Undead Revolution escrita por caarol


Capítulo 8
Madrugada




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Localização: Entrada da cidade de Coparo Hills

4 dias após o Surto.


– Coparo Hills? Que merda de cidade é esta?

A voz rouca e sonolenta de Road se fez ouvir dentro da caminhonete antes silenciosa. Sua declaração permaneceu solitária, sem resposta dos outros passageiros – todos, aparentemente, dormiam profundamente.

O ruivo deu de ombros e decidiu, então, seguir a placa azul de sinalização que apontava o desvio da Rota 52 para o município. Um outdoor apresentava, em letras garrafais, um “Bem vindos à Coparo Hills! Entrada da cidade à 5Km.” Provavelmente era uma cidade pequena do interior do estado. Com um suspiro, o motorista conformou-se; não conhecia o lugar e este provavelmente estaria deserto, mas era melhor do que nada.

Bocejava a cada minuto enquanto ainda dirigia, o cansaço delatado pelos olhos avermelhados e pelas olheiras profundas. A cafeína, que antes corria fervorosa em seu organismo, já se esvaíra àquela altura e ele se deixava abater pelo sono vigoroso. Os outros quatro jovens continuavam a ressonar, a escuridão quase total da estrada lá fora cooperando para o cochilo de todos.

– Acorda, pirralha. – Disse o ruivo, o olhar injetado pregado na estrada à frente e a mão direita empurrando constantemente a garota a seu lado.

– O que você quer, droga? – Resmungou ela sonolenta em resposta, com os olhos ainda cerrados e os braços cruzados em seu peito. Ajeitou-se novamente no banco, desta vez se virando de costas para o irmão.

– Estamos em Coparo Hills.

– Onde? – A garota levantou brevemente a cabeça do encosto do banco e entreabriu os olhos.

– Pois é. Não faço ideia de que lugar seja este, mas fazer o quê. Já não aguento mais essa estrada maldita. – Proferiu Road, entre bocejos.

– Vamos ficar na cidade por enquanto, então. – Sussurrou Red, em resposta, bocejando.

Ela se mexeu pesadamente no banco, voltando a se sentar com um espreguiçar exagerado. Sua visão, antes embaçada, agora conseguia discernir fracamente o asfalto à frente, iluminado apenas pelos faróis brancos da caminhonete. Alguns postes de iluminação se encontravam espalhados pela beira da estrada, mas todos estavam apagados. Pôde ver, no entanto, que mais à frente alguns pontos brilhantes se destacavam no breu completo, denunciando a localização da cidade.

– Que horas são? – Perguntou a garota, esfregando os olhos.

– Duas e meia.

– Ainda é madrugada? É muito perigoso a gente entrar na cidade assim, podem ter zumbis pelas ruas! – Disse ela.

– Se você quer continuar na caminhonete, por mim tanto faz. Só preciso dormir um pouco, mana, já não estou aguentando mais. – Retrucou Road, bocejando.

– Troca de lugar comigo então. Eu consegui descansar um pouco... Posso ficar acordada, de sentinela.

– Você, sentinela? Rá! – Proferiu o ruivo com escárnio, enquanto saía do veículo. – Ajude-nos, meu Deus.

A garota revirou os olhos, bufando irritada, e se moveu rapidamente para o assento do motorista. Logo seu irmão entrava novamente na caminhonete e se ajeitava no banco do passageiro, cerrando os olhos e apoiando os pés no porta-luvas.

– Dorme bem, mano. – Disse Red, sorrindo brevemente e bagunçando os cabelos do irmão.

– Se precisar, grita. É sério, Red. – Road abriu os olhos para encará-la. – E chama os dois mochileiros aí atrás também, se eles pensam que vão só ficar dormindo e não vão ajudar, estão muito enganados.

– Relaxa, mano. – A ruiva riu com o tom de voz supostamente determinado do irmão. – Eu sei cuidar da gente melhor do que eles.

O rapaz apenas grunhiu em resposta e voltou a fechar os olhos.

A garota ligou o toca CD e logo uma música em baixo volume invadiu o silêncio da caminhonete. Red deu a partida no veículo e dirigiu por mais alguns metros, até que encontrou um poste de iluminação que continuava aceso, apesar da luz estar fraca. Decidiu estacionar ali mesmo, deixando os faróis altos ligados e agradecendo pela presença de mais um pouco de luminosidade.

Desviou seu olhar para todos os lados da estrada escura lá fora, atenta para qualquer movimento ou ruído suspeito. Estava tremendamente apavorada, mas não podia se deixar abater pelo medo. Agora tinha um novo dever – o de proteger a ela, seu irmão mais velho e seus novos amigos.

Virou-se para trás e pôde ver o bastão de críquete posicionado no chão dos assentos traseiros, entre os pés de Germany e Molotov. A garota franziu ligeiramente o nariz e esticou o braço até o cabo do objeto, movendo-se lentamente para não acordar os outros. Conseguiu retirar o bastão dali com muito esforço, pois quase esbarrara na garota morena algumas vezes. Com um suspiro, sorriu para sua arma e a apoiou em seu colo. Agora se sentia ligeiramente mais segura.


Os minutos pareciam passar com uma lentidão descomunal. A garota voltava seus olhos para o relógio digital do painel da caminhonete constantemente. Três horas da manhã, três e dez, três e vinte e cinco...

O tédio logo passou a dar espaço para o sono, que parecia inevitável de se instalar na ruiva. Mas ela, percebendo que se deixava levar novamente pelo cansaço, chacoalhou a cabeça diversas vezes e arregalou os olhos. “Estou atenta! Estou totalmente acordada!”.

Um estalido repentino e alguns ruídos, vindos do lado de fora da caminhonete, a alarmaram. Agarrou instintivamente o cabo do bastão de críquete e desligou a música com um movimento rápido. Moveu sua cabeça à procura da localização do barulho. “Coragem, sua idiota!”, repetia ela para si mesma. “Coragem! Isso não é tão diferente de quando você acampou em Riverdale Lake aos oito anos e passou a noite toda com medo de ser atacada pelo Pé Grande, graças às histórias babacas do seu irmão desnaturado. Na época eu me preocupei, mas não tem porque me preocupar agora. O Pé Grande também nem é real”. Mais um estalo, a assustando novamente. “Tá, os zumbis morféticos são bem reais, mas mesmo assim! Nada que... nada que eu não possa resolver!”.

Respirou profundamente por alguns segundos e franziu o cenho, uma fraca determinação crescendo em seu peito. Voltou a encarar a estrada ao redor, à procura da origem dos barulhos.

– Red?

A garota sentiu uma mão repousar levemente em seu ombro. Retesou-se com um sobressalto, arregalando os olhos e soltando um gritinho abafado. Virou-se instintivamente para trás, empunhando o bastão em mãos. O sangue das maçãs de seu rosto desapareceu por completo.

– Calma, menina. – O sussurro de Germany logo preencheu a caminhonete.

A ruiva entreabriu os lábios, mas nenhum som saiu. Permitiu-se liberar o ar, antes preso em seus pulmões, e apoiou sua testa em uma de suas mãos, cerrando os olhos.

– Credo, Ger, você... me assustou. – Balbuciou ela. – Pra caramba.

– Desculpa, Red. – A morena não pôde evitar sorrir. – Está vigiando a tropa?

– Pois é. Road precisava descansar. – A ruiva desviou o olhar para o irmão, que ressonava levemente. – Decidi parar a caminhonete aqui e esperar para entrarmos na cidade.

– Cidade? Já estamos chegando?

– Sim! Aparentemente se chama Coparo Hills. A gente pode vasculhá-la assim que o sol sair.

A morena assentiu, bocejando levemente. A ruiva voltou a encostar-se ao banco e repousou novamente o bastão de críquete em seu colo.

– Pode voltar a dormir, Ger, eu estou bem. – Sussurrou Red, sustentando os olhos à estrada à frente.

– Tem certeza? Não me importo de ficar acordada com você. – Disse Germany, inclinando ligeiramente o tronco para frente.

– Você que sabe, eu realmente estou bem. Os barulhos estranhos pararam. – A ruiva riu nervosamente e virou sua cabeça para olhar para os bancos traseiros. – Além disso, quando a gente se cansar, é só chamar os dois aí para ajudarem a vigiar.

– Não acho uma boa ideia a gente deixar os dois tomando conta da caminhonete enquanto nós duas e seu irmão dormimos.

– Por quê?

– Red, eles tentaram nos roubar.

– Ah, é mesmo. – A ruiva levantou as sobrancelhas, pensativa. – Mas sabe, apesar de tudo, eu acho que dá pra gente confiar neles. Eles não parecem querer nos fazer mal... não de novo, pelo menos.

Germany deu de ombros em resposta. Ela desviou o olhar para a esquerda e observou Hollywood por alguns instantes. O loiro dormia com a cabeça apoiada em uma das mãos, a outra repousando inerte em seu colo. Estava com o tronco e a cabeça encostados no estofado do banco, como se tivesse escorregado levemente para baixo. Ele tinha os lábios entreabertos, mas nenhum som saía deles – diferente de Road, que roncava vez e outra.

Molotov também estava sentado esparramado no assento, suas pernas apoiadas em ângulos retos, mas ligeiramente abertas. Um dos braços se apoiava no estofado do banco enquanto o cotovelo do outro repousava na saliência da porta abaixo da maçaneta. Sua cabeça, apoiada no encosto do banco, estava levemente pendida para a direita.

– Ainda sem muito espaço aí atrás? – Disse Red entre sussurros, com um tom de voz divertido, e libertando Germany dos seus pensamentos.

– Pois é. – Respondeu ela, com um muxoxo de desdém.

– Se quiser trocar comigo é só falar. – A ruiva abriu um sorriso um tanto malicioso.

– Que cara é essa, Red? Tendo uma queda pelos dois mochileiros?

– Não falei nada de mais, Ger! Mas vai negar que eles são lindinhos?

– Não sei do que você está falando. – A morena também sorriu.

– Ah, se sabe! – As duas riram baixinho. – O Hollywood é o magrinho sorridente e encantador e o Molotov é o cara alto e sedutoramente irritado.

– Belas interpretações! – Proferiu a morena, entre risos. – Mal posso esperar para contar para seu irmão.

– O quê?! – Esganiçou Red. – Conta pra eles, mas não conta pro Road! Ou melhor, não conta pra ninguém!

– Fique sossegada. Até porque eu concordo plenamente com suas descrições.

– E sei bem de qual delas você concordou mais. – Red voltou a sorrir e piscou confidente para a morena.

Germany revirou os olhos e a ruiva riu. Os três rapazes continuavam ausentes da conversa, cada um mergulhado em seu sono particular e revigorante. Um novo estalo ao lado de fora da caminhonete chamou a atenção das duas garotas. Permaneceram em silêncio por alguns segundos, uma encarando a outra com um semblante de receio.

– O barulho de novo, Ger... – Um sussurro quase inaudível saiu dos lábios trêmulos de Red.

– Deve ser só... um animal. – Respondeu a morena, desviando os olhos para a estrada.

A estrada que levava os viajantes para Coparo Hills era bem diferente da Rota 52. O asfalto já não era tão mais largo e nem muito uniforme, apresentando algumas pequenas depressões aqui e ali. Além dos postes de luz, que se distribuíam ligeiramente afastados uns dos outros, várias árvores de grande porte se arrastavam ao lado da pista. Parecia uma trilha em meio a um bosque parcialmente fechado, o que contribuía para o receio das garotas e o aumento do medo delas. Qualquer coisa ou qualquer um podia estar muito bem escondido entre as árvores e passar despercebido pelo grupo.

– Não acha melhor... a gente se aproximar mais da entrada da cidade, Red? – Perguntou Germany aos sussurros.

– Eu pensei nisso antes de parar aqui. Mas e se tiverem mais zumbis vagando por lá do que... por aqui? – A ruiva engoliu em seco.

Germany baixou os olhos, aparentando absorta em pensamentos. Depois de alguns segundos, levantou subitamente o olhar para Red, que a encarava com as sobrancelhas arqueadas.

– Vamos lá fora. – Disse a morena, afinal.

A outra garota apenas arregalou os olhos, incrédula e boquiaberta.

– Nós daremos um jeito neste barulho. – Germany sussurrou com determinação.

A garota girou lentamente seu tronco, evitando tocar nos rapazes a seu lado para não acordá-los. A espingarda, que repousava imponente no pequeno vão atrás dos bancos traseiros, foi retirada com cautela de seu lugar.

– Ger, você tá louca? – A ruiva conteve-se ao máximo para não elevar o tom de voz.

– A gente não pode passar a noite toda aqui com medo, Red! – A morena voltou a olhar para a outra garota. – Agora vamos, antes que seu irmão acorde e me mate por estar te metendo nesta roubada.

– Ok, mas... você sabe atirar?

– Sim. – Germany levantou os olhos para ela.

– Como...?

– Depois eu explico.

Red engoliu em seco. Germany a incentivou com um aceno de cabeça. A ruiva abriu lentamente a porta do motorista e saiu da Ford Ranger com os olhos arregalados e o bastão de críquete fortemente seguro em mãos. A morena posicionou a espingarda no banco do motorista e se prostrou em direção aos assentos da frente, pretendendo também sair da caminhonete pela mesma porta que a outra garota. Não se arriscaria a deixar o veículo pelas portas traseiras, já que, com certeza, acordaria os rapazes que ali dormiam se tentasse.

– Não acha melhor chamar os meninos? – Perguntou Red, estática ao lado da porta da caminhonete, desviando frequentemente os olhos ao redor.

– Pensei que você fosse mais corajosa do que eu, Red! – Proferiu a morena, rindo brevemente, enquanto avançava em direção a algumas árvores próximas dali.

A ruiva suspirou sutilmente e então se empertigou, o bastão de críquete agora empunhado com determinação. Acompanhou Germany com passos cautelosos, desviando o olhar vez e outra para a caminhonete e se certificando se os rapazes ainda dormiam. Um grunhido chamou sua atenção.

– Ger! Aqui.

Red apontou para uma grande árvore pouco mais à frente do veículo. As duas garotas se entreolharam e apertaram os punhos ao redor de suas armas. Germany acenou com a cabeça para a ruiva se aproximar. As duas caminharam pé ante pé em direção à árvore, que logo revelou uma silhueta por detrás do tronco lenhoso. Era uma pessoa.

Pararam abruptamente de andar, os dois pares de olhos arregalados pregados naquela figura estática. Um grunhir quase imperceptível parecia vir dali. A fraca iluminação dos arredores, e o fato do tronco estar escondendo boa parte do corpo da pessoa, as impediam de discernir exatamente o estado físico desta. A única parte visível era um pequeno braço infantil retesado, com a mão apoiada no chão, os dedos incrustados na terra seca – a criança parecia sentada e encostada na árvore.

Entreolharam-se novamente e decidiram avançar em direção à criatura. Um gemido, agora mais alto, seguido de um movimento brusco do braço aparente, fizeram as garotas pararem a poucos metros da árvore. Subitamente a figura começou a se mover, o corpo caindo pesadamente no chão e os braços se movendo sofregamente.

De trás da árvore, surgiu um menino de pouco mais de dez anos. Arrastava-se pelo solo prostrando-se para frente com os braços finos e desnudos. Sua cabeleira negra e farta logo adentrou o campo de visão de Germany e Red.

– Será que ele... – A morena pôs-se a sussurrar, mas cerrou os lábios assim que o menino levantou a cabeça para olhá-las.

Seus olhos castanhos injetados estavam inchados e avermelhados e o rosto aparentava encovado, extremamente pálido e pouco sadio. Um grande corte repousava no seu lábio inferior. A camiseta azulada que vestia estava rasgada e poeirenta e os braços expostos exibiam alguns hematomas e pequenos cortes, antes despercebidos pelas duas garotas.

Ele as encarou, em silêncio, por longos segundos. Sua expressão parcialmente iluminada, os lábios entreabertos e as pálpebras pesadas contribuíram para sua face se exibir assustadora, apesar do semblante vazio. Subitamente parou de se mover e grunhiu mais uma vez, agora franzindo o cenho e contorcendo o rosto em dor. As duas garotas se aproximaram involuntariamente do menino, parando ao seu lado.

– Garoto, você... está bem? – Perguntou Red, receosa.

Ele levantou os olhos, sua expressão mudando drasticamente. Parecia, agora, profundamente assustado.

– Me... ajudem... – Balbuciou ele, esticando uma das mãos em direção às duas garotas.

– O que aconteceu? – Perguntou a morena, abaixando a espingarda e levantando as sobrancelhas.

– Eu... minha família... fomos atacados... eu fugi... – A voz baixa do garoto parecia sair com esforço de sua garganta. - Estou escondido... há dias...

– Você é daqui? – Perguntou Red, se ajoelhando ao lado dele.

O menino apenas assentiu, recostando a cabeça em seu braço e fechando os olhos. Respirava com dificuldade e vez e outra se contorcia de dor. As garotas relutaram brevemente em ajudar o garoto, receosas quanto a serem enganadas novamente por algum sobrevivente fingindo estar ferido, mas o garoto parecia mais autêntico em sua dor do que Hollywood fora. Além disso, algumas manchas de sangue salpicavam pela calça jeans dele, além de alguns cortes na pele parcialmente exposta de seu quadril e dorso.

– Qual seu nome? – Germany ajoelhou-se ao lado dele, sorrindo complacente.

– Sam... – O menino levantou os olhos castanhos marejados para a garota.

– Venha cá, Sam, vou te ajudar a levantar.

A morena apoiou a espingarda no chão. Sam não pôde evitar acompanhar o movimento com desconfiança, visivelmente temeroso com a arma. Germany passou um de seus braços ao redor dos ombros do menino e o ajudou a se levantar. Ele parecia imensamente fraco, suas pernas falhando a cada tentativa de pôr-se em pé. Assim que empertigou-se fracamente, Red arfou em horror. Um enorme rasgo na camiseta azul exibia um ferimento profundo e de um vermelho intenso na altura do abdômen dele. A ruiva largou o bastão de críquete e se aproximou da outra garota e do menino.

– Nós vamos te ajudar, garoto. – Disse ela, sorrindo fracamente. – Temos comida e água o suficiente para dividir com você.

– O que vocês duas estão fazendo?

Uma voz masculina sobressaltou as duas, fazendo-as levantarem seus olhos e sendo seguidas pelo olhar apático do menino.

Hollywood caminhava lentamente na direção delas, os braços esticados acima de sua cabeça em um espreguiçar, os cabelos loiros bagunçados e a os lábios abertos em um bocejo exagerado. Aproximou-se delas e baixou o olhar para garoto. Não pode deixar de levantar uma sobrancelha e desviar os olhos ora para Germany, ora para Red, não deixando de notar as armas jogadas pelo chão.

– Acabamos de encontrá-lo, ele está bem fraco e muito ferido! – Disse Red, voltando seus olhos para o menino.

– Ouvimos um barulho estranho aqui fora e descobrimos que era o Sam. – Continuou Germany.

Hollywood baixou o olhar para o garoto, estudando-o por alguns instantes, e sorriu. Este se encolheu instintivamente, apesar de mal conseguir permanecer de olhos abertos – estava prestes a perder a consciência.

– Oi, garoto. Sou o Hollywood, esta é a Red e esta, a Ger. Vamos ajudar você, está bem?

Sam acenou fracamente com a cabeça. Hollywood aproximou-se do menino e passou um de seus braços pelo pescoço fino e o outro por debaixo das pernas, levantando o corpo franzino em seu colo para carregá-lo. O loiro ergueu as sobrancelhas.

– Pra uma criança, você pesa bastante!

O menino sorriu brevemente, seguido das duas garotas. Seguiram de volta para a caminhonete. Red desviou os olhos para dentro do veículo e pôde ver que os outros dois rapazes ainda dormiam. Aproximou-se da porta do banco do motorista e parou, levantando os olhos para a morena e o loiro.

– Quer colocá-lo aqui? – Perguntou a ruiva, apontando para seu assento.

– Não precisa, a gente arranja um espaço aqui na caçamba. – Respondeu Hollywood. – Sam e eu ficaremos de guarda.

– Tem certeza, Holly? – Red se aproximou da caçamba.

– Não se preocupem. E nem está frio esta noite. – O loiro sorriu largamente. – Eu fico aqui com ele.

As duas garotas assentiram, receosas. Germany ajudou o rapaz a afastar algumas sacolas e malas de um dos cantos da caçamba para liberar espaço. Hollywood entregou Sam para a morena, que deve dificuldades em segurá-lo em seus braços. O loiro subiu rapidamente na caçamba e recebeu o menino cautelosamente, encostando-o no vidro exterior da cabine dupla para deixá-lo sentado. Sentou-se ao lado dele com um suspiro satisfeito.

– Hollywood! – Chamou Red, que logo apareceu ao lado de Germany. – Aqui.

A ruiva entregou para o rapaz o bastão de críquete e a espingarda.

– Para casos extremos. – Ela sorriu.

– Não sei usar isso aqui muito bem... – Disse ele, estudando a arma de fogo em mãos e logo sorrindo em resposta para a garota. – Mas posso dar um jeito.

– Amanhã a Ger ensina a todos nós como se usa! – Disse a ruiva, desviando os olhos para Germany. – Você disse que sabe usar, né?

Hollywood olhou para a morena, surpreso. Ela encolheu os ombros, envergonhada.

– Sim... meu pai era... é policial. – Proferiu ela com um breve sorriso.

O loiro sorriu com aprovação em resposta.

– Boa noite então, Holly. – Disse Red animadamente, acenando para o rapaz e desviando os olhos para Sam. – Boa noite, Sam!

O menino abriu levemente os olhos e esboçou um sorriso para a garota. A morena também acenou para ele.

– Vou deixá-lo descansar um pouco. Depois ele pode comer e beber para repor as energias. – Hollywood olhou para o menino a seu lado.

– Qualquer coisa, é só chamar. Boa noite! – Disse Germany, se dirigindo para a porta dos assentos traseiros, já aberta.

– Durmam bem! – Red abriu a porta do motorista e adentrou a caminhonete, acompanhando a outra garota. – Até daqui a pouco, Ger.

– Boa noite, ruivinha.

As duas se entreolharam pelo espelho retrovisor e trocaram sorrisos. Red se ajeitou no banco e desviou rapidamente os olhos para Road. O ruivo continuava na mesma posição de minutos atrás, ainda ressonando vez e outra. A garota sorriu e logo fechou os olhos, suspirando brevemente.

Germany agradeceu mentalmente pelo maior espaço que tinha agora no banco traseiro. Recostou-se no assento e cruzou as mãos em seu colo, deixando o sono e o cansaço tomarem conta gradativamente de seu corpo e mente. Um movimento sutil chamou sua atenção. Molotov se remexia no assento, parecendo procurar uma posição mais confortável. A garota observou-o por alguns instantes e então se permitiu fechar seus olhos cansados.

– Da próxima vez – ela pôde ouvir um sussurro vindo do rapaz a seu lado – tratem de nos chamarem.

A frase foi seguida de um riso grave e sutil. A morena, com os olhos ainda fechados, apenas sorriu em resposta.


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Notas finais do capítulo

Capítulo um pouco mais "curto", mas espero que tenham gostado.
Até a próxima!
P.S.: Nova foto como capa!



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