Bonds escrita por frozenWings


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora pra postar. Estava viajando. n-n'
Capítulo meio longo e chatinho, espero que gostem e comentem mesmo assim. =D



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Quando eu ajudava o Ichigo a conquistar a Inoue, eu sentia uma espécie de desconforto. Julguei por não ser tão importante, por isso acabei por não ser honesta com você em relação aos meus sentimentos. Aquilo estranhamente destroçava o meu peito... Algo como sensação de perda. Mas como poderíamos perder algo que nunca tivemos?                    

Com o tempo eu estive determinada em apenas uma coisa. E não importava o quanto isso me machucasse... Eu definitivamente faria de tudo para que você continuasse a sorrir. 

                  Ichigo estava extasiado. A decisão de Inoue Orihime de sentar atrás de sua cadeira o tinha deixado extremamente nervoso. A garota tinha ficado preocupada com os seus machucados, resolvendo ficar mais perto no caso do ruivo precisar de algo, embora ele afirmasse com todas as forças que estava perfeitamente bem.

Aquele tipo de situação tinha se tornado um prato cheio para Rukia que se divertia com cada reação do rapaz.

Ele fica tão patético quando está vermelho. Pensou ela, segurando o riso e finalmente prestando atenção na aula. 

Ichigo engolira em seco, seu corpo estava estático.

Para o seu desânimo, a aula já tinha começado há algum tempo. A professora falava distraidamente sobre a história do Japão. Apesar dela repetir e repetir as diversas curiosidades e fatos, Ichigo não conseguia anexar essas informações à cabeça. Por mais que quisesse pensar em algo, sua mente não reproduzia nada mais que um vazio inquietante. Era como ter um quadro branco e não poder riscá-lo.

A ruivinha, por sua vez, rabiscava algumas notas importantes em seu caderno. Parecia um pouco mais concentrada na aula.

Por um instante, Ichigo desviou o olhar para Rukia. A pequena estava de olhos fixos na professora que gesticulava sem parar.

Olhando assim ela até parece inteligente... Bem, só parece. Pensou ele.

 Ele lembrara que não a tinha direcionado sequer um “oi” àquela manhã. Com aquilo, talvez ela acabasse pensando que ele ainda estava com raiva... Mas, de qualquer jeito, ela não estaria errada se pensasse dessa forma, não é? Isso, isso... Ele ainda sentia raiva pela maneira como ela o tratou naquela noite.

— Kurosaki-kun... — murmurou Orihime em um tom misto de desânimo e timidez.

O coração do rapaz por pouco não saltou garganta afora.

— O que foi, Inoue? — perguntou de coluna ereta, buscando ser o mais natural possível.

— Sabe, o Kurosaki-kun gosta bastante da Kuchiki-san, não é? Vocês são bastante próximos. — prosseguiu ela, girando o lápis com a ponta dos dedos. — Fico pensando que tipo de relação vocês têm. — acrescentou, mordiscando o lábio inferior ao perceber que tinha sido um pouco inconveniente. 

Ela tinha seguido o olhar do ruivo. Certamente Ichigo não tinha se dado conta, mas seus olhares para Rukia estavam ficando cada vez mais prolongados.

— Inoue... — sussurrou ele, fitando-a de esguelha.

Geralmente o rapaz responderia aos gritos que nunca teria nada com Rukia, porém, ter escutado tal pergunta dos lábios de Orihime o fez duvidar da própria realidade.

Seus lábios tentaram formar palavras, porém, travaram boquiabertos.

Ele não pôde responder ao ver a expressão formada pela garota.

A ruivinha permaneceu cabisbaixo, também em silêncio. Suas bochechas ficaram levemente ruborizadas.

Inoue está triste? Triste por achar que tenho algo com a Rukia? Algo assim... Seria possível? refletiu o rapaz, ainda surpreso.

O sinal soou como quem quisesse quebrar o silêncio, despertando os demais alunos enfadados pelo assunto entediante.

— Adoro quando chega a hora do lanche! Assim podemos pôr nossas aventuras em dia. Não é, Ichigo?! — saltou Keigo por cima de seus ombros, fazendo uma careta medonha. — Ah! Eu não tinha visto a Inoue-san aí. Essa é uma ótima oportunidade para eu chamá-la ao baile de fim de ano! Que tal me acompanhar, hãm? Inoue-san... — tagarelou ele, praticamente puxando a mão da garota e então beijando-a.

— Bem, eu... err... — balbuciou ela, confusa com o que dizer. — Que repentino, Keigo-san. De onde você surgiu? — sorriu, totalmente sem graça.

— É o que eu me pergunto todos os dias. — rosnou Ichigo, dando uma cotovelada na barriga do amigo. — Keigo, pare de importunar a Inoue! — exclamou, usando sua expressão mais assustadora. 

— Ichigo sempre é tão gentil com os amigos. — gemeu ele, pondo as mãos na barriga.

— Hey Ichigo, Keigo, se apressem, estamos indo lanchar. — chamou Mizuiro da porta, acompanhado de Chad.

Orihime se levantou, esboçando um sorriso discreto.

— Ah, Inoue...

— Kurosaki-kun, conversaremos mais tarde, certo? Onde será que está a Tatsuki-chan? Eu queria que ela experimentasse o bolo que eu fiz de passas e espinafre. — falou a ruivinha, vasculhando toda a sala de modo animado.

— Não me surpreende ela ter sumido... — murmurou Keigo, enojado.

Ichigo também olhou a sala, vendo-a totalmente vazia, exceto pela presença de alguns de seus amigos.

— Cale a boca. — bufou para Keigo, coçando a cabeça. — Vão na frente. Eu vou fazer algumas coisas. Quando terminar encontro vocês. — disse, saindo da sala em passos apressados.

Inoue cerrou os punhos, vendo-o sumir de sua visão. Não era preciso ser vidente pra saber que tipo de coisa ele faria.

                     Ichigo caminhara por toda a extensão do pátio, encontrando os demais alunos da sala. Ele não mostrou interesse. Procurava uma pessoa em especial, embora, não tivesse sucesso em encontrá-la não importando em quantos lugares procurasse.

Ele pausara abaixo de um grande carvalho, aproveitando a sombra projetada por este para livrar-se do sol.

 — Que droga! Onde será que se meteu aquela anã?! — debateu-se de raiva, gritando pra cima como se quisesse descontar na árvore.

De repente, seus olhos captaram uma sola de sapato descendo velozmente do topo da árvore tendo como alvo a sua cara.

— O QUÊ?! — berrou, mas fora tarde demais.

Aquela não era uma sola de sapato qualquer... Era a sola do sapato de Rukia que por conseqüência deixara uma segunda marca no rosto do ruivo.

O impacto jogou Ichigo contra a grama. Suas costelas quase partiram ao meio com o peso do corpo da morena.

— Oh, Ichigo! Eu não vi você aí em baixo. Bem que eu tinha escutado uns grasnados. — disse Rukia, olhando-o caído no chão. — Hey Ichigo, você está bem?

Ele se ergueu em um salto, completamente tomado pela raiva.

— Você ainda pergunta se estou bem?! Já é a segunda vez, SEGUNDA que minha cara é amassada por esse sapato fedorento! — gritou ele em um ataque de nervos, juntando ambas as mãos na garganta da pequena.

— Espera aí Ichigo! Como eu ia saber que você estava de baixo da árvore? Não tenho culpa se você é um grande idiota! — retrucou ela, tentando largar-se das mãos que a enforcavam e chacoalhavam como se fosse um molambo.

— Maldita! E o que diabos você fazia em cima de uma porcaria de árvore?! Você é uma espécie de macaca por acaso? — berrava, derrubando-a na grama.

— Você está tão ridículo com essa cara toda suja de terra! Queria até rir se não fosse maior a vontade de te espancar. — rebateu ela, dando cascudos na cabeça dele enquanto rolavam na grama e ele a esganava. — O que eu fazia em cima de uma árvore? Não é óbvio, seu tolo? É o lugar onde lancho! E afinal, por que você estava me procurando? Aí, saí de cima de mim! — falou entredentes, empurrando-o com o pé.

— Idiota! Isso tudo é culpa sua! Eu vou sujar a sua cara com algo bem pior, você vai ver! Seu nome ao invés de ser Kuchiki Rukia será Porca Rukia! — ameaçou, acabando por lembrar que desconhecia o motivo de tê-la procurado.

O que seria aquilo? Força do hábito?

— Como você é irritante! — disseram um para o outro em uníssono, enfim, dando por encerrados os socos, chutes e apertões

— Estou atrapalhando alguma coisa? — questionou uma voz máscula que ressoou perto de onde estavam.

Imediatamente, ambos giraram as cabeças, encontrando um ruivo alto repleto de tatuagens negras.

Ichigo franziu o cenho. O ruivo lhe era espantosamente familiar. Não podia ser um engano. Aquele estilo era basicamente inconfundível.

Faixa na cabeça. Cabelos longos e cor de fogo amarrados. Roupas personalizadas. Costeletas exageradas. Três brincos em cada orelha. Tatuagens negras, pinceladas de maneira caótica acima dos olhos... Por mais que a realidade aparentasse estar brincando com os seus olhos, não era mentira, suas memórias dos pôsteres e CDs comprados tinham anexado a imagem daquele homem. Manjar

— A... Abarai Renji?! — perguntou aos gaguejos, mal acreditando no que seus olhos mostravam.

O rapaz moveu as orbes, visualizando a expressão incrédula de Ichigo.

— Ora, ora. Ainda existem pessoas que lembram do meu nome. — retrucou ele, exibindo um sorriso maroto que logo se desmanchou ao examinar melhor a face do garoto. — Ei Rukia... Esse pivete realmente parece com...

— R-Renji! O que está fazendo aqui? — interrogou Rukia, como se o tivesse interrompido de propósito.

Renji desviou os olhos para os da pequena. Eles trocaram olhares acusadores pouco compreensíveis para Ichigo.   

— O seu diretor permitiu a minha entrada só por alguns minutos. Eu precisava te dar uma notícia o quanto antes. — explicou ele, pondo as mãos no bolso. — Vamos, venha até aqui, Rukia. — suspirou, dando meia volta.

A pequena ergueu-se em um salto, iniciando uma caminhada até o ruivo.

Ichigo não conseguiu dizer nada para impedir ou contestar a ida de Rukia. As palavras tinham simplesmente enganchado em sua garganta.

Na verdade, não havia porque falar. Não tinha nada a ver com aquilo... Nem ao menos tinha em mente o motivo que o levou a procurar Rukia.

Mas ainda sim, por que será que se sentia tão estranho em ver as costas da pequena voltadas para si?

                     Retornando à sala de aula, Ichigo tratou de sentar em silêncio.

Os pensamentos lhe invadiam a cada instante, formando um turbilhão emocional. Ele já estava cheio daquilo tudo. Se ao menos pudesse controlar esses pensamentos estranhos e involuntários...

— Ichigooooooooo! Por que não foi lanchar conosco como tinha dito? — questionou Keigo, choramingando.

O ruivo mal tinha notado a sua presença.

— Desculpe Keigo, eu fiquei sem fome. Bem, agora eu vou estudar... Então, se você puder não atrapalhar... — falou ele, abrindo sem vontade um livro de biologia.

— Mas, mas, mas... — gesticulou Keigo de olhos marejados.

Ishida, que estava a espreita percebera a expressão pouco comum de Ichigo. Algo definitivamente tinha acontecido. 

— Que momento raro ver o Kurosaki se esforçando para passar de ano. Sugiro que você o deixe, Asano-san. Afinal, seria lastimável ter o mesmo resmungão de sempre em uma de minhas aulas favoritas. O silêncio de agora parece agradável. — se intrometeu o moreno, ajustando os óculos como sempre fazia.

Keigo ainda aparentava estar relutante, mas, para a felicidade do ruivo, ele finalmente o deixou em paz.

A aula estava prestes a começar, quando enfim, Rukia tinha retornado. Ichigo não quis dar atenção, mas acabou seguindo-a com os olhos, mesmo que estes se mostrassem entediados.

A pequena praticamente saltitou até a cadeira do ruivo. Ela realmente estava feliz... Por algum motivo desconhecido.

— Hey Ichigo! Por razões especiais, o diretor me liberou para largar mais cedo. — informou, entusiasmada e ao mesmo tempo teatral.

— O seu amiguinho Renji já foi embora? — perguntou de mau humor. As palavras tinham saído impensadas, quase como um pensamento alto que esteve martelando a cabeça de Ichigo há algum tempo.

Rukia franziu a testa, não entendendo o motivo daquela pergunta.

— Tolo! Depois eu peço um autógrafo dele pra você, se desejar. — ela ergueu o polegar, totalmente descarada.

— Idiota! Como se eu quisesse uma porcaria dessas! — se exaltou, por pouco não levantando da cadeira. — Vamos, diga logo! O que você fez dessa vez pra ser liberada? — perguntou num tom desconfiado.

— Oh, você parece finalmente interessado, caro morango. E como assim o que eu fiz? Não fale como se eu fosse uma arruaceira igual a você. Mas, bem, sobre eu ser liberada, isso é uma surpresa minha para você. Eu tive uma grande idéia relacionada a isso! Como esperado, é claro. — proferiu ela, enquanto arrumava seus pertences na cadeira vizinha.

— Que tipo de idéia? — perguntou, temeroso com o que estava por vir.

— Atrás da nossa rua, eu vi que uma lanchonete foi inaugurada há algumas semanas. Você deve saber de qual lanchonete estou me referindo...

— Eu sei, mas e daí? — interrogou novamente, estranhando sua animação.

— Por que não convida a Inoue para comer com você nessa lanchonete? Ouvi dizer que o atendimento é ótimo. — sugeriu ela, terminando de guardar seu último livro.

Ichigo quase sofreu um infarto. Ele se engasgou com a própria saliva, não fora necessário mais nada.

— O QUÊ?! — praticamente gritou. Aquilo não podia estar acontecendo... — POR QUE DIABOS EU A CONVIDARIA? — perguntou, tentando parecer indiferente à pergunta, apesar de cada vez mais se assemelhar a um completo descontrolado.

 — Que reação mais barulhenta. — suspirou Rukia.

“O que ela está pensando?! Pior! Será que ela sabe algo sobre o que sinto pela Inoue?” pensou Ichigo, apavorado com a probabilidade de suas dúvidas se tornarem certezas.

Nesse mesmo instante, Inoue aparecera na sala.

Ichigo ficara boquiaberto, pondo as mãos na cabeça como se um policial tivesse descoberto o seu crime.

— Vamos, convide-a. — incentivou Rukia, esboçando um sorriso gentil.

Inoue não compreendeu o que estava se passando, ficando somente a fitar a sequência de caricaturas que o ruivo interpretava.

“O QUE HÁ COM ESSA IDIOTA? COMO SE EU PUDESSE FAZER ALGO ASSIM!” gritou em pensamentos, congelado.

Rukia expirou longamente, sentindo que estava superestimando a capacidade do rapaz.

— Inoue, Ichigo estava me contando que gostaria de convidá-la para comer no Food Planet. É uma nova lanchonete. Parece ser um bom lugar. — iniciou de maneira intrometida e sem mais considerações para com o ruivo.

Orihime corou. Como podia Ichigo querer convidá-la pra sair? Até parecia um sonho.

— ESPERE, R-R-R-RUKIA! — berrou Ichigo, à beira da loucura.

— Estou errada? — questionou tranquilamente.

Por um momento ele sondou os olhos da ruivinha. Ah, como eram doces e inocentes... Ichigo ficara paralisado, somente contemplando-os. Ele sentiu seu rosto queimar lentamente. Tinha de fazer algo em relação a isso antes que Rukia encontrasse uma maneira de piorar tudo como sempre fazia.

— Por favor, aceite sair comigo hoje à noite, Inoue. Se aceitar, eu a acompanharei de bom grado. — balbuciou as palavras, com os olhos fortemente fechados. Ele estava ligeiramente curvado, mantendo aquela posição em sinal de respeito.

Inoue expirou o ar, sentindo seu peito quase explodir com aquele pedido.

— S-Sim... Eu adoraria sair com o Kurosaki-kun! — respondeu, ainda sem acreditar no que ele tinha-lhe chamado. Já tinha perdido a esperança de ter algum tipo de relacionamento com o ruivo.

— Ahh... Mesmo?! O-obrigado, Inoue. — respondeu o rapaz, delineando um sorriso tímido nos lábios.

Rukia suspirou novamente, ela tinha feito bastante daquilo. A morena os fitou sentindo-se um pouco desanimada. Ichigo estava sorrindo, então tudo ocorrera bem. Não tinha mais o que fazer ali. Ela terminara de arrumar suas coisas, saindo silenciosamente, sem que ambos notassem.

Ajudar Ichigo era problemático.

Inoue Orihime foi quem eu sempre gostei. Eu dizia isso pra mim mesmo inúmeras vezes... Durante três anos. Quando pensava de maneira séria sobre esse assunto, eu me sentia realmente vazio. Sentimentos são bem complicados. Geralmente embaçam nossa visão.

O amor que eu sentia pela Inoue... Hoje em dia não poderia mover uma palha em meu mundo, porém, naquela época eu acreditei que talvez todas as outras pessoas se sentissem da mesma forma, então estava tudo bem. Logo concluí que não existia alguém que pudesse suprir esse vazio...

Mas, sabe Rukia, tudo o que fazíamos e até nossas brigas me preenche até hoje


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Notas finais do capítulo

Comentem, pls. *-*