO disto papai. Existem coisas que precisam serem mudadas.

- Quando você quer ir?

- Amanhã...

- Quer ir de carro, de avião...?

- Quero ir de jatinho e você irá comigo, só para... eu não ir sozinha...

- Tudo bem, deixe tudo pronto, vou providenciar pra que saia cedo.

- Obrigada.

Queria estar com papai, porque havia tomado uma decisão, tudo o que queria era vê-lo, talvez pela última vez e estar com ele, para que pudesse recordar daquele rosto gentil, protetor e amável, para qualquer lugar que eu fosse.

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PARTE #2 – PERIGO

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Eram nove e meia da manhã, uma manhã extremamente fria e cinzenta para o finalzinho de novembro, papai dirigia até o aeroporto comercial, de onde alugou o jatinho. Eu estava tomada de ansiedade, uma ansiedade ruim... Uma ansiedade de quando acontecem desastres... De quando eu faço merda.

Viajamos tranquilamente, apesar de tudo. O silêncio me fazia querer contar tudo a papai, sobre até o que pretendia fazer, porque talvez, uma vez pelo menos, ele tentaria enfiar o mínimo de juízo em minha cabeça, me impediria de viajar e colocaria a mim e Davey, frente a ele para explicar tudo. Mas a expressão de reprovação e cansaço de papai me vinha à mente... Eu nunca conseguiria dizer aquilo olhando em seus olhos... Nunca até... até eu crescer.

Tomei remédios para não enjoar, não seria bom ficar vomitando o tempo todo com papai junto, ele poderia desconfiar, até que foi inevitável a ânsia e tive de correr até o banheiro.

Papai me interrogou , como sempre que sentia algo errado comigo.

- Está tudo bem, querida?

- Claro.

- Tem certeza? Sempre voamos, você nunca enjoa!

- Deve ter comido pouco...

- Um copo de leite, um de suco de laranja com acerola, dois pães franceses, um mamão, duas maçãs, três torradas... Puxa, você realmente comeu pouco! - ele disse irônico – Olhe, você nunca comeu tanto como nesses últimos tempos... Vi uma mulher virar uma orca assassina, literalmente assassina, quando estava grávida e ela foi sua mãe.

- Que horror, pai! -Ele tocou minha barriga e eu pensei “fodeu, ele descobriu tudo!”

- Michelle... Por que sua barriga está dura? Você acabou de vomitar.

- Devem ser gases, ou por acaso também conhece a frequência que vou ao banheiro?

- Hum... Eu realmente espero que não esteja escondendo algo de mim, filha. Realmente. Pela primeira vez você me deu sua palavra e eu te dou um voto de confiança... Se estiver com medo, escondendo qualquer coisa, aproveite agora pra falar seja lá o que for...

- Pai, não há nada que eu esteja escondendo.

- Se eu sonhar, Michelle Walker...

- Só se for sonhar mesmo, porque estou dizendo a verdade.

Ele me encarou um pouco e voltou a ler uma revista, com seu rosto estampado e uma entrevista de três páginas dele. Papai sempre lia suas próprias entrevistas e sempre ria satisfeito durante a leitura.

Sua favorita era a “Rock Brigade” não tanto pelo conteúdo, sim pelos comentários hilários dos escritores no meio do assunto. Falavam mal das bandas descaradamente, mas felizmente, as produções de papai não recebiam quase crítica negativa alguma.

Comecei a ouvir música, e caiu justamente numa em que Davey cantou em meu ouvido depois de uma de nossas “noites nas estrelas”

“Não se mova

Não faça nada

O que nós conseguimos, foi em vão

Fugiu de nós

Não durma, não

Não diga nada,

Eles estiveram gravando tudo que dizemos,

Há anos

Você não irá vê-los agora

Mas os ouvirá cantando

Me abrace forte agora, mas não

Não diga nada.

Eles vieram pra me levar embora

E não vão partir até eu ter ido

Eu sei.

Não sinta

Não esfregue nada

Amor atrai a todos aqueles que se contaminam do amado

Não tente mudar nada

Nada verdadeiro poderá permanecer

Oh !

Você não irá vê-los agora

Mas os ouvirá cantando

Me abrace forte agora, mas não

Não diga nada.

Eles vieram pra me levar embora

E não vão partir até eu ter ido

Eles vão dizer

"Relaxe, você ficará bem"

Todo que amamos vai embora

Oh

Eles vão levar

Todos os que se sentiram bem

Todo que amamos vai embora


Você não irá vê-los agora

Mas os ouvirá cantando

Me abrace forte agora, mas não

Não diga nada.

Eles vieram pra me levar embora

E não vão partir até eu ter ido”

IT WAS MINE - AFI

Segurei as lágrimas, papai virou-se para, mim, tirou um dos fones de meu ouvido.

- O natal está chegando, o que quer de presente?

- David Paden Marchand, é o que eu quero!

Desabei em lágrimas, mas que droga, por que ele me perguntou aquilo? Chorei, e ele me acolheu em seus braços protetores.

- Era pra você me pedir algo possível, Michelle!

Ele abanou as mãos de um jeito engraçado, que me fez rir. Poucos minutos, e o jato pousou.

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PARTE #3 – PERIGO

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Chegamos no Texas três horas depois, pousamos na fazenda de papai.

Era um lugar bonito e solitário, extremamente convidativo para se fazer besteiras.

Papai e eu cavalgamos um pouco, almoçamos, e então ele decidiu ir embora.

- Virei de carro para te buscar. Quando você quer voltar?

- Sábado.

- Tudo bem. Se cuide, querida. Eu te amo onde quer que esteja.

- Também amo você! Sentirei saudades!

- Hoje é terça-feira, filha! Sábado já bate em nossa porta, não dá pra sentir saudades tão rápido!

Ele me abraçou e então se foi, voltando para o jatinho. Meia hora depois dispensei os empregados. Moravam numa choupana espaçosa construída pouco afastada do nosso rancho, eram uma família de mexicanos, os Martinez. Zilda, seu esposo Paulo e o filho George.

Eu havia tomado minha decisão, somente uma pessoa poderia TENTAR me fazer mudar de ideia.

Papai mantinha uma adega no porão do rancho, com os melhores e mais caros vinhos e champanhes europeus, vodcas e tudo o mais. Ah... que ótimo!

Cinco garrafas em minhas mãos: duas de vinho e três de vodca.

Primeiro, vodca. A primeira garrafa desceu como água e por incrível que pareça, não ardeu minha garganta nem voltou. A segunda me deu uma dor de cabeça terrível. A terceira me fez ligar para Davey!

- O que você quer? - Ele atendeu ríspido e mal humorado.

- Acho que estou fazendo uma merda muito grande.

- Não me importo, você é problema de seu pai e ele que resolva. - Desligou.

Claro que eu liguei de novo. E claro, ele não atendeu. Garrafa de vinho! Não me lembro de meu nome, e o enjoo finalmente apareceu. Mas dele eu ainda lembrava... por quê?

37ª ligação, e ele atendeu furioso.

- MAS QUE PORRA QUE VOCÊ QUER? SE EU TE DEIXAR FALAR, ME DEIXARÁ EM PAZ?

- Eu, na verdade, te deixarei em paz para sempre. Só liguei para dizer que tomei uma decisão, talvez você fosse minha última chance...

- Desculpe Michelle, eu não vou te salvar desta vez.

- Não era a mim que você salvaria, Davey.

Desliguei o telefone, não tomei a última garrafa de bebida que sobrou. Me entupi de remédios contra indicados para gravidez, me atirei contra as coisas e acabei comigo, para que aquilo pudesse sair.

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POV – Davey.

O que ela estava planejando? Não me importava, ela não faria mal para meu filho.

- Davey, você não devia ter dito aquilo. Aliás, não deveria nem ter terminado com ela. - Jeffrey disse, me advertindo.

- Você sabe que tenho limites, coisa que ela ainda não aprendeu a respeitar.

- Exatamente por isso, Dave! Ela não tem limites, está grávida e é louca! Você deveria ter dado uma bronca nela, sim, claro... Mas também deveria estar ao seu lado, ainda mais quando ela diz estar fazendo uma merda muito grande.

- Ela não faria mal ao bebê.

- E quem te garante? Quantas mulheres além da tua mãe você já viu brava? Mulher é um cão quando está furiosa, ainda mais Michellinha, que convenhamos já nasceu meio endiabrada!

- Bem, eu não posso defendê-la sempre, estou esgotado, você não entende? Ela tem que aprender a crescer e então poderei voltar para ela...

- E enquanto isso a barriga dela vai crescer e crescer e crescer, vocês separados... e aí, você não disse que Bryan ainda não sabe? Eu não quero estar perto quando ele souber que você engravidou sua princesinha...

- Ainda tem isso...

- E tem muito mais, porque eu realmente não duvido que ela aborte essa criança!

- Se ela o fizer, nunca a perdoarei.

- Se ela fizer, a culpa é toda sua!

- Você não está ajudando, sabia?


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