Curada Para Ferir escrita por thedreamer


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

I am back! (: Bom pessoal, essa capítulo não saiu tão bom quanto eu esperava, porque eu estou mal, e isso geralmente me dá uma baita inspiração, mas como a Melina está indo bem, a vida dela não podia desabar mais ainda novamente né? Enfim, espero que gostem.



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Escuto passos e presumo que seja Vítor descendo a escada. Rodrigo olha adiante de mim e fecha a cara mais uma vez, ele acena e logo Vítor está ao meu lado.

 - Espero que possa me contar o que aconteceu, porque Melina não abriu a boca até agora! – Ele diz com braços cruzado e me olhando meio irritado. Percebo o olhar de Vítor em mim, mas me recuso a olhar para ele.

 - Se ela não disse nada, é porque não aconteceu nada. – Ele diz e dá de ombros. Rodrigo olha para ele mais irritado do que quando olhou para mim, caminha até o sofá e se senta.

 - Desculpe Melina, mas vocês só saem daqui quando me contarem tudo. – Vítor se joga no sofá atrás de nós.

 - Bom, então deixa eu me acomodar porque passaremos a noite aqui. – Olho espantada para Rodrigo, esperando uma reação brusca, mas ele fala quase tranqüilamente.

 - Eu esperava isso de você Vítor, já me acostumei com suas desaparições, agora de você Melina? – Sinto um aperto no coração, e mordo o lábio para não chorar. Minha vontade é de contar tudo, mas ele ficaria mais nervoso com Vítor.

 - Desculpe Rodrigo, eu não queria preocupá-lo! – Olho-o piedosamente, mas ele continua firme.

 - Vocês vão, ou não dizer onde estavam? – Pela primeira vez olho para Vítor, ele está inexpressivo, volto-me para Rodrigo e resolvo contar.

 - Não foi nada demais. Subimos até o terraço, só! – Vítor olha para mim na mesma hora, e Rodrigo ergue as sobrancelhas.

 - E desde quando vocês se dão bem? – Coço a sobrancelha desconfortável, e Vítor quem fala.

 - Você quer que continuemos brigando? – Olho surpresa para ele, que está focado em Rodrigo.

 - Claro que não! – Ele responde rapidamente. – Mas, e as roupas molhadas? – Coro no mesmo instante, e Vítor sorri, deixando-me mais envergonhada ainda, olho para o chão.

 - Sua querida sobrinha caiu na piscina, agora nem me pergunte como. – Continuo olhando para o chão.

 - É verdade Melina? – Vítor fecha a cara e olha para mim, confirmo com um aceno. – E porque você estava molhado? – Ele diz olhando para o filho.

 - Resolvi me molhar, tá calor né? – Ele diz ironicamente e Rodrigo crispa os lábios. – Você sabe que a piscina é funda, e como ela tem o tamanho de uma criança pensei que estava se afogando.

 - Eu não tenho o tamanho de uma criança! – Protesto. – E sei nadar muito bem!

 - É, mas eu não sabia disso, e se você não soubesse nadar, queria que eu a deixasse morrer afogada? – Sem saber o porque, fico feliz em saber que ele havia se preocupado comigo. – Caso você morresse, meu pai acabaria com a minha vida, ia ser mais insuportável do que te ver todos os dias. – E o desapontamento tomou conta de mim, não sei como pude acreditar que esse troço teria sentimentos.

 - Isso foi tudo? – Rodrigo pergunta.

 - Não, claro que não, nós nos abraçamos nos beijamos, foi uma noite incrível! – Olho totalmente espantada para Vítor, assim como Rodrigo.

 - Como é que é? – Ele se exalta, levantando do sofá e ficando vermelho de raiva, enquanto eu fico vermelha de vergonha. O que ele quis dizer com aquilo meu Deus!?

 - Já ouviu falar em ironia e sarcasmo pai? – Dessa vez acho que a vermelhidão é de vergonha, já que ele recupera a calma e tranqüilidade vagarosamente, e balança a cabeça negativamente. – E, por favor, até parece que eu beijaria essa coisa. – Ele diz olhando para mim, como se tivesse nojo. Rolo os olhos. Minha vontade é de sair correndo dali e me trancar no meu quarto, mas Rodrigo ainda não nos dispensou.

 - Licença? – Olho para trás e vejo Janaína, ela sorri para mim, mas não consigo retribuir do mesmo modo, dou um sorrisinho amarelo, e ela se vira para Rodrigo.

 - Pode falar Janaína. – Ele autoriza.

 - O jantar já está na mesa. – Rodrigo acena para ela e se vira para nós dois.

 - Da próxima vez terá castigo. – Vítor caminha em direção a escada. – E você vai jantar conosco. – Vítor para, bufa e segue para a sala de jantar.

 Comemos em silêncio total, e assim que termina de comer Rodrigo se retira, sem nem mesmo esperar a sobremesa. Fico olhando até vê-lo desaparecer escada acima, suspiro e volto para meu prato quase intocado.

 - Ele não vai ligar para greve de fome. – Diz Vítor, que ignoro. – Bom, do jeito que as coisas são, de você ele não deve ignorar. Mas não acho que seja uma boa idéia, se você emagrecer mais vai voar, sério...

 - Se concentra na sua comida, por favor. – Retruco sem olhá-lo.

 - Ela não está muito interessante.

 - E me irritar é muito interessante, não é mesmo? – Solto o garfo e olho para ele, que ergue uma sobrancelha.

 - Ficou nervosinha, bebê? – Ele dá ênfase. Levanto na intenção de ir para o meu quarto. – Espera! – Ele diz, fazendo com que eu pare. Suspiro e me volto para ele.

 - O que é agora? – Penso ver um olhar triste, mas tiro a conclusão de que é coisa da minha imaginação, já que ele logo tem uma expressão de escárnio.

 - Não vai querer sobremesa?

 - Não! – Respondo e subo quase desesperadamente para o meu quarto, onde tranco a porta e me jogo na cama.

 Que diabos está acontecendo comigo? Tenho que começar a me controlar, talvez se eu não ficasse tão irritada ele não me encheria tanto o saco. Suspiro. Faltam semanas para as aulas voltarem, estarei de volta ao mundo em que eu sou mais estranha do que tudo, e odiada por todos. Meu coração se enche de esperança quando lembro que terei Belinda comigo, mas não descarto a possibilidade de ela fazer novas amigas lá, e perceber que não tenho nada de interessante.

 E o Bernardo... Bom o Bernardo vai ficar amigo de vários garotos, continuará com Giselle, e se abandoná-la certamente namorará uma das outras garotas tão lindas lá da escola. Outro que certamente irá me esquecer, esse sem dúvidas, ah tá, como se ele algum momento lembrasse de mim. Balanço a cabeça negativamente e me viro para o lado, me embrulhando até a cabeça.

 Essa nova vida está muito mais difícil que a outra. Minha vontade é de ser uma nova Melina, que consiga revidar todas as maldades alheias, que consiga se amar. Mas, simplesmente não consigo. Não consigo me olhar no espelho e me achar bonita, não consigo encontrar uma qualidade sequer em mim. Queria poder mudar, mas é preciso mais que um corte de cabelo para mudar essa garota que sou.

...

 - Eu ainda acho que é desnecessário ir um dia antes! – Disse Rodrigo pela milésima vez desde que começamos a arrumar as malas.

 - Se não formos um dia antes, fica impossível se organizar Rodrigo. – Explico calmamente. – Amanhã já tem aula, como chegaríamos na escola e arrumaríamos tudo tendo aula 7:30? – Ele suspira e acena positivamente.

 Ele dirige não muito rápido em direção à minha infelicidade. Pode até parecer algo dramático, mas é a verdade, desde o final do ano passado aquela escola se tornou um inferno. Era milagroso se houvesse um dia em que eu não me sentisse triste, perdida, desolada, magoada... Respiro fundo. Rodrigo encosta o carro em uma vaga bem próxima dos dormitórios. Desço e foco meu olhar na escola. Recolho minha mala com rodinhas enquanto ele segura a de mão. Seguimos para a direita e Vítor para a esquerda, com a cara mais fechada do que nunca, com fones de ouvido e capuz.

 Paro no mural a procura do meu nome e do quarto onde ficarei. Cada quarto é adequado para cinco pessoas, o que significa que terei quatro ‘colegas’ de quarto, e que nenhuma é minha amiga, pois nunca tive amiga com a mesma inicial do meu nome. Depois de vagar os olhos por vários nomes, encontrei o meu.

Quarto 15-D

Marcela Brito Macedo                                                    1º G

Mariana Silva Cavalles                                                  1° K

Melina Ávila Meester                                                     1° D

Mikaella D’Costa Bastos                                                2° L

Milena Bartolini Amaral.                                                 2º A

 Olho para Rodrigo e digo que posso ir sozinha, mas ele insiste que está pesado e que levará para mim, agradeço e seguimos para minha nova morada. Depois de muito caminhar, chegamos ao quarto indicado, onde há uma plaqueta com meu nome e das outras garotas. Despeço-me dele e espero que ele se perca da minha visão para entrar no quarto.

 Fico encantada com o que vejo. O quarto é bem espaçoso e aconchegante, é pintado de lilás bem clarinho com um armário branco de dez portas. Cinco camas bem próximas com colcha de ‘retalho’ colorida. Há uma mesa bem grande de estudo, e uma com computador. Há uma porá que se dá para o banheiro, de onde sai uma garota.

 - Oops, oi! Pensei que estava sozinha. – Ela diz sorrindo e corando.

 - Oi! – Digo o mais simpática possível.

 - Eu escolhi essa cama aqui, porque não gosto de ficar perto da porta. – Ela diz apontando para a cama mais distante da porta, sorrio e percorro meus olhos por todas as outras camas pensando em qual escolher, pois dormirei nela o resto do ano. – Bom, meu nome é Mariana. – Olho para ela e sorrio mais uma vez. Ela parece ser bem tímida.

 - Você é nova aqui não é mesmo? – Pergunto, nunca tendo visto ela antes. Ela acena e se senta em sua cama.

 - Eu era do Getúlio Vargas. – Concordo com a cabeça, lembrando que Vítor também estudava nesta escola.

 - Se importa se eu ficar com a cama ao lado da sua, Mariana? – Ela acena negativamente e carrego minhas malas até lá, sentando cansada. – Você vai gostar daqui, as pessoas são bem... Extrovertidas. – Digo lembrando que adoravam fazer graça com a minha cara.

 Olho para ela que dá um leve sorriso. Ela é uma garota bem bonita. Ela tem a pele de um leve moreno, olhos castanhos cobertos por um óculo de grau. Seu cabelo é castanho liso com leves ondas, na altura dos ombros. Ela é quase tão magra quanto eu, mas não chegou a tanto. Suas bochechas ficam avermelhadas de tempo em tempo. Presumo que seja bastante tímida, espero que não se transforme nestas garotas horríveis que vivem por aqui.

 - Engraçado... – Ela comenta.

 - O que? – Digo curiosa, sem saber se ela falava comigo ou somente pensava alto.

 - As pessoas sempre dizem o nome quando apresentadas. – Sorrio abertamente para ela, que retribui.

 - Desculpe, eu sou Melina. – Ela acena positivamente.

 - O inverso da nossa colega de quarto. – Faço cara de desentendida e ela continua. – Milena, Bartolini.

 - Ah. – Digo me lembrando do nome que li há pouco. – Você já guardou suas roupas? – Ela acena positivamente.

 - Não sou espaçosa, pode guardar as suas nas portas ao lado das minhas, não sei se vou conseguir conversar assim com as outras meninas.

 - Como assim?

 - Eu sou muito tímida, e... Se elas forem muito extrovertidas... – Ela dá um tremelique, compreendo-a.

 - Eu também não sou muito sociável, tímida também. – Pego minha mala com esforço e sigo até o armário que ela indicou. – Pelo visto nenhuma de nós seremos colegas de classe.

 - É, eu vi. – Minhas idéias e assuntos esgotaram-se e continuei em silêncio enquanto guardava minhas roupas, livros, e vários objetos.

 Organizo meus livros de literatura novinhos em ordem alfabética, por sagas, assim que termino os empilho dentro do armário ao lado do meu porta-joias, separo casacos em um lado, blusas de frio seguido por vestidos. Nas gavetas guardo shorts, camisetas leves, e roupas íntimas. Assim que esvazio as malas e guardo o meu uniforme já passado, a porta se abre, Mariana e eu olhamos no mesmo instante enquanto uma garota loira entra.

 Ela não é exatamente, bonita, mas tem um certo charme. Seu cabelo loiro cacheado vai até abaixo da cintura, tem um corpo bonito, não é alta, mas é maior que eu. Seus olhos são azuis e ela tem pequenas sardas no nariz pouco arrebitado. Ela percorre os olhos por todo o quarto, e depois o pousa em mim e em Mariana.

 - Eu quero a cama do meio! – Ela diz com um sotaque diferente, correndo e se sentando na cama de frente à minha. – Ninguém está com ela, certo? – Mariana e eu acenamos negativamente e ela sorri, mostrando um aparelho com borrachinhas azuis, da cor de seus olhos. Ela se levanta e busca suas malas, parando ao meu lado. – Vou ficar com este aqui. – Ela sorri para mim. Dou um sorriso amarelo e volto para a minha cama, sentando desajeitada e sem saber o que dizer ou fazer. – Vocês duas são tão caladas... São sempre assim? – Dou de ombros. – Ah, claro, como sou antiquada, meu nome é Marcela, e como devem ter reparado as minhas torções de ‘r’, não sou daqui. – Ela abre as malas e começa a guardar roupas bem bonitas, e de grifes pelo que consigo ver.

 - Você é de Minas? – Arrisco um palpite.

 - É, já me perguntaram isso, mas não, eu sou de Goiânia. – Ela sorri novamente. – Meus pais se separaram, e fiquei com minha mãe, ela teve um super idéia de começar de novo, e disse que não conseguiria naquela cidade. Pesquisou, pesquisou, e decidiu que viríamos morar aqui, já que era uma cidade totalmente diferente, pequena e aconchegante. Aqui é muito bonito, e tudo mais, mas não consigo achar este frio muito aconchegante. Apesar de que o sol não fazia muito bem a minha pele... Neste ponto aqui é maravilhoso, seriamente, vocês conhecem a luz do sol? – Nós três sorrimos.

 - Aqui faz sol, Marcela, é porque você não deve ter chegado na época certa. Se você está achando frio, é porque não chegou antes. – Digo e Mariana concorda comigo.

 - Em junho, julho, é congelante, faz muito frio. – Ela diz e Marcela torce o beiço.

 - Coitada de mim então. – Ela faz biquinho, e todas nós sorrimos. – Vocês sabem quem é Mikaella ou Milena?

 - Conheço a Mikaella, de vista, ela estuda aqui desde sempre. – Digo lembrando-me de uma garota alta, corpão, cabelo ruivo e sardas, muitas, mas que ela freqüentemente esconde com maquiagem, olhos verdes.

 - Ah, então já são conhecidas? – Pergunta Marcela.

 - Não, não. Ela nem deve saber que existo, eu a conheço porque ela é popular.

 - E você não? – Rapidamente balanço a cabeça em negativa, corando em seguida. Ela sorri. – Eu costumava ser popular na minha antiga escola. – Ela se gaba. – Brincadeira, eu era a mais faladeira, isso sim, por isso todos me conheciam. – Sorrio gentilmente.

 - Então vocês não conhecem a escola? Nenhuma? – Pergunto e as duas balançam a cabeça negativamente. – Posso apresentá-la a vocês? – Pergunto receosa, mas as duas acabam com essa sensação quando acenam.

 - Claro que sim, vamos agora! – Diz Marcela passando o braço no meu e me puxando para a saída. Tento puxar Mariana para junto, mas ela diz que não tem problema e fica ao nosso lado.

 Fico feliz ao perceber que estamos no aproximando. Parece até que vou ter mais amigas, mas é melhor não criar muitas esperanças. Mostro as salas, inclusive a que vamos estudar, Mariana e eu, e Marcela reclama por não ser da nossa sala. Mostro o laboratório, o refeitório, a piscina, as quadras, a área recreativa onde ficávamos no tempo livro. Subimos e descemos várias escadas, até esbarramos com alguém. Bernardo.

 - Oi Mel! – Ele diz e se aproxima, depois recua rapidamente e apenas sorri. – Pensei que fosse chegar mais tarde.

 - Oi, não, Rodrigo trabalha amanhã, tinha que descansar. – Digo ignorando os cutucões que Marcela me dá disfarçadamente. – E a Belinda? – Pergunto depois de segundos em silêncio.

 - Está a sua procura, eu acho. – Mordo o lábio, ele deve ter ido procurar meu quarto.

 - Bom, então vou até meu quarto ver se a encontro. Obrigado. – Digo e continuo andando, quando Marcela me puxa.

 - Que falta de educação Melina, não apresenta os amigos. – Corro no mesmo instante, dando um sorrisinho bobo.

 - Ah, claro, desculpa. Bom... Bernardo essas são Marcela e Mikaella, minhas colegas de quarto, Marcela e Mariana, esse é o Bernardo um... Amigo. – Digo rápido e sorrio para ele, que retribui.

 - Prazer meninas. – Ele diz esboçando um sorriso que quase me deixa sem fôlego. Elas sorriem, e Marcela sorri até demais para o meu gosto, me apresso em continuar o caminho, e elas me seguem. Assim que começamos a subir as escadas ela começa.

 - Melina do céu! Que Deus grego era aquele? – Rolo os olhos e continuo andando. – É sério! Vocês são só amigos?

 - Sim. – Respondo diretamente rezando para que ela esqueça esse assunto.

 - Como você consegue? Como você resiste àqueles olhos de mel, e aquele sorriso? – Respiro fundo, sabendo que na verdade eu não ‘resisto’.

 - Porque eu penso nele como um amigo, quando você se torna amigo de uma pessoa, você não se apaixona, ou a enxerga com tamanha beleza como você diz. – Dou de ombros sem saber explicar ao certo.

 - Sei... Sério que não te nada com ele, só amizade? – Ela insiste e tenho vontade de mentir.

 - Sério Marcela. – Digo cansada. – Mas, sinto lhe informar, ele tem namorada. – Ela solta um gemido de desaprovação.

 - Estava bom demais pra ser verdade. Você a conhece? – Faço que sim e ela continua. – Ela é mais bonita que eu? – Mordo o lábio pensando, mas prefiro não responder. – Fala, Melina. – Ela insiste mais uma vez e fico mais feliz do que nunca ao ver o cabelo loiro e liso de Belinda no corredor.

 - Belinda! – Exclamo fazendo-a se virar com um grande sorriso.

 - Menina, aonde você se meteu? – Nos abraçamos, e ela olha questionadora para as garotas ao meu lado.

 - Eu estava mostrando a escola para elas, minhas novas colegas de quarto: Marcela e Mariana. – Ambas sorriem e acenam.

 - Oi, eu sou Belinda. – Ela dá aquele já conhecido sorriso simpático. – Melina, por favor, me diz que está no 1º G! – Torço o beiço e Marcela dá pulinhos.

 - Ela não, mas eu estou. Ai, que sorte encontrar alguém que será da minha sala. – Belinda sorri de um modo que tenho certeza ser por educação. Ela se volta para mim.

 - Minhas colegas de quarto não chegaram ainda. Advinha? – Ela pergunta com um grande sorriso esboçado no rosto.

 - O que? – Pergunto sem a menor noção do que ela está falando.

 - A Giselle vai continuar no Madre Tereza! – Ela diz e faz um tipo de dancinha comemorativa, não consigo evitar sorrir. – Ainda bem, talvez agora o Bernardo a largue de vez, porque...

 - Você é afim do Bernardo? – Marcela pergunta e mordo o lábio para não rir. Foram as primeiras conclusões que tirei também. Belinda franze o cenho e cruza os braços.

 - De onde o conhece? – Sempre direta, essa é a Belinda que conheço.

 - Ora, daqui, acabamos de nos conhecer, e ele olhou nos meus olhos com uma certa... Não sei explicar, mas ele gostou de mim, pude ver naqueles olhos cor de mel. – Belinda ergue as sobrancelhas e sorri com escárnio. – O que foi? – Marcela pergunta com um vinco de desagrado em sua testa.

 - Não sou afim dele. Ele é meu irmão. E... Vai por mim, ele não gostou de você, não com segundas intenções. – Marcela tinha uma expressão contrariada, mas não disse nada quanto a isso.

 - Bom meninas, já está ficando tarde, vou para o quarto. – Mariana olhou para Belinda e para mim, até corar e caminhar sem graça para o quarto.

 - Droga, eu fico feliz por me livrar da Giselle e aparece essa Marcela. – Ela faz careta.

 - Pára com isso Belinda, você nem a conhece. Parece estar obcecada pelo Bernardo. – Digo com um pequeno sorriso.

 - Não é obsessão. É porque sei a garota de quem ele realmente gosta, mas ele colocou na droga daquela cabeça que não é recíproco, e que quer ‘curtir’. Que saco. – Ergo a sobrancelha esquerda. – Ah, vai dormir com aquela chatinha que vou para o meu quarto, até amanhã. – Aceno e caminho para o meu quarto.

 Abro a porta e sigo até o armário para escolher um pijama quentinho. Marcela sai do banheiro com um moletom rosa ‘shock’ e uma longa trança, Mariana segue para o banheiro. Observo enquanto Marcela pega uma máscara e tapa os olhos, depois de se ajeitar entre as cobertas, ela nem ao menos diz boa noite. Mariana leva uns dez minutos, sai com um moletom enorme, parecido com os que eu costumava usar. Ela tira os óculos, o que a deixa ainda mais bonita, ela sorri para mim e deseja boa noite, eu desejo o mesmo e sigo para o banheiro.

 Tomo um banho rápido, passo meu hidratante, escovo os dentes e penteio o cabelo, senão ele acorda uma verdadeira bucha. Assim que abro a porta dou de cara com uma garota negra com cabelos pretos encaracolados até a cintura. Os olhos dela são tão negros quanto ébano. Fico sem reação e então ela fala.

 - Você é a...? – Fico surpresa por ela não se apresentar, e sim querer que eu me apresente, depois de alguns segundos em silêncio, e depois do erguer de sobrancelhas dela respondo.

 - Melina. – Ela acena positivamente.

 - E as outras, que já estão dormindo? – Coço a sobrancelha esquerda, sem saber se devo apresentar te mesmo elas.

 - Mariana e Marcela. – Digo e ela acena novamente.

 - Eu sou Milena, como você já deve saber. – Realmente eu já deveria ter percebido, já que ela definitivamente não é a Mikaella.  – E, que fique bem claro, eu não gosto dessa Mikaella, estudamos juntas no ano passado, e não demos certo, portanto não pensem que por sermos da mesma série somos...

 - Não pensamos nisso. – Digo e me arrependo, ela parece não ter gostado de ser interrompida.

 - Acho bom mesmo. Com licença. – Ela diz e entra no banheiro batendo a porta, acordando Mariana e fazendo com que Marcela dê uma mexidinha.

 - O que foi isso? – Mariana pergunta tateando atrás de seus óculos.

 - Nossa colega de quarto, Milena. – Digo correndo par a minha cama, e me deitando sem querer dá de cara com ela novamente.

 Mariana não demora a dormir novamente, e nem eu. Pensei que demoraria, mas talvez por cansaço, caio no sono rapidamente, acordando espantada com o despertador. Acordo meio desorientada, e percebo que devo estar atrasada, pis Mariana e Marcela já estão vestidas, assim como Mikaella e Milena, mas ambas se maquiam. Levanto e cambaleio  até o armário, pego meu uniforme e sigo para o banheiro.

 Não está mais tão frio, então uso a habitual meia ¾ , saia pregueada, blusa branca social, e suéter sem mangas; O uniforme do ensino médio tem cores diferentes, ano passado as saias eram amarelas com xadrez preto, que era a mesma cor do símbolo na blusa, no suéter e nas trench-coachs; agora é o contrário. Visto tudo, e calço minha sapatilha preta, deixo o cabelo solto como sempre, lavo o rosto e saio desesperada para encontrar meu relógio. Quando o acho suspiro aliviada, agora são seis e cinqüenta.  Sigo com Mariana e Marcela para o refeitório já lotado, encontro Belinda e sigo até sua mesa, Marcela se recusa a sentar conosco, e vai em busca de outra mesa. Mariana chega um pouco inibida, digo para ela se sentar, e Belinda ajuda.

 - Eu gostei de você Mari. Posso te chamar assim? – Ela acena com um leve sorriso. – Não gostei da sua amiga, Marcela. – Ela diz alternando o olhar para Mariana e para mim.

 - Ela não é minha amiga Belinda. – Digo esclarecendo antes que ela comece com implicâncias.

 - Bom saber. – Ela diz sorrindo e atacando sua salada de frutas. Chamo Mariana para irmos pegar o nosso café e seguimos conversando sobre como seria esse primeiro dia, quando esbarro em alguém.

 - Desculpe! – Digo e desanimo ao ver quem é.

 - Tinha que ser você, não é mesmo pirralha! – Fico vermelha pois as pessoas que estão perto de nós começam a olhar. Ignoro e continuo meu caminho, e fico feliz por ele não me interceptar. Mariana me acompanha.

 - Você o conhece? – Ela pergunta e balanço a cabeça positivamente.

 - É meu primo. – Pego uma bandeja onde coloco uma garrafinha de suco e uma salada de frutas.

 - Ah. – Ela diz. – Porque ele te tratou daquele jeito? – Mordo o lábio e me viro para ela.

 - Não sei Mari, realmente não sei. – Digo e olho para ele, sentado sozinho em uma mesa distante, não consigo evitar achá-lo atraente nesse uniforme. – Pronto? – Pergunto me estabilizando e ela concorda, voltamos para a mesa onde tomamos café e conversamos com Belinda, que falou como uma gralha.

 Caminho desanimada para a minha sala, triste por nenhuma delas ser da mesma turma que eu. Belinda disse que eu deveria ficar grata, pois não teria a Marcela na minha turma, assim que entro minha vontade é dar meia volta e correr. Callie está sentada na primeira cadeira mexendo em sua unha com ‘francesinha’, ela ergue o olhar e dá um sorriso, que não me agrada nem um pouco.

 - Esse destino é divertido, não e mesmo Meester? – Ignoro indo à procura de uma cadeira para sentar, enquanto vejo que estou na mesma turma do ano passado. Acabo sentando na mesma cadeira que eu sentava na outra sala, a última no canto. Ela levanta e caminha te minha mesa. – Vou ter que te agüentar mais um ano? – Olho para frente. Será que ela não percebe que não estou nem um pouco a fim de conversar com ela? – Que azar o seu, sua amiguinha fiel ficou em outra turma. – Olho para ela com desagrado e ela faz cara de triste, e depois gargalha. Para minha sorte a professora chega e pede para que todos se sentem, e então ela volta para sua habitual mesa de tortura.

 Depois de duas aulas, chega um bilhete em minha mesa, abro e fico surpresa em como ela consegue ser inconveniente, e em como ela não faz nada além de me encher o saco.

Novidade! Você conseguiu ficar mais ridícula do que já era! Seu cabelo está simplesmente horrível, aonde você cortou? Ou melhor, com o que? Com uma faca de passar manteiga? Você se supera a cada dia mais Meester, cada dia mais feia, cada dia mais inútil.

 Tento evitar, mas meus olhos ficam marejados. É necessário um grande esforço para que eu não chore ali na frente de todos. Amasso o papel e jogo no lixo, enviando um olhar de raiva a ela. Ela sorri juntamente com sua amiguinha Daphne. Concentro-me nas próximas aulas e canto vitória quando o sinal toca, corro para o banheiro e me tranco lá, se eu não chorar agora, corro o risco de desabar na frente de todos, e isso não pode acontecer. Tento pensar o porque da Callie me afetar tanto com as palavras nojentas dela, eu deveria ignorar, passar por cima do que ela diz, mas não consigo. Porque tenho que ser sempre tão fraca? Olho no relógio com a visão embaçada e me apresso em me acalmar, pois o sinal já vai tocar. Respiro fundo várias vezes, e espero um pouco para meus olhos e nariz desavermelharem.

 Lavo o rosto e caminho novamente para a sala assim que o sinal toca, passo pela mesa de Callie sem olhá-la, mas sinto seu olhar maléfico em mim. Assisto às últimas aulas com total desânimo, subo as escadas cada degrau mais lenta, e sou surpreendida por Marcela.

 - Você não vai acreditar! Minhas duas primeiras aulas foram de biologia, tivemos um trabalho em dupla, e advinha quem foi meu par? Advinha! – Olho para o lado sem querer responder, eu não em importo nem um pouco com quem ela fez par ou não, só quero deitar em minha cama.

 - Quem? – Pergunto percebendo que esse será o único modo de me livrar dela.

 - Começa com B, e termina com ardo. – Ergo as sobrancelhas, não pode ser, ela conseguiu ficar na sala dele? – Ai! Fiquei tão feliz quando vi aquele Deus entrando na sala, ou melhor, quando o professor me colocou ao lado daquele Deus. – Agora sim tenho vontade de deixar ela falando sozinha.

 - Que sorte a sua, agora tenho que ir. – Digo subindo um pouco mais rápido, e para minha felicidade ela não me acompanha.

 Quando chego no quarto encontro Mariana, e não fico triste por isso. Ela ergue o olhar para mim e sorri.

 - Você já almoçou? – Ela pergunta. Nego com a cabeça e ela suspira.

 - Que bom, não queria ir para o refeitório sozinha. – Ela fica tão animada que não consigo dizer que não estou com muito apetite.

 - Então vamos! – Digo fingindo animação e ela se levanta, me acompanhando.

 Descemos sem falar muito, gosto disso nela, ela não é tagarela, parece saber quando tem que falar ou não. Chegamos ao refeitório e vejo Marcela sentada com Bernardo e mais dois meninos em uma mesa. Reviro os olhos e vejo em outra mesa Mikaella e Callie. Foco meu olhar nas duas. Não pode ser! Arregalo os olhos. Elas são muito parecidas. O nariz, os lábios cheios, os olhos cor de esmeralda, o cabelo ruivo. Como nunca reparei nisso antes? Puxo Mariana para uma mesa depois de ela se servir, aonde continuo olhando Callie e sua ‘irmã’.

  - Mariana, você as acha parecidas? – Pergunto indicando-as com o queixo. Ela olha disfarçadamente e se volta para mim.

 - Sim. – Mordo o lábio.

 - Droga! – Exclamo.

 Só o que me faltava, mais uma Callie! Mas, não é possível, estudo com ela desde o jardim, e nunca soube de irmã... Talvez a irmã dela não seja tão ruim quanto ela, ou talvez seja pior. Encosto meu cotovelo na mesa e apoio meu rosto na mão, Mariana olha curiosa para mim, e depois para a mesa delas.

 - Acha que são irmãs? – Aceno positivamente. – E o que tem? – Dou um sorriso amarelo e balanço a cabeça negativamente. – Você não vai mesmo almoçar?

 - Não, estou sem fome. – Ela concorda.

 - Tem educação física hoje? – Solto um gemido de desaprovação. Eu tinha me esquecido desse detalhe, sempre odiei educação física, raramente saio ilesa das aulas.

 - Tenho. – Digo e ela mais uma vez sorri.

 - Ótimo, eu também! O que fazem quando mais de uma turma tem aula? – Mordo o lábio querendo sumir.

 - Uma turma contra a outra. O esporte ele decidem na hora. – Ela acena e continua mastigando.

 Depois do almoço voltamos para o quarto onde descansamos, e depois nos trocamos para a educação física. O uniforme é um short preto de lycra com um de malha por cima, o mesmo quanto à blusa. Calço meu tênis, faço um rabo de cavalo e prendo a franja com uma presilha. Descemos ambas desanimadas, e fico feliz por saber que tem alguém que também odeia isso.

 Ao chegar na quadra, o professor diz que jogaremos futebol. Minha vontade de evaporar aumenta mais ainda. Ele separa cada turma em quatro equipes, e cada uma terá dois tempos de vinte minutos. Acabo na mesma equipe que Callie, e ao contrário do que pensei, ela não colabora. Aos dez minutos do primeiro tempo, ela já havia me derrubado quatro vezes, meu joelho já estava ardendo, e não sei como ainda não se cortara. Conseguimos fazer um gol. Uma jogadora do outro time, que não sei dizer o nome, jogava muito bem, e fez um drible que me levou ao chão, Callie que estava por perto, não perdeu a oportunidade e pisou na minha canela, causando uma dor insuportável. Pedi tempo, e saí do campo mancando, o professor me substituiu e veio até mim.

 - Tudo bem com você? – Ele pergunta meio preocupado. Tento esconder a dor.

 - Está tudo ótimo! – Levanto e cometo e burrice de me apoiar na canela machucada, caindo no chão devido a dor.

 - Você deve ter torcido o pé também, vem, vou te levar até a enfermaria.

 - Não precisa... – Insisto, mas ele não me escuta, ele faz com que eu me apóie em seu ombro e caminhamos até a enfermaria.

 - Temos uma paciente. – Ele diz assim que entramos, percebo que há uma nova enfermeira, ela em até mim e analisa com cuidado, apertando em certos lugares e perguntando se dói ou não.

 Ela coloca bolsas de gelo em cima enquanto prepara uma injeção, que diz melhorar a dor, tento ignorar a agulha penetrando em minha perna, mas não tenho muito sucesso, solto um gemido e ela me libera logo depois.

 - Consegue andar? – Aceno positivamente. – Você vai mancar um pouco, mas não ouve uma grande torção, deve melhorar até amanhã. – Confirmo e ela diz para eu voltar para o dormitório, acho que ela se esqueceu que há uma grande escada, mas prefiro não comentar, não quero mais ajuda.

 Levo quase dez minutos para chegar na escada, olho para cima sem um pingo de ânimo, quando sou derrubada, fico furiosa.

 - Ótimo, ser pisada não basta, tenho que ser derrubada também pisa gora! – Olho para cima e vejo que é Vítor. – Ah, é tinha que ser você! – Não sei porque fico tão exaltada.

 - Olha o escândalo garota! – Ele diz e me levanta com total facilidade. – E eu não tenho culpa de você ser um desastre.

 - Quem foi o desastre que me derrubou? – Digo colocando a mão na cintura.

 - Deve ter sido o vento. – Ele cruza os braços.

 - Há! Há! – Digo ironicamente. Ele olha para minha perna e franze o cenho.

 - E essa perna roxa? Apesar de ser bem possível com essa sua magreza, não acredito que tenha sido o vento. – Reviro os olhos, e me viro para a escada. Na velocidade que estou vou levr três horas para chegar ao topo. Vítor me alcança em um segundo e me apóia nele, como o professor fez há pouco, tento me desvencilhar, mas ele me segura.

 - É só um ajuda, por eu ter te derrubado. – Depois de pensar bastante acabo cedendo.

 - Garotos não podem andar no corredor das garotas, você vai se encrencar. – Digo com toda sinceridade, ele dá um sorrisinho.

 - Como se eu ligasse para isso.

 - Deveria ligar já que isso pode causar até mesmo expulsão.

 - Você acha que expulsariam um pobre rapaz, que estava na tentativa de ajudar uma pobre garota com a perna quebrada a chegar ao seu palácio? – Não pude evitar sorrir.

 - É, acho que isto seria um bom recurso do advogado diante do juiz. – Disse brincando, e ele também sorriu. Chegamos na porá do meu quarto e ele me solta.

 - Vê se da próxima vez que se machucar, não atravesse meu caminho, para que eu não tenha que te ‘socorrer’ novamente. – Faço uma expressão indignada e entro, batendo a porta na cara dele.

 Que droga! Qual o problema desse garoto? Ele aparece no meu caminho, e ainda quer jogar a culpa em cima de mim. Isso está me cansando, uma hora é o garoto gentileza, outra é o garoto ignorância, ele devia pelo menos avisar quando vai estar revoltado com o mundo a sua volta. Caminho até minha cama e me deito. Certamente estou vermelha, e se eu fosse um desenho animado estaria saindo fumaça pelo meu ouvido. Que raiva que eu estou dele! Garoto chato, ignorante, e a Janaína ainda dizia que ele precisava da minha ajuda, precisa... Precisa ser internado em uma casa de reabilitação, é bipolar, isso sim! Da próxima vez que ele topar comigo vai ouvir tudo o que merece, as se vai!


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews? Espero que sim, sinto muito, vou tentar escrever coisas mais interessantes, é que não estou em um momento muito bom. Desculpe.