Bonds escrita por frozenWings


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Finalmente postei. Desculpem a demora, mas é que houve um imprevisto.. Meu mp4 apagou todo o capítulo que eu tinha escrito até então. Ae eu tive de reescrever. Espero que gostem e comentem. s2



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/163547/chapter/11

Amor. O que isso significa pra você? Eu vejo diferentes respostas vindas de diferentes pessoas. O sentido do amor sempre está se modificando, não é algo como se pudéssemos simplesmente defini-lo em uma única palavra. Isso acontece porque o sentido de amor é variável, o significado se resume ao que a pessoa acha que é. E sempre será assim, mesmo que outros não concordem ou não aprovem, a sua opinião sobre o amor continuará imutável, porque é a sua opinião que conta.
Mas sabe, se me perguntassem o que amor significa... Eu diria que amor, pra mim, é sinônimo de Rukia.





            O sol não se demorou. O que antes tinha sido um dia magnificamente ensolarado, dera lugar a uma noite gelada repleta de grandes massas de nuvens acinzentadas.
Por algum motivo ocasional, todos os moradores da residência dos Kuchiki resolveram sair na mesma noite, deixando a casa completamente vazia.
Byakuya, inclusive, tratava de atravessar um último quarteirão que dava acesso ao hospital onde trabalhava.
Ele executou passadas longas, desejando chegar ao hospital o mais rápido possível, afinal, aquele não era o tipo de trajeto mais apropriado pra se andar à noite.
Conforme foi avançando, notou respingos de chuva umedecerem sua pele. Eles foram ligeiramente iluminados pelos postes
As gotas de chuva começaram em uma quantidade significativa, e pouco a pouco, se multiplicaram até que virassem um chuvisco.
De alguma forma, Byakuya se precaveu contra aquilo.
Sobrepôs um casaco negro por cima de seus ombros e continuou seu caminho, guardando suas pastas e materiais por baixo do traje.
Para o seu desânimo, a chuva engrossou, transformando-se em uma enxurrada inconveniente.
O moreno rapidamente adentrou a um beco úmido, quase que galopando pra não ter que chegar ao trabalho totalmente encharcado.

Ele realmente detestava andar por lugares como aquele, mas tinha de reconhecer que era preciso já que lhe pouparia algum tempo se seguisse por esse caminho.
Inusitadamente, os seus passos e o sopro cortante do vento não foram os únicos ruídos nítidos daquele lugar. Havia algo parecido com passos. E esses passos estavam ao seu encalço, tão frenéticos quanto os do Kuchiki.
Byakuya manteve-se firme. Olhou de esguelha, enxergando algo parecido com um longo manto negro que se confundia com a própria escuridão do beco. Não conseguiu ver o rosto da pessoa em questão.
Possivelmente, o estranho quem trajava aquilo não queria ser conhecido ou simplesmente estava se protegendo da chuva, o que era muito improvável nas circunstâncias em que o Kuchiki se encontrava.
“Será que está me seguindo?” pensou, atento a qualquer movimento suspeito.
Ele resolveu dobrar à esquerda. Os passos tinham cessado por alguns instantes, logo retomando ao seu encalço.
Basicamente, qualquer outra pessoa ficaria amedrontada em ter alguém lhe seguindo, ainda mais de capuz, porém, uma das grandes especialidades de Byakuya era manter a calma e sensatez mesmo em situações tão alarmantes quanto agora.
Dessa vez, o moreno dobrou à direita, tornando a sua dúvida em fato consumado.


O estranho continuou a segui-lo em uma distância segura, até que alterou o ritmo de suas passadas.
Byakuya, ainda que estivesse de costas, percebera a mudança entre o espaço de tempo entre um passo e outro. O chão úmido lhe ajudou a identificar melhor a velocidade que o estranho utilizava. Pelo o que tudo indicava, ele corria em sua direção disposto a agredi-lo.
O Kuchiki se virou.
Tudo aconteceu muito rápido. Em uma fração de segundos, o encapuzado saltou no ar, esticando uma de suas pernas como se esta fosse uma lança.
“Uma voadora?!” pensou Byakuya, erguendo firmemente as suas pastas a altura de seu rosto.
Ele usara seus materiais como uma defesa improvisada. Desse modo, eles substituiriam seu rosto que até então era o alvo atual.

O golpe foi potente. Byakuya recuou ligeiramente, quase que cambaleando para o lado.
O agressor pousou no chão com alguma dificuldade. Ele pareceu desconcertado. A verdade era que não esperava que fosse haver alguma defesa por parte de Byakuya.
Ele tratou de não perder tempo. Avançou numa velocidade incrível, se assemelhando a um vulto.
Sem demora, desferiu uma sequência de socos meticulosamente calculados. O modo como lutava fez Byakuya pensar de que ele tivesse conhecimento em artes marciais, no entanto, tentar importunar o Kuchiki fora até então a pior idéia que poderia ter.
Byakuya defendeu-se de todos os golpes, sabendo exatamente onde bloquear as investidas.
Tinha de reconhecer. O encapuzado era bom, mas não tinha o suficiente para conseguir derrotá-lo.
O moreno tratou de não delongar aquele conflito. Com destreza, agarrou-lhe um dos braços do agressor e o virou de costas, deixando-o completamente imobilizado.
— Você cometeu um erro letal quando resolveu me importunar. — murmurou Byakuya, com os cabelos molhados a caírem por sua testa. — Agora vamos ver quem está brincando de ninja.
Sem hesitação, uma das mãos do moreno elevou-se até o alto do capuz, puxando-o.
De alguma maneira, ele sentiu-se surpreso com a revelação, sendo o bastante pra que o agressor escorregasse por entre os seus dedos, escapando.
Ele não fugiu, pelo contrário, este parecia ser do tipo ousado. Sem medo, deu alguns passos até que ficasse por baixo de uma luminária fraca que revelou com mais clareza a identidade do encapuzado.
— Uma garota?! — questionou Byakuya, empregando meios de não parecer tão surpreso.
A chuva ficara mais forte, ensopando tudo, inclusive a ambos.
— O que é? Está surpreso? — perguntou a mulher num tom debochado.
Ela certamente possuía características um tanto exóticas e quem sabe surreais.
Sua pele era escura e bronzeada. Os cabelos, por sua vez, eram ligeiramente arroxeados e estavam fortemente presos em um rabo de cavalo.

Os olhos eram, talvez, a característica mais enigmática daquela mulher. Não só a cor, mas também o contorno destes adquiriam uma leve semelhança com os felinos.
Byakuya nunca tinha visto nada igual. Os olhos dourados eram assustadores e ao mesmo tempo incontestavelmente abrasadores. Aquela era um tipo de combinação do qual não fazia qualquer sentido...
— Sabe, eu tenho de concordar. Ninguém nunca reagiu tão bem aos meus golpes como você. — iniciou ela, exibindo um sorriso de orelha a orelha. — Como recompensa, eu direi a você o meu nome. Eu me chamo Shihouin Yoruichi e basicamente pretendia te roubar. — completou em um suspiro.
Byakuya ficara em silêncio, apenas observando-a. Ela era um tipo de ladra incomum, pelo menos pra ele.
— Bem, vamos continuar com isso. Perdi a vontade de roubar você, mas em compensação, você despertou em mim o apreço por esta pequena luta, então, não vou pegar leve com você e espero que faça o mesmo. — ela se posicionou, atenuando o sorriso para uma expressão mais séria.
O moreno continuou quieto.
— É do tipo monossilábico? — perguntou ela, tomando velocidade. — Particularmente falando, eu acho homens como você um tanto sensuais. — acrescentou com um sorriso malicioso nos lábios, em seguida, disparando pra cima dele.
Inicialmente, ela utilizou de um chute, sendo devidamente bloqueado por Byakuya que decidiu acabar com tudo aquilo de uma única vez.
Ele fora extremamente perspicaz.
Segurou a perna da morena, dando-lhe um empurrão seguido de um de seus antebraços que espremera levemente o pescoço da ladra contra a parede do beco.
Ele tinha conseguido paralisá-la.
Yoruichi ficara sem palavras, ficando somente a encará-lo.
Os lábios de Byakuya entreabriram, como se estes estivessem prestes a dizer algo.
— Desculpe, mas a minha honra não permite que eu bata em mulheres. — sussurrou em um tom mais gelado que as próprias gotas de chuva, sondando-a demoradamente.

Ele erguera uma das mãos, levando-a em direção ao ombro da ladra.
— O que vai fazer? — perguntou ela.
— Quando você acordar, saberá o que eu fiz. — respondeu, não dando tantos detalhes.
Aquele pequeno diálogo serviu para que Yoruichi tirasse proveito do moreno. O único membro que conseguiu livrar do controle de Byakuya fora um de seus braços que o empurrou fortemente contra o corpo da morena na tentativa de executar um plano inusitado.
Ela estreitou o espaço restante entre eles e — do nada — pressionou seus lábios contra os do Kuchiki, beijando-o.
Byakuya não esperava por aquilo. Ele sentiu-se confuso e por mera consequência, acabou folgando toda a marcação em cima da ladra, facilitando a sua fuga.
— Mas o que...! — arfou ele, esfregando a mão por cima dos lábios ao tempo em que via a garota tomar uma certa distância.
— Aposto que você não esperava por um golpe arrasador como esse, não é, Bya-kun? — falou Yoruichi, bastante satisfeita com o resultado obtido.
Definitivamente, Byakuya não conhecia aquele golpe e por este motivo, não pôde desenvolver uma defesa apropriada.
— Maldita... — grunhiu ele, não sabendo dizer o que mais lhe irritava. O beijo ou o modo estúpido de como ela começara a lhe chamar. — Como sabe o meu nome?
Ela apontou o indicador para o crachá dependurado no tecido da roupa de Byakuya. Para a sua infelicidade, ela o tinha lido.
Yoruichi pusera o capuz mais uma vez, dando alguns passos em rumo a um lado mais sombrio e escuro do beco.
— Bem, não vai ser legal se você se atrasar para o seu trabalho, então se apresse. — murmurou ela, sumindo lentamente por dentro daquele meio fúnebre. — Não baixe a sua guarda. Nos encontraremos novamente. Até breve.

E ela se foi numa despedida tão sem sentido quanto sua aparição.
Byakuya a viu partir, não ousando impedi-la.
Ele soltou um longo suspiro, pensando na imensa sorte que lhe rondava.
Normalmente as pessoas eram simplesmente assaltadas e deixadas à toa, mas parece que ele estava destinado a ter uma maníaca fissurada lhe seguindo.
Bem, de qualquer forma, ele não tinha o luxo de ficar gastando o seu tempo com esses tipos de pensamentos.



            Em um dos bares próximos ao hospital, estavam todos os integrantes dos Thunders aparentemente comemorando a entrada de Ulquiorra à banda. Claro que com exceção de Matsumoto que insistira em vir mesmo não fazendo parte do círculo daquela comemoração.
— Os seios da Rangiku-san são realmente belos, não acha? — sussurrou Hisagi, com um hálito quase tóxico.
— Argh! Pare de beber, Shuuhei. Você está começando a envergonhar a si mesmo. — resmungou Hitsugaya, prendendo a respiração ao sentir a fragância alcoólica que vinha da boca do rapaz.
— Você é muito chato! Vou conversar com outra pessoa. — ele girou a cabeça, por pouco não caindo em cima da pessoa sentada à sua direita. — Você que me entende, não é, Grimmjow amigão? — riu ele, agarrando-o pelo pescoço.
— Se você me tocar mais uma vez, faço você engolir essa mesa. — rosnou o azulado, incomodado com todo aquele contato físico.
— Nada de brigas, garotinhos. Hoje viemos aqui para comemorar a entrada do nosso tecladista, então sejam bonzinhos pelo menos por hoje. — falou Kaien, num tom brincalhão.
— Francamente... — murmurou Toushirou, encaixando seus lábios a um canudo que sugava refrigerante do copo.
— Oh! Essa imagem é tão engraçada. — gargalhou Matsumoto, de súbito. Pelo o que parecia, ela estava tão bêbada quanto Hisagi.
O grisalho arqueou uma das sobrancelhas, intrigado com o comentário da peituda.

— O que é tão engraçado?!

— Você bebendo no canudinho... Me lembra uma cena muito pervertida. Vocês querem que eu conte? — ela se desmanchou em risadas caóticas, como se tivesse contado a piada mais cômica do mundo.
— Matsumoto-san! Olhe! São bolinhos! Eles vieram da Terra dos Salgados pra brincar com você. Não os deixe esperando... — proferiu Kaien, erguendo uma travessa de bolinhos na frente da garota.
— Eles são tão dourados e redondos... — retrucou ela, agarrando a travessa.
— Não seriam bolinhos se fossem quadrados... — cochichou Kaien, tendo a certeza de que a sua distração tinha funcionado.
— O que disse? — perguntou ela.
— Nada! Continue a brincar com eles, se não chamarei o Pacman para comê-los... — complementou, mexendo os dedos como se quisesse assustá-la.
— Você consegue ser mais retardado que ela. — comentou Hitsugaya, apoiando o queixo em uma das mãos.
— Qual é? Estou tentando salvar essa comemoração. Seja mais grato. — reclamou ele, enfiando um onigiri enorme na boca.
— Seus modos são péssimos. — comunicou Toushirou, sondando-o.
— E você está com arroz na cara. — cuspiu as palavras, fazendo com que um pouco do arroz voasse na cara de Hitsugaya.
— Droga, Kaien! Dá pra parar com essas imundices?! Você às vezes parece uma criança! — berrou o garoto, pegando um guardanapo para limpar a face suja.
— Eu não posso deixar morrer a criança que vive em mim. Entenda, Toushirou!
— Vocês têm certeza de que isso é uma comemoração? — sussurrou Ulquiorra num tom abusivo, até então só dialogando para apontar possíveis falhas ou críticas.
— O que você queria?! Um bolo recheado com um ''Bem-vindo'' feito à glacê e velinhas coloridas por cima de botões de açúcar? — explodiu Grimmjow, impaciente.
— Fala sério... Acalme-se, Grimmjow. — advertiu Renji, entediado com aquelas discussões que estavam se tornando cada vez mais frequentes.

— Por que EU tenho que me acalmar? Esse emo de uma figa só fez reclamar de tudo desde que chegamos! Estou quase com a mão na cara dele! Depois os emos não sabem porque acabam chorando sozinhos em um canto. Eu agora sei a razão por eles nunca pegarem mulheres e acabarem virando gays. São muito frescos! — resmungou, virando um copo de sakê.
— Briga, briga, briga! — repetiu Matsmoto, às palmas.
Todos os outros fregueses direcionaram os olhares para a mesa em que os Thunders estavam sentados, afinal, não existia mesa mais problemática que aquela.
Ulquiorra não rebateu. Ele não era permissivo à discussões desnecessárias.
— Por favor, Matsumoto-san... — pediu Kaien com um sorriso sem graça, juntando as mãos da ruiva para que esta não voltasse a bater palmas.
— Não sei porque ainda ando com vocês. — suspirou Hitsugaya, revirando os olhos.
— Acho que se aplica ao fato de você fazer parte da mesma banda que nós. — retrucou Renji.
— Será? — perguntou o grisalho, sem emoção.
— Que conversa mais chata. Isso que dá um bando de marmanjos saírem pra um lugar sem qualquer garota. Chegamos ao momento em que não se tem absolutamente nada pra fazer e começamos a falar besteiras sem parar. — bufou Grimmjow, de braços cruzados.
— Então você nunca tem nada pra fazer? — interrogou Toushirou, irônico.
— Não me irrite, seu nanico de circo! — rosnou ele, inclinando o corpo para o lado, onde agarrou a gola da camisa do pequeno... Claro que quase a esmagar Hisagi que estava entre os dois.
— Grimmjow, meu amigão! — exclamou Hisagi, sem qualquer controle sob suas ações, abraçando-o com força.
— Eu disse a você que faria com que engolisse essa mesa! — grunhiu o azulado, esquecendo Toushirou e usando uma das mãos para segurar uma quantidade significativa do cabelo de Hisagi.
Ele empurrou a cabeça do mesmo contra a mesa, pressionando-o.

— Que criatura maléfica você é... — murmurou Kaien, olhando-os.
— Mas isso é raro. — falou Renji.
— O que é raro? Bater a cabeça do Hisagi contra a mesa? Eu faço isso quase toda manhã.— perguntou Grimmjow.
— Não, não... O fato de você não se referir a Rangiku-san como uma garota ao qual pudesse elogiar e cortejar. Ela é uma mulher espetacular, conhecendo você, já deve tê-la cantado há muito tempo...
— Do que está falando? Até mesmo eu sigo os meus princípios. — respondeu Grimmjow, juntando as sobrancelhas.
Uma gargalhada rasgou o silêncio do bar, fazendo com que os fregueses e até mesmo funcionários os olhassem.
— Qual a graça disso tudo, seus idiotas?! — resmungou ele, mal humorado.
— Grimmjow e princípios? Isso é uma antítese. — falou Kaien, não contendo os risos.
— Ant... O quê?! Kaien, seu maldito, fale como uma pessoa normal! — rezingou, cerrando os dentes.
— Quero dizer que são ideias totalmente contrárias. Opostas. Não combinam. São irracionais. — acrescentou ele, esfregando os olhos que tinham lacrimejado.
— E a qual princípio você segue? — questionou Renji, mostrando curiosidade.
Hitsugaya ficara calado. Queria manter a imparcialidade na conversa.
— Ora, eu não costumo cantar as garotas que certos idiotas gostam... — retrucou ele, olhando para Hisagi.
— Oh, então você tem alguma honra aí dentro por seus companheiros? Fico muito orgulhoso. É tão gratificante quando testemunhamos o crescimento de nossos filhos, não é, Toushirou? — questionou Kaien, afinando o tom de voz.
— Fale por si mesmo. — o grisalho desviou os olhos, não querendo participar daqueles comentários sem sentido.

— Ah é... Eu esqueci que o Hisagi tem uma queda pela Rangiku-san. — disse Renji, vendo os braços do rapaz se estenderem até que alcançassem os de Matsumoto.
— Rangiku-san, você quer casar comigo? — perguntou Hisagi, com uma voz arrastada e desorientada.
— Eu adoro brincar de casinha. Eu posso ser a mamãe? — ela tomou mais um gole de sakê, exibindo um sorriso amarelo para Hisagi.
— Bem, existe gosto pra tudo. — suspirou Hitsugaya, meneando a cabeça.
— A que parte se refere? — indagou Kaien, exibindo um sorriso malicioso.
— A ambas. Eles formam um casal perfeito, não acha? — ele esgueirou um breve sorriso.
— Cara, que tédio! Eu quero mulher. MULHEEER! — gritou Grimmjow, quase que entrando em um colapso.

            Nesse mesmo instante, quem sabe por obra do destino, duas garotas surgiram em meio ao bar.
Uma delas reclamava por não ter trazido o guarda-chuvas, enquanto que a outra pedia pra que ela se acalmasse.
Grimmjow voltou os olhos para as duas, vendo que elas eram formosas... Pelo menos de costas.
— Eu não acredito... Minhas preces foram finalmente atendidas. — murmurou ele, não crendo no que seus olhos lhe mostravam.
Renji seguiu os seus olhos, examinando as duas garotas em questão. Elas pareciam, de alguma maneira, familiares ao seu ver.

— Espera aí... Se eu fosse você não se animava tanto. Uma delas é aquela garota que deu uma bolada na sua cara e a outra é uma amiga da Rukia... Elas até estudam na mesma sala. — informou o ruivo, estreitando os olhos.
— Como é que é? — indagou Grimmjow, sem escutar o que ele havia dito.
— Amiga da Rukia? — Kaien, por sua vez, pareceu ter ouvido somente aquela parte.
Ele piscou rapidamente, mirando a visão até uma ruiva próxima à entrada do bar.
— EI, GAROTAS! NÓS TAMBÉM SOMOS AMIGOS DA RUKIA! POR QUE NÃO SE JUNTAM A NÓS? — berrou Kaien, levantando-se.
Todos os que estavam na mesa o encararam com uma expressão assustada.

— O que pensa que está fazendo, seu idiota?! — cochichou Hitsugaya, baixando a cabeça com o tamanho da vergonha.
— Estou apenas convindando as amigas da Rukia para se juntarem a nós, que pergunta... — explicou ele, franzindo a testa.
— Tudo bem, eu acho que exagerei no que eu disse... Na verdade, elas só estudam juntas... — Renji tentou desfazer o equívoco, mas já era tarde demais. As garotas agora vinham em direção a mesa.
— É isso aí, Kaien! Esse é o tipo de atitude enérgica que esperamos de nosso líder! — apoiou Grimmjow, evidentemente entusiasmado.
— COMO É? E-Elas não são amigas da Rukia?! — balbuciou o moreno, embaraçado.
— Essa noite poderia piorar? — Hitsugaya passara ambas as mãos no rosto, esperando sinceramente que tudo não passasse de um amargo pesadelo.
— Nunca faça essa pergunta. — murmurou Ulquiorra, comendo um dos bolinhos com calmaria.
— Ora, ora... Se não é o palhaço do ego inflado. Eu deveria imaginar que só alguém como você pra fazer tanta macaquice em um bar. — pronunciou Tatsuki, que surgiu acompanhada de Orihime.
A princípio, ela pareceu ter enxergado somente a Grimmjow já que não direcionou os olhos pra mais ninguém além do azulado.
Inoue, por outro lado, passou os olhos por todos os que estavam sentados, pausando-os em Ulquiorra. Ela nunca tinha visto alguém como aquele rapaz. Rapidamente sentiu-se um pouco hipnotizada pelo modo excêntrico do tecladista.
Ele fulgurou os olhos até os dela, fitando-a prolongadamente.
Quando a garota se deu conta disso, afugentou os olhos para o lado, esperando que ele fizesse o mesmo.
— O que você está fazendo aqui?! — Grimmjow tentou raciocinar e entender o que tinha acontecido com aquelas duas garotas de outrora. — Não me diga que...
— E esse é o efeito causado por muito álcool, Orihime. Demência aguda. Se bem que esse aí parece ser desse jeito por pura competência. — provocou Tatsuki, cruzando os braços.

— Eu concordo. — sussurrou Hitsugaya.
— De que droga de lado você está, seu parafuso?! — pronunciou entredentes, irritado.
— Não é óbvio? — suspirou o garoto, desanimado.
Grimmjow juntou as sobrancelhas. Não deixaria que alguém como ela o ofendesse daquela maneira.
— Olha só, falou a garota que mais parece um homem. Eu vou admitir, quando te vi de costas, eu até pensei que fosse uma mulher, mas aí se decorreu o triste momento em que eu me assustei, sim, foi quando você virou, então eu pensei: Nossa, ultimamente ando confundindo marmanjos com mulheres, tenho que parar de beber. — gesticulou Grimmjow, exibindo uma expressão divertida.
— Seu...! Se assuste com isso! — rosnou a morena, furtando-lhe o copo de sakê e atirando toda a bebida por cima do seu cabelo.
— T-Tatsuki-chan! — exclamou Orihime, temerosa com o que sua amiga pudesse fazer.
— Sua garota estúpida! Olha o que você fez! — reclamou Grimmjow, horrorizado com o estado do seu cabelo.
— Ah, o que temos aqui? Um metrossexual? Que meigo. — zombou ela, fazendo uma careta.
"Será que foi uma má ideia chamá-las?" refletiu Kaien, assistindo a tudo.
— Por favor, nos desculpem, nós realmente não queremos causar problemas! — ressaltou Inoue, um pouco nervosa.
— Não querem causar problemas? Você só pode estar brincando! É só olhar pra cara dessa sua amiga pra perceber que ela é o problema em pessoa! — rosnou Grimmjow, apontando para Tatsuki de modo acusador.
A garota mostrou a língua, sendo tão infantil quanto o azulado.
— O quê?! Agora eu acabo com essa sapatão! Vem cá! — ele se levantou, sendo impedido por Renji que o imobilizara por trás, cuidando pra que ele não causasse maiores danos. — O que está fazendo, Renji?! Me larga!
— Idiota. Você nos envergonha. Querendo bater em uma mulher? Tudo bem que ela é insuportável, parece um homem, e... — iniciou o ruivo, continuando a segurar seus braços.

— Sapatão?! Eu que vou acabar com a sua raça, seu pedaço de lixo! E você também, cabeça de abacaxi! — explodiu Tatsuki, também sendo impedida por Orihime que a continha com certa dificuldade.
— Abarai, você não está ajudando em nada. É melhor não falar nada. — aconselhou Hitsugaya.
— Tatsuki-chaaaan! — choramingou a ruivinha, levando algumas cotoveladas na cara.
"É, foi uma uma ideia infeliz." concluiu Kaien, estalando a língua.
— Estou vendo um onigiri em sua cabeça, Hitsugaya-kun! Eu quero comê-lo. — falou Matsumoto, arregalando os olhos.
Antes que o garoto pudesse responder, a peituda estirou o corpo por toda a mesa, derrubando algumas garrafas e pratos enquanto agarrava o pequeno, fazendo um bom trabalho em enfiar a cabeça deste em meio aos seus seios.
— Eu não consigo respirar! Me solta, Matsumoto! — esperneou o grisalho, com a voz abafada.
— O que é isso? O QUE É ISSO?! — espantou-se Hisagi, despertando ligeiramente de sua embriaguez — Você traiu a minha confiança, Hitsugaya! Pensei que fôssemos amigos.
— Não fale bobagens, Shuuhei! Apenas me tire daqui. — mandou ele, desesperado.
— Eu... Eu... Você vai ver agora a minha vingança... Como pôde? Ela é a MINHA garota... Como pôde? — ele levantou, cambaleando para trás, onde levou alguns chutes por entrar na briga de Tatsuki e Grimmjow.
Hisagi caiu no chão, choramingando.
— Mais como é idiota... — murmurou Ulquiorra, balançando a cabeça.
— KAIEN! — gritou Hitsugaya.
— Por que esse tipo de coisa sempre sobra pra mim? — suspirou o moreno, andando até o encontro de Matsumoto e Toushirou. — Me lembrem de nunca mais sair com vocês.
— Eu vou me vingar... EU VOU! — ele se pôs de pé, fazendo esforço pra não cair novamente.
— Hisagi, eu acho melhor você sentar, e... — recomendou Kaien, sendo interrompido por um soco inusitado do rapaz.
—Toma, Hitsugaya! — Hisagi cantou vitória, vivendo na ilusão de que tinha acertado a cara do grisalho.

— Imbecil! Por que fez isso? Eu não sou o Toushirou! — resmungou Kaien, pondo a mão na bochecha que rapidamente inchou.
— Não adianta tentar me enganar! Eu vou acabar com você! — ameaçou Hisagi, saltando por cima de Kaien.
— Eu já falei que não sou ele! Seu bêbado estúpido! Quando sairmos daqui eu vou cuidar de internar você! — rosnou ele, tentando se defender das loucuras do baterista.
— Onigiri, onigiri, onigiri! — cantarolou Matsumoto, deixando que a saliva escorresse pelo canto de seus lábios carnudos até alcançar os fios esbranquiçados de Toushirou.
— EI! EIIIII!!! NÃO! Isso... Isso... É baba?! NÃÃÃÃÃO! — berrou o garoto, tendo a certeza de que aquilo tudo era um pesadelo.
— Será que eu deveria pedir a conta? — interrogou Ulquiorra a si mesmo, convencido de que logo, logo, os outros fregueses os linchariam daquele lugar.




            Longe dali, Rukia enfim retornava de mais um dia exaustivo de trabalho.
A chuva tinha lhe encharcado por completo. Ela continuou a pedalar até que parasse em frente a sua casa, enfiando uma das mãos nos bolsos de seu casaco.
Para a sua infelicidade, esquecera a chave.
Ela bateu uma, duas, três vezes na porta, perdendo as esperanças de que existisse alguém em casa.
— Droga, todo mundo resolveu sair na mesma noite? — sussurrou, descontente com a resposta que surgia em sua cabeça.
O vento assobiou, seguido de uma trovejada que rasgou o céu.
O coração de Rukia quase parou de susto.
— Eu devo encontrar algum lugar até que algum deles chegue. — concluiu, guiando a bicicleta à calçada.
Distraidamente, a pequena ergueu os olhos, enxergando Ichigo.
Ele estava parado, encostado à porta de vidro de seus aposentos, limitando-se a observar o quarto de sua vizinha.
A príncipio, a pequena não compreendeu porque ele fazia aquilo, no entanto, as memórias dele saltando em sua sacada e dizendo que espantaria o seu medo vieram à tona, como se quisessem que ela o entendesse.
— Ichigo... — sussurrou a pequena, com os dentes a baterem de tanto frio.

O ruivo, por sua vez, chegara à conclusão de que ela não estava em casa, assim como todo o resto. Talvez tivessem saído juntos.
Naquele instante, pensamentos disformes e de certa forma conectados entre si, começaram a surgir, atormetando-o.
Um deles, e talvez o mais forte, era o de Kaien lhe ameaçando.
Aquilo revirou o seu estômago.
Desde que Rukia aparecera em sua vida, parecia que todos os seus dias e inclusive sua existência tinham sido preenchidos e tingidos por diferentes cores. Imaginar sua vida sem ela... Ou até mesmo com outro... Isso fazia com que tudo retornasse ao branco. Sem vida. Sem sentido.
Quando ela tinha se tornado tão importante assim?
Ele baixou o olhar, enxergando Rukia a atravessar a calçada.
Em uma fração de segundos, seu coração galopou e a pressão foi para as alturas.
Ela estava ali. Estava... Mas poderia não estar mais.
O ruivo bateu a mão contra a porta de vidro. Mais uma vez, não sabia o que fazer.
Não queria perdê-la... Esse sentimento se tornara tão forte que não podia mais controlar ou esconder. Ele não desejava que a sua vida perdesse as cores que Rukia tingiu com tanta perfeição...
Ele mordiscou o lábio. Não pensou duas vezes. Disparou em direção a porta de seu quarto.
A morena passava por frente de sua casa quando o viu abrir a porta com urgência.
Ela arregalou os olhos, assustada com o rapaz.
Ichigo arfou, tomando ar pra transformar os pensamentos em palavras.
— I-Ichigo, o que houve? — interrogou a pequena, achando aquilo tudo muito inesperado.
— O que houve?! Você quer saber o que houve? — perguntou ele, indo ao encontro da garota.
Ele saíra do alcance da estiada de sua casa, sendo rapidamente molhado pela chuva persistente.
Por alguma razão, Rukia não conseguiu responder, apenas esperando que ele realmente a respondesse.
O ruivo levara uma das mãos até o braço dela, puxando-o até que sua mão tocasse na parte esquerda de seu peitoral.

— Dessa vez eu não voltarei atrás, Rukia. Apenas me ouça. — alertou, olhando-a fixamente. — Está sentindo isso? Até hoje... Você foi a única garota que fez o meu coração bater tão forte ao ponto de doer.
Ele largou o braço da morena, concentrando-se em tocar-lhe o rosto, onde a aproximou ainda mais de seu corpo.
— Ichi... — sibilou ela, fitando-o.
Ele encostou o indicador ao meio de seus lábios, silenciando-a.
— Eu nunca soube quando seria o momento certo pra dizer isso... Na verdade, eu nunca imaginei que diria algo desse tipo a alguém, mas eu sinto... — ele corou, vivenciando uma verdadeira batalha para pronunciar cada uma daquelas palavras. — Aqui, dentro de mim, Rukia... Eu não quero mais ter de negar, nem disfarçar em uma amizade... Eu realmente te amo. — sussurrou, dessa vez, não esperando que ela o impedisse.
Inicialmente, seus lábios encostaram nos dela em um toque carinhoso. Ele pôde sentir a respiração da pequena alterar-se, ficando falha e desconcertada.
Para a sua surpresa, ela não o repeliu. Os olhos azulados o fitaram demoradamente, como se estivessem enfeitiçados.
— Você sempre transforma as minhas dúvidas em certezas, Ichigo... — ofegou ela, largando a bicicleta de lado e encostando a testa na dele, fechando os olhos. — Eu também... Eu também te amo... Demais... — respirou fundo, chapando-lhe um beijo mais intenso e apaixonado.

Ichigo arregalou os olhos, retribuindo ao beijo. Não podia acreditar...
As línguas se encontraram, explorando cada particularidade de ambas as bocas. Eles se mordiscaram, prolongando o beijo como se estivessem sedentos por aquele momento há tempos.
Os braços do ruivo envolveram o pequeno corpo da garota, a suspendendo e girando no ar.
"Obrigado, Rukia... Você definitivamente me faz o homem mais feliz do mundo."


Ei Ichigo... Se eu pudesse escolher alguém pra passar a eternidade comigo, eu certamente o escolheria. Você deve saber... Até hoje eu continuo a sonhar com você.
De tantas pessoas que eu encontrei na vida, nunca pensei que você seria a peça perfeita. A peça que me completaria e até então, me tornaria viva, como jamais fui.
Acho que geralmente só percebemos a grandeza de nossos sentimentos quando estamos longe demais para exercê-los.
Sabe, pensar que talvez você tenha me esquecido, é muito doloroso... É quase como se eu jamais tivesse feito parte da sua vida.
Eu não quero que essas lágrimas caiam quando eu voltar. Ichigo, eu não quero que veja quando eu me despedaçar em vê-lo tão bem sem mim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!