Bonds escrita por frozenWings


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Capítulo até grandinho. Bem, esse até deu um trabalho pra escrever. Não sei porque ainda faço fanfic de romance. Sou uma negação. x_x
Enfim, o capítulo em si foi praticamente IchiRuki. Espero que gostem. Boa leitura. 8D



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Narcisos continuam a ser minhas flores prediletas. Uma pequena dose de alegria e dor com uma pitada de nostalgia. Por que tudo tem de ter um fim? Até hoje não consigo compreender bem... Se eu pudesse rotular os humanos com algo, certamente diria que somos insatisfeitos.

Sinto que mesmo se tivéssemos a eternidade e por alguma razão ela acabasse, nós simplesmente não aceitaríamos, estáriamos procurando momentos que gostariamos de reparar. Quando penso dessa forma, sinto-me assustada... Nem a eternidade seria o suficiente para nos saciar.

Mesmo hoje, eu ainda quero que os narcisos nunca murchem...

O sol ainda começava a iluminar o horizonte quando Rukia abriu os olhos. Os raios solares se apresentaram tímidos, mal clareando a porta de vidro da varanda.
A pequena esfregou os olhos. Tinha caído num sono durante a madrugada turbulenta. Ela girou a cabeça, enxergando o ruivo. Como esperado, Ichigo não moveu um músculo. Ele permanecera sentado no mesmo lugar, sendo derrotado apenas pelo sono. Rukia o fitou por determinados segundos, notando que estava fazendo aquilo por muito tempo.

Ele parecia tão cansado... Talvez devesse fazer algo pra retribuir seu ato caridoso.

Rukia ergueu o corpo, articulando os músculos e a coluna com certa lentidão. Parecia pensativa, mas acima de tudo, bem-humorada.

— Rukia... — ouviu um murmúrio que a fez mover a cabeça. Ichigo pronunciara de novo, dessa vez mais claramente. A pequena arregalara os olhos, sem saber o que fazer ao certo, afinal, nunca enfrentara uma situação semelhante.

Que expressão cansada o ruivo mostrava. Apesar disso, seus lábios estavam levemente curvados, quase formando um sorriso afetuoso.

Que tipo de sonhos você está tendo, Ichigo? Refletiu a morena, agachando-se para sondar a face do mesmo.

A morena soltou um longo suspiro, imaginando ter dado muito trabalho na noite passada.

Ela voltou a se levantar, resolvendo não acordá-lo. Ele merecia um pouco mais de sossego, até porque ainda era muito cedo.

Rukia apanhou um roupão desenhado em chappys. Como ela adorava coelhos...

Resolveu enfim sair, tendo o cuidado de não acordá-lo conforme abria a porta.

            Meia hora após, a sonolência de Ichigo tinha se esvaído, apesar da dor em todas as suas articulações ter apenas começado. Ele fez uma careta qualquer, esfregando os olhos. Desviou a visão para a cama de Rukia, no entanto, para o seu desencanto, não a encontrou.

Aquilo foi o bastante para despertá-lo. Aonde ela teria ido? Seria possível ela ter saído enquanto ele dormia? Mas, se for o caso... Na situação em que ela se encontrava...

Os pensamentos o atormentaram. Tinha falhado?

Ichigo endireitou a coluna, vasculhando a área uma última vez. Ele caminhou até a porta, pousando a mão por cima da maçaneta. Refletiu por um instante. Não interessava se Byakuya o matasse logo no primeiro passo que desse fora do quarto. De alguma maneira... Ele precisava encontrar aquela idiota!

De imediato, a porta antes fechada, abriu-se em uma pancada, acertando fortemente uma parte da sua cara.

— Bom dia, Ichigo! — exclamou Rukia, surgindo por trás da porta agressora.

— Mas o que...?! — resmungou ele pondo a mão na pele ardente.

— O que você estava fazendo atrás da porta? Isso é perigoso, idiota. Eu poderia ter machucado você. — reclamou ela, fechando a porta com o pé.

Ser atingido por Rukia estava começando a se tornar algo dolorosamente rotineiro. Não que ele ficasse feliz com aquilo.

— Sua... — grunhiu Ichigo, cerrando os dentes. Pensou em começar a primeira discussão do dia, mas estava aliviado demais por tê-la de volta e curiosamente vê-la segurar uma bandeja reluzente repleta de comida.

— Faça silêncio. Meu irmão voltou ainda pouco. Não quero que ele descubra que você está aqui. — alertou a morena, dirigindo-se até o meio de seu quarto onde sentou, posicionando a bandeja de prata no chão.

Ichigo massageou a face avermelhada, fazendo o mesmo que a garota.

— Você dormiu bem? — perguntou timidamente.

— Sim, obrigada. — sorriu ela, coçando a cabeça.

— O que há com essa bandeja? — questionou ele, intrigado.

— Tolo. É só uma bandeja com comida. O que há de mais nisso? — suspirou ela, entediada com o tipo de pergunta que ele fazia. — Eu só quero retribuir por ter ficado aqui nessa noite. Apenas coma.

— Você é uma boba mesmo... — sussurrou, desviando os olhos para o lado. — Hey Rukia, por que Byakuya dificilmente está em casa? — perguntou, voltando a fitá-la enquanto franzia cenho.

A garota baixou os olhos.

Ele mordiscou o lábio. Tinha perguntado algo inconveniente... Afinal, aquilo realmente não era de seu interesse.

— Gosta de café? — Rukia não respondeu sua pergunta, inclinando a garrafa térmica por cima de uma xícara. Ichigo assentiu com a cabeça, bagunçando os cabelos. Ela parecia tão tranqüila, porém, aquilo não seria o suficiente para responder uma pergunta que não parecia ser nada além de uma mera curiosidade. Ichigo estava sendo indiscreto... Mais que isso... Um completo idiota. Ele comprimiu os olhos. Era um direito dela não querer responder. Não insistiria mais. — Nii-sama é um homem bastante ocupado. Ele está se esforçando para se tornar um grande cirurgião. Você deve saber, é bem complicado seguir o caminho da medicina... Ainda mais pra pessoas como nós. — ela pausou, adicionando alguns cubinhos de açúcar no café. Ichigo a sondou. Ainda estava surpreso por ganhar uma resposta sem maiores esforços, jamais imaginaria que Byakuya queria ser cirurgião, no entanto, algo o incomodava... O que ela queria dizer com “pessoas como nós?” — Eu realmente acredito que ele vá se tornar alguém admirável... Sabe, ele conseguiu um estágio que exige muito de sua carga horária, por isso dificilmente está por aqui. Eu sinto o dever de tornar essa casa um lugar onde ele possa chamar de lar. Um lugar agradável onde o nii-sama consiga repousar. Nós andamos nos mudando bastante... Mas, desta vez, só desta vez resolvemos parar aqui. — acrescentou com tamanha doçura que comoveu o rapaz.

Ichigo não soube achar palavras. Ele apenas aceitou a xícara de café que lhe fora oferecida.

— Você deve estar se perguntando o que os Thunders estão fazendo aqui, não é? — perguntou ela com um sorriso debochado. Parecia estar se divertindo com a expressão dele.

O ruivo por pouco não desequilibrou a xícara. Não queria admitir o desejo por aquela resposta.

— Apenas pergunte, seu idiota. Você age como se as coisas fossem um tabu incontestável. — balançou a cabeça, mordiscando uma torrada. — Os Thunders são nossos hóspedes. O nii-sama é tão genial que antes de nos mudarmos pra cá, ele remodelou toda a casa pra ter vários quartos. Resumindo, essa casa é uma república. Dessa forma poderíamos ter uma renda fácil, independente de arranjarmos um emprego ou não. Mas os Thunders não estão aqui por acaso. Nós os conhecemos antes mesmo de fazerem sucesso e como procuravam um lugar tranqüilo pra ficarem e nós também procurávamos pessoas, o chamamos pra cá. — agora ela comia uma fatia de bolo, entusiasmada com a conversa. 

O cérebro de Ichigo mal reteve todas essas informações. Sentiu seus neurônios darem longas voltas, como se não chegassem a lugar algum.

— Mas e a peituda? — interrogou ele, comendo um pedaço de pão.

O assunto finalmente tinha se tornado leve e descontraído...

— Matsumoto-san? Bem, ela é uma exceção... Mas também é uma grande amiga nossa. — lambeu a ponta dos dedos, escolhendo outra coisa pra comer.

Ichigo arqueou a sobrancelha, revirando os olhos.

— Amigos dos Thunders... Nossa, vocês são tão estranhos. — comentou, olhando pro lado onde viu um calendário de chappys pregado na parede.

Será que tudo nesse quarto era feito por chappys? Pensou, focando os olhos em um círculo vermelho, intitulado como “meu aniversário”. 

O rapaz piscou rapidamente.

— Rukia, hoje é seu aniversário? — perguntou.

A garota quase se engasgou, goleando uma grande quantidade de café pra poder diminuir o nó na garganta.

— Precisamos ver essa sua mania de me bisbilhotar. — falou às tosses, batendo no peito.  

— Não estou bisbilhotando, imbecil! Eu falei porque vi no seu calendário! — apontou pro mesmo, tentando conter o mau-humor que insistia em borbulhar.

Ela não tinha mais alternativas para recorrer. Estava convicta de que não se livraria do ruivo...

— É verdade. Hoje estou fazendo dezoito anos. Mas e daí? — questionou, perdendo sua animação.

Ichigo ficou calado, pensando por alguns instantes. Como ela não poderia dar importância a algo tão especial como o aniversário?

Ele fitou o calendário mais uma vez. Se não tivesse tanta importância, ela não teria anexado com tanta vivacidade o seu dia. Talvez só precisasse de alguém além de seu irmão que desse a devida importância a esse dia... Não poderia passar despercebido e tão solitário. 

— Hoje não vamos ao colégio. Meu pai é um médico, nós até temos uma clínica. Eu irei pedir a ele que te dê um atestado, alegando que você ficou doente e por isso não pôde comparecer no trabalho. — decidiu ele, agindo de maneira autoritária.

Rukia esbugalhou os olhos. Quem era aquele e o que fizeram com o Ichigo? Ele nunca foi do tipo que faria algo desonesto ou irregular. Faltar ao colégio e trabalho por sua causa? Isso só poderia ser um sonho... Claro que um dos mais estranhos.

— O-O quê?! — balbuciou, boquiaberta.

— Já está resolvido. Eu vou voltar pro meu quarto e tomar um banho. Esteja pronta depois do almoço. — ele se levantou, seguindo até a porta de vidro.

— Ichigo... — murmurou ela, ainda desconcertada.

— Qual o problema? Fique feliz. Esse ano você tem a mim pra comemorar seu aniversário. — a fitou de relance, esboçando um sorriso largo.

“Idiota... Você me deixa tão... feliz.” Pensou ela, tocando em seu peito.

            Após ambos terminarem seus afazeres domésticos e afins, se encontraram ao terem saído das casas. Eles iniciaram passos largos, seguindo em rumo à calçada que se estendia por todas as outras casas.

Ichigo manteve um sorriso maroto nos lábios. Rukia retribuiu o sorriso, pondo a mão por cima de seu cachecol vermelho.

 O clima parecia agradavelmente gelado. Nada muito radical.

Rukia usava um suéter marrom com listras vermelhas transversais. Aquela era uma das raras vezes em que o ruivo a via usar uma saia, mesmo que parecesse ser uma saia de uma boneca de porcelana, daquelas bordadas cuidadosamente pra que as pontas ficassem relevantes. Ichigo, por sua vez, como de costume, limitava-se a usar de seus jeans e casacos bem ajustados no corpo.   

— O que será que você está tramando, morango? — perguntou ela, querendo provocá-lo.

— Quem sabe... E pare de me chamar assim, você deve saber... Eu não gosto. — bufou ele, esfregando a mão na nuca.  

— Certo, certo. — respondeu, começando a acompanhá-lo pela avenida quase vazia. — Então, como andam as coisas com Inoue?

— Será que você não consegue ficar um segundo sequer sem abrir essa boca? — resmungou Ichigo, sem vontade alguma de falar sobre aquele assunto.

— Hã? Não seja tão ingrato com a sua culpida. Afinal, se não fosse por mim... — proferiu ela, juntando as sobrancelhas.

Em um rápido movimento, Ichigo tomou uma das mãos da pequena, puxando-a às pressas por uma direção. Aquilo fez com que Rukia não conseguisse concluir sua frase.

— Ei Ichigo, o que está fazendo? — questionou ela, sendo arrastada.

— Não é óbvio? Fazendo você calar a boca. — respondeu, atravessando um quarteirão em particular.

Rukia não compreendeu.

            Instantes depois, o ruivo a conduziu até uma área desprovida de casas. Nesta mesma área haviam construído um pequeno parque que se apresentava de seis em seis meses.

A pequena se deslumbrou com a visão. Um parque era realmente incrível, mesmo que fosse simples como esse... Um lugar assim, cheio de brinquedos e sorrisos parecia ser algo quase irreal.

— Bem, parece que não vamos ter de nos preocuparmos com filas já que tem pouca gente. — comentou o rapaz, ainda de mãos dadas a ela.

Rukia não respondeu. Ela apenas ergueu a mão que estava sendo segurada por Ichigo, sem entender o porquê daquele contato. O ruivo também pressentiu que não tinha mais porque segurá-la. Ele praticamente empurrou a mão da garota pra baixo, corando com fervor.

— Escolha logo que brinquedo ir! — mandou ele, sentindo seu rosto queimar.

Rukia, como de costume, não deu atenção às reações estranhas do rapaz. Ela elevou a ponta do indicador até seu lábio inferior, considerando as possibilidades.

 Tinha simpatizado com um que parecia mais um pequeno salão quadriculado de carrinhos. Ela apontou em silencio, como se pedisse pra ele lhe dizer que brinquedo era aquele.

— Bate-bate? Então vamos lá. — murmurou Ichigo, seguindo até um homem barrigudo, sentado próximo aos equipamentos que ligavam o brinquedo. — Por favor, eu gostaria de duas entradas. — pediu ele, puxando algumas cédulas de sua carteira.

O homem assentiu, abrindo a portinha que dava acesso aos carrinhos.  

Rukia ficou ainda mais maravilhada ao ter adentrado. Ela mal sabia que carrinho escolher. Viu algumas pessoas manusearem os volantes. Elas pareciam estar se divertindo. Queria provar da mesma sensação.  

Como será que eles se moviam? Será que tinha algo a ver com o cabo de metal que os conectava a uma rede de aço posta no teto? Será que era fácil dirigi-los? Questionava a cada segundo, entusiasmada.

— Rukia, eu ficarei no vermelho. — comunicou Ichigo, entrando em um.

A pequena logo tratou de se dirigir a um carrinho azul que estava no canto.

— Ichigo, como faço pra ligá-lo? Eu nunca brinquei com isso. — falou ela aos sussurros, não querendo que ninguém além dele ouvisse.

Ichigo arqueou uma das sobrancelhas. Francamente, nunca tinha ido a um parque? O que Rukia andava fazendo em sua vida?

— É algo bem simples. Existe um pedal pra acelerar e outro pra dar ré. Você só precisa se concentrar em atingir outros carrinhos. É assim que funciona. — explicou, sentindo que a garota teria problemas em sair do lugar.

— E esse cinto? — perguntou ela, puxando-o.

— Ah, cinto é pros fracos. Como eu sou profissional em bate-bate, não preciso disso. — se vangloriou o ruivo, descartando o cinto de segurança.

— Parece perigoso ficar sem um desses. — murmurou ela, passando o seu por volta do corpo. — Vamos lá, eu entendi as instruções. Não são tão complexas como imaginei. — disse, pondo as mãos no volante.

— Calma aí, Rukia. Como você é uma novata, eu te darei um desconto. — falou ele num tom debochado enquanto manuseava seu carrinho por uma parte da pista.

Rukia o ignorou. Pressionou o acelerador e saiu em disparada.

Em menos de dez segundos, ela já tinha alcançado dois carrinhos, acertando-os em cheio.

— Que brincadeira mais instigante! — gargalhou ela, batendo-os consecutivamente.

— Alguém pare essa louca! — gritou um dos atingidos, tentando escapar, porém, Rukia tinha os encurralado.

— Eu acho que vou vomitar... — gemeu o outro, empalidecendo de tanto ser chacoalhado.

— MAS O QUÊ?! — berrou Ichigo, boquiaberto com a cena.

Rukia seguiu o grito, encontrando o ruivo do outro lado da pista.

Ela repuxou um sorriso maldoso, dando meia volta.

— FIQUE LONGE! — determinou em vão, acelerando seu carrinho.

A pequena surgiu como um meteoro incandescente, alcançando o carrinho do rapaz. Ela colidira com tanta força que fez Ichigo ser arremessado pra fora da pista de bate-bates.  

Ele bateu a cara contra a grama, não acreditando que algo assim tinha acontecido.

— Como eu pensava, ficar sem cinto é muito perigoso! Até mesmo pra um profissional como o Ichigo. — analisou Rukia, passando a mão pelo queixo.   

— Maldita... — gemeu o ruivo, sentindo sua cabeça girar.

            Momentos depois, eles tinham ido a quase todos os brinquedos.

Ichigo comprara um algodão doce para a garota. Era engraçado vê-la devorar algo que era quase de seu tamanho.

Rukia o puxou para uma barraca de tiro ao alvo, mostrando-se interessada em um chappy de pelúcia gigante. Como era o seu aniversário, ele não relutou em tentar ganhar o bichinho.

A morena conteve o riso. Duvidava de que ele conseguisse ir muito além.

Ichigo apanhou a espingarda de mentira e para a surpresa da garota, ele era perspicaz. Possuía um controle de mira impressionante.

Ele acertara todos os alvos, ganhando o chappy com certa facilidade.

O dono da barraquinha não escondeu seu desapontamento em não poder saquear dinheiro em troca de mais tentativas.

Rukia abriu um imenso sorriso. Seus olhos brilharam de emoção quando Ichigo o entregou.  

— Ah, nossa! Obrigada Ichigo, você é demais! — agradeceu com grande entusiasmo.

— Tudo bem, que bom que você gostou...

— Obrigada, obrigada mesmo! — saltitou com o chappy nos braços, parecendo uma criancinha.

— Rukia, você já pode parar de agradecer...

— Obrigadaaaaa! — sibilou ela, em frenesi.

— JÁ CHEGA! — grunhiu ele.

— Ei Ichigo, vamos naquela roda gigante! — exclamou a mesma, puxando-o pela manga do casaco.

Bem, eles já haviam ido em todos os brinquedos, menos na roda gigante.

O que fariam quando saíssem do parque? Talvez devesse chamá-la para a confeitaria e comprar um bolo. Parecia aprazível.

— Vamos Ichigo, ande! — mandou ela, como uma criança dengosa.

— Já estou indo. Você não precisa ser tão apressada. — suspirou ele, caminhando sem vontade.

Durante o caminho, uma loja de flores lhe chamara a atenção.

— Vá indo na frente, Rukia. Daqui a pouco eu te encontro lá. — disse, esperando que ela se fosse para então olhar os inúmeros arranjos de flores.

Ele observou vários dos buques, se interessando rapidamente por um singelo buquê de narcisos brancos e amarelos. Eles eram tão delicados...

Não se demorou. O rapaz o comprou com satisfação, se dirigindo até a roda gigante.

Ele pagou ao senhor que cuidava do brinquedo, em seguida, entrou na pequena cabine, fitando a pequena que o aguardava.  

— Pra você. — estendeu o buquê, sentando-se no lado oposto enquanto buscava camuflar o seu embaraçamento.

Rukia arregalou os olhos, parando com toda sua euforia.

— Narcisos... — murmurou com alguma melancolia na voz. A cabine enfim começara a subir. Ela ergueu as mãos, abraçando o arranjo. — São minhas flores prediletas. — acrescentou, sentindo o perfume das pétalas. — Obrigada, Ichigo. Você tornou esse dia bastante especial. — sorriu ela, com os olhos marejados.

— Boba. Esse dia é especial por si só. Não precisa de mim pra ser desse jeito... Mas, err... — ele se embaralhou, por fim, fitando os grandes olhos azulados. — Feliz aniversário, Rukia.

            Eles voltaram para casa no fim da tarde. Estavam carinhosos um com o outro. Uma situação até rara, já que mal pareciam aqueles dois que só viviam discutindo.

Ichigo a acompanhava até em casa quando pararam ao ver alguém sentado na frente da porta. Era um rapaz alto que usava óculos-escuro vermelho. A princípio, para Ichigo não passava de um mero estranho sentado sem nenhum motivo aparente, no entanto, a reação de Rukia o mostrou o contrário.

A garota tinha paralisado, assim como seus batimentos cardíacos.

O rapaz até então sentado, os viu e tratou de se levantar. Ele carregava um violão nas costas e tinha um estilo de roupa despojado tal como um rockstar.

Ele deu alguns passos lentos, esboçando um sorriso.

— Estou de volta, Rukia. — murmurou ele, puxando os óculos.

A pequena reconheceu aqueles olhos esverdeados, na verdade, nunca os havia esquecido.

Suas mãos se tornaram fracas demais pra segurarem os presentes de Ichigo. Estes acabaram por cair no chão enquanto a garota — que mais parecia hipnotizada — seguia até o moreno, de olhos lacrimejados.

Ichigo ficou estático como se não fizesse parte ou simplesmente não pudesse impedir aquela cena.

Rukia continuou com sua caminhada, com os olhos fixos no rapaz. Ele retribuiu o olhar de maneira carinhosa. Eles estreitaram o espaço restante entre os corpos até a pequena, finalmente, abraçá-lo, afundando a cabeça em seu peito.

— Seja bem-vindo, Kaien-dono.

Os braços dele circundaram gentilmente o pequeno corpo da garota, afogando-a com o calor de seus sentimentos.

“Incrível, Kaien-dono, o meu aniversário... Esse foi o melhor presente que você já me deu.”

Eu que nunca enxerguei bem os sentimentos alheios... No entanto, naquele dia, eu pude ver claramente a grandeza do laço que envolvia Rukia e Kaien. Eu sentia que mesmo se eu desejasse com todas as minhas forças, jamais conseguiria quebrar a força dos sentimentos que os unia. De certa forma, eu me senti angustiado... E zangado comigo mesmo em pensar essas tolices.

Os olhos de Rukia nunca estiveram voltados para mim, quando me dei conta disso,

eu só queria sumir... Lentamente... Como se nunca tivesse existido.


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Notas finais do capítulo

Hehe, O Kaien apareceu. *-* q