Curada Para Ferir escrita por thedreamer


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

I hope you enjoy. Thanks Labi. ;*



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Acordei com forte dores nas costas e percebi que ainda estava na escrivaninha, debruçada sobre os livros. Olhei para o relógio, ainda eram 21:00hrs, fui até a cozinha comer algo. Mamãe e papai estavam deitados, e a Marina trancada no banheiro. Peguei um copo de leite e alguns biscoitos, e caminhei até a sala, na esperança de encontrar algo na televisão. Depois de quase meia hora mudando de canais, que passaram a se repetir a partir do vinte, percebi que era melhor ir me deitar. Esperei Marina sair do banheiro, e se deitar, para poder escovar os dentes e me deitar também. Assim que deitei peguei no sono, em questão de segundos.

– Parabéns pra você, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida! - Acordei num pulo ao som da música que minha mãe cantava anualmente para me acordar, sempre no dia 20 de novembro. Eu andava tão atormentada que havia esquecido.

– Obrigado mamãe! - Respondi desanimada, porém sincera, e a abracei.

– Meu bebê está crescendo, e... Sinto muito Mel, não poderemos te dar uma festa...

– Ah por favor mamãe! - Era incrível como as vezes ela dizia coisas desnecessárias. Seria estranho, afinal eu já estava acostumada a ter quase toda a escola cantando "parabéns para mim", mas não faria falta, eu nem mesmo tinha amigos para convidar. - Não diga bobagens, não fará a menor diferença. - Me levantei e fui em direção ao banheiro fazer minha higiene, enquanto a Marina levantava reclamando.

– Que claridade é essa? Ah, será que poderiam respeitar meu sono? - Ignorei-a enquanto tentava trançar meu cabelo. - Que...? Que horas são?

– Seis e quarenta. - Marina pulou da cama direto para o banheiro, me puxando com toda a brutalidade possível e se trancando lá dentro.

Vesti minha saia, blusa e meia, calcei meu sapato e acompanhei mamãe até a cozinha, onde barras de cereal, pães e suco nos esperavam.

– Teremos direito a café especial? - Disse brincando, mas ela pareceu não achar engraçado.

– Você sabe que não sei cozinhar, nem nada do tipo, comprei esses pães com uns trocados do seu pai...

– Tudo bem mamãe, não se preocupe, já disse. - Ouvi "Plecs" e percebi que Marina já vinha.

– Ah não, suco industrializado? - Ela franziu o nariz.

– Mas é com polpa Nina... - Mamãe tantou mais uma vez adulá-la e eu revirei os olhos, terminando meu suco.

– É o que tem? - Mamãe concordou baixando a cabeça.

– Bebe logo isso Marina. - Marina se virou pela primeira vez para mim.

– Epa, o que é isso? Parece que um rato fuçou seu cabelo. - Instintivamente levei a mão à cabeça. Ela gargalhou. - Um ano a mais e continua do mesmo jeito, como pode? - Ela pegou a barra de cereal e saiu. Desfiz minha trança com um nó na garganta e fui em direção à parada também, porém uns dez passos atrás da Marina, que rebolava como se estivesse em uma passarela. Ela hoje estava com os cabelos soltos, brilhando como nunca, usava um vestido longo e sandália rasteirinha, que caía muito bem em sua altura de modelo. Engoli seco mais uma vez. Amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo novamente, e apressei o passo quando vi o "escolar" virar a esquina.

Cheguei na escola e parei de frente ao mural, onde estava a data das provas finais. Seria na próxima semana, três dias, e depois restariam poucos dias e eu estaria livre dali, ao menos por alguns meses.

A primeira aula, para minha "felicidade" era de ed. física, e tívemos de correr durante cinco minutos, dois para mim, que tropecei na perna de um garoto, que ainda não sei de onde saiu, e caí de cara no chão, sentindo o rosto queimar, me levantei com a mesma velocidade que caí, em meio à gargalhadas. Toquei de leve minha bochecha e a senti molhada, olhando para minhas mãos vi sangue. Ótimo! Tudo o que eu mais precisava, uma cicatriz, no meu rosto. O professor correu em minha direção, e me levou até a enfermaria.

– Bom dia senhor Duddle, não posso dizer estar surpresa em vê-lo, o que foi desta vez? - O Sr. Duddle me deu um empurrãozinho, e ela me deu um olhar apreensivo e confortador.

– Bom dia. Essa mocinha caiu no meio de uma corrida, e, acabou se machucando. - Ele deu leves tapinhas nas minhas costas.

– Estou vendo. Sente-se aqui querida. - Ela me ajudou a sentar em uma cama que havia ali.

– Bom, a minha turma está sozinha, espero que fique bem Melina. - Acenei com a cabeça e ele foi embora.

– Desculpe, mas como conseguiu essa proeza, Melina, certo? - Ela se dirigiu até um armário e pegou alguns líquidos e curativos.

– Sim. Bem, eu tive ajuda Srta. Gatts. Um garoto colocou o pé na minha frente. - E me veio a visão do Dennis colocando a perna, no exato momento em que Callie soltava uma risadinha.

– Não acho que vá ficar cicatriz... - Suspirei aliviada. - Teve sorte, porque só ralou, seria uma tragédia estragar um rosto tão bonito. - Corei na mesma hora, e agradeci por estar suja de sangue, assim ela não perceberia. Mas as palavras dela, claro, eram para me deixar melhor, esse era o serviço dela. Senti um ardor quando ela passou o líquido no meu rosto. Depois de alguns minutos limpando ela colocou um curativo. - Bom, você pode voltar pra sala, ou se quiser, posso te dar uma autorização para voltar para casa. - Sorri com a ideia.

– Acho que vou querer voltar para casa Srta. Gatts. - Levantei-me enquanto ela anotava algo em um papel e me entregava.

– Leve até a direção, e será liberada querida. - Concordei com um aceno.

– Obrigado. Até mais. - Saí e caminhei até a sala, aproveitando que ainda estava no horário de ed. física para pegar minha mochila, e encontrei quem eu mais queria.

– Melina, querida, que lindo seu rosto! - Ela soltou uma de suas risadas maldosas. - Mas não vai fazer muita diferença não é mesmo? - Suspirei.

– Licença, Callie. - Tentei passar e ela me impediu com seu braço fino e magro.

– Epa, epa, pra você é Srta. Esteves. - Com muito esforço consegui sorrir.

– Me poupe. - Empurrei seu braço fino, mas ela logo me agarrou com suas unhas que mais pareciam garras. - Ai Callie! - Ela afundou as unhas no meu braço.

– Vou te ensinar a ficar no seu lugar Melina, o fundo do poço. - Ela apertou mais e eu senti arder, e então ela me soltou e voltou para a quadra como se nada houvesse acontecido. Esfreguei aonde ela havia apertado, estava muito vermelho, com certeza ficaria roxo, a marca das unhas estavam lá, estampadas.

Fui até a direção, e bati na porta com os nós dos dedos.

– Pode entrar. - Virei a maçaneta e entrei. Havia um casal e um garoto. Um garoto alto, cabelo preto e enrolado, e olhos cor de mel, e um sorriso lindo, que deu assim que entrei. O reconheci, era o garoto do skate.

– Melina! - Ele disse feliz demais pro meu gosto.

– Ah.. - Pigarreei - Oi? - Sorri, sentindo a cor voltar ao meu rosto.

– O que aconteceu? - Ele ficou sério de repente, olhando para o meu rosto.

– Eu caí, na ed. física. Sr., é por isso que estou aqui, fui dispensada pela senhorita Gatts. - Entreguei-lhe o papel, ele o observou, depois o guardou na segunda gaveta, e sorriu para mim.

– Está dispensada Srta. Meester. Sua irmã já está sabendo? - Fiz que não com a cabeça.

– Não precisa comentar com ela, ela vai saber assim que chegar em casa. Obrigado. - Virei-me para Bernardo - Tchau, até... Breve. - Sorri, e, segui em direção à saída.

É, esse era um ótimo presente de aniversário, um baita arranhão no rosto, e uma enorme mara roxa no braço.



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Notas finais do capítulo

Reviews, please. Naquele esquema, HAHA.