Nada Por Acaso escrita por HermannRed


Capítulo 8
Eighth


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo e espero que gostem! =D



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Minha mãe passou correndo em direção a porta de entrada, Léo e Su se entreolharam assustados com a cena que havia se passado. Não pensei muito e saí correndo atrás dela.

Ela havia parado e sentado no meio fio, estava chorando com as mãos segurando a cabeça, me aproximei devagar e me sentei ao seu lado, podia ver os pingos escuros que estavam se formando no asfalto, passei a mão nas suas costas na tentativa de tranqüilizá-la.

-Eu... Não queria isso pra você meu filho... – Ela disse em meio a soluçadas.

-Mãe... Você me criou, e me criou muito bem por sinal... Não se preocupe com o futuro... Vamos viver as coisas um passo de cada vez... – Falei olhando para a casa da frente, onde a vizinha estava olhando pela janela o que estava acontecendo.  Sorri de forma educada, ela fez o mesmo e fechou as cortinas. Finalmente minha mãe levantou a cabeça, seus olhos estavam um pouco inchados, sinal de que ela estava chorando antes.

-Toda vez que eu penso no seu futuro, eu vejo coisas incertas, eu queria que você casa-se, tivesses filhos e que eu fosse avó, e agora eu não vejo mais isso... O que eu vejo agora, é uma vida de tortura e sofrimento, e eu... Realmente não quero isso pra você... – Ela disse voltando a chorar.

Podia ver nos seus olhos que ela realmente estava tentando me aceitar como era, mais que estava sendo muito difícil pra ela abandonar todas as idéias de futuros que ela tinha pro seu único filho. Não podia cobrar absolutamente nada da parte dela, só me preocupava com o fato de que ela jamais aceitasse.

-Mãe... Eu te amo, e sempre vou te amar, você é a coisa mais importante pra mim, e no momento eu estou feliz do lado de uma pessoa que me quer bem e esta me mostrando como é bom amar alguém, mais pra essa felicidade ficar completa, eu também quero que você seja feliz, só me prometa uma coisa. – Estava segurando o rosto dela enquanto ela sorria levemente.

-O que, meu filho?

-Seja feliz! Você ainda é jovem e bonita mãe, merece alguém legal, não quero ver mais a senhora sozinha! – Sorri de forma espontânea e ela começou a rir discretamente.

-Eu não tenho mais idade pra isso meu filho... –Ela falou sorrindo.

-Claro que tem! Nem que seja necessário partir pra internet! – Falei rindo.

-Eu te amo meu filho. –Ela disse com um sorriso no rosto e fazendo carinho na minha cabeça.

-Também te amo mãe... – Completei com um abraço longo e apertado.

-Bruno... –A voz de Léo vinha da porta.

Minha mãe e eu nos soltamos, minha mãe enxugou as lágrimas quase secas do rosto e depois levantamos.

-Esta tudo bem?... – Ele perguntou inseguro.

-Mais do que bem! –Respondi sorrindo.

-Que ótimo... – A cara dele já tinha ficado mais aliviada.

-Olhe seu Léo. –Minha mãe disse se aproximando de Léo, a cara dele ficou totalmente apavorada com o tom que minha mãe falava com ele. –É bom que cuide do meu menino, ele é a jóia mais preciosa que eu tenho, -Ela disse colocando sua mão no meu rosto e fazendo carinho. – E se alguma coisa acontecer com ele... É melhor nem pensar. -Ele riu, eu fui abraçá-lo pra que ele ficasse um pouco mais confiante.

-Vou cuidar muito bem dele, ele também é a coisa de mais preciosa que eu tenho. –Ele me encarou nos olhos.

-Bom, então eu vou trabalhar, provavelmente eu vou sair mais cedo pra jantar em casa, o que você vai querer pra jantar meu filho?

-Eu vou querer... –Léo me interrompeu.

-Não precisa se preocupar dona Lúcia, eu mesmo faço a janta. –Léo disse sorrindo e me apertando.

-Tudo bem então... –Minha mãe colocou a mão como se fosse cochichar alguma coisa pra alguém, se virou pra mim e disse. –Belo partido você foi arrumar em meu filho! –Os três começaram a rir.

-O que que eu estou perdendo?! –Gritou Su da sala e veio correndo pra onde nós estávamos.

-Absolutamente nada! –Falei pra que ela não perguntasse mais nada.

-Tudo bem... Percebo que não sou bem vinda aqui... –Ela disse fazendo biquinho, na forma irônica de sempre.

-Deixa de ser dramática mulher! – Falei dando um “abraço de urso” por trás nela.

-Você vai deixar Léo?! –Su perguntou se virando pro Léo, eu já estava soltando gargalhadas.

-Bom meninos, vou deixar vocês à-vontade, realmente preciso trabalhar. –Falou minha mãe entrando de novo e saindo com a sua bolsa.

-Tudo bem mãe, bom trabalho.

-Bom trabalho dona Lúcia.

-Bom trabalho tia.

-Juízo heim! –Minha mãe falou me encarando.

-Pode deixar. –Nós três falamos ao mesmo tempo.

Depois que minha mãe estava bem longe, Léo me puxou pelo braço e me colocou perto do seu corpo em um abraço caloroso.

-Você é só meu, entendeu? – Olhou direto nos meus olhos e me beijou.

-Sim senhor, entendido, senhor. –Brinquei e o beijei novamente.

-Será que vocês podem parar com a melação na minha frente pelo menos? –Su falou entrando na casa e indo em direção a sala.

-Eu to sentindo um cheiro podre no ar... Acho que é de inveja... –Brinquei com ela. –Você ta sentindo Léo?!

-To sim –Ele concordou - E esta vindo dali. –Ele disse apontando para o sofá.

-Eu? Com ciúmes? E de vocês ainda por cima? Me desculpem, mais eu tenho coisas melhores pra sentir ciúmes. –Ela pegou o controle da televisão e começou a zapear de canal em canal enquanto eu e Léo comemorávamos a possível aceitação da minha mãe. Era tão bom ter a minha mãe ao meu lado, agora podia dizer que a minha felicidade está completa.

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Já eram quase oito e meia da noite quando minha mãe chegou do trabalho, Léo estava na cozinha fazendo o que ele dizia ser uma lasanha, mais a cara era de pizza, enquanto eu e Su estávamos assistindo a um programa de Stand Up que estava passando na TV. Minha mãe olhou e começou a rir.

-Bruno, quer dizer que nós temos um chefe de cozinha na família agora? –Minha mãe estava rindo.

Comecei a rir com a minha mãe, Su quase se explodiu de tanto rir, Léo só abaixou a cabeça e as suas bochechas coraram entre um meio sorriso, chegava a ser engraçado um homem do tamanho de Léo com vergonha.

-Isso não é uma maravilha, mãe? –Falei brincando e indo em direção ao Léo, acho que era a primeira vez que ele fazia esse tipo de coisa, com a mãe de um namorado ou namorada, Léo nunca me contou essa parte da vida dele.

-Claro que é! –Minha mãe estava mais distraída e alegre, parece que foi um bom dia no hospital. –Então chefe cuca, quando que a janta vai estar pronta? –Minha mãe me olhou sorrindo e eu sorri pra ela fazendo que não com a cabeça, Léo continuava com vergonha, apertei a mão dele por de trás do balcão com força, em troca ele também apertou a minha e disse com uma voz tímida.

-Mais ou menos em 10 a 15 minutos...

-Tudo bem então, ainda da tempo de tomar um banhozinho pra relaxar, filho, você pode me chamar quando já estiver pronto? Estou morta de fome!- Minha mãe passou a mão na barriga de forma circular.

-Tudo bem mãe, pode ir tomar seu banho sossegada. –Léo finalmente tinha criado coragem pra pelo menos levantar a cabeça.

Minha mãe entrou dentro do quarto e eu a segui, quando ela entrou , entrei junto e fechei a porta.

-Mãe, isso que você está fazendo com o Léo já é maldade. –Falei sorrindo, ela caiu nos risos.

-Eu só estou me aproximando dele, não é isso que você queria? –Ela disse sorrindo.

-É sim, mais você poderia pelo menos “Tentar” deixar ele com menos vergonha? –Comecei a rir e ela me acompanhou.

-Tudo bem meu filho, prometo que eu vou “Tentar”. E apropósito, eu segui o seu conselho, e já tenho um jantar com o doutor Roberto da pediatria pra sexta.

-E assim que se fala mãe! Boa sorte com o doutor Roberto da pediatria. – Falei fazendo biquinho e sorrindo.

-Pode parar. –Ela colocou o dedo na minha cara e começou a rir discretamente. –Obrigada filho...

-De nada, mãe! – Falei dando um beijo no seu rosto e saindo do quarto.

Por um momento, cheguei a quase perguntar o porquê que ela tinha me agradecido, foi quando a resposta surgiu na minha cabeça, só podia deduzir que ela estava esperando que eu falasse pra ela que por mim estava tudo bem, agora o porquê que eu tinha que falar pra ela que estava tudo bem ela namorar de novo, essa parte eu já não sei.

                             ___________________________________________________

Vinte minutos depois estávamos todos sentados na mesa, Eu, Léo do meu lado, Su na minha frente e mamãe na ponta da mesa.

-Então Leonardo, o que você faz da vida, além de cozinhar muito bem? –Minha mãe falou pro Léo, que instantaneamente ficou com as bochechas rosadas, procurei a mão dele embaixo da mesa e apertei com o intuito de dizer que estava tudo bem, ele olhou rapidamente pra mim, eu fiz que sim com a cabeça.

-Atualmente eu só estou estudando mesmo... –Ele respondeu com vergonha, mais conseguiu olhar diretamente pra minha mãe enquanto dizia.

-E seus pais? Fazem o que? – Minha mãe fez o interrogatório como em um filme antigo de máfia italiana.

-Ele são empresários. – Ele cortou um pedaço de macarrão e pós na boca, por pouco não engasgou de tanto nervosismo, suas mãos estavam molhadas de suor.

-E qual são as suas intenções com o meu filho? – Minha mãe falou tão seria que eu quase acreditei que ela não estava tentando apenas apavorar o Léo.

No mesmo momento em que ela perguntou quais eram as intenções de Léo comigo, Su reprimiu um riso e com isso se engasgou, minha mãe olhou pra ela também reprimindo um riso.

-Ai, ai tia, a senhora é a melhor! –Su disse e todos na mesa começaram a rir, exceto Léo que ainda estava um pouco nervoso, fiz carinho na perna dele pra que ele relaxasse um pouco.

-Desculpa Leonardo, não pude resistir, mais realmente espero que as suas intenções com o meu filho sejam boas, não quero que nada magoe meu filho, você entendeu? –Minha mãe disse realmente seria.

-Pode deixar dona Lúcia, se depender de mim, vou fazer o Bruno muito feliz, não precisa se preocupar... –Ele apertou minha mão debaixo da mesa e me olhou nos olhos, queria poder beijá-lo, mais iria respeitar a minha mãe enquanto ela estivesse na cozinha-sala.

-Agora vem cá e me de um abraço – Minha mãe se levantou da mesa e estendeu os braços, em seguida Léo se levantou e á abraçou. –Bem vindo à família. –Ela disse quando os dois estavam abraçados.

Su levantou e bateu palmas e começou a assoviar, me levantei da cadeira e abracei a minha mãe depois.

-Obrigado mãe... –Falei no ouvido dela pra que só ela escutasse.

-É o mínimo que eu devo a você, filho. –Ela respondeu no mesmo tom, pra que só eu escutasse.

-Quando marcar o noivado... Me chama. –Su disse se sentando novamente e terminando de comer. – Apropósito, bem que o Léo poderia cozinhar mais vezes né?... –Ela disse dando a ultima garfada.

-Cala boca Su! – Eu disse rindo e indo abraçar o Léo.

-Su, Bruno, fiquem com a bagunça que eu vou me deitar, to de olho em vocês! –Ela disse fazendo um “V” com os dedos apontados para os olhos e depois pra mim e pra Su.

-Haaaaa, tia! –Su disse fazendo biquinho e com a voz arrastada

-Para de reclamar Su, você esta comendo aqui de graça, é o mínimo que você pode fazer! – Ela olhou pra mim e revirou os olhos. Sorri pra ela com uma cara sínica. -Tudo bem mãe boa noite.

Depois que a minha mãe entrou no quarto, Léo me puxou pela cintura e me beijou.

-É, agora você faz parte da família oficialmente. –Falei brincando.

-É você faz parte do meu coração. –Não agüentei, beijei ele sem ligar quem estaria olhando naquele momento (Su).

-Ai, pelo amor de Deus! Gente, existe quarto pra isso! –Su disse gritando e colocando um pano acima da cabeça pra cobrir o rosto.

-Acho que aquele cheiro ruim voltou, Léo. –Falei fungando o ar. Léo começou a rir.

-Pode parar! –Protestou Su – Vamos logo Bruno, que amanhã tem prova de português, e eu quero acordar cedo pra estudar e eu sou vou conseguir acordar cedo, se eu dormir cedo, e eu só vou conseguir dormir cedo se eu lavar essa louça, então será que da pra gente lavar logo! –Ela disse apontando pra pia. –E nem pense que o senhor vai fugir não, seu Léo, pode pegar um guardanapo! –Ela disse apontando pra gaveta de guardanapos.

-Ui, ui, a Su quer dar uma de dona de casa, me engana que eu gosto Su! –Falei indo em direção a ela e tomando o guardanapo da mão dela, senti que ela ficou desmoralizada depois que eu arranquei o guardanapo das garras dela.

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Depois que eu e o Léo lavamos a louça, porque a Su só ficou sentada dando palpites sobre as desvantagens de estar namorando e eu e Léo falando as vantagens, ela foi embora com raiva, porque eu e Léo continuávamos insistindo que ela estava com inveja da nossa felicidade.

Depois de um tempo, Léo se levantou do sofá onde estávamos sentados e se espreguiçou, os músculos corriam perfeitamente debaixo da sua blusa.

-Também preciso ir, você me deixa na porta?

-Claro! –Me levantei pra abrir a porta pra ele. – Então... Até amanhã. –Quando ia fechando a porta ele colocou o pé, impedindo que eu fechasse-la.

-Só isso? –Ele falou com uma das sobrancelhas arquejadas. Em seguida olhou de um lado pra outro na rua e me beijou acariciando o meu rosto.

Fiquei com medo de que alguém nos visse, foi ai que eu percebi que a pessoa que eu mais me preocupava já tinha aceitado, então porque eu estava com medo?

Abracei Léo o mais apertado que podia, se já não fosse tarde e se mão estivesse aula e prova no dia seguinte, a noite teria se estendido mais um pouquinho...

-Agora eu realmente preciso ir... –Ele disse com os olhos tristes.

-Mais amanhã tem mais! –Disse com um sorriso malicioso, ele sorriu e me deu um selinho.

-Até amanhã então, meu amor.

-Até...

Me despedi finalmente dele e fiquei esperando com o seu carro virasse a esquina para poder fechar a porta.

Mal podia acreditar que o dia havia acabado daquela forma, com a minha mãe me aceitando, aceitando o meu namoro com o Léo... Estava tudo muito perfeito, abri a porta do meu quarto e me joguei em cima da cama. Tudo estava perfeito demais, e alguma coisa tinha que acontecer. Me joguei com muito força por cima da cama, além de bater minha cabeça na parede, a cama não suportou o impacto e quebrou.

-Que droga! É só eu ficar longe do Léo que essa minha maré de azar volta é? –Falei resmungando passando a mão na cabeça e tentando me levantar, parecia até que eu estava bêbado.

A porta do meu quarto se abriu, e minha mãe apareceu com a expressão aflita em seu rosto.

-Meu filho! O que foi... –Quando ela percebeu que eu passava a mão na minha cabeça, e que a cama tinha quebrado, ela começou a rir. –Parece que você vai voltar ao velhos tempos e vir dormir com a mamãe.

-Seria uma ótima idéia... –Falei ainda passando a mão na cabeça, enquanto eu e minha mãe riamos juntos.

Amanhã seria um dia é tanto, o primeiro dia de colégio depois do que aconteceu... O primeiro dia que eu Léo estaríamos namorando oficialmente pra qualquer um, onde não precisaríamos realmente nos preocupar com os outros olhando e falando pelas nossas costas, porque estaríamos juntos e ninguém poderia interferir nisso, ninguém poderia interferir no nosso amor.


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Notas finais do capítulo

Então? Reviews? Se estiverem gostando, falem, se não estiverem gostando, falem também! =D