Curada Para Ferir escrita por thedreamer


Capítulo 25
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos (a) leitores, como estão? Bem espero, porque eu estou ótima! Esse capítulo, talvez os assuste um pouco, porque dei uma grande reviravolta, mas eu gostei, estou satisfeita, e espero que gostem também, atendi o pedido de um leitor, e espero que como ele gostem! Seja muito bem vindo 'darkke' e muito, muito, muito obrigada pela recomendação 'Luce Luz' fiquei toda derretida, haha, ficou a coisa mais linda do mundo! Agora, eu queria abusar um pouquinho de vocês: A estória tá chegando ao fim, e fico triste com isso, mas satisfeita. Pretendo, como disse a uns cap. atrás, tentar lançar essa estória, faze rum livro, sabe? Espero que dê, certo, e para enviar para a editora, preciso de uma sinopse, mas sou péssima com isso, vocês poderiam me ajudar? Eu queria uma sinopse que falasse em não muitas palavras, tudo que tem aqui, porque o interesse deles em ler a estória, virá após lerem a sinopse, né? E então, o que me dizem? I hope you enjoy! ;)



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23  [...] And I don’t want the world to see me ‘cause I don’t think that they’d understand.[...]


 Fico bastante confusa com aquela mensagem, e me pergunto se não acabaram enviando para o número errado. Olho várias vezes, mas o número está privado, impossibiltando-me de descobrir quem é. Depois de tanto queimar os neurônios jogo o celular sobre a cama e tento me concentrar na matéria. Tudo em vão, pois não tiro aquilo da cabeça. Organizo os materiais que terei que levar amanhã e deito, ligando a TV. Assisto até as sete horas, quando me troco e desço para o jantar.

 Desta vez Rodrigo está sozinho, e a comida ainda não foi servida, depois de cumprimentá-lo, sento-me no lugar costumeiro e espero em silêncio. Ouço passos atrás de mim e nem meu preocupo em olhar, pois sei que é Vítor. Assim que ele se senta, ergo o olhar, e vejo que ele me olha. Desvio, envergonhada, e finjo uma concentração no talher próximo aos meus dedos. Depois o olho novamente, por curiosidade, e fico aliviada por ele não retribuir dessa vez. Ele, para minha surpresa, está usando uma blusa sem mangas, mostrando braços torneados, mais uma vez para minha surpresa (quantos anos ele tem? 16?), não sei se está de calça ou bermuda, mas está sem boné, para variar. Ele me pega o encarando e sinto meu rosto queimar novamente.

 Para minha sorte, Janaína chega e acaba roubando a atenção para si. O olhar triste sumiu, dando lugar a um vago. Ela serve o prato do Rodrigo sem tirar os olhos da comida a sua frente, nem mesmo quando ele a olha, e continua persistindo, enquanto ela serve Vítor e eu. Fico observando-a até que do nada minha ficha cai.

 - O Rodrigo! – Quase grito, tapando a boca logo em seguida, atraindo os olhares para mim. Vítor me encara como se eu provasse o que ele já duvidava: Sou louca! Rodrigo tem uma sobrancelha erguida e Janaína olhos arregalados. Envio-lhe um olhar de desculpas, ela se apressa em me servir e se retira. – Eu...Uh... Pensei alto! – Digo dando um sorriso nervoso, parecendo mais idiota ainda. Vítor revira os olhos, dá um sorrisinho e se volta para seu prato.

 Termino meu jantar o mais rápido possível, deixando Rodrigo mais espantado ainda, peço licença e sigo para a cozinha.

 - Janaína! – Digo e ela deixa o copo cair, quebrando-se em mil pedaços. Arregalo os olhos e espero pelo que virá.

 - O que foi isso? – Pergunta Rodrigo rompendo pela porta atrás de mim.

 - N-nada. – Janaína gagueja, se apressando em catar os cacos, enquanto eu começo a empurrar Rodrigo para fora dali.

 - Melina! – Ela diz franzindo o cenho.

 - Não foi nada demais, eu apenas esbarrei no copo e ele caiu. – Dou de ombros. – Bem típico, não? – Sorrio. Ele se firma e segura meus braços.

 - Será que pode me explicar o que está acontecendo com você hoje? – Olho suplicante para ele.

 - Não está acontecendo nada, acho que... Estou nervosa porque tenho prova amanhã, é só isso. Daí acabei esbarrando no copo, derrubando-o, e acabei gritando ‘o Rodrigo’ porque ele foi um escravo, da matéria que estamos estudando em história. – Surpreendo-me vendo o quanto consegui mentir bem. Seus olhos se tornam um pequeno risco de desconfiança, mas ele se retira, para o meu alívio. Espero um tempo e vou até a porta, conferir se ele já está longe. Assim que me certifico, volto-me para Janaína, que continua mortificada com a mesma cara.

 - Janaína... – Digo cantarolando, feliz demais por ter descoberto. Meu sorriso deve estar encostando de uma orelha até a outra. Ela enfim ergue o olhar para mim, balança a cabeça negativamente e pega a vassoura, a fim de limpar a bagunça. – Ah, pára um pouco! – Insisto. – Vem, senta aqui. – A puxo, fazendo-a se sentar na cadeira ao meu lado.

 - Melina, eu não tenho a vida ganha como você, preciso trabalhar! – Ela diz rispidamente e teta se levantar, mas eu puxo seu braço fazendo-a continuar sentada.

 - Deixa de ser cabeça dura, mulher! – Ignoro o modo como ela me insultou. – Agora eu entendo porque você não queria me contar, é porque ele é o seu patrão. – Termino a frase cochichando. Vejo ela corar. – Mas isso não tem a menor importância. – Digo dando um peteleco no ar.

 - É claro que tem, criança. Não posso me envolver com o Sr. Rodrigo. – Reprimo um sorriso com o modo que ela o chamou. – E vê se tira isso da cabeça.

 - Não vou tirar enquanto não der um jeito nisso. – Ela arregala os olhos.

 - Não vá fazer nada Melina, olha lá! É meu emprego que está em jogo...

 - Não, é seu coração. – Corrijo. – Não se preocupe, não vou arruinar sua vida profissional. – Vou até a geladeira e me sirvo de um copo d’água. – Agora tenho que deitar, amanhã tenho que acordar cedo sabe como é, né? – Dou uma piscadela e subo a escada correndo.

 Tranco a porta e me jogo na cama, agradecendo a Deus por ter tido um final de semana tão maravilhoso como este, por ter me divertido como não fazia há muito. Suspiro e cubro meu corpo.

 Mal percebo que dormi e já ouço o despertador tocar, quase caio da cama, tamanho o susto que levei. Coço os olhos preguiçosamente e me estico toda, tentando relaxar, ainda deitada, rezando para poder dormir mais. Depois de alguns segundos ouço a movimentação no quarto ao lado, e vejo que só eu ainda não estou me arrumando. Pulo da cama, e caminho ainda sonolenta para o banheiro. Tomo um banho rápido, visto meu uniforme, calço a sapatilha e penteio meu cabelo. Termino em trinta minutos, e desço para tomar café.

 Fico surpresa ao ver que fui a primeira a chegar. Sento-me e espero que todos cheguem. Depois de alguns minutos, pai e filho aparecem, ambos com uma cara não muito amigável.

 - Bom dia. – Diz Rodrigo, e eu retribuo com um aceno.

 Janaína serve o café da manhã, me olhando preocupada, mas não dou bola. Tomamos o café em silêncio, assim que terminamos pegamos nossas coisas e seguimos para o estacionamento.

[...]

 - Como vocês já sabem, o horário mínimo para a liberação é de uma hora após a entrega, portanto, não interessa se você levou cinco minutos pra fazer a prova, será liberado após uma hora. Entendido? – Todos na classe concordam e ele prossegue. – Como a prova terá início às oito horas, poderão sair as nove, os que terminarem claro. E o tempo máximo é até as doze horas. – Ele então começa a entregar os cadernos com as provas de ciências humanas.

 Concentro-me em minha prova, que mais uma vez tiro de letra. Fico me perguntando se estudei demais, ou se a prova está realmente fácil. Termino em meia hora, assim como quase todos ali. Assim que o sinal toca, praticamente todos se levantam, abandonando a sala.  Sigo para o meu quarto, onde Mariana chega alguns minutos depois de mim.

 - Poxa, eu achei a prova muito fácil! – Ela diz se jogando na cama. – Estava tão preocupada, dormi duas horas da manhã ontem, para estudar, daí eles passam uma prova fácil daquela. – Ela balança a cabeça em negativa.

 - Também achei fácil. – Dou de ombros.

 - Como foi seu final de semana? – Ela pergunta, e então um sorriso brota em meus lábios. Assim como no dela. – Pelo visto foi bom. - Corro e me sento ao seu lado na cama.

 - Você não acredita o que eu ganhei! – Digo me lembrando nitidamente, da caixinha guardada em meu criado mudo.

 - O que? – Ela começa a se empolgar.

 - Uma caixa de bom-bom, em forma de coração! – Digo com os olhos brilhando, ela sorri abertamente e bate palmas, como uma criança que acaba de ganhar um doce.

 - Ai, que fofo! Quem te deu?

 - O Bernardo. – Minha voz soa um pouco sonhadora, e sinto meu rosto queimar com isso.

 - Aaaaaaaaaaaaaaaaaah! – ela diz colocando as mãos no rosto. – Minha amiga está apaixonada! – Fico totalmente vermelha, e olho para o chão.

 - Não, não estou. E, eu tenho que ir lá na biblioteca, e procurar a Belinda. – Digo mudando de assunto, e me apressando.

 - Tudo bem, se quer esconder isso... – A ignoro e sigo um pouco sem rumo, estou com a cabeça no mundo da lua quando esbarro em alguém.

 - Desculpa... – Digo e então minha barriga congela, quando vejo aqueles olhos cor de mel, ali, bem na minha frente.

 - Eu queria mesmo falar com você. – Ele diz segurando meus braços, pois quase cai quando esbarrei nele.

 - Bom, então, fala. – Digo sorrindo. Ele retribui e me solta, passando o braço a minha volta. Ele me guia para a área de lazer em silêncio.

 - Gostou do meu presente? – Ele pergunta me levantando pela cintura e me sentando na mesa. Fico assustada com isso, mas ele apenas sorri.

 - Eu adorei. – Sorrio. Ele emite uma expressão de satisfação, e então se senta ao meu lado. Com o olhar fixo ao longe, ele se cala, e fico sem saber o que fazer ou dizer, então começo a mexer na minha unha.

 - Eu também gostei, muito. – Ele diz por fim. Ele coloca a minha mão entre as suas e começa a fazer desenhos com o dedo, na minha palma, causando um formigamento. – Porque você se afastou de mim? – Ele pergunta. Franzo o cenho.

 - Eu me afastei de você? – Pergunto, totalmente perdida.

 - Ainda no acampamento, você se distanciou, e depois que voltamos então... – Sinto uma pontada no peito com todas as lembranças que estas palavras me trazem.

 - Bernardo, eu não... – Não sei o que dizer. Como vou falar ‘me afastei de você porque estava louca de ciúme de você com a Giselle’? – Eu não me afastei, impressão sua. – Ele sorri ainda olhando para longe.

 - Eu nunca gostei dela. – Imagino que ele fala da Giselle, mas prefiro me fazer de desentendida.

 - De quem? – Depois de dizer as palavras em voz alta percebo o quanto pareci realmente retardada, pelo modo com ele falou era óbvio.

  - Da Giselle, eu nunca gostei dela. – Ele explica tranqüilamente. – Eu só estava tentando fazer...

 - MAS VOCÊ É UMA RETARDADA MESMO NÉ MELINA? – Olho assustada para trás, e vejo Callie com uma expressão completamente assassina. Paraliso. Simplesmente não consigo fazer nada, fico parecendo uma estátua enquanto todos ali começam a olhar e cochichar, e ela continua. – ONDE ESTÁ? – Bernardo me olha totalmente desentendido, assim como todos ali, mas eu sei muito bem do que ela está falando. – MELINA, EU TE DOU DEZ MINUTOS PARA ME DEVOLVER, OU...

 - Ou o que, Callie? Você vai bancar a louca novamente? Não faço a menor idéia do que você está falando. – Tento manter a calma, mas meu coração está a mil batimentos por hora. Ela crispa os lábios.

 - Você não tem noção do perigo garota...

 - Você quem não tem! – Retruco.

 - Ah, por favor! Não venha bancar a santa, eu sei que você pegou, e se você não devolver... – Ela não conclui a ameaça com palavras, mas com um olhar aterrorizante.

 - Bom, então já que tem tanta certeza... – Dou de ombros. – Você não pode fazer nada, acorda! Eu estou com todos os seus podres na palma da minha mão. – Digo, mesmo sabendo que até agora a única coisa que sei, e os outros não, é que ela, no fundo, me inveja.

 - Você não passa de uma tola, sem coragem o suficiente para fazer o que seja. – suas palavras me afetam mais uma vez, como um tapa na cara. O que é a mais pura verdade, não sei o que fazer com os segredos dela. Ela se aproxima, e sussurra, para que só eu ouça. – Ou você me devolve, hoje mesmo, ou eu faço uma denúncia, você quem sabe. – Ela dá de ombros. – Às oito horas, na biblioteca. – Ela olha para o meu rosto, e cospe aos meus pés, saindo logo em seguida.

 Todos continuam me encarando, Bernardo me puxa para perto, mas me retraio. Apesar de querer muito ficar ali com ele, não posso. Esboço um sorriso totalmente envergonhado, e corro para o meu quarto. Mariana certamente deve estar na biblioteca, as outras meninas eu não sei, talvez tenham ido para estudar para a prova de amanhã. Tranco-me no banheiro, onde arremesso o diário contra a parede com toda a força, e deixo as lágrimas descerem. Caio de joelhos furiosa comigo mesma. Será que não consigo fazer nada direito? Quando penso ter dado a volta por cima, e ter mudado... A verdade é que só enganei a mim mesma. Serei sempre uma perdedora, e Callie a vencedora, a garota bonita e esperta que irá me pisotear. A quem eu queria enganar? Não consigo fazer mal a uma mosca... A única coisa que me incentivava a fazer mal a ela era a humilhação perante os meus pais, mas... Eu não fiz, e nem vou fazer. Porque caso ela me denuncie posso até ser expulsa da escola, e isso não vale a pena.

 Levanto a manga da minha blusa. Olho com atenção cada cicatriz ali, cada burrada que já cometi ou humilhação que sofri, cada dor despejada, aniquilada em mim mesma. Nada mais justo, afinal sou eu a causa de tudo de ruim que me acontece. Talvez se eu não tivesse nascido... Meus pais ainda estariam vivos, felizes com minha irmã. E, tenho certeza todos estariam melhores, mais felizes. Sou um tormento, incapaz de tudo. Pego uma gilete e uma imagem e uma voz vem a minha cabeça.

- Isso não é legal Mel.

 Deixo a lâmina cair. Ele tem razão... Isso não faz bem, mas... O que eu posso fazer, além disso? Ele não entende a dor que sinto. E então me vem na lembrança ele falando sobre sua mãe. Droga! Seco meus olhos, sem pensar muito e saio dali. Sigo direto para a biblioteca, sem saber se tomei realmente a melhor decisão. Sei que não são nem duas horas da tarde, o almoço ainda nem foi servido, mas não vou mais agüentar ficar com aquilo.

 Percorro o olhar por todos os corredores e comprovo minha tese: ela ainda não está ali. Caminho até a recepção.

 - Boa tarde, a senhora poderia me fazer um favor? – Pergunto a gentil senhora que ali trabalha.

 - Se estiver ao meu alcance, querida. – Me esforço para sorrir, o que sai um tremendo estrago.

 - Assim que a aluna Callie Esteves vier aqui, e ela virá, entregue isto a ela. – Lhe entrego o diário, que ela mal olha e coloca dentro de uma pequena gaveta.

 - Pode deixar. – Ela dá uma piscadela.

 - Obrigada. – Digo e saio dali o mais rápido possível.

 Fico horas zanzando pela escola, minha angústia aumentando a cada segundo. Penso em voltar para o quarto e estudar, mas sei que se fizer isso, vou trocar os livros pela lâmina. Percorro o olhar nervoso a cada corredor, cada escada, e entradas e suspiro aliviada quando vejo ele sentado o mais distante possível da escola, depois do jardim, encostado em uma árvore, com os fones no ouvido. Ele só percebe minha presença quando estou a um metro de distância.

 - Eu preciso falar com você. – Digo com a voz trêmula, com medo da sua reação, e de que eu comesse a chorar. Ele me olha de cima a baixo e acena para que eu prossiga, mas não consigo. Balanço a cabeça negativamente e me viro refazendo meu caminho.

 - Hei, Melina! – Paro. – Anda, fala logo, volta aqui. – Viro e o encaro. Só volto assim que vejo em seu olhar que ele realmente está falando sério. Paro no mesmo lugar onde eu estava, e ele bate no chão ao seu lado, para que eu me sente.

 - Eu... – As palavras morrem novamente. Coloco meu rosto entre as mãos, que estão suadas tamanho nervosismo.

 - Parece que tá com medo de mim, Melina! Eu não mordo. - Ele fala, mas continuo do mesmo jeito. Bom, de certo modo, morde sim.  – Você veio até aqui para nada? – Me pergunto a mesma coisa.

 - Você ainda está com raiva de mim? – Pergunto surpreendendo a mim mesma. Ele franze o cenho.

 - Bom... Você quem estava com raiva de mim. – Ele enrubesce, me deixando meio espantada.

 - Ah, é... Você tem razão. – Digo me lembrando e abaixando a cabeça novamente.

 - Eu não devia ter dito aquilo, eu sinto muito, de verdade. – Continuo calada, olhando para o longe. – Eu sempre acabo estragando as melhores coisas. – Ele diz por fim, depois de ficarmos um tempo em silêncio.

 - Então, não está com raiva de mim? – Pergunto o olhando e ele esboça um sorriso singelo, atrevo-me a olhar em seus olhos verdes que parecem um pouco felizes, mas afundados em uma grande tristeza.

 - Não. – Aceno positivamente tomando coragem para falar.

 - Euprecisodeajuda! – Falo tão rápido que as palavras se embolam, ele ergue uma sobrancelha. – Eu, preciso de ajuda. – Falo, e olho para os meus pulsos, não querendo falar mais que isso.

 - Você fez de novo? – Ele diz tomando meus braços, com um olhar preocupado. Apresso-me em sacudir a cabeça. – Pensou em fazer? – Engulo seco e assinto. Ele suspira. – Eu sei como é complicado, é bastante difícil suportar e não repetir. O que te impediu? – Crispo os lábios. De jeito nenhum vou falar que foi seu rosto compreensivo e sua voz.

 - Minha família. – Minto. Ele acredita.

 - Você quer consultar o mesmo terapeuta que eu? – Dou de ombros.

 - Só preciso de alguém que me ajude. – Ele coloca minha franja atrás da orelha, que logo escorrega novamente para meu rosto.

 - Eu vou te ajudar. Não vou deixar que meu pai descubra, não sei como, mas vou dar um jeito, será um segredo nosso, okay? – Uma lágrima escorre por meu rosto, ao mesmo instante que sorrio. – Hei, que foi? – Ele pergunta, mas não digo nada.

 - Obrigada. – Sussurro.

 Ele me abraça forte, deixando-me totalmente pasma, mas segura. Eu não devia, mas me sinto bastante confortável ali, assim como na última vez que falamos sobre isso. Porque ele não é tão doce assim sempre? Porque de uma hora para outra ele tem que se tornar um garoto grosso e frio?

 - Desculpa. – Ele sussurra tirando-me dos meus pensamentos. Quando ele enfim me solta, sinto-me mais fortalecida. O porque não sei dizer.

[...]

 Sentei no divã bastante confortável ao qual eu havia visitado há muito. Foquei meu olhar na luz fluorescente acima de mim, enquanto esperava o Dr. César chegar.

Já faz nove meses que venho fazendo consultas. Nos primeiros três meses, eram apenas duas vezes na semana, mas tive uma grande recaída, voltando a me cortar, quando Callie resolvia me importunar mais que o normal. Portanto, passei a ter que ir diariamente, dando a desculpa para o Rodrigo que era pela minha perda familiar. Sendo assim, consegui o direito de sair da escola às seis horas e voltar as sete e meia da noite, todos os dias. Estava cansativo, pensei em desistir todos os dias, continuando por apenas um motivo: Vítor. Ele havia se tornado a pessoa mais gentil do mundo. Sempre me acompanhando nas sessões, me incentivando, tornando as coisas mais fáceis, confesso. Nos tornamos bastante próximos, cessando as brigas constantes. Neste exato momento ele está lá, na sala de espera. Ainda acho difícil acreditar que já se passou tanto tempo.

 - Boa noite, Melina! – Ouço a voz grossa já tão conhecida do Dr. César.

 - Boa noite. – Respondo sem emoção, ando tão cheia dessas terapias.

 - Quer me contar como foi seu dia? – ‘Não!’ Penso, mas claro, fico calada e suspiro antes de contar mais uma vez como foi meu dia. Isso era realmente chato! Eu tinha de contar tudo, ele sabia mais de mim do que qualquer pessoa nesse mundo.

 - Eu acordei no mesmo horário de sempre, me troquei, peguei minhas coisas e segui para a aula, ao lado da Mari. Assim que entrei na sala tropecei no pé que a Callie propositalmente colocou em minha frente, mas, por sorte, não caí. Sentei na cadeira de sempre, isolada de todo o resto da sala. Quando a aula acabou segui para o refeitório, onde almocei com Belinda, Mari e Bernardo. Depois do almoço subi para o meu quarto, descansei, segui para a biblioteca, fiz o dever de casa, estudei e vim para cá. – Respiro depois de despejar as palavras como uma enxurrada.  Ele acena positivamente e faz anotações em seu bloquinho, como em todos os dias.

 - Se alimentou direito? – Ele insiste nessa pergunta, todo dia.

 - Sim.

 - Tentou se cortar, ou pensou nisso? – Balanço a cabeça negativamente. – Certo... – Ele murmura. – Você está melhorando Melina, em um ritmo muito bom. – Continuo olhando para a lâmpada. Depois disso, ele começa com o falatório de sempre.

 - E aí? – Vítor pergunta me entregando meu casaco.

 - Não sei porque sempre pergunta, não muda nada, nem da minha parte, nem da dele. – Visto e desço as escadas, com ele ao meu lado.

 - Eu sei que não é nada confortável Mel, mas...

 - É para o meu bem, eu sei, eu sei. – Digo realmente cansada dessa minha nova rotina. Entramos no carro que a escola disponibilizou para ter certeza de que voltaríamos.

 Seguimos jogando baralho até a escola, que é uma viagem de meia hora. Ele ganha todas as vezes, e então jogo o baralho em cima dele. Assim que chegamos vamos jantar e logo depois sigo para o meu quarto e ele para o dele. Subo um degrau quando sou envolvida pela cintura, não me surpreendo, já que isso se tornou tão comum.

 - Oi minha princesa, como foi? – O Bernardo sabia das terapias, não só ele, mas toda a escola, afinal, a rádio corredor é potente.

 - Muito bem, príncipe. – Digo tirando seus cachos de cima do olho.

 - Escuta Mel, amanhã eu vou participar daquela competição, sabe, do skate... – Sorrio abertamente.

 - Eu me lembro, Bernardo. E não vou faltar, você devia saber disso! – Ele sorri e me abraça, depositando um longo beijo em minha testa.

 - Então, te vejo amanhã, se alguém me pega aqui, estamos ferrados. – Concordo e ele vai embora, deixando-me com aquele comum frio na barriga. Suspiro e caminho rumo ao meu quarto.

 Mari já está dormindo, enquanto Mikaella pinta a unha de vermelho, e Milena encosta a cabeça no joelho (ela faz ioga todas as noites). Guardo minha bolsa e pego meu moletom. Tomo um banho e durmo assim que deito. Para a minha felicidade não tive nenhum tipo de sonho ou pesadelo, tive uma noite bem tranqüila. Acordo oito horas em ponto, olho para os lados e penso que estou sozinha, até ouvir a voz doce da Mariana.

 - Mel, você não disse que a competição era a partir de nove e meia? – Arregalo os olhos e pulo da cama, correndo para o banheiro.

 Tomo um banho rápido, visto um short jeans claro, blusa regata preta, e all star também preto. Coloco as várias pulseiras que uso sempre que minha blusa não tem mangas. Passo hidratante no rosto, rímel e gloss rosa bem clarinho. Sem muita paciência, e já atrasada, uso o cabelo solto.

 - Vamos Mari! – Digo arrastando ela enquanto corro corredor e escada abaixo. Ela começa a correr para me acompanhar, nos trombamos várias vezes, começamos a rir e paramos. – Okay, vamos andando mesmo. – Ela concorda arfando.

 - É muito longe daqui? – Ela pergunta.

 - Você não sabe onde fica? – Pergunto de volta, e ela sorri.

 - Não é porque sempre morei aqui que conheço a cidade toda.

 - Uma cidade pequena como essa era de se esperar que conhecesse. – Digo.

 - Não faz o meu tipo conhecer pistas de skate. – Gargalho.

 - É, também não faz o meu. Mas eu gosto de ver o Bernardo fazendo isso, ele fica tão feliz. – Ela me envia um olhar maroto que conheço bem. – Não, nem vem Mariana!

 - Ele fica tão feliz, e isso me deixa feliz, porque eu o amo! – Ela diz numa imitação ridícula da minha voz.

 - Cala a boca! – Dou um empurrão nela.

 - Okay, mudando de assunto, quem será que fica mais velha depois de amanhã? – Ela diz cantarolando, e não consigo conter meu sorriso.

 - O que te deram no café da manhã? Ou talvez, no jantar de ontem, ou então fizeram algo com você enquanto dormia! – Digo.

 - Ah, não enrola vai! Como vai ser a festa? – Ergo a sobrancelha.

 - Que festa? – Ela abre a boca em um ‘’o’’.

 - Fala sério, você não vai fazer uma festa de quinze anos? – Dou de ombros.

 - É um aniversário como todos os outros, e eu não quero uma festa como todas as garotas fazem. ‘Não faz meu tipo’. – Ela sorri, mas depois faz beicinho.

 - Eu vou fazer uma festa no meu! – Sorrio

 - E eu estarei lá, claro. Não acho que é feio ou algo do tipo fazer uma festa de debutante, ou qualquer que seja, eu não quero porque, para mim quinze, catorze ou trinta dá no mesmo. – Ela gruda o indicador no dedão e passa na boca, como se fechasse um zíper, e eu a ignoro.

 Andamos cinco quarteirões até chegar em um grande ginásio, onde há um grande circuito com curvas e mais curvas, só de imaginar as manobras que ele terá de fazer por ali me dá arrepios. Como ele faz parte da equipe competidora, nos deu ingressos vips, para o camarote, onde há confortáveis cadeiras, e até pipoca e refrigerante. Eles demoram bastante para começar, atrasando trinta minutos. Mas Bernardo é o terceiro, então não demora muito. Ele foi extremamente bem, fez manobras altamente perigosas, deixando-me totalmente sem fôlego. Graças a Deus, ele não caiu vez alguma. Ao terminar não me contive, pulei e dei gritinhos de felicidade, batendo palmas.

 Descemos até lá para lhe dar os parabéns e esperar a apuração das notas. Assim que o encontramos o abraço, ainda contente demais.

 - Ah meu Deus, você foi perfeito! – Ele me segura pela cintura.

 - Gostou mesmo? – Aceno positivamente, enquanto Mariana o cumprimenta com um toque. – Eu vou ganhar, e o prêmio vai ser totalmente dedicado pra você! – Sinto meu rosto queimar, desvio o olhar.

 - Quanto tempo demora pra apuração...?

 - Meninas! – Grita Belinda, me apresso em abraçá-la, morrendo de saudade. – Eu sabia que você estaria morrendo, foi por isso que voltei. – Ela havia ido para Goiânia, passar um mês com o pai, que ‘recentemente’ se separou de sua mãe. – Vocês não vão acreditar, o colégio de lá é mesmo igualzinho ao daqui, só que com mais gatos! – Sorrio, com olhos marejados. Senti tanta falta da minha amiga.

 - Pensei que não fosse mais voltar! – Digo dando uma de mimada. Ela sorri e me abraça de novo. Belinda me abraçando é uma cena muito engraçada, ela com seus 1,75 de altura, e eu com os meus 1,50. Lindo!

 - Voltei gatinha, e tenho muitas novidades, e muitos presentes! Mas hoje o dia é do meu irmãozinho. – Ela passa por mim e o agarra pelo pescoço, Bernardo é ainda mais alto que ela. – Seu chato! – Ela diz, mas não o solta. – Desculpa não ter chegado a tempo, é que cheguei no aeroporto oito horas, daí sabe como é né? – Ele sorri e acena positivamente.

 - Não tem problema, você tá aqui pelo menos né? – Ela confirma.

 Nos juntamos no banco onde Bernardo ficava antes de chegar sua hora, ansiosos pelo resultado, que saiu 40 minutos depois.

 - Em terceiro lugar, Manoel Javiera! – Todos gritam e um garoto de mais ou menos dezoito anos sobe até lá. De pele negra e cabelo raspado, ele esbanja um lindo sorriso enquanto recebe seu prêmio. – Em segundo, Bernardo Gusmão. – Todos gritam novamente, inclusive nós. Ele segue desanimado por ter conquistado o segundo. Sorri sem mostrar os dentes, e volta ainda triste.

 - Esse prêmio não é dedicado a você, porque não é bom o suficiente. – Fico sem palavras. Ele joga o troféu dentro da bolsa, com raiva.

 - Precisamos comemorar! – Grita Belinda. – Vamos todos para a sorveteria! – Concordamos e seguimos para a sorveteria mais badalada da cidade, a ‘GaúchIce’ (junção de gaúcho com ice). Ela não fica muito longe da minha casa, então fico feliz que assim que terminarmos estarei pertinho.

 Nos sentamos em uma mesa que é redonda com estampa de xadrez, preto e branco, como todas as outras ali. A decoração é inspirada nos anos 80, tendo até uma junkebox, que no momento toca ‘You all that I want’ de Grease. Fazemos nosso pedido, e ficamos ali, jogando conversa fora, e comentando sobre a viagem da Belinda. Bernardo pareceu relaxar, e esquecer que havia ficado em segundo, o que achei muito bom.

 - E então meninas, quando vamos as compras? – Pergunta Belinda, recebendo um olhar desentendido da minha parte e da Mariana. Ela revira os olhos. – O baile... Vestidos... Sapatos... Ah, fala sério gente! – Ela reclama por ainda não temos entendido.

 - Que baile? – Pergunta Mariana, tirando as palavras da minha boca.

 - O nosso! Ainda não falaram sobre isso? – Balançamos a cabeça em negativa, enquanto mordo um canudinho de chocolate. – Ah, essa escola é atrasada mesmo. Dia trinta tem o baile de encerramento, porque todos sabemos que depois de novembro não fazemos mais nada na escola além de enrolar.

 - Acho que o baile é só na escola de Goiânia. – Digo e ela me olha como se estivesse que explicar a uma criança.

 - Mel, minha querida, é a mesma escola, da mesma rede, então tudo o que tem aqui, tem lá, porque todas seguem a programação da matriz, sabe? – Aceno para que ela continue e esqueça isso, porque estou me sentindo uma tapada. – Então, já que ainda não avisaram, eu aviso. Como eu já disse, é dia trinta. Não tem tema, então, cada um vai do jeito que quiser. Mentira. – Ela continua. – Porque os garotos são obrigados a usar smoking. – Bernardo faz uma careta.

 - Então, temos uma semana apenas para decidir que vestido, sandália, maquiagem, penteado, usar! – Ela prossegue totalmente empolgada. – Ah, e os meninos quem convidam as meninas. – Ela pisca para Bernardo. – Mas o chato é que, vai cair tão perto do seu aniversário, então vai ser tudo em dobro, afinal temos de escolher tudo para a festa também...

 - Não vai ter festa no meu aniversário! – Digo começando a achar isso chato. O que tem demais em fazer quinze anos?

 - QUE? – Ela grita e eu fico totalmente vermelha.

 - Olha o escândalo, Belinda. – Censura Bernardo.

 - Mas como você pode pensar em não fazer uma festa? – Ela fala controladamente.

 - Ela sabe o que faz Belinda. – Conclui Bernardo e ela o fuzila com o olhar.

 - Certo, então, teremos de nos preparar só para o baile. Final de semana que vem, não marquem nada, iremos para o shopping bem cedo, e voltaremos tarde! – Ela diz com um grande sorriso.

 - Não deveríamos esperar um convite? – Pergunta Mari.

 - Claro que não! Com ou sem par nós vamos nesse baile, não quero nem saber. E vai por mim gata, todas vamos ser convidadas. – Ela pisca com apenas um olho.

 Bernardo insiste em me levar em casa, mas acabo convencendo ele a ir logo pra asa, pois deve estar cansado. Caminho tranqüilamente para casa, enquanto penso no que a Belinda disse. Um baile... E teremos de ser convidadas! Será que vou receber algum convite? Bem improvável, talvez o Bernardo... Não, com tantas garotas bonitas na escola...

 Entro em casa e vejo Vítor jogado no sofá. Vou até lá e vejo que ele está assistindo um filme que desconheço, na HBO. Ele sorri para mim e sento no outro sofá. E resolvo contar a ele sobre essa estória de baile.

 - Você sabia que vai ter um baile na escola? – Pergunto e ele me olha desconcertado. Aceno confirmando. – É, eu também não sabia, mas vai ter. Eu ainda não sei se é obrigatório, até porque não sei se quero ir. – Pela primeira vez penso nisso. Seria muito chato ir, ainda mais sem par.

 - Por que não? – Ele pergunta.

 - Sei lá. – Dou de ombros. – E tem mais uma: Os meninos terão de convidar as meninas. – Ele faz uma careta.

 - Isso é injusto, as meninas deveriam convidar. – Sorrio.

 - Claro que não, é uma tradição os homens convidarem. – Digo e ele faz que não.

 - É uma bobagem, isso sim. – Ele diz e se volta para o seu filme.

 - Pois é. – Suspiro me levantado a fim de tomar um banho.

 - Alguém já te convidou? – Ele pergunta, e eu balanço a cabeça negativamente, sem parar. Subo para o meu quarto.

 Tiro minhas roupas e me deito na banheira. Parando para pensar.

 Já faz onze meses que minha vida virou de cabeça para baixo. Perdi o que tinha de mais precioso nessa vida. Certo que, eu também ganhei algo precioso, como o Rodrigo, e até mesmo o Vítor. Também ganhei amigos incríveis como Belinda, Mariana e Bernardo. Ah, o Bernardo. Que fez parte dessa reviravolta na minha vida. Deixando-me desconcertada desde o primeiro encontro, que lembro-me como se fosse ontem, da promessa de que ele seria meu super-herói. Mas a verdade é que nunca consegui me abrir de verdade com ele, e contar tudo sobre meus problemas. Mas não consigo evitar que minhas pernas fiquem bambas, borboletas voem em meu estômago, e minhas mãos soem, sempre que estou ao seu lado. Meus olhos ardem ao imaginar que será meu primeiro aniversário longe dos meus pais. Fico sufocada só de pensar que não serei acordada com minha mãe cantando ‘parabéns para você’.

 Penso também, em Callie. Depois de devolver o diário ela ainda foi atrás de mim, me importunar claro.

 - Não pense que ficará assim nojenta. Ninguém pega as coisas de Callie Esteves e sai ilesa, escute o que estou te falando. Você foi muito ingênua pensando que descobriria tudo sobre mim naqueles pedaços de papéis, é óbvio que eu não me incriminaria daquele modo. – Ela dá um sorriso de escárnio. – Você vai ser essa coisa insignificante pelo resto da vida, isso é um fato! – A olho com raiva e insegurança. – Eu não sei porque eu, maravilhosa desse jeito, perco meu tempo com você, sinceramente, eu já devia ter parado pra pensar nisso! Tem coisas muito mais interessantes para eu fazer. – Ela balança a cabeça negativamente e dá uma gargalhada. – Mas é tão divertido te ver assim. – Ela ponta para mim. Gargalha mais uma vez e se retira.

Suspiro. Ela certamente devia ter encontrado algo mais interessante, para a minha sorte fazia tempo que não aprontava grandes coisas, a não ser implicar comigo nas aulas, e tentar me fazer cair colocando a perna na frente. Coisas comuns. Mergulho para lavar as lágrimas. Queria que minha vida desse uma nova volta, para melhor, ao menos uma vez que queria que as coisas dessem certo. Será que é pedir demais? É pedir demais ter alguém que te ame, conseguir fazer algo direito, ou apenas... Conseguir me sentir bem comigo mesma? É pedir demais que o mundo me entenda, e veja que apesar de eu não ser perfeita, eu também tenho sentimentos. É pedir demais querer ser uma garota normal, que estuda, namora e fica feliz ao se olhar na frente do espelho? E não uma estranha que odeia a própria imagem e se mutila por tudo que faz. Eu queria apenas por um dia ser alguém diferente. Eu queria por um dia, sorrir por está feliz.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Mereço reviews? Espero que sim. Muito obrigada mais uma vez a todos que me acompanharam desde o início e tem feito dessa fic a coisa que mais amo fazer, obrigada!



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