The Beautiful Thieves escrita por bitterends


Capítulo 29
Querida, eu quero te destruir


Notas iniciais do capítulo

Vocabulario extremamente nojento e sujo, carregado de palavrões.



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Queria encontrar Davey, queria entregar a ele as imagens do bebê... o médico disse que no mês seguinte já seria possível saber o sexo com a ultrassonografia morfológica, que deve ser feita até no máximo aos 4 meses e meio, sendo possível detectar qualquer anomalia genética da criança.

Decidi ligar para ele... deveria ser uma boa ideia...

- Amor?

- Oi Miche, querida!

- Eu terminei no consultório, estou com o dvd! É bonitinho, mas não consegui entender muito, quero dizer... é estranho...

- Normal, vai levar mais um pouco de tempo...

- Onde você está? Eu quero vê-lo!

- Eu... Eu estou trabalhando...

- Eu sei, quero saber onde.

- Longe... Estou longe da cidade, não quero que venha sozinha, pode passar mal durante a … durante a viagem.

- Ahn... Por que está gaguejando?

- Não estou, deve estar havendo falha na ligação.

- A ligação está perfeita, David.

- Ah, amor. Tenho que desligar, te disse que estou trabalhando.

- Tudo bem então.

-Eu amo você...

- Eu também.

Ele estava me escondendo algo. A questão era: por quê? Ele sempre me queria perto, apreciando seu trabalho, porque seria diferente agora?

Tentando deixar pra lá, pensei em ver papai e Harry na produtora; me sentia sozinha e com fome o tempo inteiro.
Papai adora donut's, passei na TeaLover's e comprei vários, com um copo enorme de capucccino para ele.

- Minha menina linda!

- Oi pai! Trouxe isto para o senhor.

- Ah, donut's! Com bastante canela?

- Como gosta!

- Ah, isso é muito bom! - Ele disse devorando um, e com uma pança que parecia cheia deles. Era engraçado pra mim. - Encontrou Davey por aqui?

- Eu não o encontrei... espera... aqui?

- É, por aqui...

- Como por aqui? Ele disse que não estava em Nova Iorque hoje!

- Ah... é mesmo... hoje... Hoje não é dia de ensaio mesmo...

- Pai, você está mentindo, está escondendo algo?

- Não...

- Eu acho que está!

- Por que eu faria isso?

- Porque talvez esteja protegendo Davey de algo que me deixará furiosa se eu souber! - Eu já bufava e gritava nervosa.

- Você é minha filha...

- Mas não confia em mim como confia nele.

- É diferente filhinha, sente-se aqui...

- Eu não vou sentar... Espere... Quando seriam as fotos?

- Quais fotos?

- Para a Tarantino?

- Eu... eu não sei...

- Mentira! Se você não me diz, eu mesma encontrarei... e eu odeio mentiras! Nunca menti para vocês!

Sai correndo da sala de papai, abrindo cada porta de estúdio de ensaios, com extrema fúria e todos me olhavam assustados, papai vinha atrás de mim, mas não me alcançava... Era como farejar o cheiro de Davey, eu simplesmente sentia que ele estava ali, cada vez mais perto... Debaixo de meus pés e agora, de meu nariz...

Abri as portas do estúdio de fotografia. Tive de fechar os olhos e abri-los de novo para ver e acreditar.

Era ele, o meu namorado, pai do meu filho... David Paden Marchand, que naquele momento era um filho-da-puta mentiroso para mim. Nada além.

O que você faria, se entrasse num ambiente, onde a pessoa que você ama e está com você, que terão um filho, estivesse confortavelmente acomodado, com a genitália rígida, com uma vadia em seu colo, com os lábios encostando nos dele... Com o corpo colado ao dele, enquanto ele dizia piadinhas em seu ouvido, e ela ria... uma risada erótica demais... e outros gritavam “lindo”, fotografando? O que você faria?

Aquilo tirava minha dignidade como sua namorada diante dos outros, tirava o respeito de quem visse aquilo estampado nas revistas por mim, aquilo me tirava tudo; aquilo o tirava de mim! Porque aquelas fotos não poderiam ser comigo? A gente faz coisa pior na cama quase todos os dias!

Cheguei um pouco mais perto, ele ainda não havia reparado que eu estava ali... Apenas reparava no decote da japonesa mestiça, que tinha um rosto de boneca e gueixa oriental (gueixas são virgens lindíssimas orientais, têm suas virgindades leiloadas, recebendo milhões para terem a primeira relação sexual e casamento posterior com o seu 'comprador' ; chamo isso de putas virgens).

“Olhe para mim, maldito!” eu pensava, mas ele não olhava... O que só cresceu minha raiva, sem pensar duas vezes fui me aproximando e bem, sendo boa praticante de handball, minha mira era tão boa quanto; arremessei o dvd em seu rosto. Fez um barulho alto, equivalente com a raiva pela qual joguei... pela expressão facial dele, aquilo deve ter doído. Não tanto quanto doeria depois.

Ele me procurou com os olhos, assustado, empalidecendo ainda mais ao me ver tirando a garota de seu colo pelos cabelos.

- Michelle... o que...

- Mentiroso, mentiroso! Disse que estava longe! Era mais fácil dizer que me queria longe.

- Por que está aqui?

- Isto aqui é meu, posso vir a hora que eu quiser... Ah, não olhe para papai ou Harry, são ótimos protetores, não precisaram me contar, vocês três são mentirosos.

- Michelle...

- Não diga o meu nome! Puxa, como você está excitado... um motel era seu destino depois? Ah não, você pensaria na Christie e então broxaria, se lamentaria por ter perdido a esposa e a filha, faria um draminha e logo ganharia um boquete de consolo... - ele levantou-se rapidamente, erguendo sua mão. Sim, ele queria me bater. - Não é homem na cama, mas é homem o suficiente pra me bater? Então me acerte! Acerte minha face, depois a outra! Só não me deixe levantar. - ele abaixou a mão, mas me encarava com o maior ódio do mundo.

- Não sou eu que não sou homem... Você é quem não é mulher pra mim.

Olhei-o como se não estivesse acreditando naquele momento. E pensei que se eu saísse correndo dali, ele não me procuraria, e então eu poderia me acalmar e depois conversar. Como sempre quando brigávamos.

Então eu disparei, encontrei papai no corredor, mas logo Davey estava atrás de mim. Droga! Papai também vinha em nossa direção, mas foi impedido por Harry.

- Sr. Walker, isso é um assunto deles.

- Harry, eles estão descontrolados!

- Mas isso é coisa deles, nós não podemos ajudar, só piorar as coisa. Deixe-os resolverem-se.

Alcancei a Avenida, estava cercada... Atrás, Davey. Na frente, carros. Enfrentar os carros seria algo mais fácil; poderia ser atropelada e acordaria na minha cama... sim, aquilo não estava acontecendo, era um pesadelo.

Senti meu braço ser puxado, em uma dor como se estivesse sendo arrancado.

- Se estiver planejando morrer, espere até meu filho nascer.

- É um pesadelo...

- Você é o pesadelo, Michelle!

- Está me machucando, pare!

Ele parecia não escutar enquanto me arrastava para o estacionamento subterrâneo da produtora. A dor estava ficando insuportável, seus dedos afundaram-se em minha pele e suas unhas cravavam-se em meu braço.

Já não podia aguentar a dor em meu braço, a dor do que vi, a dor da vergonha do que disse... Minhas lágrimas pediram pra sair, finalmente. Era o golpe de misericórdia.

- Davey, por favor, solte meu braço. Dói tanto... eu não fugirei, apenas solte meu braço...

Ele me olhou, e em seu olhar, a compaixão. Ele afrouxou a mão, logo soltou-me. Virou-se de costas, tampando o rosto com as mãos, depois seguindo até seu carro. Eu estava logo atrás, com um hematoma em meu braço. Sem dúvidas, eu já conhecia a força dele, mas não esperava senti-la em mim. E doía.

Davey abriu a porta do carona, e me disse para entrar, entrei. Logo sentou ao meu lado, e começou a falar.

- Por que disse aquelas coisas? Por que deu aquele show estúpido, irracional? Uma atitude que não se pode classificar nem como infantil... Não era pra ser daquele jeito, não era... Você... Como pôde se referir a Christie daquela forma?

- Você mentiu pra mim.

- Sabe, eu menti. Porque, por um momento, antes de Jeffrey chegar em casa ontem, eu pensei em te trazer, porque eu queria que visse, queria que estivesse aqui para evitar brigar com você sobre qualquer coisa. Queria que estivesse aqui, pra não dizer que menti pra você e porque, confiava que pudesse me apoiar... Me apoiar nem que fosse pela primeira vez em sua vida! Mas então, ele chegou, você fez aquela cena... E eu soube que você não seria capaz. Pensei que estivesse entendido a nossa conversa sobre estas fotos.

- Eu não entendi, apenas aceitei. Por que não poderia ser eu naquelas fotos?

- Porque você é menor, não sou eu quem decido, e sim quem me pagou para isto! Acha que se eu pudesse escolher não seria você? Eu tento tanto te fazer entender, eu luto tanto... Mas não é suficiente.

- Você sempre quer que eu mude, que eu seja quem não sou... Quem eu não consigo, não posso e não quero ser. Eu não vou mudar por você, Davey!

- E eu queria que mudasse, não para mim, e sim para você mesma.

- Eu não vou mudar, nem para mim, nem para você. Se nosso relacionamento precisa disso, bem, ele será deficiente, pois eu não vou mudar, gosto de como sou.

- Eu mudei por você... -o olhar mutilador de decepção...

- Pois é, somos bastante diferentes. E se pensou que um bebê poderia mudar algo em mim, bem, nove meses não são suficientes, a única coisa que pode mudar em mim é meu peso. Você precisa mais dessa criança do que eu, você é quem precisa sempre se agarrar a algo para sentir-se bem, senão afunda em tristeza... Aliás, você tem motivos para ser assim.

- Você... está de brincadeira comigo, não?

- E tem mais; eu não me sinto pronta pra ser mãe, eu mantenho-o aqui, vivo, por você! Porque eu te amo e não consigo te fazer feliz.

- Eu sabia que você não estava pronta... Qualquer coisa que envolva responsabilidade, seriedade está acima de sua capacidade... Ser mãe é uma responsabilidade muito grande; porque é preciso pensar numa pessoa que vai depender muito de você, engolir a vida de sua alma e ficar em primeiro lugar, acima de você, para sempre. Você nunca colocaria alguém, mesmo com seu sangue, acima de si mesma. É egoísta e fútil demais. Namoro é um compromisso sério, mais ainda quando é em nosso meio social e quando temos quase vinte anos de diferença. Amar é algo sério e responsável; com o amor,nós confiamos, nós crescemos, nós mudamos e nós aprendemos a ceder...

- Eu amo você, Davey.

- Não ama... Você não cresceu, não mudou, não cedeu e nem confia em mim. Eu amo você, mas você não me ama.

- Sim, eu amo! Você sabe...

- Então eu estou dispensando o seu amor. -eu já chorava descontroladamente, mas ele preferiu não olhar, para não voltar atrás. Fez uma longa pausa, voltou a falar... - Tudo o que eu queria é que respeitasse meus amigos e que entendesse, apoiasse meu trabalho... Ele é muito importante para mim, as coisas ao meu redor estão caindo e eu levei tanto tempo pra estar em pé hoje, que nada, nem mesmo você tem direito de estragar isso. Mas... você nunca vai entender, você não trabalha, não precisa também... Nunca terá algo feito com seu esforço, nunca terá uma casa, um apartamento, comprado com seu próprio suor... Caso isso aconteça algum dia, você aprenderá a dar mais valor para as pessoas e coisas pequenas que são fundamentais... Caso algum dia você surja do pó, e vire algo sólido, entenderá o que estou sentindo e o que estou dizendo... Ah, Miche... eu estou tão cansado... Estou esgotado...

- Então vamos recomeçar?

- NÃO POSSO! Eu não posso... não consigo! Porque quanto mais cedo às suas vontades, mais erradas as coisas ficam! Recomeçar... nós sempre fazemos isso, em três meses apenas... Tudo o que tenho feito depois de te conhecer é recomeçar, Miche. E de tantos recomeços, não aparecem resultados positivos. E se eu ceder mais uma vez, vou te tirar a chance de aprender algo bom, me tirar a chance de refazer algumas coisas e nos tirar a chance de sermos felizes... juntos ou não.

- Eu não quero ficar sem você...

- Eu quero, Miche... A partir de hoje, de você, quero apenas meu filho. Eu quero também, coisas boas para você. Se estiver escrito que nosso caminho é o mesmo, isto acontecerá. Mas hoje, eu só quero estar longe de você.

- Eu posso te fazer o último pedido?

- Não. É melhor você ir embora.

- Adeus, Davey.

Não esperei respostas, saí do carro, destroçada como um avião caído e em chamas, como se eu tivesse a única coisa boa em minha vida... A única coisa que eu tinha em comum com Davey, nossa única ligação era aquele bebê.
Minha barriga doía tanto, mas não era uma dor comum, era o bebê, pulsando, sentindo a bagunça que estava aqui fora, me incomodando por dentro.

- Eu te amo... seu pai está errado... mas, eu não posso cuidar de nós, bebê. Eu não entendo nem cuido de mim mesma! Como eu poderei cuidar de nós duas? Seu pai não pode ficar comigo, eu não posso ficar com você... A culpa é toda minha! Iríamos ser nós três... Você pode me entender? Quero dizer... talvez você nem tenha cérebro ainda... Eu só quero que saiba que... eu te amo... e quero que me perdoe, por qualquer coisa que eu possa vir a fazer, e que não pense que foi por você! Nunca... você será uma linda princesinha... sim, eu sei que você é uma menininha! Outra menininha de Davey... Eu quero que você me perdoe, seja por você nascer ou por nós duas morrermos, ou por eu tê-la aqui dentro de mim. Sei lá, você é importante, sinto que devo te pedir perdão...

A dor acabou. Eu, sentada entre alguns carros, em um estacionamento mal iluminado e sujo, alisando minha barriga, chorando e falando com um feto... Era o que eu tinha de Davey agora.


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