The Beautiful Thieves escrita por bitterends


Capítulo 27
Aquele Show.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, foi muito difícil poder postar nesta época de provas, vestibulares...
Capítulo longo e bonitinho pra compensar e a complexada da Michelle, complexada como sempre!



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O dia no parque ia passando gostosa e demoradamente, com a chegada das crianças tudo pareceu muito mais vivo e animado o que já estava. Estávamos felizes como não estivemos depois que as discussões à toa começaram em nosso namoro. Eu sentia que tudo melhoraria. Sentia.
Brincávamos com as crianças e ficávamos a imaginar como seria o nosso bebê; se teria meus olhos, a boca deliciosa de seu pai, seu sexo... o quartinho... coisas bobas de pais de primeira viagem.
Olhava-o ajudando os pequenos a subirem nos brinquedos, lambuzando-se de algodão doce e pipoca... Tão eufórico quanto as crianças no carrossel, e na montanha russa e em tudo o mais que havia naquele parque.
Olhava-o com várias crianças de menos de sete anos agarradas às suas pernas, gritando "tio, tio", ele disputando o tiro ao alvo comigo e com os mais velhos, ganhando quase todas as partidas, dando seus prêmios para as crianças. O único que ele ficou -e me deu- foi um urso de pelúcia gigante, rosa, segurando um coração branco, escrito "Eu amo você".
Deus não poderia ter dado pai melhor para meu bebê, eu pensava. Atencioso, amoroso, cuidadoso... Perfeito!
O fim de tarde se aproximava, tínhamos de ir para que Davey chegasse ao concerto em tempo.
Enjoos, malditos enjoos. Davey prestava atenção agora! Mas quando ele alisou minha barriga e me abraçou, o desconforto parecia subitamente, não existir.
O céu estava arroxeado do entardecer, e era algo muito mais bonito vendo-o num helicóptero, tão perto dele.
Davey me beijava , com cheirinho e gosto de algodão doce, bobo feito criança diante do mar pela primeira vez.

– Eu estou feliz... realmente feliz, Michelle. - ele disse, fitando-me com ar sereno e firme.
– Você não estava realmente feliz antes?
– Sim, mas não aguentava mais brigas...
– E o que pretendia fazer se eu não tivesse esperando nosso bebê? Terminaria comigo? - eu disse, porém com extrema tranquilidade, sabendo a resposta.
– Não, mas eu mudaria de pacificador pra carrasco!
– Carrasco é sexy!
– Só os que você vê em filmes! Porém agora, eu sei que as coisas vão mudar.
– Por que está certo disso?
– Porque agora você é minha mulher, mãe do meu filho. Essa criança vai me poupar o trabalho de amadurecer você.
– Só não posso amadurecer demais, pois poderei apodrecer!
– Quando você parará de ter respostas feitas?
– Quando você beijar minha boca!

Então ele me embalava num beijo carinhoso, um abraço apertado e um momento único entre nós três. Hoje eu adoraria voltar no tempo, para aquele dia, em que éramos três.
Estava tudo perfeito, as notícias, não houveram brigas, parecia anormal para nós. Seria mau sinal?
Chegamos ao destino, entreolhando-nos, seria difícil mentir algo assim para papai, até porque, como eu queria gritar para o mundo meu amor por Davey, como eu queria que as pessoas soubessem do fruto que este amor estava gerando em mim.
Mas, não. Não podia fazer aquilo, meu pai não aceitaria tão fácil, e então a relação entre ambos, que eu tanto admiro, poderia ser abalada e até interrompida, porque papai confiou em Davey, confiou sua vida, que era eu, a David Paden Marchand, de 35 anos, e este o traiu engravidando sua única filha aos 17 anos.
– Miche, eu prometo consertar as coisas, não vai demorar... só preciso de coragem. Confia em mim? - ele estava lendo minha mente?!
– Com a minha vida.
– Prometo não desapontá-la, vamos poder gritar ao mundo tudo o que você quiser, porque depois da reação de Bryan, nada mais me importará, além de você e o bebê.
– Eu sei, melhor pararmos de falar sobre isto, agora estamos de volta!
– Verdade, mas é tão bom sentir isso outra vez... Ser pai novamente... e espero que não haja ninguém para tirar este sentimento de mim outra vez.
– Não haverá, amor.

Não haveria mesmo?
Caminhávamos pela rua da produtora, depois de chegarmos ao prédio de helicóptero, seu carro estava estacionado aos arredores.

– Bem, eu vou te deixar em sua casa. Tenho que ir trabalhar ainda, mocinha.
– Eu vou pra sua casa hoje...
– Não, você não vai ficar sozinha lá.
– Davey, eu não estou mais sozinha...
– Miche, eu disse não! Se você passar mal, sozinha em casa, não haverá quem te socorra...
– Amor, eu quero te esperar chegar, deixe-me ir pra lá?
– Ah, Miche... tudo bem.

"Durou pouco até ela voltar a ser teimosa", tenho certeza que foi o que ele pensou, tanto que dirigiu calado por todo o caminho.
Chegamos ao apartamento, ele foi direto para o banho, eu fui logo atrás. Uma outra surpresa estava por ser feita a ele.
Ele deixava a água cair sobre seu corpo nu e totalmente tatuado, com os olhos fechados, numa expressão relaxante que a água tem o dom de trazer às pessoas, suspirando lentamente, olhos fechados... eu contemplei-o por alguns segundos antes de me juntar a ele.
Abracei-o por trás, e ele retribuía o abraço, segurando meus braços enlaçados ao seu corpo... a água nos relaxava, escorria...

– Eu ficaria assim pra sempre com você... -disse ele, enquanto meu corpo começava a chamar pelo dele.
– Shhh! Fique quieto, não estrague absolutamente nada...

Ele se virou para mim, com um sorriso malicioso e suas mãos deslizavam-se em meu corpo e eu o beijava, com o ardor de desejo. Minhas unhas arranhavam suas costas, enquanto eu me entrelaçava entre seu corpo escorregadio.
Depois do dia em que fui violentada, não tivemos tanto contato íntimo, faziam pouco mais que duas semanas, mas Davey não me procurava, esperava que eu estivesse pronta novamente pra ele. Eu estava.
As coisas esquentavam-se mais que a temperatura da água...

– Miche, tudo bem se eu... ?
– Vá em frente, querido!

E ficamos ali por poucos quarenta minutos, mas com qualidade de horas, só me fazia querer mais, mas Davey ainda tinha de fazer um show naquela noite. Eu deveria esperar pra terminarmos o que havíamos começado.
Ele vestiu a famosa blusa rosa claro, disse que era pra dar sorte, pois a sua mulher ama e fica linda naquela camisa. "Gosto do seu cheiro em minhas roupas", ele ainda diz com o mesmo fervor.
Já havia um terço das minhas coisas no apartamento de Davey; coloquei uma legging preta, uma blusa do AFI e uma sapatilha também preta. Prendi os cabelos num rabo de cavalo alto e fiz uma maquiagem para a noite...

– Para onde você vai? - ele perguntou, fazendo pausa enquanto alisava minhas curvas - Está gostosa!
– Nosso bebê tem de ter uma mãe sexy e gostosa, o pai dele é o cara eleito o vegetariano mais sexy do mundo, então não posso ficar atrás!
– Hum... Mas não me respondeu para onde vai...
– Isso importa?
– Claro, senão eu não... -eu o interrompi neste momento
– Vou com você!
– Como?
– Eu vou ver o meu homem trabalhando!
– Sério?
– Eu estou pronta!

E os olhos dele voltavam a brilhar, feito estrelas. Eu estava certa que não gostaria, mas era o mínimo que poderia fazer por ele, ao menos um dia.
Todos ficaram surpresos ao me verem entrar no camarim com Davey, antes seria algo quase que impossível.
Jade e Marissa, eram um casal notório, bastante diferentes um do outro, eles se completam, ela entendia do mesmo mundo que eu -gastar, gastar, Chanel, Prada, comprar, comprar- nos demos muito bem.
O público clamava pela banda em coro, mais que ansiosos e eufóricos, garotas desmaiando, aquilo me assustava profundamente.
Tinha trauma de shows, quando eu tinha cinco anos de idade, papai me levou ao show do Nine Inch Nails, colocou-me no chão e virou-se para o vendedor de bebidas para comprar uma coca-cola, papai gostava da pista, mesmo tendo dinheiro pra comprar todos os camarotes de lá, gostava da bagunça, quando tornou-se para mim, eu estava sendo arrastada e pisoteada pela multidão. Desde então, nunca gostei de shows, papai evitava ao máximo todos eles e quando tinha de ir, ficava num camarote vazio e distante dos jovens bagunceiros e enfurecidos.
Mas aquele estava diferente, leve, bom. Havia empurra-empurra, mas era harmônico.
Eu assisti tudo no palco, e houve uma música, uma das mais bonitas que Davey escreveu... mas ela não era pra mim...

" Eu posso parecer um pouco estranho, um pouco incorreto para que eu tente, eu continuo a ser um estranho - não desta vez.
Eu juro que estou quase lá, em pensar que eu estive vagando por dias.

Posso estar perseguindo os trens fantasmas na esperança de que vai chegar onde estamos habituados a jogar.
Posso estar pulando trens fantasmas para que eles terminem onde costumávamos brincar nesses dias.

Eu sei que estou com estranhos eu reconheço e percebo minha própria renega.
Eles nunca imaginaram.

Eu juro que estou quase lá.
Este é exatamente onde estamos habituados a jogar.
Posso estar perseguindo os trens fantasmas na esperança de que vai chegar onde estamos habituados a jogar.
Posso estar pulando trens fantasmas para a cessação onde costumávamos brincar nesses dias.

Eu nunca vou deixá-lo ir até achar o lugar que eu chamei de meu. Eu nunca fui realmente significativo desta vez.
(Where We Used To Play AFI)


"Eu juro que eu estou quase lá", lá aonde? Que trens eram aqueles? Qual era o lugar que ele chamava de seu? Demorei alguns meses pra saber o significado destas palavras, enquanto elas me faziam pensar se, a história de Davey apenas repetia-se... Por que, uma pessoa boa como ele, com valores morais e princípios, sempre tinha grandes perdas?
O pior, era eu nunca saber se realmente o fazia feliz, ou ele enganava a si mesmo, me enganando também.
O show seguia, mas não minha mente.
Logo após o término, os fãs esgoelavam-se no coro para cantar os parabéns ao Davey, presentes e mais presentes lotavam o camarim, alguns fãs conseguiram entregar seus presentes pessoalmente no backstage. Davey fez questão de levar todos para seu apartamento e abriu um por um dos 654 presentes individuais e 210 de fã-clubes espalhados pelo mundo. Mesmo grande parte não sendo coisas grandes, o quarto em que Davey reservou para presentes e coisas da banda não tinha mais espaço sequer para fechar a porta, quando estes juntaram-se já aos vários que haviam ali.
Ainda levamos cerca de três horas e meia para nos retirarmos do local, tendo de colocar todos os presentes nos carros, pois a van para os equipamentos estava lotada de instrumentos, eram 5 SUV's para 864 presentes, que no fim couberam, apertados, mas todos dentro dos carros, posteriormente, no apartamento.
Quando terminamos de subir tudo e abrir cada coisa, já eram oito horas da manhã de 21 de novembro.

– Acho que terminamos! - eu disse.
– Com o que?
– Com os presentes!
– Tem algo que eu quero e que não tive muito bem ainda... -ele disse, com seu sorriso malicioso.
– Acho que precisamos de um banho!
– Tanto faz, cama, chuveiro ou os dois... Eu quero terminar o que começamos ontem!
– Está parecendo um cachorro atrás de uma cadela no cio!
– Então venha, minha cadelinha, eu estou abanando meu rabinho entre as pernas pra você!
– Não é seu rabo que quero abanando para mim! - Eu dizia me encaixando a ele.
– Abano tudo por você, querida.

Fizemos uma "tour" pelo quarto de presentes, depois passando para o banheiro, finalizando na suíte de Davey, às 12:30 da tarde - mas que homem insaciável!

– Eu estou moída...
– Eu aguento mais três vezes!
– Guarde para amanhã.
– Daí serão seis!
– Palhaço! - Disse, aninhando-me a ele.
– Ah, me abrace forte... Não me solte.
– Nunca soltarei. Eu sou feliz presa a você!
– Eu juro que estou quase lá... - "Eu juro que estou quase lá"... aonde?

Afrouxei-me de seus braços e reclinei-me na cama, de modo que ele precisasse erguer a cabeça para alcançar meus olhos, cheios d'água.

– Ah, amor... Que merda eu disse agora? - Ele segurava minhas mãos, sentando-se ao meu lado.
– Davey, eu realmente estou te fazendo bem?
– Por que isso, amor?
– David... Eu estou... Estou te fazendo realmente bem ? Você se sente como ao meu lado?
– Michelle, querida, acorde! Você vai me dar um bebê, apesar de mandona, mimada, é uma pessoa doce, maravilhosa... Você faz com que eu me sinta homem, não só ao fazer amor com você, não só de tocar em sua pele, mas também toda vez que a ouço dizer que me ama, que é feliz ao meu lado... Porque... Eu também te amo, e você precisa me entender, estou reaprendendo sobre o que é felicidade, Miche... Querida... Eu perdi minha filha, minha esposa... Passei quase dezessete anos numa escuridão, sendo quem eu... quem eu não era. E então você chegou... você chegou trazendo o sol pra minha vida pessoal, porque no palco, não que eu finja, mas é possível esquecer todas as lembranças ruins... por quase uma hora.
– Então por que ainda canta a tristeza?
– Porque eu já havia escrito e gravado os cds quando conheci você! - Disse, tomando me em seus braços.
– Você me ama como alguém para você proteger, cuidar ou como sua mulher?
– Por Deus, Michelle! Quem eu amarei para cuidar e proteger te chamará de mamãe em pouco tempo... Quantas vezes vou precisar explicar o que é inexplicável? Como posso explicar o tipo de amor, se ele é um só?
– Se algo der errado com o bebê, você ainda vai me amar?
– Mi... ah... eu vou. Eu vou te amar para o infinito.
– Por que infinito e não para sempre?
– Porque o para sempre, ironicamente, sempre acaba. O que é infinito é incalculável!

Davey me beijou, docemente, enquanto as lágrimas cessavam-se devagar, e ele me pousava novamente na cama recostando minha cabeça em seu peito, alisando meus cabelos.
Em outra situação, ele teria perdido a cabeça e a briga teria sido tremenda, mas eu estava desarmada e ele era meu único escudo naquele momento.


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