Um Acidente No Tempo escrita por MelanieSofie


Capítulo 15
Capítulo 15 - Sonhos e Cobras


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei. Não precisam de gritar comigo. Mas tenho coisas bonitas para vos contar (apesar de não vos interessar minimamente). O facto de eu ter deixado a minha escrita (muito infelizmente) um pouco de lado tem me rendido alguns resultados muito bons (tive 19 num teste de matemática numa escala de 1 a 20, o que é muito bom) e além disso tenho namorado. Sim, a vossa Mel esta namorando (podem deitar as culpas nele! eu nao me importo), e o garotinho é um bicho adoravel chamado Filipe, muito querido e inteligente que teve o grande azar de gostar de mim. Este capitulo é dedicado a ele, apesar de ele não ser fan de Harry Potter (podem matar ele por isso também, eu ajudo '-').
Mas prontos, finalmente eu publiquei né?! Porque apesar de tudo, eu tenho leitoras como vocês, e eu no fundo sei que apesar de me odiarem profundamente pela demora também me amam. Sim, eu sei que me amam, não neguem!
Anyway, sem mais demoras, aqui vai.
P.S: Contém os pormenores.



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Tiago não conseguiu terminar a sua acusação. Um feixe de tom alaranjado interrompeu pela varinha de Severo, que se virara ao ouvir as palavras do antigo inimigo. O maroto apenas conseguira fechar os olhos ao sentir o feixe atingi-lo diretamente no peito. Nenhuma palavra tivera sido pronunciada por Severo, e no segundo seguinte, Tiago Potter encontrava-se com a cabeça próxima do chão e o resto do corpo suspenso nos pés por cordas invisíveis. Quando conseguiu abrir os olhos reparou que a sua varinha encontrava-se caída no chão e os olhos de Snape transmitiam unicamente desprezo dirigido à sua pessoa em particular. Ódio parecia fluir nas veias de ambos os homens.

– Você é um imbecil, Potter. Um imbecil incrivelmente estúpido ao ponto de ousar pedir-me satisfações ou fazer-me acusações. Tencionava o quê? Desarmar-me pelas costas e humilhar-me? Potter, realmente continua o mesmo covarde sem cérebro. Apesar de você continuar uma criança de dezesseis anos, eu não o sou mais. Pensou mesmo que seria assim tão simples? – Uma gargalhada cruel surgiu nos seus lábios. – Nunca me enganei. Você é um imbecil.

– Liberte-me, Ranhoso. – Mas uma gargalhada. – Seu covarde nojento.

O rosto de Snape modificou-se momentaneamente, e a sua varinha aproximou-se do rosto de Tiago.

– Covarde? Como se atreve a chamar-me de covarde? Quando você tencionava atacar-me pelas costas, e quando você nunca atacava sozinho. Você é que sempre foi um maldito covarde, não ouse chamar-me disso.

– Cale a boca, ranhoso. Foi você que sempre se escondeu por trás das costas de Lily, sempre à espera que ela te defendesse, não era? – Acusou Tiago, torcendo os pés inutilmente para se desprender.

– Parece-te agora que eu me esteja a esconder atrás de Lily? Guarde as suas acusações imbecis para alguém que ainda as queira ouvir.

Tiago continuou a tentar movimentar os pés, mas as cordas invisíveis que o prendiam pareciam apertar-se mais, em vez de o libertarem.

– Guarde a sua força, Potter. De nada vale se debater. – Troçou Snape, sorrindo sarcasticamente.

– Mantenha-se longe dela! – Gritou Tiago, com os olhos cada vez mais cheios de raiva e irritação. – Ouviu ranhoso, você vai se manter bem longe dela.

– A quem se refere, seu inútil?

– À Lily.

Outro sorriso sarcástico surgiu nos lábios de Severo.

– Ela não é sua, entendeu? Nunca foi nem nunca será. Ainda não viu o Harry? Ela pertence-me, ranhoso. Você vai se manter bem longe dela.

– Mesmo completamente à minha mercê você é arrogante ou estupido o suficiente para fazer exigências. Devia matar você agora, só mesmo para não ter que ouvir mais nenhuma palavra surgir da sua inútil boca.

– Você a deseja. Eu sempre soube, desde que meti os olhos em cima do seu couro seboso. Mas ela nunca será sua.

– Ameaças de uma criança, desarmada e estupida não são propriamente intimidantes, Potter. Você parece um cachorro sem dentes a ladrar. – Troçou mais uma vez Snape, os seus olhos quase pareciam divertidos pelo prazer de ver o seu inimigo naquele estado.

– Eu vou matar-te ranhoso. Assim que sair daqui, juro que vou.

O sorriso desapareceu no rosto de Snape, e abaixou-se de maneira a poder ter a boca próxima do ouvido de Tiago, com palavras lentas e roucas murmurou:

– Experimente apenas. Prometo que não terei compaixão, não por alguém como você. Boa noite, Potter.

Ditas essas palavras, Severo afastou-se. O seu manto esvoaçava enquanto caminhava, até se fundir com a escuridão do corredor, enquanto Tiago continuava, suspenso no ar. O ódio no seu espírito era lentamente substituído pela vergonha e humilhação.

Estava a sentir exatamente aquilo que fizera Snape passar ao longo de todos aqueles anos.

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As últimas semanas passaram numa correria, mas nada parecia fora do sitio, Snape e Tiago se odiando mutuamente, talvez ainda mais do que antes, era um cenário constante que todos os que os conheciam estavam plenamente habituados, Lily correndo de um lado para outro, Harry tentando passar o máximo de tempo na companhia dos pais e ouvindo sermões de Lily para se empenhar mais em Poções. Tudo parecia estar normal, e o Natal aproximava-se cada vez mais, aquecendo os corações de cada um dos habitantes de Hogwarts. Nem mesmo Snape parecia imune a isso.

Com a proximidade das férias, a ultima reunião da Armada Dumbledore era um dos temas predominantes na mente de Harry, e mostrava ser um grande orgulho para o garoto, o fato de ter conseguido levar este projeto durante tanto tempo secretamente e de este se apresentar genuinamente útil para muitos dos estudantes. Quando o esperado dia chegou, Harry chegou cedo a Sala Precisa. Esta tinha sido cuidadosamente decorada por Dobby, que colocara pergaminhos douradas caindo do teto, cada um mostrando uma foto do rosto de Harry, e com uma legenda desejando um feliz natal ao garoto.

Quando Harry terminou de recolher os pergaminhos, a porta abriu-se ruidosamente e Luna Lovegood entrou, com o brilho sonhador nos olhos mais acentuado que o normal.

– Oi. - Disse ela vagamente, olhando em volta o que havia restado da decoração. - Esses são legais, foi você quem os colocou?

– Não. Foi Dobby, o elfo doméstico.

– Visco. - Disse Luna sonhando, apontando para um cepo com sementes brancas postas quase sobre a cabeça de Harry. Ele saiu de debaixo delas. - Bem pensado. Está sempre infectado de Nargles.

Em seguida, Angelina, Katie e Alicia entraram, ofegantes e geladas pela porta, evitando que Harry tivesse que perguntar o que eram Nargles. O garoto tinha bastante certeza que não deseja a resposta a essa pergunta.

– Bem. - Disse Angelina estupidamente, tirando seu casaco e o jogando em um canto. - Finalmente conseguimos substituir você.

– Me substituíram? - Disse Harry confuso.

– Você, Fred e Jorge. – Angelina parecia impaciente. - Nós temos outro apanhador!

– Quem?

– Gina Weasley. - Disse Katie.

O queixo de Harry descolou-se para próximo do chão. Gina Weasley, era difícil de acreditar.

– É, eu sei. - Disse Angelina, tirando sua varinha e flexionando seu braço - Mas ela é muito boa. Nada como você, claro. – A garota lançou um olhar reprovador a Harry. - Mas como não podemos ter você...

– E os batedores? - Perguntou ele.

– Andrew Kirke. – Disse Alicia, sem qualquer entusiasmo. - Jack Sloper. Ambos brilhantes comparados ao restante de idiotas que se tornaram...

A chegada de Rony, Hermione e Neville acabou com essa conversa depressiva e em cinco minutos a sala estava cheia o bastante para evitar que Harry visse o olhar repreensivo de Angelina. Os dois marotos e Lily ocupavam um lugar discreto no canto, apesar de o clima entre os dois garotos e a ruiva estar em parte tenso, Lily e Tiago, principalmente tinha um anúncio para fazer a Harry em particular, um anúncio que os deixava em parte apreensivos por não saber a reação do garoto.

– Ok. – Iniciou Harry a reunião. - Eu pensava que nessa noite nós acabaríamos com as coisas que fomos longe demais, porque é a ultima reunião antes do feriado e não há nada: começaremos algo novo assim que acabarem as três semanas de folga...

– Nós não vamos fazer nada novo? - Disse Zacarias Smith, parecendo bastante descontente. - Se eu soubesse disso não teria vindo.

– Nós sentimos muito mesmo que Harry não os tenha avisado. - Disse Fred, gritando.

Várias pessoas riram.

– Nós podemos praticar em pares. - Disse Harry, ignorando a quase discussão que se iniciara. - Vamos começar com a Azaração de Impedimento, por dez minutos, e então nós podemos pegar as almofadas e tentar Stunning de novo.

Todos se dividiram obedientemente; Harry ficara sem par, algo que lhe agradava, pois permitia observar mais de perto cada um dos estudantes. Tiago e Sirius optaram por apenas observar e conversar discretamente no canto, enquanto Lily formou parceria com Neville. Sonoros “impedimenta!” espalharam-se pela sala. Congelando o parceiro por alguns segundos, para em seguida o descongelar.

Para enorme orgulho de Harry, ele pode observar pelo canto do olho, a sua mãe ser congelada por Neville pelo menos duas vezes. Apesar das suas honestas suspeitas que a sua mãe tinha deixado, pois o garoto não duvidava nem por um momento que numa situação de duelo, a sua mãe dificilmente se deixaria acertar com aquela facilidade. Mas não deixava de sentir orgulho, pelo menos Neville conseguia lançar o feitiço perfeitamente.

Enquanto caminhava ao longo da sala, era impossível não reparar na sua tendência particular para uma zona. As suas rondas eram predominantemente para junto de uma das garotas da Corvinal.

Após dez minutos em Azaração do Impedimento, deitaram nas almofadas no chão e começaram a praticar Stunning. O espaço era muito confinado para trabalharem todos ao mesmo tempo; metade do grupo observava os outros por um tempo e então se revezavam.

Enquanto assistia todos eles, mais uma vez Harry sentiu uma pontada de orgulho. Na verdade Neville deixou Padma Patil sem sentido melhor do que tinha feito com Dino, ele tinha melhorado sua pontaria cada vez mais do que o de costume e todos os outros também fizeram enormes progressos. A única que conseguira azarar a sua mãe, sem que Lily tenha claramente facilitado, tinha sido Hermione. Mesmo assim, Cho tinha ficado muito perto, e Neville se tivesse apontado ligeiramente mais para a direita também teria sido bem-sucedido.

No final de uma hora Harry pediu para pararem.

– Vocês estão ficando muito bons. - Disse ele, sorrindo. - Quando voltarmos do feriado vamos começar fazendo algo de grande, talvez até o Patrono.

Ouviram-se sussurros de excitação. O quarto começou a ficar com as usuais duplas e trios, a maioria desejou a Harry um Feliz Natal enquanto saía. A radiar alegria, Harry juntamente do Rony e Hermine recolheram as almofadas e as guardaram. Lily tinha-se reunido para junto do de Tiago e Sirius. Quando terminaram de guardar, Rony e Hermine saíram rapidamente da sala.

Apenas os marotos, a ruiva se encontravam juntamente com Harry e Cho. Eles tencionavam fazer o seu convite a Harry, mas ao se aperceber da situação, constrangedora que se preparava, Tiago tratou de arrastar tanto a ruiva, que não percebera nada, assim como Sirius, que sorria marotamente, para fora da sala.

Apenas Cho e Harry ficaram na sala, completamente sozinhos, enquanto no corredor Lily olhava para Tiago indignada.

– Era a nossa oportunidade de conversar com o Harry. Apenas estava ali a senhorita Chang, era a oportunidade perfeita, ela com certeza que não veria nenhum mal em professores desejarem falar com o Harry.

– Claro, ruiva. A “senhorita Chang” com certeza que não veria nenhum mal. O nosso filho é que eu já tenho algumas dúvidas. – Devolveu Tiago entre risos. – Você não percebeu mesmo? Ai. Ai. Ai, ruivinha. Não é tão óbvio?

– O que é que é óbvio? Será que você é incapaz de dar uma resposta coerente e compreensível?

Os dois marotos soltaram curtas risadas, mas perante a expressão da ruiva. De total ignorância perante os fatos. Agora sem risadas, e mais rodeios, Tigo pousou a palma da mão no ombro de Lily, e com um sorriso orgulhoso murmurou baixinho:

– O nosso filho está a tornar-se num homem. Lily, nós estávamos a impedir com que rolasse algo entre os dois.

A pequena boca de Lily abriu-se de espanto. Aquilo não lhe passara pela cabeça nem por um momento.

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Enquanto Tiago explicava calmamente a situação a Lily, ainda dentro da Sala Precisa, o jovem garoto fingia arrumar a pilha de almofadas. Teria que agradecer posteriormente ao seu pai, por ter compreendido a indireta para saírem. Finalmente estava sozinho com Cho, aguardando que ela começasse a falar. Tal não aconteceu, em vez de palavras surgiu um suspiro.

Harry se virou e pode observar Cho no meio do quarto, com lagrimas escorrendo por seu rosto.

– O quê...?

Ele não sabia o que fazer. A garota estava simplesmente ali, chorando silenciosamente.

– O que houve? - Disse fracamente

Ela sacudiu a cabeça e enxugou os olhos em sua manga.

– Me... Desculpe. - Murmurou ela o fitando. - Eu acho que... É só que... Aprender todas essas coisas... Me faz... Pensar se... Se ele soubesse disso tudo... Ele ainda estaria vivo.

Harry compreendeu rapidamente o “ele”, a garota chorosa se referia a Cedrico, o seu ex-namorado.

– Ele sabia disso. - Disse Harry com tristeza. - Ele era muito bom nisso ou nunca teria chegado no meio do labirinto. Mas se Voldemort realmente quer matar você, você não tem oportunidade.

Ela soluçou com o nome de Voldemort mas olhou para Harry sem hesitar.

– Você sobreviveu quando era um bebê. – Referiu quietamente.

– É, bem. – Começou Harry sem entusiasmo na voz e indo para a porta. - Eu não sei por que, ninguém sabe, então não é nada para se orgulhar.

– Oh, não vá! - Disse Cho, mais uma vez entristecida. - Realmente sinto muito lhe trazer essas chateações... Eu não queria...

Ela soluçou novamente. Naquele momento Harry sentiu-se que um “feliz natal” teria sido mais do que suficiente. Não desejava nada estar naquela situação. Sua mãe ou Hermione seriam com certeza muito mais eficazes a consolar a garota.

– Eu sei que deve ser horrível para você. - Sussurrou ela, esfregando os olhos nas mangas de novo. Estes estavam cada vez mais vermelhos. - Eu mencionando Cedrico, quando você o viu morrer... Eu suponho que você queira esquecer isso, não é?

Harry optou por não retorquir, apesar de se sentir mal por não responder. O seu silêncio representava o seu consentimento melhor do que qualquer palavra.

– Você é realmente um ótimo professor, sabe. - Elogiou Cho, com um sorriso molhado. - Eu nunca fui capaz de deixar alguém sem sentidos antes.

– Obrigado - Disse Harry com embaraço.

Eles se entreolharam por um grande tempo. Harry sentiu um desejo enorme de correr do quarto e ao mesmo tempo uma incapacidade de mover o pé.

– Visco. - Informou Cho calmamente, apontando para o telhado acima da cabeça de Harry.

– É. - Concordou Harry. Sua boca parecia muito seca. - Está provavelmente cheio de Nargles.

– O que é Nargles?

– Não faço ideia. - Disse Harry. Ela se aproximou. O cérebro dele pareceu estar embriagado. - Você deveria perguntar a Lonny, quer dizer, Luna.

Um som esquisito saiu pelos lábios de Cho, algo que poderia ser confundido entre uma risada ou um soluço. Ela estava cada vez mais perto de Harry, de tal modo que ele poderia inclusive contar as dardas que decoravam o seu nariz.

– Eu realmente gosto de você, Harry.

Ele não conseguia pensar. Um formigamento estava se espalhando, paralisando seus braços, pernas e cérebro. Ela estava muito perto. Ele podia ver cada lágrima em seus olhos... Sem saber exactamente como proceder correctamente, Harry tentou movimentar a sua mão direita, a pousando na face de Cho. Lagrimas molhavam a sua mão.

Com nervosimo e cuidado, ele aproximou os seus lábios dos de Cho. Cada vez mais perto, a garota continuava estática, como se aguardasse o próximo passo. Atrapalhado, Harry a beijou. Os seus lábios estavam húmidos e salgados, pelas lagrimos. Harry inclinou a sua cabeça ligeiramente para o lado, apertando os lábios mais contra os da garota. Tudo parecia tao estranho e molhado.

Cho então pareceu ganhar vida, e começou a movimentar os lábios com os do rapaz. Os dois permaneceram assim, separando por alguns momentos, para sem seguida se aproximarem novamente. Os braços da garota apoiavam-se sobre os ombros de Harry, durante o tempo inteiro.

Os dois permaneceram assim durante mais alguns minutos, até completamente envergonhada Cho abandonar a sala com os olhos vermelhos e um Feliz Natal proferido em voz baixa.

Enquanto isso, os três jovens viajantes observavam a saída de uma Cho corada e apressada pelas portas da Sala. A garota não tinha, enquanto corria, reparado na presença dos três professores meio ocultos na penumbra, que examinavam todo o que ocorria. Poucos minutos após a saída da garota, surgiu Harry por entre as portas, que desapareceram em seguida.

O garoto parecia perdido em pensamentos, impossíveis de descrever. Um meio sorriso arrebitava nos seus lábios, sentia-se numa contradição estranha. Não sabia se haveria de sentir extremamente feliz ou triste. Então reparou nas três figuras meio ocultas.

– Professores? – Perguntou Harry cuidadoso, olhando em redor para ver se poderiam estar a ser escutados. Mas o corredor estava vazio de ouvidos indesejados. – O que fazem por aqui.

Tiago não respondeu à pergunta do garoto, apenas se aproximou do mesmo e o abraçou. Harry parecia confuso enquanto pousava os braços nas costas do pai.

– Você fez-se um homem, meu filho. A seguir os passos do pai, e pegar as meninas. Você me enche de orgulho. – Disse Tiago, sem rodeios.

O rosto de Harry ruborizaram, a felicidade deu o seu lugar ao embaraço. Ele sabia o que pai tinha entendido a mensagem, mas a maneira descontraída com que o enunciava tinha apanhado Harry de surpresa.

– Não envergonhe o seu filho, Potter. – Ordenou Lily, com os olhos revirados e um meio sorriso no rosto. – Precisávamos de falar com você sobre as férias…

– Espere, Lily. Têm coisas muito mais importantes. Ela foi a sua primeira menina?

O rosto de Harry corou ainda mais, mas acenou timidamente com a cabeça.

– Bem, apesar de ser tradição na família Potter, todos casarem com ruivas, eu acho que se pode abrir uma exceção para a Chang. Ela é bem bonitinha, você herdou o bom gosto aqui do papai. Bem, então como foi?

– Como assim? – O rosto de Harry mostrava-se simultaneamente confuso e surpreendido.

– Vocês se beijaram. Como foi isso? Você disse que foi a sua primeira menina.

– Chega, Tiago! – Exclamou Lily, aproximando-se do filho e lançando um olhar reprovador ao maroto.

Sirius continuava no canto a observar divertido toda a situação.

– O que nós queríamos verdadeiramente falar com você, Harry querido, era sobre o Natal. Eu e seu pai estivemos a pensar em alugar, com o dinheiro que Dumbledore nos paga, uma pequena casinha em Londres. Sabe um sítio para pudermos passar o Natal em Família.

Os olhos de Harry pareciam brilhar como uns de uma criança que acabara de receber o melhor presente de natal do mundo. O seu beijo com Cho tinha sido totalmente varrido da sua mente.

– Eu sei que você tinha intenção ir passar o natal com os Weasley, o seu padrinho deste tempo informou-nos, mas nós pretendíamos passar pela antiga casa dos Black antes de partirmos. Mas tudo isto se você quiser, se desejar passar no Natal com os seus amigos nós iremos compreender. – Terminou Lily, enquanto passava os dedos pelos cabelos negros do seu filho. Era quase desconcertante para ela as semelhanças entre o mesmo e Tiago. A ruiva não teve que aguardar muito por uma resposta, assim que começara o discurso, Harry tomara a decisão.

– Claro que sim. Passar o natal com os meus pais… parece quase um sonho. – Pensou ele, em voz alta, enquanto passava os braços à volta da mãe, para a abraçar.

– Isso aí. Você se vai divertir muito conosco. – Aproximou-se Tiago, colocando os braços à volta do filho.

Enquanto isso, Sirius observava tudo no canto, ele conversara com Lily e dissera que tencionava passar o Natal com os Weasley, de maneira a poderem ficar os três sozinhos. Eles eram uma família, e apesar de Tiago sempre insistir que ele era como o seu irmão, aqueles momentos pertenciam a Harry, o seu afilhado, por isso Sirius não podia estar mais feliz.

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Durante aquela noite, Harry teve dois sonhos. Nenhum deles foi particularmente agradável.

No primeiro sonho, ele viu-se na sala da Armada Dumbledore, juntamente com uma Cho, que o acusava de a iludir com falsas pretensões, que lhe prometera centenas de figurinhas de cholates de Sapos de Chocolate se ela mostrasse os seus sentimentos.

Hary protestou, mas isso apenas fez Cho gritar que Cedrico lhe dera muitos desses. Então ela retirou figurinha do bolso das suas vestes e as jogou no ar. Em seguida, sem antes lá ter estado, surge Hermione para quem Cho dirige o seu olhar. Sem rodeio, Mione disse que Harry prometera aquilo à Cho, e que achava melhor ele dar-lhe algo em vez das figurinhas, algo como a sua Firebolt.

Mais uma vez, Hary protestou que não podia dar a sua Firebolt porque Umbridge estava com a vassoura, e que de qualquer jeito, aquilo tudo era ridículo, ele tinha apenas vindo à sala precisa para colocar algumas bugigangas com a cabeça de Dobby…

Mas tudo aquilo terminou, e um novo sonho surgiu.

Harry agora não utilizava o seu corpo. Este estava muito mais suave, poderoso e flexível. Estava planando entre as brilhantes barras de metal, cruzando o escuro frio... Estava se achatando contra o chão, movendo-se ao longo de seu corpo... Estava escuro mas podia ver os objetos em volta brilhando estranhamente, cores vibrantes... Estava movendo sua cabeça...A primeira vista o corredor estava vazio... Mas não... Um homem estava sentado no chão logo à frente, seu queixo caído em seu peito, sua sombra brilhando no escuro...

Harry colocou sua língua para fora... Sentiu o aroma do homem no ar... Estava vivo porém inerte... Sentado em frente a uma porta no final do corredor...

Harry demorou a pegar no homem... Mas precisava dominar a fundo o impulso... Tinha coisas mais importantes a fazer...

Mas o homem estava agitado... Uma capa prateada caiu de suas pernas enquanto pulava seus pés; Harry viu sua vibrante e embaçada sombra sob ele, viu uma varinha saindo de um cinto... Ele não tinha escolha... Ele se levantou do chão e golpeou uma, duas, três vezes, mergulhando suas presas profundamente no corpo do homem, sentindo suas costelas se estilhaçando sob sua mandíbula, sentindo o quente jato se sangue...

O homem estava gritando de dor... Então ele se calou... Afundou para trás contra a parede... O sangue espalhado do chão...

Sua testa doeu terrivelmente... Estava ardendo, quase queimando...

– Harry! HARRY!

Ele abriu os olhos, mas a sua testa continuava a arder.

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Durante os acontecimentos posteriores, em que Harry compreendeu que o homem atacado tratava-se de concretamente Arthur Weasely, e que o corpo que ele ocupara era o da cobra. Parecia um sonho totalmente surreal, mas Harry tinha a certeza que era real, e depois de contar o sucedido ao diretor, veio a descobrir que estava correto, Arthur Weasely tinha sido severamente ferido e encontrava-se a caminho de St. Mungus.

Devido a tal incidente, Dumbledore decidira enviar os Weasley e Harry para a Sede da Ordem. Fora o desaparecimento repentino de Harry, que deixara de ter um pontinho do Mapa do Maroto que assustou Lily. Por um momento o seu coração parou. Ela estava descontraída a observar alguns trabalhos do terceiro ano, quando o mapa aberto sobre a sua mesinha, viu-se livre de cinco pontinhos. Entre esses pontos encontrava-se o seu filho. O único motivo pelo qual não começou a correr pelos corredores desesperadamente foi, segundos antes do desaparecimento, se encontrava eles estavam junto de outro pontinho brilhante.

“ Alvo Percivel Wulfric Brian Dumbledore”.

Lily tinha plena noção que desde que Dumbledore estivesse por perto, o seu filho estava em total segurança. Mas nem isso a impediu de ir ter ao gabinete para perceber o que se tinha passado. Pelo menos andava, em vez de correr.

A história de Harry ter sonhado com o Senhor Weasley a ser atacado por uma cobra, era no mínimo perturbadora. Durante a curta descrição dada pelo diretor, a ruiva conseguiu unir vários pontos.

Primeiro, a mente do seu filho tinha sido invadida durante o sonho do mesmo. Presumidamente por Voldemort, mas qualquer bruxo poderoso às ordens do Senhor das Trevas seria capaz de entrar na mente de Harry. Até mesmo Lily, se estivesse devidamente motivada conseguiria entrar na mente do filho.

Segundo, a cobra pertencia a Voldemort. Isso era óbvio. Aquele fora um ataque da Voldemort não apenas à mente de Harry, mas a um dos membros da Ordem. O que era bastante preocupante, o Senhor das Trevas estava a mexer-se.

Terceiro e mais perigoso, o Senhor das Trevas tencionava algo além de atacar o Senhor Weasley. Seria totalmente absurdo atacar o bruxo de uma forma não mortal, e avisar Harry Potter disso a tempo de salvar o pobre Senhor Weasley. Voldemort estava a fazer uma experiência, uma experiência com propósitos desconhecidos e cruéis.

A única coisa positiva na história era que Harry agora encontrava-se com o padrinho. Lily guardava alguma esperança que Sirius tivesse amadurecido com o tempo. Mas apesar de tudo, não tecia grandes teias de esperança e volta disso.

Tiago e Sirius não ficaram tão preocupados com a notícia da partida de Harry como Lily. Claro que se arrepiaram um pouco com a história da cobra, mas na mente de ambos tudo parecia agora resolvido e bem, por isso não haveria motivos para grandes alarmes.

Era esse o seu erro. Havia motivos para grandes alarmes.

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Durante o ultimo dia de aulas antes das férias, mais ninguém parecia notar na ausência estranha e mal explicada de cinco estudantes. Excluindo os óbvios, nomeadamente os professores e Hermione, que ocupava o seu tempo livre a conversar com Lily Evans sobre livros. A garota gostara da ruiva desde que a vira, mas nunca imaginara que a mãe de um dos seus melhores amigos pudesse representar uma companhia feminina tão interessante. Durante os últimos dias tivera a oportunidade única de discutir alguns pontos curiosos da história de Hogwarts, livro que curiosamente Lily lera na sua juventude, assim como alguns truques aperfeiçoados por Lily durante o seu tempo.

Mas durante aquele último dia, Lily estava pouco atenta durante as suas aulas. Tinha que tratar dos últimos detalhes da casa onde eles iriam ficar, assim como deixar o seu presente nos aposentos de Snape sem ele se aperceber disso. O que era um desafio particularmente complicado. Depois de desejar um feliz natal à última turma do dia, a ruiva pousou a cabeça na mesa. Além do cansaço, ela apenas tivera uma carta do seu filho com uma mensagem curta.

“Estou bem, mamãe. O pai do Rony está a recuperar bem. Espero por você e o papai no Natal.

Com muito amor, vosso filho Harry”

Lily guardava a carta nas suas vestes, com receio de alguém, nomeadamente Umbrigde, entrar no seu dormitório e encontrar a carta por acaso. Obviamente que podia se desculpar informando que tem um filho chamado Harry, mas seria ligeiramente suspeito. E a última coisa que precisavam era de mais suspeitas.

Mais rapidamente que o dia, passou-se a noite e chegara a manhã de voltarem para casa.

Os alunos arrumavam as bagagens nos seus devidos compartimentos, e enquanto Tiago e Sirius se ocupavam das malas, a ruiva foi surpreendida por Hermione atrás de si.

– Professora. – Chamou ele, em voz baixa. Lily aproximou-se da garota, e ambas entraram na carruagem, deixando os marotos para trás. – Os professores vão para Londres?

Lily compreendeu que Hermione ao referir-se a Londres, pretendia na verdade referir-se à Casa de Sirius. Ao entraram numa das cabines a ruiva acenou com a cabeça.

– Importam-se que os acompanhe? Tencionava ir com os meus pais, mas depois dos incidentes dos últimos dias achei melhor ir ter com eles. Tem alguma notícia do Senhor Weasley?

– O Harry enviou uma carta à dois dias a dizer que ele estava a recuperar bem. Pelos vistos foi apenas um grande sustou. – Murmurou Lily encostando-se ao banco.

Quando o comboio começava a entrar em movimento, a porta abriu-se bruscamente. Do outro lado encontrava-se Sirius e Tiago com caras pouco satisfeitas.

– Você podia avisar para onde ia. Devemos ter interrompido pelo menos umas dez conversas até encontrarmos à cabine certa. – Resmungou Tiago, enquanto os dois se sentavam nos bancos opostos às duas garotas. – Ahm, olá Granger.

Hermione sorriu e acenou com a cabeça.

– Desculpem, mas estava a conversar com a senhorita. Ela tenciona ir conosco para a sua casa, Blane.

– Sabe Lily, você pode utilizar os nossos nomes. – Referiu Tiago, com os braços cruzados sobre o peito. - A Granger sabe o nosso segredo.

– Eu sei, mas alguém poderá escutar a nossa conversa ou entrar na cabine de repente. Você não colocou nenhum feitiço para impedir isso. Portanto é sempre melhor jogar pelo seguro.

Mais ninguém disse nada. A cabine mergulhou um calmo silêncio, apenas quebrado quando chegaram à estação de Londres, após atravessar a barreira mágica.

– Granger, se você não pode aparatar como você tencionava chegar à minha casa? – Questionou Tiago.

– Tencionava apanhar o Nôitibus Andante.

– Bem, de qualquer maneira não será necessário. Nós não estamos no radar do Ministério. – Refletiu Sirius, erguendo a mão para a garota. – Pegue a minha mão e a de Lily.

Os quatro deram as mãos, e aparataram para a Nobre e Antiga Casa dos Black. Mais prédios tinham sido construídos, e mais carros povoavam a rua em redor da mansão escondido, mas retirando isso, pouco mais tinha mudado. Continuava a ser o lugar da infância de Sirius, e apesar de calcular que não teria que lidar com a sua mãe. O fato de a sua casa estar a ser utilizada pela Ordem da Fenix era uma mensagem bastante direta que a velha tinha partido para outra, sem estivesse viva e rija nunca permitiria que tamanha escória pisasse o seu chão. Dirigiram-se, com passos rápidos ao lugar onde deveria surgir a casa. Esta,longos segundos depois, se revelou para os visitantes. Lily encarava maravilhada toda a magia defensiva da casa. Apenas ouvira falar desses feitiços em livros antigos e pela parte de Dumbledore. Sem conhecer o lugar exato seria verdadeiramente impossível entrar no mesmo. Quando se aproximaram da porta, Sirius bateu duas vezes.

Alguns momentos se seguiram até um Sirius, muitos anos mais velho, e um Remus, igualmente mais velho, abrirem a porta com um sorriso no rosto. Três dos quatro visitantes tinham os olhos completamente abertos ao encontrar os velhos amigos. Todos entraram na casa sem nenhuma palavra, apenas sorrisos e olhares maravilhados.

Hermione, compreendo o cenário de reencontro de velhos amigos, logo saiu desculpando-se que precisava de falar com Harry e prometer que dizia ao garoto mais tarde que eles tinham chegado. Quando apenas ficaram os cinco no corredor, o primeiro a interromper o silêncio foi Tiago.

– Cara, a idade não fez nada bem a você. Ficou muito mais feio. – Murmurou Tiago ao Sirius mais novo ao seu lado. Ninguém conseguiu evitar rir.

– Tiago Potter, raios te partam, malditos quatorze anos sem o seu horrível humor. Venha cá. – Ele abriu os braços e abraçou com força o seu velho melhor amigo. – Sentia a sua falta, seu viado.

– Veja só. Eu tenho estado a aturar você desde que vim para cá. Não sinto nada a sua falta.

– Obrigada. – Murmurou o Sirius mais novo, com um meio sorriso no rosto. Era bizarro olhar para a sua versão mais velha, mas apesar de colocar-se de lado, não conseguia ficar neutro à situação. Especialmente quando estava a ser meio insultado.

Quando Sirius largou Tiago, este aproximou-se de Lily.

– Vejamos só se não é Lily Evans. A minha memória deve estar a falhar-me, mas eu lembro-me de você muito mais bonita. – Comentou Sirius, com um sorriso maroto, no rosto mais envelhecido. Enquanto isso Remus entregava um abraço a Tiago.

– Agradável como sempre, Black. – Ele aproximou-se da garota e abraçou-a fortemente, apanhando a ruiva de surpresa.

– Engraçado. Quase me esquecia dos seus comentários permanentemente sarcásticos e do seu mau humor destrutivo. – Sussurrou Sirius junto ao ouvido da ruiva. O rosto da mesma, começava a vermelhar. - Senti a sua falta, Evans. Muito mesmo.

– Sabe, cara. Você já pode largar ela. – Disse Tiago, saído de perto de Remus, apoiando a mão direita no ombro de Sirius ainda abraçado.

Este soltou uma forte gargalhada e libertou Lily.

– Tiago Potter e os seus ciúmes possessivos. – Sirius soltou mais uma gargalhada. – Ande cá outra vez.

– Você está a ficar demasiado sentimental, cachorro. – Murmurou Tiago, mas abraçou o amigo que ria descontroladamente.

– Faz anos desde a última vez que oiço alguém me chamar isso.

Enquanto isso, Lily aproximou-se Remus que sorria maravilhado para ela.

– Você fez muita falta a este mundo. – Disse ele, abrindo os braços. A ruiva aproximou-se e apertou a cintura daquele que foi uma das pessoas que ele mais gostara desde sempre. Um dos seus melhores amigos. – Muita mesmo, especialmente ao Harry. Você tem um grande filho.

– Eu sei, Remy. Senti a sua falta também. Estes dois sem você são totalmente descontrolados.

Remo não pode evitar soltar uma gargalhada. Seus braços libertaram Lily ao reparar na chegada de mais alguém. Molly encontrava-se atrás de Sirius ainda abraçado a Tiago, com o rosto confuso para os visitantes.

– Quem são estes senhores e senhora? Pensava que era a Hermione. – Murmurou Molly.

– Ela também veio com eles, desceu para ir ter com as crianças. Estes são Tiago Potter, Lily Evans, e bem… - Começou Sirius, sem saber exatamente como explicar a presença de Sirius. – Uma versão minha, alguns anos mais nova. Eles viajaram no tempo, e bem, estão entre nós.

O rosto de Molly estava estupefacto. Os seus olhos piscaram várias vezes sem acreditar, seu queixo tinha descido quase até ao chão.

– Mas isso quer dizer… Vocês são os pais do Harry…!? – Aquilo não era exatamente uma pergunta, mas Lily e Tiago acenaram com a cabeça.

Um minuto de silêncio se seguiu, até Lily cuidadamente se aproximar de Molly. As suas mãos pegaram nas mãos de Molly e um sorriso de felicidade brotava nos lábios de ambas.

– Nem sei por onde começar a agradecer-lhe. Você cuidou do meu filho, lhe deu o seu amor, lhe deu a sua casa, lhe deu tudo o que ele precisava enquanto eu não podia nada disso. Estarei eternamente grata à senhora. Nada no universo poderá compensar a minha dívida para consigo e a sua família. Muitíssimo obrigada.

Lily beijou as mãos de Lily e entregou-lhe o seu mais genuíno sorriso de agradecimento. A mãe ruiva, completamente arrebatada, não sabia o que dizer, mais uma vez tinha sido apanhada totalmente de surpresa.

– Ahm… Menina…

– Me trate por Lily. – Pediu Lily, libertando as mãos de Molly.

– Certo, Lily, me trate por Molly, querida. Eu nem sei bem o que lhe dizer. Não custou absolutamente nada, o Harry é um ótimo garoto. Muito educado, realmente uma criança maravilhosa. Deve sentir muito orgulho nele.

– Sem dúvida nenhuma.

– Não me deve nada, minha querida. – Disse Molly sorrindo. Estava totalmente maravilhada na sua frente estava um milagre. Na sua frente estava Lily Evans, a mãe de Harry Potter. Completamente viva e a agradecer-lhe.

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Quatro horas decorreram até Harry Potter abandonar a casa de Sirius. Durante esse tempo, a única coisa significativa que pudesse merecer um lugar num livro seria o fato dos dois gêmeos, Geoge e Fred, descobrirem que três dos seus ídolos e inspiradores, com a exceção de Rabicho que rapidamente deixou de ser um ídolo, estavam bem na sua frente. Claro que os dois professores não podiam ficar mais do que orgulhosos pelo seu legado ter sido alargado a alguém fora da família de Tiago.

A casa que Lily e Tiago tinham alugado ficava a apenas cinco quilômetros de distância da casa de Sirius.

Era uma simples casinha trouxa, protegida por poderosos feitiços de ocultação (cortesia de Lily Evans) e um pequeno quintal com macieiras. O interior era igualmente simples. Uma sala com um pequeno sofá de tecido, uma televisão antiga, assente chão e uma mesa redonda com quatro cadeiras de madeira a rodeando. Num canto estava uma árvore de natal de dimensão média, com pequenos sinos ferrugentos e uma estrela dourada e brilhante no topo. Os dois quartos eram iguais, uma cama de casal no centro, uma cadeira de baloiço de aspecto frágil e um móvel de madeira de carvalho. A cozinha estava equipada com alguns armários brancos, um frigorífico e um fogão, enquanto o banheiro, a menor divisão da casa, possuía apenas o indispensável.

Não era nada de especial, mas seria a casa deles por alguns dias. Onde eles poderiam ser a família que no fundo nunca tiveram oportunidade de ser. Apenas eles, durante o Natal. Esse era um luxo, que para Harry valeriam todos os galerões e libras do mundo. Na verdade, para o garoto, poderia bem passar o natal debaixo de uma ponte a nevar por cima da sua cabeça, desde que tivesse a companhia dos seus pais seria sempre perfeito.

Harry deixou o seu malão na sua cama. Dentro da mesma, trazia dois pacotinhos embrulhados, tinha deixado as prendas de Natal dos amigos na casa de Sirius, e os mesmos prometeram envia-las para o endereço deixado por Lily, mas aqueles dois tinham sido escolhidos com particular carinho. Seriam os únicos presentes que viria dar aos seus pais, por isso eram particularmente especiais. Quando terminou de organizar a sua roupa nas gavetas poeirentas, e o restante dos seus artigos num canto junto do seu malão, deixou o quarto e dirigiu-se à cozinha.

A sua mãe descascava algumas batatas com uma faca excessivamente grande para o serviço, como tal a sua concentração para evitar machucar-se era tanta que apenas notar a presença do garoto quando este estava muito próximo.

– Harry, filho. Terminou de arrumar suas coisas? – Questionou Lily pousando o artefacto cortante na bancada. O garoto acenou com a cabeça, do canto do seu olho podia ver o seu pai acrescentar alguns bolas vermelhas e douradas, assim como luzes na árvore de natal. – Não espere grande coisa do jantar. Sua avó era uma excelente cozinheira, mas eu não tive a sorte de herdar esses dotes. Mas sempre será melhor que seu pai, eu tentei que ele me ajudasse mas percebi que era uma péssima escolha, haveria no jantar mais dedos cortados que batatas.

Harry riu-se com o comentário.

– Eu posso ajudar, se você quiser.

– Agradecia, a este ritmo temo que jantaremos perto da meia-noite. Podes tratar da salada, tem tomates, pepinos e alfaces frescas no frigorífico. – Pediu Lily voltando-se para as batatas.

Os dois juntos terminaram o jantar antes do relógio por cima do fogão marcar dez da noite. Na mesa redonda da sala tinha sido servido peixe cozinho, juntamente com batatas e salada. Tiago tinha trazido uma garrafa grande de cerveja amanteigada, que foi dividida largamente pelos três copos.

Harry não podia deixar de pensar que era assim que deveria ter sido a sua vida. Deveria todos os dois ajudar a sua mãe a cozinhar e comerem todos juntos enquanto ouviam algumas piadas engraçadas sobre o dia de trabalho de Tiago. Era aquilo que tinha perdido durante toda a sua vida, e agora conseguira recuperar apenas uma pequena parte.

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Na manhã seguinte, Tiago e Lily passaram pela casa de Sirius. Fazia muito tempo que, especialmente Lily desejava fazer isto, por isso tinham a intenção de deixar Harry na casa do padrinho e trazer a versão mais nova do mesmo. O garoto apenas ficou ligeiramente desiludido ao saber que não passaria o dia com os pais, mas ao descobrir onde os mesmos pretendiam ir e os seus motivos, logo compreendeu. De qualquer maneira, ele desejava compartilhar a felicidade que sentia no momento com os seus amigos.

Os três viajantes, após deixarem Harry, aparataram para o centro de Londres, onde uma multidão de pessoas, se movimentava rapidamente ao longo das ruas, com embrulhos e sacos nas mãos. Ninguém notou na presença de mais três indivíduo vindos do nada, assim como nenhum deles se preocupou com a presença da multidão. Tinham o caminho bem definido, e com uma caminhada de apenas alguns minutos se aproximaram de uma loja larga e antiquada, com um grande “Purge & Dowse Ltda”. Parecia o sítio que ninguém desejava frequentar, muito gasto e miserável, com apenas destroços de manequins com perucas tortas. Grandes avisos na porta informavam que se encontrava fechado para reforma. Era exatamente aquele o sítio que procuravam.

– Você tem a certeza que isto se abre como nos velhos tempos? – Indalgou Tiago, olhando para uma manequim particularmente pouco atraente. Os seus cílios eram postiços e vestia um avental verde. – Passou muito tempo.

– O Remo disse que sim. Assim como que não devemos ter dificuldades em entrar, Dumbledore tratou de tudo para a nossa chegada. – Os olhos de Lily desviaram-se também para a manequim horrorosa. Os dois marotos se aproximaram da ruiva, que se inclinou para perto do vidro. – Senhorita Wotcher, desejamos ver Alice e Frank Longbotton.

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Notas finais do capítulo

Eu sei que é ruindade absoluta, terminar o capitulo deste jeito, mas… Bem, eu sou ruim. Além de que já passou demasiado tempo e vocês percisam de um capitulo. Vejamos quando posso publicar o próximo :s
Pormenores: ** Capitulo anterior **
*A partida que os marotos fizeram no ultimo capitulo, será a ultima partida feita contra a Umbridge. Infelizmente. Porque apesar de ela merecer bem pior, e de me ter sido particularmente prazeroso arruinar aquele gabinete horrível, será quase como a despedida. Mais para a frente perceberão melhor o motivo disso. Não vou estragar a surpresa nisso, né?
*O motivo pelo qual eles utilizaram as suas alcunhas, foi porque nenhum deles pensava que alguém os ia entregar. Quer dizer, na ideia deles, apenas a Lily, os marotos e os gêmeos sabiam disso. Nenhum deles pensava que o Snape poderia calhar em dizer aquilo (o motivo para o snape ter dito aquilo foi para proteger todos os alunos, ele não esperava que os marotos se entregassem nem que as culpas se voltassem para o Harry). Claro que eles correram um imenso risco ao se exporem daquela maneira. Apesar do disfarce ainda se ter aguentado, não se esqueçam que estamos a falar dos marotos, e isso pode ser meramente temporário.
*Calculo, que a acusação de Umbridge a Harry deve per parecido bastante confusa, mas ele relacionou o facto de Harry, um “péssimo” e “mal-comportado” aluno, ter feito aquilo e ao mesmo tempo homenageado o pai, e escondido-se por tras de uma alcunha para não levar com as culpas. Não é assim tão estupido quanto se possa pensar. Apesar das imensas falhas quase obvias, como a presença de Sirius Black que na ideia de todos matou os Potter. Porque haveria Harry de fazer uma homenagem a isso? Mas a sede de arruinar a vida a Harry era mais forte do que o seu raciocínio, alem de que eu não considero ela uma personagem particularmente inteligente. Daí a acusação quase imediata a Harry.
*Sobre a conversa entre Lily e Hagrid, eu sei que se trata de uma cena completamente secundária que no fundo não acrescenta nada, mas eu não sei, apenas achei que precisava de fazer referencia aquilo. De que Hagrid não era indiferente para os viajantes, neste caso para Lily. Apenas imagino aquilo realmente a acontecer, e quis partilhar com vocês. Já agora, alerta spoiler, mas prontos, vou partilhar uma curiosidade com vocês, o Hagrid será uma das últimas pessoas a descobrir sobre os marotos e Lily, e ele neste momento não desconfia de nada.
*Sobre a cena entre a Lily e o Snape, minhas caras amantes de Tiago Potter, se vocês disserem que a cena entre eles a conversar sobre os velhos tempos e cadeiras desarrumados não foi adorável, EU NÃO ACREDITO EM VOCÊS! De qualquer jeito, eu sei que nenhuma de vocês tem curiosidade nisto mais nesta frase…
“– Não precisa de agradecer, tenho muito gosto nisso! – Exclamou Lily, libertando fortes risadas. Severo acompanhou-a, sem libertar a mão no seu cabelo, e os olhos da sua face. – Fico contente por curar o seu permanente mau humor.
— Devo novamente me sentir ofendido?
— Claro que… “
Claro que ela disse claro que sim. Acho que a maioria de vocês se pensou nisso deve ter deduzido isso, por isso aqui estou eu a confirmar :D
*Perciso de referir que quando o Sev disse á Minerva que não amava Lily estava a mentir com todos os dentes que têm? Claro que ele ama a Lily, como é possível não amar ela? Até eu a amo. Mas claro que declarações de amor eterno não iriam emocionar Minerva, e fariam ela apenas ficar ainda mais em cima deles os dois, daí o Sev de vez em quando utilizar a cabeça.
***Pormonores deste capitulo***
*Eu acredito que muitas de vocês não tenham gostado particularmente da parte em que o Tiago Potter levou um grande pontapé na bunda. Mas eu devo lembrar a todas, que eu enquanto autora (e eterna amante do Snape :P) tenho que me manter o mais fiel possível aos factos da história. E em nenhum universo, por mais alternativo que ele seja, um Tiago Potter de dezesseis anos consegue vencer o Snape adulto. A Lily ainda era aceitável, mas o Tiago não. Todas sabemos que Snape, agora em adulto principalmente, é um bruxo muito poderoso que não se deixaria vencer por uma criança facilmente, ainda mais contra Tiago que ainda foi estupido o suficiente para tentar se exibir ainda mais e ir sozinho e chamá-lo antes de azarar. De qualquer maneira, eu não sei porquê mas eu gostei dessa cena, da intensidade e isso, vocês podem achar uma bosta. Não vos julgo, provavelmente está, mas está uma bosta que eu gosto. ;)
*Sobre os comentários indecentes de Tiago sobre o beijo de Harry, não sei, eu imagina isso mesmo a acontecer, o maroto não podia se controlar ao ver o seu pontinhas junior finalmente “pegar” uma menina. ^-^
*Comentário aparte, será que eu fui o unico bicho que achou o sonho do Harry (copiado do original) extremamente assustador, meu deus?
*O rencontro dos nossos amados marotos, eu nao sei se vocês imaginavam de outro jeito. Eu sempre pensei que a primeira coisa a ser dita seria um comentario idiota sobre o fato do Sirius estar velho. Porque no final trata-se de Tiago Potter. Honestamente, nao tenho muita a acrescentar, acho que a cena diz tudo… .-.
*Apesar de todos sabermos que a familia potter é muito rica, nem Tiago nem Lily se atreveram a utilizar o dinheiro do filho para poderem pagar uma casa melhor. Ambos juntaram o dinheirinho que receberam nos poucos meses e gastaram-no todinho na casa, na comida e nos presentes. Daí a casa nao ser um palácio, nem nada parecido.
*Acredito que tenha sido uma surpresa para alguns a visita dos marotos e Lily aos pais do Neville. Mas eu desde o inicio que tinha isto previsto. Eles jamais poderiam viajar para o futuro e não irem visitar aqueles que sempre foram importantes para eles. Acho que não poderia ter deixado essa ponta solta. Apesar de tudo, sei que não deveria deixar o capitulo assim, mas para acalmar os vossos corações, digo já que tanto a Alice como o Frank irão reagir muito bem à visita e vão descobrir quem eles são.
Até ao próximo capítulo, meus amores.