The Beautiful Thieves escrita por bitterends


Capítulo 28
Pesadelo


Notas iniciais do capítulo

Capítulo separado em três partes, para compensar o tempo que não posto e que a estória está longa demais.



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“O sangue jorrava, eu escutava um choro... Choro de um recém-nascido. Eu segurava um feto em minhas mãos, do tamanho de minha palma. Corria por um corredor claro, vazio, pedindo ajuda, manchando o chão branco com meu próprio sangue e o feto nas mãos. Eu gritava por ajuda, mas ninguém aparecia.

Achei uma porta, e me via sentada em um balanço, no Central Park, com roupa de luto, ainda sangrava.

 

- Mamãe, mamãe! - uma menininha linda vinha em minha direção, ela tinha os olhos azuis como os meus e a boca como a de Davey. Era a nossa filha. - Mamãe... por que fez isso comigo? Eu fiz algo que você não gostou?

- De que está falando?

- Disto, mamãe...

Apareciam cortes profundos pelo rosto e corpo da menina, então ela sangrava.

 

- Você disse ao papai que me queria...

Os membros da criança cairam.

 

- Você disse que me amava...

Finalmente o tronco.

 

- Por que você não me quis?

Eu olhei para o chão e vi um feto mutilado.

 

- Você me matou mamãe. POR QUÊ? Por... que... você... me... matou?”

 

- Eu não matei, eu quis você, eu quis você!

- Michelle, Michelle!

- Eu te amo, eu quis você...

- Michelle! - Eu finalmente acordei – Amor?

- Davey... - eu disse, alisando minha barriga, olhando entre minhas pernas. - Eu... estamos aqui desde quando?

- Desde o dia inteiro! Foi só um pesadelo, amor.

- Era um bebê mutilado, perguntando por que eu havia matado-o, se eu disse que o amava, que o queria... Eu não faria isso, não faria, Davey.

- Eu sei amor, foi um pesadelo. - Ele me abraçou forte, mas eu não me acalmava , apenas me entorpecia.

A campainha do apartamento tocou com certa insistência, enquanto Davey levantava da cama num pulo, vestindo-se.

Enquanto ele deixava o quarto, eu sentia algo frio...

Decidi tomar um banho e me acalmar, com a sensação relaxante que a água proporcionava.

Fui para a sala, enrolada em um roupão de Davey, com os cabelos molhados. Queria entender o motivo de Davey não voltar para mim. O motivo, de 1,70 m de altura e cabelos rosa; Jeffrey Star.

 

- Queria ter visto você ontem, Dave.

- Eu estava com a minha mulher!

- Já... sua... mulher?

- Sim, Jeffrey! - Cheguei, intrometendo-me na conversa. - Aliás, Davey será pai...

- Miche... -Davey, disse, contando que fosse me calar.

- Você não contou a Jeff, amor?

- Puxa, Dave! Que ótimo... parabéns em dobro! Bryan deve estar contente!

- Na verdade, ele ainda não sabe... - respondeu Davey.

- Ah... Bem, querido, estou de saída, só vim te dar os parabéns atrasados e te entregar o presente.

- Não, Jeff!! Está cedo... - como eu era dissimulada em dizer aquilo.

- Obrigado, Michelle, mas realmente tenho de ir. Boa noite, papais!

- Te acompanho até lá embaixo, Jeff!

- Pode deixar Davey, eu conheço o caminho.

Davey fitou-o sair, manteve-se calado e olhou para mim com olhar de reprovação, em sinal negativo com a cabeça, enquanto eu notava o constrangimento que tomava Jeffrey. Não sei bem o porquê, mas o queria longe de Davey, de meu bebê e principalmente, longe de mim.

Jeffrey para mim, era como uma ameaça, como se ele tivesse o poder de tirar Davey de mim, o que hoje, é uma hipótese ridícula.

 

- Michelle, por que você ainda insiste no mesmo erro?

- O que fiz desta vez?

- Miche, me diga o quanto você acredita que somos idiotas pra não notar sua dissimulação?

- Não entendo, você não quer que eu trate seus amigos bem?

- Com educação e não falsidade. Por que contou a ele do bebê?

- Ele é seu amigo, qual o problema em saber?

- O seu pai, que é meu sogro não sabe. O Harry não sabe. Adam também não sabe. Por que você fez isso? Já não bastou aquele dia? Você sempre quer mais, sempre! Eu pensei que nosso momento de trégua duraria mais.

- Vamos brigar de novo por causa dele?

- Não, vou te levar pra sua casa antes disso. Vista-se logo. Te encontro no carro.

“Te encontro no carro”... Não simpatizo com esta frase.

Davey mantinha uma irritação aparente todas as vezes que alguém dirigia-se mal a Jeffrey, como se houvesse algo em especial naquele travesti. Como se ele tivesse uma boa história para contar, como se ele fosse de se admirar... Este carinho era o meu assombro, causador do meu medo.

Era como se eles tivessem tido um passado, cujo já ouvi falarem, mas Davey ou ele nunca haviam comentado. Algo que doeu, algo enterrado.

O caminho para casa parecia longo quando estávamos calados. Melhor que assim continuasse, Davey não diria uma frase com mais de três palavras mesmo... Então lembrei de algo que talvez revertesse a má situação.

- Amanhã farei a ultrassonografia em três dimensões... Você irá comigo?

- Amanhã?! Qual horário?

- Às 9:00 da manhã.

- Ah, Miche... amanhã a esta hora não dá... Não há como mudar de horário ou o dia?

- Não mais, só com 24 horas de antecedência...

- Ah, amor... me desculpe... Mas não esqueça de pedir as gravações, eu quero ver como o bebê está se formando.

- Tudo bem, mas eu queria que você fosse...

- Eu também queria ir, mas agora, mais que nunca, preciso ganhar dinheiro para garantir o futuro do bebê e o nosso... Afinal, assim que sei pai souber, eu quero viver com você, se ele concordar.

- Isto é sério?

- Claro que é! Você quer?

- Eu... eu quero! Você sabe o quanto quero estar ao seu lado... Sempre quis! Ah, amor... - ele parou o carro.

- Miche... você... quer se casar comigo?

- Quais as suas dúvidas sobre isto? EU QUERO... Quero muito!

- Eu não vou perder tempo, amanhã eu contarei tudo ao seu pai.

- Davey... tem certeza? Quero dizer... Ele não aceitará estas ideias, todas de uma vez e tão facilmente...

- Eu sei, mas devo me responsabilizar por meus atos, querida.

- Eu te peço o meu tempo, Davey. Acha que não enfrentarei isso junto com você? Eu também tenho culpa, a criança também é minha, eu quero viver com você... E preciso de um tempo para respirar e assimilar tudo em minha cabeça. Eu preciso entender que não estou mais sozinha, Davey. Eu preciso entender que as coisas vão mudar...

- Você quer um tempo? Tudo bem, te dou. Sempre faço suas vontades, não é?

- Mas dessa vez, é uma vontade diferente!

- Tudo bem... Eu amo vocês dois. - disse Davey, acariciando minha barriga e me envolvendo em um abraço. - Vou esperar.

Se eu pudesse prever as coisas, teria mudado desde antes de conhecê-lo e dar a chance para o nosso namoro ter sido algo bom, e eu cederia e apostaria na felicidade. Eu tive escolhas, e peguei as piores; eu tive dois caminhos, o amor e a dor... Fui pela dor, amadureci de modo pior.

Hoje analiso que, talvez, se as minhas atitudes tivessem sido diferentes, Davey e eu não duraríamos... precisávamos de uma prova que no fim, as coisas valeriam a pena.

Valeram? Bem, eu não sei porque...

Ainda não chegamos ao fim!

Pesadelo – Parte #2

“Eu estava num lugar escuro, ensanguentada. Davey aparecia em minha frente, eu o abraçava e então ele me empurrava, gritando feito um louco.

 

- … Você prometeu... Você me prometeu...

- Do que está falando?

- Você sabe!

- Não, eu não sei. Por que está gritando?

- Eu simplesmente desejo que você sangre, até que morra!

- Por Deus, o que fiz?

- Odeio você, odeio. Desejo que sangre, até morrer.

Eu continuava a sangrar. Davey estava se afastando, num olhar tomado de ódio, mágoa e rancor.

Estava claro agora, eu via, mas não estava ali. Era o quarto de Davey, a cama dele.

Ele estava deitado, com a expressão serena, como quando fica depois de fazermos amor, havia alguém ao seu lado, mas não era eu.

- Eu amo você.

Ele alisava a pessoa que estava embaixo das cobertas, esta pessoa virava-se para ele, eles se beijavam loucamente, como Davey nunca havia feito comigo até então.

Eu podia ver claramente agora. A pessoa que ele beijava, era Jeffrey Star.

Comecei a me aproximar, mas tudo foi ficando escuro.

Me deparei com uma mulher morena e bonita, estava grávida, sentada em um balanço. Nunca a vi, mas podia sentir que era Christie.

- Eu esperava por você, Michelle.

- Christie...

- Oh, sim...

- O que você quer?

- Nem tudo o que parece é.

- O que quer dizer?

- Sua cabeça está te pregando peças. Cuidado, você pode sofrer.

- Eu vi, com meus olhos.

- Tudo o que viu é mentira, mas pode virar uma verdade.

- Eu não entendo o que você diz. - a morena bonita transformou-se numa figura mutilada, e sua serenidade tornou-se em ódio puro... estava vindo em minha direção, enquanto falava, sua boca sangrava, eu estava com medo.

- Você falhou comigo Michelle, você falhou. Ele está sofrendo, você está sofrendo, o bebê está morto. Você o matou. Você prometeu, você disse que o amava. Você disse que o queria! Você o matou, por quê? P-O-R Q-U-Ê?

- Eu não fiz, eu não fiz!
Tudo sumiu, sussurros diziam 'nem tudo o que parece é', 'nem tudo o que parece é', 'mas pode virar verdade'. A sensação era a de nadar e se afogar. Eu tentava muito acordar.”

Acordei, gritando, suando frio... passei a mão ao lado, não. Davey não estava ali.

Estava sozinha em meu quarto, apavorada... tudo parecia distorcido e eu estava desprotegida. “Nem tudo o que parece é”. A mensagem estava clara e eu não enxergava.

Estava me convencendo que aquilo era um sonho ruim, mas eu não consegui voltar a dormir, sem Davey ali.

Pesadelo – Parte #3

Nove horas da manhã, depois daquela noite horrível eu estava ali, deitada, esperando para entender “o que era” o meu bebê.

- Está vendo? Os bracinhos e as perninhas ainda estão se formando, mas este bebê está bem grandinho para seus 2 meses...

- Eu não consigo entender... quer dizer... como pode, algo tão estranho e sem forma gerar uma conexão, um amor tão grande?

- É uma parte sua agora, certas coisas não são para serem entendidas e sim aceitadas. Já o ama tanto assim?

- Eu não sei... acho que sim... é estranho...

- Entendo. Qual a sua idade, senhorita Walker?

- Ahn... 17.

- Você é nova, normal que ache estranho.

- Eu quero ter essa criança, eu quero muito. Meu namoro depende dela... eu quero me casar com o seu pai e quero que ele seja feliz, coisa que só uma criança pode fazer por ele... Ele sabe a dor de perder esposa e filha, eu quero devolver isto a ele.

- Sabe, menina? Vejo casos como o seu todos os dias. Não com as mesmas palavras ou a mesma história, mas sim garotas jovens engravidando dizendo ser por 'amor'. Amor a quem? Vocês têm maturidade para cuidar dessa criança, sabem o que é ser mãe? O que é dar prioridade para as necessidades de outra pessoa? Uma pessoa que dependerá inteiramente de você durante muito tempo de sua vida, que consumirá seu espírito? Realmente estão dispostas a mudarem suas vidas por um bebê? Tem noção de como é difícil?Não é egoísta demais para isso?

- Você é pago para mostrar a criança, não para saber se estou apta a ser mãe.

- Claro, me desculpe...

Sai de lá até que feliz, com o dvd nas mãos para Davey. Porém aquele médico tinha razão e suas palavras continuavam em minha cabeça assim como os outros sonhos desfigurados e perturbadores.


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