Undead Revolution escrita por caarol


Capítulo 9
Precauções


Notas iniciais do capítulo

Depois de um belo tempo, mais um capítulo.
Agora pretendo postar com mais regularidade - assim espero!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/164702/chapter/9

Localização: Entrada da cidade de Coparo Hills

4 dias após o Surto.


O sol intenso já brilhava, imponente, no límpido céu azul turquesa. Estava uma manhã quente e úmida, resultando num calor, descrito por Road Runner, como infernal. Graças a isso, a água recolhida pelos sobreviventes se esvaía rapidamente, já que agora se encontravam em um número considerável de pessoas sedentas. Logo precisariam repor os mantimentos, e essa perspectiva os assustava consideravelmente – precisariam mesmo adentrar Coparo Hills, esta a poucos quilômetros distante deles e fervilhante em zumbis, segundo o pequeno Sam. Permaneciam, no entanto, ainda no mesmo local de poucas horas atrás, pretendendo se preparar para adentrar a cidade.

A Ford Ranger tampouco se movera de onde fora estacionada por Red. Seus integrantes, porém, já não se encontravam mais adormecidos em seu interior. Road, ao lado de fora e recostado na caminhonete, fumava um cigarro despreocupadamente enquanto mexia em seu celular. Este, por sinal, se tornara um aparelho um tanto quanto sem utilidade, já que não havia para quem ele ligar em meio ao apocalipse zumbi. O ruivo tentava, mesmo assim, comunicar-se com alguém da sua lista de contatos, mas sem nenhum sucesso. Para piorar sua situação, a captação de sinal do celular, naquela área onde se encontrava, era medíocre.

O rapaz era o único do grupo ali. Fora designado para observar a caminhonete na ausência dos outros. Não que ele preferiria estar em outro lugar, pelo contrário; fora ele que se voluntariou a vigiá-la. Após o quase-roubo de Molotov e Hollywood, seu apego pela Ford Ranger crescera consideravelmente – se aborreceria profundamente se algo acontecesse a seu veículo.

Não muito longe dali, Sam e Red se encontravam sentados em duas grandes pedras arredondadas que repousavam em uma clareira. Os outros três jovens conversavam animadamente, de pé na grama batida do descampado, remexendo em algumas malas, sacolas e na solitária espingarda enquanto a ruivinha procurava puxar assunto com o pequeno garoto.

Ela perguntava constantemente ao menino sobre seu estado. A região do abdômen dele estava toda enfaixada, no intuito de selar o grande ferimento que ali repousava. O curativo não fora um trabalho profissional, mas Hollywood pareceu executá-lo com certo sucesso. O menino reclamava vez e outra de dor, mas já havia tomado analgésicos e diversos outros remédios para impedir que o estado da lesão se agravasse. Também já havia se alimentado e se reidratado e estava com uma aparência ligeiramente mais saudável.

Após o incidente na madrugada, Sam tornou-se imensamente grato aos jovens pelo resgate. O menino tinha certeza que, se não tivessem o encontrado, ele não sobreviveria. Contou para o grupo que precisou fugir da cidade por ser um dos únicos de lá que ainda não havia se tornado zumbi. Fora uma sorte ele ter escapado; sua família, por outro lado, já devia estar morta (e ambulante) por ter sido infectada pelos outros moradores.

A tal infecção gerou uma longa conversa entre os sobreviventes. Como garantiriam que Sam também não estava infectado por o que quer que fosse que transformava as pessoas em mortos que andavam? Sam afirmava não se sentir estranho ou algo do gênero, só ligeiramente fraco devido ao ferimento causado quando fugia de seu irmão zumbi. Os outros resolveram não se atormentar por tais pensamentos e deixariam as coisas rolarem. Caso o menino se tornasse um morto-vivo... saberiam que foi devido ao contato com outro infectado.

Eles ainda comentavam, no entanto, sobre a origem da moléstia. Chegaram ao acordo de pesquisar o máximo possível sobre ela assim que tivessem tempo e informações necessárias. Molotov e Hollywood estavam convictos que o Surto se tratava de algum vírus ou outro microorganismo que, criado em laboratório e altamente contagioso, infectava quem quer que entrasse em contato com as mucosas dos zumbis, em especial a saliva, e provavelmente pelo sangue. Red e Germany não descartaram totalmente a possibilidade, mas tinham certeza que a hipótese mirabolante surgiu do evidente apreço dos dois rapazes por jogos de videogame.

– Não existe outra explicação! – Afirmou Hollywood. – Sempre tem algo com experiências mal sucedidas ou armas biológicas criadas por algum governo.

– E além disso, o que mais seria? – Continuou Molotov. – Espíritos malignos? Aliens? Não estão achando mesmo que seja algo assim, não é?

– Até dias atrás, o aparecimento de zumbis era uma possibilidade absurda e completamente impossível. E deu no que deu. – Retrucou Germany, cruzando os braços. – A essa altura, qualquer coisa pode ter desencadeado isso.

– E quem garante que os zumbis não são a próxima escala da evolução dos humanos? – Disse Red com furor, ainda sentada ao lado de Sam, e chamando a atenção de todos para si. – Talvez estejamos fadados a nos tornarmos zumbis... a natureza pode ter decidido que o momento de evoluirmos chegou!

Os outros encararam a ruiva com incredulidade por alguns segundos. Germany e Molotov, então, não tardaram a gargalhar brandamente, debochando da ideia. Sam, porém, encarou a garota com admiração pela possível descoberta e Hollywood sorriu, animado com a proposta dela. De todos ali, o loiro certeza era o que mais fascinado com os recentes acontecimentos no planeta. Fascinado talvez não fosse a palavra mais apropriada, já que quase morrera nas mãos dos próprios mortos-vivos algumas vezes, mas ele definitivamente era o mais animado com tudo aquilo.

– Bom, vamos continuar o treinamento de vocês. – Disse Germany, interrompendo a conversa mas sem evitar alguns risos. – Você é o próximo, Hollywood. É seu último tiro, então capriche.

Ela entregou a espingarda carregada para o rapaz loiro. Ele a segurou com determinação; já havia uma hora que estava treinando para conseguir manuseá-la corretamente.

– Eu vou lá ajeitar o seu alvo. Só atire quando eu disser, está bem? – Continuou a morena, começando a se afastar dos outros.

– Já é a terceira vez que você diz isso, Ger. – Disse Hollywood, ligeiramente entediado.

– Eu sei. Mas é pra deixar bem claro que não gostei nada de você ter quase me acertado naquela hora.

Molotov riu e Hollywood se enrubesceu levemente.

– Foi... sem querer. – Disse o loiro, resmungando e posicionando a espingarda na altura de seus olhos. – Mas ok, eu espero seu aviso, capitão.

A morena revirou os olhos e Molotov continuou a rir, se sentando na grama. Germany se dirigia para a pequena tora posicionada a alguns metros de distância de onde os outros se encontravam. Ela levava em mãos uma lata de refrigerante, aberta há poucas horas atrás; o conteúdo tendo sido todo consumido pelo sedento Sam.

Germany era a única ali com real experiência em relação a armas de fogo, e fora designada a ensinar ao restante a como portá-las com segurança e competência. Como armas brancas, como facões e espadas, dificilmente estariam disponíveis, Coquetéis Molotov demandavam tempo para serem preparados e bastões de críquete não eram lá tão eficientes, os jovens decidiram que arranjariam mais armas de fogo para combater os zumbis. Era, sem dúvidas, o tipo de arma mais seguro e eficaz para atingir os mortos-vivos e, como Sam já se prontificara a mostrá-los onde em Coparo Hills ficava a loja de departamentos com materiais para caça, eles resolveram por tomarem algumas noções básicas de tiro.

A morena sabia que eles dificilmente pegariam o jeito da coisa tão rapidamente, em especial Red, que se assustava a cada disparo que dava, mas precisariam aprender uma hora ou outra. Era questão de pura sobrevivência e os outros agradeceram aos céus por terem alguém a quem ensiná-los. Na realidade, os rapazes já tinham certa noção, graças novamente aos - indubitavelmente violentos - videogames, mas nunca haviam utilizados armas de fogo reais. Porém, dos quatro inexperientes, Road era o menos desentendido. Tanto que ficara vigiando a caminhonete e inclusive já quase usara a espingarda em Germany, no dia em que se conheceram.

Há algumas horas atrás o ruivo, esbanjando modéstia, recusou carinhosamente o convite da morena em ajudá-lo a manusear a arma. Disse que sua irmã necessitava mais daquela atenção. A garota resolveu não insistir; convivia com Road há pouco tempo, mas já sabia que ele era extremamente orgulhoso. E ele, de certa forma, sabia ligeiramente como utilizar a espingarda.

Os outros três aprenderam bem como disparar e acertar os alvos que Germany colocava para eles. Precisavam melhorar uma coisa ou outra sobre a maneira de empunhar e a mira, mas já estavam mais do que preparados para atirar em um zumbi. Pelo menos ela pedia constantemente a Deus que estivessem – especialmente Red, como já fora dito. A ruiva não tinha medo de empunhar a arma e muito menos de disparar, mas era ligeiramente desajeitada e tinha certos ataques de histeria quando errava o alvo. Seu orgulho, tão parecido com o de seu irmão, se feria facilmente.

Sam pediu algumas vezes para Germany para ensiná-lo também, mas a garota relutou. Não sabia se o garoto teria a frieza necessária para disparar contra uma pessoa, por mais morta que estivesse, afinal ele não tinha mais do que dez anos. E nem ela sabia se ela era fria o suficiente para sair por aí metralhando os outros. Desconversava sempre que o menino a perguntava, torcendo para que ele se esquecesse do assunto.

– Pronto, Ger? – Gritou Hollywood subitamente, ainda empunhando a arma.

– Sim! – Respondeu ela, se afastando da tora, que agora possuía a latinha posicionada no centro.

O loiro mirou por alguns segundos, o cenho franzido em concentração. Após alguns instantes, ele puxou o gatilho e no segundo seguinte a latinha de alumínio foi atingida, rodopiando veloz no ar enquanto voava para longe da tora. Germany acenou para o rapaz com um sorriso e foi atrás do alvo para pegá-lo e colocá-lo de volta em seu posto. Hollywood passou a espingarda para Molotov com um sorriso triunfante.

– Como é o último tiro... vinte pratas que eu acerto a latinha e que ela vai mais longe do que quando você atirou. - Desafiou o moreno, com um sorriso ardiloso no rosto.

– Apostando dinheiro? Um pouco sem nexo não acha? – Perguntou Red, ainda sentada e abraçando as próprias pernas, não deixando de escutar a proposta do moreno.

– Ok, então. Aposto um hambúrguer e uma lata de cerveja. – Disse ele, ainda fitando o loiro.

Hollywood pareceu ponderar a aposta por alguns segundos, mas logo sorriu para Molotov e os dois apertaram as mãos, selando o acordo. Os dois apostarem comida soou um tanto lúgubre para Red, mas os rapazes pareciam não se importar. Pelo contrário, estavam visivelmente se divertindo com a ideia.

Após o tiro de Molotov, a latinha realmente pareceu se deslocar alguns centímetros a mais do que na vez de Hollywood. Porém apenas Germany conseguira observar isso; logo os dois rapazes ficaram apreensivos com a volta da morena, já que ela era a única que sabia quem ganhou a aposta pueril.

Enquanto retornava com a latinha esburacada em mãos, a garota se lembrou de quando ia para a fazenda de sua avó para treinar tiro ao alvo com seu pai – da mesma forma que estava fazendo com seus amigos. Fora, inclusive, esta passagem que contou a eles quando a questionaram o como e o porquê dela ter aptidão para a coisa. Explicou que seu pai sempre fora policial na sua cidade e que desde pequena ela já tinha grande noção de como disparar uma arma, habilidade fortemente recomendada por ele, que a supervisionava pessoalmente.

Era um programa de pai e filha um tanto peculiar, mas Germany até gostava de passar aquele tempo com seu progenitor. Era uma atividade que ele dominava com maestria e ela adorava aprender diretamente com ele, fora que conseguia passar um tempo precioso com o capitão tão requisitado da delegacia. Aos treze anos, a garota já ia para as salas especializadas de tiro do esquadrão de seu pai, para treinar com revólveres de alto calibre e até espingardas e fuzis.

– E aí? – A voz estridente de Red despertou Germany de seus devaneios. – Quem ganhou?

– Como assim? – Perguntou a morena, parando ao lado dos dois rapazes aflitos.

– A aposta de quem manda a latinha mais longe! – Respondeu Sam, sorrindo.

– Ela foi mais longe na minha vez? – Perguntou Hollywood, aproximando-se rapidamente da garota e a sobressaltando.

– Ahn... acho que quando o Molotov atirou ela se afastou mais.

Hollywood arregalou os olhos, desconcertado, enquanto Molotov ria descontroladamente e socava o ar com um sorriso vitorioso. Sam aplaudia o moreno e Red apenas ria contidamente. Germany deu de ombros, complacente, para o rapaz loiro.

– Muito suspeito isso aí! Exijo outra chance! – Reclamou ele, com um muxoxo.

– Ah, o doce sabor do jantar da vitória! – Molotov agarrou o pescoço de Hollywood com um dos braços e esfregou os nós dos dedos no couro cabeludo do outro rapaz.

– Isso dói, seu morfético!

– Cuidado com o que fala, o Sam tá aqui! – Repreendeu Red, mas sem perder o sorriso divertido em seu rosto.

– Não se preocupa, Red. Eu já sou bem grande.

Germany e a ruiva sorriram para o garotinho orgulhoso.

– Seu troféu valioso, nobre atirador. – A morena entregou a latinha esburacada para Molotov com um floreio.

O moreno soltou o loiro enfurecido de seu aperto e fez uma reverência para a garota, levando a mão esquerda, que agora brandia a lata, para as costas e segurando delicadamente a mão dela para depositar-lhe um beijo suave.

– Obrigado, bela senhorita.

Ele, então, levantou os olhos para ela e sorriu abertamente. A garota apenas arqueou as sobrancelhas e o encarou por uns instantes, confusa com o gesto tão repentino. O rapaz logo se afastou e se dirigiu novamente para Hollywood, pretendendo aporrinhá-lo um pouco mais. Germany permaneceu ali, parada por alguns segundos.

– Você corou.

Sobressaltou-se com a voz que subitamente se manifestou à sua direita. Era Red, que havia se prostrado a seu lado, e que exibia um sorriso um tanto maldoso.

– O quê?

– Nada não. – Disse a ruiva, o sorriso se alargando.


Road desviou seus olhos para dentro da caminhonete. O relógio digital marcava nove e meia da manhã. Já era hora deles partirem, concluiu ele. Apagou com a ponta do pé o cigarro que acabara de jogar na terra batida e se dirigiu para a clareira na qual os outros se encontravam.

– Vocês aí! – Proferiu ele, as mãos nos bolsos da calça surrada. – Chega de gastar munição. Precisamos ir.

– É verdade! Foi bastante munição no treinamento de vocês. – Comentou Sam.

– Road conseguiu bastante no lugar onde encontramos a espingarda. – Disse Red. – E, além disso, se a gente vai praquela loja que você falou, podemos conseguir mais!

– De qualquer forma, melhor gastar bala errando uma latinha do que estar cara a cara com um zumbi e não conseguir acertá-lo. – Disse Hollywood, e todos riram.

Germany, Sam e Molotov ficaram mais para trás na volta para a caminhonete, já que haviam recolhido do chão as sacolas com os “alvos” esburacados do treinamento.

– Você tem um talento um tanto diferente para uma garota. – Disse o rapaz, sorrindo para a morena.

– Pois é. Algumas meninas desfilam, outras sabem cantar... eu sei dar tiros. – Ela também sorriu. – Não que eu esteja tão orgulhosa disso.

– Como não está? Só é o dom mais necessário nesta exata situação que nos encontramos. – Retrucou ele. – Duvido muito que alguma garota consiga matar um zumbi apenas por saber cantar afinado.

Germany riu brevemente, envergonhada. O rapaz baixou os olhos para ela.

– E mesmo que a gente não tivesse no meio dessa merda toda de apocalipse zumbi... é uma habilidade bem útil. E necessária também, exatamente por você ser mulher. Apoio totalmente seu pai por ter se dedicado a te ensinar.

Ela levantou os olhos para ele, ainda calada e ajeitando as alças das sacolas em suas mãos.

– Não que... eu apóie matar outras pessoas, lógico que não! – Disse ele, pensando ter se expressado mal. – Apesar de que é o que a gente vai ter que fazer de agora em diante... Pessoas vivas, foi isso o que eu quis dizer! E que não apóio que você devesse sair por aí carregando uma arma e tudo o mais... eu particularmente acharia isso um máximo, mas já falei, não que eu ache certo e...

– Eu entendi, Molotov. – Ela interrompeu docemente, abrindo um sorriso.

Ele também sorriu, feliz por ser sido poupado de confundir-se nas palavras ainda mais. Ela riu contidamente pelo fato daquele rapaz, aparentemente tão seguro e confiante de si, atrapalhar-se nas palavras quando embaraçado – o que já era raro de se ver.

– Eu sei que é bem útil, mas... eu gostaria de saber fazer alguma coisa... de menina, sabe? – Ela disse, timidamente. – Eu nunca fui muito feminina muito menos delicada, e meu pai ainda vai e faz eu me dedicar a atirar nas coisas. Com armas de fogo de verdade, ainda por cima.

– Você está se subestimando, Ger. – Disse ele, subitamente sério. – Não devia pensar isso de si mesma... quer dizer, não queira ser igual às garotas fúteis, desprezíveis e que com certeza não ajudariam em nada a nossa situação.

– A Red não é desprezível! E ela é útil também! – Interrompeu Sam, aparentemente ofendido. Germany e Molotov riram.

– É lógico que ela é útil. Na verdade, graças a Deus que ela é! – Disse a morena, sorrindo docemente para o menino. – Eu e ela somos a prova viva que as mulheres também sabem combater zumbis. Não sei quanto a Red, mas eu adorava jogos de videogames de zumbis e sempre jogava com meus primos.

– Sério? Que massa! – Disse Sam, os olhos brilhando de admiração.

Molotov apenas sorriu para ela. A garota levantou os olhos, encontrando os dele, e sorriu para ele também, meio confusa.

– O que foi? – Perguntou ela.

– Nada. – Disse ele, descarregando as sacolas na caçamba da caminhonete, ainda sorrindo. – Não se preocupe sobre não se achar feminina. Você é. Todas as mulheres são, por mais machonas que sejam.

– Acho bem difícil. E eu acabei de dizer que gostava de jogos de zumbi, Molotov. – Ela riu, desgostosa.

– De qualquer forma, você é. Não queira mudar seu jeito de ser, achando essas coisas. Seria um tremendo desperdício perder uma personalidade como a sua. Quer dizer, não só a personalidade.

Ele sorriu abertamente e voltou a ajudar Sam a ajeitar as sacolas na caminhonete, aparentemente alheio à confusão que perpassava o rosto da garota.


Road já se encontrava no banco do motorista, mexendo em alguma coisa no rádio, e Red se dirigia para o assento do passageiro. Hollywood, empunhando a espingarda, subiu na caçamba, abrindo espaço para se sentar no meio de sacolas, malas e caixas.

– Você vai aí atrás, cara? – Perguntou Road, apoiando o braço na janela da porta e olhando para trás.

– É perigoso, Holly! – Disse Red, com preocupação.

– Que nada! Aí dentro vai estar um aperto. – Disse o loiro, rindo. – E, de qualquer forma, se a gente encontrar zumbis na rua, quero treinar minha mira!

– Se tem alguém que deve ficar aí pra atirar em alguma coisa, esse alguém devia ser eu. – Proferiu Germany, determinada. – Com a caminhonete em movimento, as coisas complicam, Hollywood. Deixa que eu fico na caçamba.

A morena já se aproximava da caçamba, mas foi impedida de continuar por Molotov, que a acompanhava.

– Tá louca, garota? Você não pode ir aí. – Disse o moreno.

– Porque não? – Ela levantou os olhos para o rapaz, ressabiada.

– E se acontece alguma coisa com você? – Continuou, sustentando o olhar dela. Eles se encararam por alguns segundos. – Quer dizer, você é a única que realmente sabe atirar aqui... não podemos arriscar essa oportunidade deste jeito.

Os dois permaneceram parados ao lado da caçamba. Red observava tudo com um sorriso triunfante e Sam os fitava com confusão. Hollywood, aparentemente alheio aos dois, remexia em algumas sacolas a seus pés.

– Então, basicamente – disse Hollywood, subitamente – eu sou menos útil do que a Ger?

– Isso. – Rebateu Molotov, que recebeu um xingamento do rapaz loiro.

– Não não, não é nada disso... – Disse a morena, chacoalhando levemente a cabeça.

– Justamente por isso que eu tenho que ficar aqui. Preciso provar que sou necessário no grupo e não apenas peso morto... se eu conseguir me dar bem atirando,também vou poder ajudar a todos nós! – Proferiu o loiro.

Os outros três jovens o encararam por alguns instantes. Hollywood subitamente ficara bem sério e parecia determinado a proteger o restante dos sobreviventes. Molotov e Germany entreolharam-se brevemente e deram de ombros. Red sorriu para o rapaz loiro, que correspondeu ao gesto, apesar do cenho ainda estar franzido para sustentar sua determinação. Sam riu brevemente da maneira exageradamente heróica como Hollywood estava prostrado na caçamba.

– Deixem ele ficar aí! – Disse Road, de dentro da caminhonete. – Ele tem razão, precisa treinar a atirar. E não vai acontecer nada com ele, não enquanto eu estiver no volante.

Red revirou os olhos e entrou na caminhonete. Sam, acompanhado de Molotov e Germany, adentrou os bancos traseiros. Todos já estavam devidamente posicionados no veículo então Road deu a partida. Antes de começarem a se movimentar, perguntou para Hollywood se ele estava ajeitado lá atrás e recebeu um jóia animado. O ruivo acendeu um cigarro, engatou a marcha e a Ford Ranger logo estava em movimento novamente.

– Coparo Hills, então? – Perguntou ele.

Os outros quatro passageiros acenaram com a cabeça. Um frio desconfortável se apoderava do estômago de cada um, como se pudessem prever a quantidade de perigos que enfrentariam na cidadezinha próxima.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capítulo bem paradinho... Toda essa "mirabolância" pra introduzir a ida deles para a cidade.
A partir de agora as coisas vão começar a melhorar, hehe.
Não tardarei em atualizar a história.
Deixem reviews, comentários, elogios... são todos muito bem vindos! :D
Bom, até a próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Undead Revolution" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.