Undead Revolution escrita por caarol


Capítulo 10
Armas




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Localização: Cidade de Coparo Hills

4 dias após o Surto.


A Ford Ranger passou lentamente pela grande placa, com letras garrafais em azul, que anunciava boas vindas aos recém-chegados à cidade. Os passageiros da caminhonete pareciam prender a respiração involuntariamente, temerosos com o que poderiam encontrar nas ruas estreitas, assim que a adentrassem. Vez e outra perguntavam para Hollywood se ele conseguia avistar algo da caçamba, mas a resposta era sempre uma negativa.

– Eles... eles estavam aqui! – Disse Sam aos jovens. – Eu tenho certeza, estava cheio de zumbis aqui!

Ao contrário das afirmações anteriores do menino, não havia absolutamente ninguém naquelas ruas, nem vivos, nem zumbis; pelo menos não na entrada de Coparo Hills. Estranhamente também não havia nenhum animal, como cães vira-latas ou pombas, criaturas que o pequeno morador disse serem muito comuns naquela porção da cidade. Como as preocupações iniciais foram temporariamente frustradas, resolveram que se dirigiriam para a tal loja com artigos de caça para conseguirem armamentos. Passado o pedaço inicial da cidade, Road seguiu para o centro, acompanhando as sinalizações.

– Melhor ainda que esteja vazia assim! – Proferiu Red animadamente, apesar da entonação levemente receosa.

– É bom ficarmos atentos, de qualquer forma. – Rebateu o irmão. – Passamos apenas pela entrada da cidade.

– Estamos chegando na loja, é só seguir por ali. – Disse o menino, apontando para uma curva à direita mais adiante.

O ruivo seguiu pelo caminho indicado por Sam, e logo enormes construções à beira da estradinha entraram no campo de visão dos passageiros. Um vasto estacionamento, com um ou outro carro abandonado ali, se estendia pela porção frontal de vários estabelecimentos. Lojas de roupa de marcas famosas, lojas de sapatos, de brinquedos, livrarias - diversas áreas comerciais se encontravam muito próximas umas das outras, como se formassem uma grande e conjunta galeria.

Sam apontou para uma das maiores lojas dali, que aparentava um enorme depósito retangular e de apenas um piso, contudo bem alto. Bem acima de suas portas automáticas de vidro pendia o grande letreiro contendo o nome da loja, em letras brancas garrafais – The Sportsman’s Guide – e com um logotipo estilizado de um cervo com uma floresta ao fundo.




Localização: Loja The Sportsman’s Guide

4 dias após o Surto.


– Uau, é bem grande! - Comentou Red.

– Tem de tudo aí dentro! – Disse Sam, aparentemente orgulhoso. – É especializada em materiais esportivos... e pelo o que eu me lembro, tem bastante coisa de caça.

Road passou por uma pequena guarita de entrada e dirigiu por toda a extensão do estacionamento, procurando aproximar-se ao máximo da loja de materiais esportivos. Ela repousava solene ao lado de uma cafeteria e de uma loja de eletrônicos. O ruivo estacionou na vaga mais próxima da entrada da Sportsman’s e logo os passageiros saltaram do veículo, inclusive Hollywood, com a espingarda em mãos.

– Pra uma cidade pequena, – disse o loiro, contemplando as suntuosas construções – vocês tem lojas muito boas!

Sam sorriu abertamente para o rapaz. Red e Molotov já começavam sua caminhada em direção à loja quando foram interrompidos por Road.

– Esperem aí, vocês. Vamos decidir quem vai entrar e quem vai ficar aqui fora! – Disse o ruivo, sacando um cigarro do bolso da calça.

– A gente vai se dividir? – Perguntou Red, voltando para onde os outros estavam. – Será que é seguro?

– Como eu já deixei bem claro antes, – disse o ruivo, com um pigarreio – não vou deixar a caminhonete sozinha, fora que nossas coisas estão aqui também. E, de qualquer forma, é bom que alguém fique aqui para vigiar esse lugar.

– Ele tem razão. – Manifestou Germany, repousando as mãos no quadril. – Se todos nós entrarmos, podemos ser pegos desprevenidos caso algum zumbi apareça aqui fora.

– Como eu estou com a única arma, posso ficar aqui com Road. – Disse Hollywood, recebendo um sorriso sutil do ruivo. – É mais garantido.

– E nós pegaremos o resto das armas e munições lá dentro. Parece um bom plano. – Concluiu Molotov.

– Eu conheço a loja... posso ajudar vocês! – Disse Sam, com os pequenos olhos brilhando de excitação.

– É só vocês não demorarem. Concentrem-se no que precisamos recolher e voltem rápido para cá. – Proferiu Road, soltando a fumaça densa de seus lábios. – A gente espera vocês aqui... se em, sei lá, meia hora vocês não voltarem, nós vamos lá pra ver se está tudo nos conformes.

Molotov, Germany e Red assentiram. Sam sorriu. O ruivo recostou-se na caminhonete e Hollywood voltou a subir na caçamba.

– Tomem cuidado... – Disse Red, receosa.

– Vocês também. – Road sorriu para ela com o cigarro preso entre os dentes.

O quarteto logo partiu rapidamente em direção à loja. As portas automáticas se abriram, permitindo a entrada deles – pelo visto o estabelecimento não havia sofrido nenhum tipo de blackout e a energia funcionava normalmente. Os quatro logo adentraram a Sportsman’s Guide, sumindo dos olhares atentos dos dois rapazes que permaneceram no estacionamento.

– Espero que eles encontrem algo útil. – Suspirou Hollywood, sentando-se na beira da caçamba.

– Eu também. Uma arma só não vai ser suficiente se uma horda resolver aparecer. – Disse Road, ainda fitando a entrada da loja.

– Você acha que os zumbis daqui... realmente foram embora?

– Sinceramente? – O ruivo aproximou-se da caçamba e seus olhos verdes cansados encontraram os do loiro. – Não.



A loja era gigantesca, no mínino. Logo na entrada, diversas estantes com folhetos informativos de outros estabelecimentos, sacolas plásticas com o logotipo do lugar e outras bugigangas se espalhavam pelos quatro metros que separavam a entrada dos caixas. Diversos destes, vazios, repousavam um ao lado do outro, parecendo esperar pacientemente pelas compras que nunca mais seriam feitas.

Após a fileira de caixas, a loja se dividia em vastas alas, cada uma dedicada a um tipo específico de esporte. Com certeza encontrariam tudo que fosse necessário para qualquer prática esportiva, das mais diversas marcas, cores, tamanhos e finalidades. Acima das prateleiras e estantes, no teto bem alto da loja, pendiam diversas luzes de um branco bem forte, contribuindo para uma iluminação homogênea do lugar.

– Gostaria de comprar algumas coisas aqui. – Disse Molotov, pensando em voz alta e sorrindo para a extensão do estabelecimento.

– Venham, por aqui!

Sam já corria mais a frente, driblando os caixas e se dirigindo para uma das alas. Os jovens logo o seguiram, passando pelas estantes com materiais para vela, mergulho e pesca. Mais ao fundo se encontrava o departamento de caça, facilmente caracterizado por alguns animais selvagens empalhados, como um cervo, um coelho e um pequeno ganso, e diversas armas nas prateleiras. Red torceu o nariz para as figuras expostas, visivelmente perturbada com os supostos enfeites. Germany não sentiu-se muito diferente.

– Acho muito... desprezível sair para caçar animaizinhos indefesos. – Proferiu a ruiva, de cenho franzido, tentando manter-se o mais distante possível dos animais estáticos.

– Também não sou muito fã. – Disse a morena, igualmente perturbada.

– Mas você sabe atirar. – Retrucou a ruiva.

– Não quer dizer que eu já sai para caçar. Minhas aulas de tiro não foram focadas para acertar animais, e sim seres humanos. No caso, zumbis também. – Ela olhou para a outra garota e sorriu tristemente.

– Pelo menos vamos conseguir mais armas para nos protegermos. – Disse Molotov, parando ao lado das estantes de munições.

Logo ao lado do moreno estava Sam, que fitava uma larga estrutura de metal com diversos ganchos prostrando para fora dela. Nesses ganchos, várias armas de fogo pendiam suntuosas, em ordem de tamanho e calibre. A grande maioria se tratava de espingardas, mas alguns revólveres e fuzis se encontravam ali também.

– Escolham as que vocês acharem melhores... não entendo nada de armas. – Disse Red, ligeiramente entediada. – Vou ver se encontro outra coisa útil.

Os outros dois concordaram com a cabeça e a ruiva se dirigiu para uma estante próxima dela, que exibia uma quantidade infindável de armas afiadas e pontiagudas, para os mais diversos propósitos e alvos. Ela recolheu dois punhais – mais porque achou a decoração dos cabos bem bonita – e um facão pesado. O foco principal deles eram as armas de fogo, mas ter algumas armas brancas não seria má ideia.

Enquanto isso, Germany e Molotov discutiam quais daquelas armas seriam as escolhidas. O rapaz disse para recolherem todas – quanto mais, melhor! – mas a garota rebateu que não havia muito espaço na caminhonete para tantas, e o moreno assentiu tristemente. Escolheram, então, duas espingardas automáticas, um rifle Winchester .44 e verificavam quais dos revólveres e pistolas eram o de maior eficiência. Sam observava tudo com ligeiro interesse e muita inquietude.

– Eu posso ajudar a escolher a arma! – Dizia ele vez e outra.

– Sabe o que você pode fazer, garoto? – Perguntou Molotov subitamente, se voltando para o menino. - Aqui eles tem alguma ala para acampamento, não é?

– Acho que sim.

– Então vá até lá e pegue algumas coisas como sinalizadores, lampiões, lanternas, caixas de primeiros socorros... provavelmente você vai encontrar isso por ali. E pode trazer aqui o que você conseguir que daí nós juntamos tudo depois. – O rapaz sorriu para o menino que retribuiu com um sorriso maior ainda, feliz em poder ser útil.

Germany apenas sorriu para o moreno, enquanto entregava uma das espingardas para ele. Sam logo sumiu pelos corredores de estantes, se dirigindo para os materiais de camping.

– Aqui estão alguns facões. – Red descarregou as armas que conseguiu aos pés dos outros jovens. – Vou procurar sacolas e malas pra gente colocar tudo!

A ruiva, assim com Sam, saiu apressadamente pelas alas, visivelmente perdida. O quarteto permaneceu na loja por bons minutos, aproveitando o tempo que tinham para vasculhar os corredores e pegar tudo o que podiam. O sentimento de culpa por estarem praticamente roubando aquelas coisas não durou muito tempo; convenceram-se de que se tratava da sobrevivência deles mesmos, e códigos morais não lhes cairiam muito bem no momento. Certo ou errado, não havia outra saída – eles precisavam se defender dos mortos-vivos da mesma maneira.

Enquanto isso, Road e Hollywood começavam a se impacientar com a demora dos outros. Já havia passado mais de meia hora e os dois já estavam para entrar lá e chamar o restante do grupo.

– A Red deve estar pegando um monte de porcaria, tenho certeza. – Suspirou o ruivo, cruzando os braços.

– Não esquece que a gente ainda tem que pegar comida. Vai ser a mesma ladainha! – Disse Hollywood, não podendo evitar o riso com o semblante desolado de Road.

Permaneceram conversando por mais alguns minutos, o loiro ainda sentado na beira da caçamba, os pés balançando livremente e a espingarda repousando no colo, e o outro encostado ao lado, com os braços cruzados e um dos joelhos dobrado, o pé apoiado na roda da caminhonete. Estavam para sair de seus postos de sentinelas quando um estrondo interrompeu a conversa e os sobressaltou. Na loja de eletrônicos, a que ficava ao lado da The Sportsman’s Guide e estava a poucos metros de distância da Ford Ranger, um dos vidros frontais da vitrine havia se quebrado, espalhando vários cacos menores pela calçada à frente do estabelecimento.

Road e Hollywood encaravam a vitrine em frangalhos com os olhos arregalados. Trocavam olhares vez e outra, mas permaneceram calados, como se apenas esperando o inevitável. O loiro desceu lentamente da caçamba, se prostrando ao lado do outro rapaz, com a espingarda agora empunhada com receio. Por alguns instantes nada mais aconteceu e os dois começaram a vasculhar com os olhos o que poderia ter causado a quebra do vidro. Talvez algum sobrevivente que estivesse trancado lá dentro tinha jogado algo para quebrar o vidro e escapar? Havia um pequeno rádio caído e aos pedaços no meio dos cacos quebrados. Hollywood apontou para o aparelho assim que o avistou, mostrando-o para Road, e o ruivo, então, concluiu que devia ser mesmo alguém que estava na loja desesperado para sair. Estavam para caminhar em direção ao estabelecimento quando pararam novamente.

De dentro do lugar apareceu um homem. Era calvo, gordo, de pele bem escura e aparentava de meia-idade. Estava vestido com roupas sociais, denunciando seu posto de gerente ou de cliente abastado. Ele escalava sofregamente o batente da vitrine, suas mãos se cortando com os resquícios de vidro que não saíram voando loja afora, mas ele não parecia se importar; pelo contrário, a determinação de sair dali parecia aumentar a cada segundo. Os jovens, ligeiramente receosos e sem fácil discernimento da condição do homem, permaneceram calados, apenas encarando a figura.

Ele se movia lentamente, cambaleando vez e outra e se esforçando para sair. A condição de completamente bêbado não foi descartada pelos rapazes. Porém, assim que ele caiu pesadamente no asfalto, agora completamente fora da loja, eles puderam ver. Sua camisa pólo listrada estava suja e rasgada e a calça social não estava muito diferente. Sua aparência de homem refinado fora completamente arruinada graças à poeira e o sangue que se misturavam em suas vestimentas e seu semblante apagado e mal cuidado.

Aparentemente não apresentava nenhum ferimento grave ou terrivelmente exposto, mas ele com certeza era um morto-vivo. Os olhos vazios e a maneira como se mexia e grunhia o denunciavam. Assim que avistou a caminhonete parada próxima de onde estava, ficou estático por alguns segundos. Encarava os dois rapazes com um olhar que beirava a insanidade e logo começou a caminhar lentamente em direção a eles. Arrastava-se com muita dificuldade, como se estivesse com as pernas feridas ou quebradas; logo, se aproximava lentamente. Seus braços balançavam soltos ao lado de seu tronco e ele prostrava os ombros para frente vez e outra.

– Mas que maravilha... – Sussurrou Road, cerrando os punhos e soltando um muxoxo.

Hollywood continuava sem pronunciar uma palavra sequer. Também já estava muito ciente da presença do zumbi, logo empunhava com força a espingarda, pronto para qualquer movimento brusco do homem. O rapaz tremia levemente, tanto pela inexperiência em relação à arma quanto pela feição maligna que o homem exibia conforme se aproximava mais deles.

Ele parecia sentir o medo naqueles dois humanos. E pior: era como se estivesse gostando. Se é que um zumbi pudesse sentir ou gostar de alguma coisa, mas foi o que passou pela mente dos rapazes – ele aparentemente estava se deleitando com a tortura visual que transmitia à suas futuras vítimas, já que seus olhos não se moviam por um instante sequer, ele não piscava e uma baba densa, misturada com sangue, escapava de seus lábios que se entortavam em um suposto sorriso.

Devido à sua estatura, condição física e idade, aquele não era um morto-vivo que eles deveriam realmente se preocupar – apesar de que todos, sem exceção, eram indubitavelmente perigosos. Mas sabiam que ele não conseguiria sair correndo de supetão e, como era o único ali, Hollywood poderia facilmente eliminá-lo.

– Quer que eu atire? – Perguntou Road, aos sussurros, sem desgrudar os olhos da figura cambaleante.

– P-pode deixar.

O loiro empunhou a arma com mais vigor e mirou bem na cabeça do homem. Permaneceu na mesma posição por alguns segundos e finalmente puxou o gatilho. A bala zuniu com espantosa velocidade e atingiu o morto-vivo pouco abaixo de seu olho direito. O zumbi grunhiu alto em resposta. Hollywood respirou fundo e mirou novamente, desta vez na direção do coração. Mais um disparo, seguido de um gemido mais alto da criatura, que caiu com um baque no chão. Ele ainda estrebuchava, mas parecia que não se levantaria mais dali.

– Na mosca. – Sussurrou o rapaz para si mesmo, visivelmente orgulhoso de sua façanha; mas com um nó incômodo se formando em sua garganta - era a primeira vez que atirava em uma pessoa e a perspectiva o fez se sentir estranhamente vil.

Road sorriu e bateu levemente no ombro de Hollywood, parabenizando-o. O loiro ainda prendia a respiração involuntariamente, mas estava satisfeito consigo mesmo.



– Vocês ouviram isso? – Perguntou Germany aos outros, desviando o olhar para a entrada da loja.

– Parecia um tiro. – Disse o moreno, acompanhando o olhar da garota.

Red engoliu em seco e tratou de continuar a colocar tudo que pegaram nas mochilas de escalada que conseguiu, só que agora com mais pressa. Sam, sentado ao lado da ruiva, encolheu-se instintivamente, segurando uma grande lanterna vermelha.

– Vamos logo, eles podem estar precisando de ajuda. – Proferiu Molotov, segurando o rifle.

As garotas colocaram duas grandes mochilas nas costas, cada uma empunhando uma arma – Red estava com um dos facões que apanhou e Germany tinha um revólver nas mãos trêmulas. Molotov levava uma mochila maior e também um punhal, envolvido por um tipo de coldre, preso na bermuda. Sam os seguia de perto, desviando os olhos constantemente para todos os lados, como se temesse que zumbis saltassem das prateleiras da Sportsman’s. De dentro da loja, já puderam avistar Road e Hollywood com os cenhos franzidos e os olhares denunciando tensão e temor. O loiro empunhava a espingarda, o que não era bom sinal. Assim que saíram da loja e acompanharam os olhares dos dois rapazes, os quatro arfaram em terror.

Da loja de eletrônicos próxima deles saíam alguns mortos-vivos, todos se arrastando pesadamente em direção à caminhonete e exibindo seus dentes arreganhados e avermelhados para os dois rapazes que ali estavam. Os olhares de Road e Hollywood encontraram os dos outros sobreviventes, que logo corriam em direção à Ford Ranger.

– Eles apareceram do nada?! – Esganiçou Red, se agarrando ao braço do irmão.

– Um deles só tinha aparecido. – Hollywood apontou para o homem negro estirado no chão. – Mas... acho que o barulho do tiro chamou a atenção dos outros!

– Não estamos sozinhos, afinal. – Murmurou Molotov, sem desviar os olhos daquelas dúzias de zumbis que se aproximavam lentamente.

– Eu sabia que eles não tinham ido embora! – Sam se escondia atrás de Germany, tremendo incontrolavelmente.

– Entrem na caminhonete, AGORA! – Road correu para o banco do motorista e foi seguido pelos olhares amedrontados dos outros.

O grupo logo subiu na caminhonete, acompanhando o ruivo. Red dirigiu-se para seu banco de passageiro, Germany e Sam voaram para os assentos traseiros e Hollywood e Molotov saltaram para a caçamba.

– Vocês estão loucos?! – Gritou Germany, já dentro do veículo, abrindo a janela ao seu lado.

– Só vai, Road! – Proferiu Molotov, carregando a espingarda em suas mãos.

Obedecendo prontamente, o ruivo deu a partida na Ford Ranger e tratou de acelerar ferozmente. Os dois rapazes se prepararam para atirar contra os zumbis cambaleantes, mas hesitaram por alguns instantes, os olhos aterrorizados pregados naquelas figuras decompostas.

– O que estão esperando?! – Gritou Red, olhando pelo vidro retrovisor. Foi então que ela também arfou em horror.

Os zumbis agora corriam. Corriam rapidamente, diga-se de passagem - se é que podiam considerar aquele movimentar descompassado de pernas uma forma de correr. Alguns ficavam para trás, apenas arrastando os membros inferiores e grunhindo, pedaços de seus corpos mutilados caindo pelo caminho e grossas gotas de sangue pingando no asfalto quente. Mas a maioria deles se movia com velocidade, parecendo tentar alcançar a caminhonete, abrindo suas bocas repugnantes e cobertas de sangue coagulado para emitir os mais aterrorizantes gritos.

Hollywood atirou. Acertou um deles na perna, este caindo pesadamente no chão. Molotov o seguiu, também atirando contra os mais próximos. A preocupação de alcançarem o veículo se dissipava rapidamente, já que Road acelerava mais a cada instante, mas os rapazes não deixaram de ficar apreensivos. Ainda desferiram mais alguns disparos em alguns dos zumbis mais atrevidos que continuavam a segui-los, mas logo cessaram fogo.

– Eles não conseguem mais nos seguir! – Disse Germany, com a cabeça para fora da janela e vários fios soltos de seu cabelo esvoaçando em seu rosto.

– Continua dirigindo, mano, vamos o mais longe possível! – Red se encolhia no banco, sem desgrudar os olhos do espelho retrovisor.

Road permaneceu calado. Cravou suas mãos no volante e seus dedos pareciam agora fundidos a ele. Conseguiram escapar daquela horda inesperada, mas por muito pouco. Precisavam ser muito menos levianos da próxima vez, se quisessem continuar vivos. Sam balbuciou algumas palavras sobre um supermercado, onde poderiam abastecer de mantimentos, mas o ruivo não prestou atenção. Apenas queria se afastar daquele lugar amaldiçoado pelos seres humanos condenados.


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Notas finais do capítulo

The Sportsman's Guide realmente existe, mas é mais focada em vendas pela internet. Tomei a liberdade, no entanto, de fazer dela uma loja mesmo.
Imagino eu que realmente exista a loja física; de qualquer forma ela não me pertence.
Deixem suas opiniões, comentários e etc... Fico muito grata desde já.
Até o próximo capítulo ;)



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