Undead Revolution escrita por caarol


Capítulo 1
Os Primeiros de Muitos: Arquivo I


Notas iniciais do capítulo

Começou! o/
Este primeiro capítulo é, na verdade, a Parte I (de quatro partes) de um capítulo maior.
Este "capítulo maior" é o prólogo na verdade, já que vai apresentar as situações nas quais os personagens se encontravam antes de se conhecerem e de se unirem.
Cada parte (ou arquivo, como eu carinhosamente denominei) será para um personagem diferente.
Espero que não fique algo tão confuso! ahhahah
Bom, é isso aí. Boa leitura!



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Localização: Hipermercado Walmart

06 horas após o Surto.



Era um horário de pouco movimento. No estacionamento se encontravam alguns carros estacionados e grande parte dos carrinhos de supermercado ainda estava meticulosamente enfileirada próxima à grande porta automática de entrada. Em contrapartida, dentro da loja, os poucos carrinhos que foram retirados estavam caídos ou destruídos e as compras, que antes se encontravam neles, espalhadas pelo chão. Algumas prateleiras estavam tombadas e várias manchas de sangue se distribuíam pelo piso branco.

O silêncio seria absoluto não fossem por persistentes grunhidos que vinham de algum lugar perto dos caixas. Quem gemia era um homem forte, uniformizado de segurança, estirado no chão e rodeado por uma poça de sangue. O fêmur de sua perna esquerda estava terrivelmente exposto e um corte profundo desfigurava sua testa.

Os gemidos chegavam aos ouvidos de um rapaz de vinte e poucos anos que estava do outro lado do supermercado — o único sobrevivente (considerando as condições do segurança) do massacre que ocorrera ali. Estava escondido entre duas prateleiras altas na ala de materiais esportivos. Seus olhos castanhos estavam arregalados e ele sentia seu coração disparado. Os nós de seus dedos estavam brancos, tamanha a força com que empunhava um taco de golfe.

Havia perdido a noção de quanto tempo estava ali, parado, esperando uma deixa para dar o fora daquele lugar. Já estava preparado com uma mochila nas costas que pegou da seção de material escolar, abarrotada de mantimentos e tudo o mais que conseguira se apossar. Ainda não sabia como tinha conseguido juntar tanta coisa sem ter sido pego, e ainda ter atravessado o supermercado para ficar na ala esportiva – a mais próxima da saída de emergência.

Provavelmente foi um pouco mais inteligente do que as outras pessoas que também estiveram lá dentro, mais preocupadas em tirar os mortos-vivos dali ou em correr para a entrada (que estava bloqueada por eles, por sinal) do que se preparar para uma possível escapada. No fim das contas, de tantas pessoas dali, sobraram apenas ele e o segurança que estrebuchava. Nenhum outro corpo restou no chão da loja, nem dos funcionários, já que todos foram atacados e por fim se juntaram aos outros mortos-vivos. Na hora da invasão, os zumbis estavam em pouco menos de uma dúzia – quando partiram, passavam do quádruplo dessa quantidade.

Com uma súbita onda de coragem, o rapaz agarrou uma das alças da mochila, estufou o peito e pôs-se a caminhar lentamente em direção a saída de emergência, que dava acesso para o estacionamento de trás do prédio. Provavelmente todos já haviam ido embora, mas preferiu continuar alerta. Chegou a ponderar sobre ajudar o homem que estava sofrendo, mas percebeu que os gemidos haviam cessado. Estava sozinho por completo agora.

Suspirou baixinho e começou a imaginar o porquê de tudo aquilo estar acontecendo. Em questão de segundos passou em sua cabeça as mais mirabolantes teorias, desde invasões alienígenas e bactérias mortais até a possibilidade dele estar sonhando. E se aquilo era realmente um sonho, devia ter dormido absolutamente bêbado para tudo parecer tão real e confuso ao mesmo tempo. “Realidade ou não, lá se vão minhas férias de fim de ano”, pensou ele, bufando.

Ainda caminhava em direção à enorme porta vermelha da saída de segurança quando ouviu um estalido às suas costas. Deu um salto em direção ao barulho, sobressaltado, com o taco de golfe empunhado como uma espada. Como não vira nada, começou lentamente a dar passos para trás ainda vasculhando as prateleiras à sua frente. Subitamente uma figura alta apareceu ao lado da estante de bolas de basquete.

Era um homem forte, com um pedaço da coxa esquerda faltando (o rapaz sentiu seu estômago dar um solavanco com a visão da perna) e um corte na testa que não parava de jorrar sangue - este manchando o uniforme cinza de segurança. “Merda”. O homem estava com os dentes cerrados e um fio de saliva escorria pelo canto de sua boca. Ele respirava ruidosamente e era visível que todo o sangue escorrendo do corte atrapalhava sua visão, mas mesmo assim não deixou de perceber a presença do rapaz. Pelo faro talvez, mas era mais provável que fosse por causa da camiseta laranja repleta de estampas que vestia. Maldito dia pra sair de casa parecendo um cone de trânsito.

O segurança morto-vivo começou a apertar o passo em direção ao rapaz. O taco de golfe não parecia ameaçá-lo. Era agora ou nunca. O rapaz saiu correndo em direção à porta de emergência e podia ouvir passadas pesadas e ritmadas atrás dele. Olhou de relance pelo ombro e viu o zumbi correndo sofregamente em sua direção. O segurança parecia ignorar totalmente o fato de quase estar sem uma perna, pois estava se movendo perigosamente rápido. “Merda, merda, merda!”.

No momento em que estava para empurrar a porta de saída, sentiu alguém agarrar seu cabelo loiro e puxá-lo com força. O rapaz gritou alto de dor e sentiu uma respiração pesada bufando em sua nuca. O homem estava muito próximo dele e prestes a atacá-lo. Instintivamente o taco de golfe golpeou o fêmur exposto, e um grito gutural macabro foi ouvido em resposta. O ataque fez o homem afrouxar o aperto no cabelo do rapaz, possibilitando-o de se virar o suficiente para acertar outro golpe na coxa sangrenta e se livrar de vez da mão que o segurava. O homem corpulento caiu no chão pesadamente e o osso de sua coxa parecia ter se quebrado por completo.

Arfando e com o cenho franzido, o rapaz se aproximou do corpo caído que grunhia e lutava para se colocar em pé. Colocou sua mochila de lado e segurou o taco de golfe com as duas mãos. Uma mistura de raiva e coragem fluiu pelo corpo do rapaz – aquela... criatura que pretendia acabar com sua vida, assim como os outros iguais a ele fizeram com tantas pessoas inocentes que estavam ali, estava sedenta para apossar-se dele e devorá-lo. Ou pior, fazer dele um morto-vivo também.

– Não hoje, filho da puta. – Disse o rapaz, sorrindo sutilmente, enquanto levantava o taco acima de sua cabeça.

Um zunido cortou o ar quando o taco foi lançado para baixo, acertando o segurança. Este se entortou quase na metade com a força do golpe e permaneceu fincado na cabeça do homem, com a ponta arredondada da arma funda no rosto dele, agora completamente desfigurado. Morto (de novo) ou não, este teria sérios problemas caso voltasse a perseguir alguém. O rapaz pegou sua mochila e sorriu satisfeito. Limpou o suor de sua testa com as costas da mão e voltou-se à saída de emergência, finalmente deixando o supermercado para trás. Parou de súbito, agora já no estacionamento.

Havia várias nuvens no céu e o calor estava intenso. Seu estômago se revirou de súbito, desta vez mais forte. Toda a frieza que conseguira acumular a poucos segundos atrás se esvaia lentamente e o fato dele ter matado um homem atingiu-o como um soco no peito. Respirou fundo. A partir daquele momento seria assim, não poderia mais se deixar levar pela covardia. “Era ele, ou eu.” Aquilo lá dentro havia deixado de ser um ser humano, era apenas uma casca vazia com sede de matar.

Convenceu-se então, que a partir de agora mataria os zumbis que encontrasse pelo caminho ou que viessem a seu encontro. Era única forma de ele continuar a sobreviver. Além disso, jogos de videogame de zumbis sempre foram seus favoritos. Por fim, acabou vomitando em uma lixeira próxima do mesmo jeito, mas recuperou-se rapidamente, empertigando-se, determinado.

– Agora eu sou um sobrevivente. – Disse para si mesmo, com uma pontada de orgulho nas palavras.

Decidiu que arranjaria um meio de transporte e seguiria para oeste. Lembrou-se que tinha escutado em algum lugar sobre uma epidemia na Europa e no leste americano, logo, se afastaria o máximo possível do leste. A rodovia mais próxima era a Rota 52, que dirigia para o centro do país, na direção oeste, e seria esta mesmo que ele seguiria.

Retornou novamente à porta para tentar escutar o segurança. Ele havia parado de gemer, desta vez para sempre. O rapaz sorriu orgulhoso mais uma vez.



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Notas finais do capítulo

Antes de mais nada, o Walmart não pertence a mim. Achei melhor esclarecer ahhahahah
Espero que tenham gostado e que continuem lendo!
A Parte II não terá apenas um zumbi, prometo. ahhahah
P.S.: O título "Os Primeiros de Muitos" pode se referir tanto aos sobreviventes quanto aos zumbis. Cabe a você escolher qual das opções. (: