Gaara POV

Eu não gostava nada daquele lugar, não gostava de nada naquilo, ainda bem que eu já sai, mas parecia que meu pai queria que eu ficasse. Já cansei de bancar o filho bonitinho e perfeitinho, eu queria poder gritar a minha raiva.

Entrei no meu quarto e fiz questão de bater a porta com força. O remédio que eu havia jogado no chão ainda estava La, todo espalhado por cada canto. Eu queria não poder precisar disso, mas eu sou dependente.

Peguei meu celular na cômoda e reparei que havia muitas ligações perdidas da Sakura, havia ate uma mensagem na caixa postal. Eu apenas ignorei e joguei o aparelho em qualquer lugar, logo em seguida caindo exausto na cama. Uma boa noite de sono é tudo que preciso. Preciso de espaço.

Olhei para o remédio jogado no chão e me odiei por ter tido aquela atitude estupida. A raiva começou a consumir o meu corpo. Levantei da cama e sai do quarto, a procura de uma empregada.

–Chyo! Porque meu quarto ainda esta sujo?! Eu passei o dia inteiro fora! Mande alguém limpa-lo. Agora! – Gritei com a governanta. Ela apenas recuou e fez o que eu mandei.

– Se acalme pirralho. – Ignorei a minha irmã e comecei a andar ate o meu quarto. – Ele vai acabar lhe mandando de volta para aquele lugar.

–Cala a boca Temari! Eu quero que você e ele vão tomar no...

– Nem ouse falar isso para uma dama! – Gritou indignada. Nossa, como é sofisticada! Dei uma risada irônica.

–Eu não vejo nem uma aqui. –Ela pareceu ficar possessa,me fuzilava com seus olhos verde musgo.

– Mais respeito com a sua irmã mais velha! – Dei de costa e comecei a andar novamente, mas ainda havia algo para dizer, então eu parei.

–Va para o inferno e leve o meu “pai” com você, faça o favor de ficar por La. – Senti seu olhar queimar a minha costa. Olhei de canto para a loira com quatro rabinhos de cavalo, seu rosto estava vermelho de raiva.

.:Ulgy:.

Meu quarto estava escuro, aquelas pílulas me lembravam de o quão idiota eu fui. Olhei para a minha janela. Andei ate ela em passos lentos. Toquei com as pontas dos meus dedos o vidro frio, a noite La fora era iluminada apenas por estrelas e algumas luzes na rua. Abri a janela e olhei para baixo, só para ter certeza se não era tão alto, mas era, alto o bastante para eu quebrar um braço se caísse errado. O que eu tenho a perder? Nada, seria a resposta correta.

Preparei-me para pular e assim o fiz. Cai e acabei machucando as minhas costas e machucando meus joelhos também, rasgando a minha calça, gostei do jeito que ela ficou, diferente de qualquer roupa que eu tenha.

Eu ainda nem tinha passado pela parte mais difícil, ainda tinha que pular o muro para fora de casa, sem falar que teria que atravessar o jardim sem ser visto pelos seguranças e seus cães. Sorri só de pensar no desafio, sorri mais ainda quando ouvi um grito do meu pai me chamando, o grito vinha do meu quarto.

O homem olhou pela janela, vi seu cenho franzir e um arrepio passou pela minha costa, mas eu estava entorpecido demais com a adrenalina, nunca em minha vida pensei em fazer algo assim. Para melhorar a minha situação, mostrei para ele o dedo do meio, podem começar a fazer meu funeral, eu estava morto.

–GAARA! –Sai correndo desesperado pelo jardim. Que se danem os seguranças! Eu queria sair daqui o mais rápido possível! Subi o muro rapidamente, mas não pensem que só por isso os seguranças desistiram de mim, eles me seguiram o quarteirão inteiro. Eu estou completamente morto...

Sakura POV

–Obrigada, Sasuke. – Agradeci assim que sai da moto. Ele olhou interrogativo para o lugar, mas apenas murmurou um “Hn” e saiu em disparada com o veiculo. Virei-me para o lugar. O mesmo parquinho em que eu havia passado com a Hinata. A minha infância toda eu vivi ali, bom, boa parte dela, o resto, obviamente, eu passava em casa e na escola.

Comecei a andar devagar ate o balanço antigo. Havia pétalas de cerejeira espalhada por todo lugar, aquilo apenas fazia o ambiente mais nostálgico. Comecei a me balançar, sentindo o suave toque do vento em meu rosto. Sem perceber, comecei a cantarolar alguma coisa qualquer.

–Sempre achei que você canta bem... – Um sorriso se abriu ao ver a silhueta do meu melhor amigo.

–Sempre achei isso também... Eu tenho um talento natural. – Esbocei um pequeno sorriso, ele retribuiu o ato. Sentou-se no balanço ao lado do meu. – Briguei com a Hina hoje, ela parece bastante brava.

–Hum, porque? – Suspirei e tomei fôlego para contar aquela historia.

–Ela ficou com ciúmes, porque, não sei como, Naruto gosta de mim, teve uma pequena confusão de informações e nos no final brigamos feio... – Franzi o cenho ao ouvir uma gargalhada, olhei para o ruivo incrédula, boquiaberta. Ele estava mesmo debochando do meu problema?

–Ela realmente gosta desse lesado...Faça as pazes. – Dessa vez foi eu quem teve que rir. Como se fosse tao fácil, ela não estava chateada e eu também. Não sei por que ela não quis simplesmente assumir que estava errada.

–Ela disse que é mais bonita que eu, disse que de todas as pessoas, ela não esperava que ele olhasse pra mim, disse que eu sou uma medrosa que apenas fica sentada esperando você me salvar...nao sei...isso foi...inesperado da parte dela. – Ele não falou nada, apenas olhou para o céu, em um ato estranho, começou a contar as estrelas.

– Ela esta certa. – Aquilo me pegou desprevenida, não entendi ao certo o que aquilo quis dizer, mas apenas continuei a ouvir. – Não sobre ela ser mais bonita, isso não é verdade. Mas já esta na hora e aprender a falar e a andar sozinha Sakura, não dependa de mim, pode haver dias como hoje em que eu não vou poder ajuda-la. Não significa que eu não vou protegê-la mais. Quero que você cresça sozinha, quero que você viva a sua vida. Corte as cordas que lhe controlam, mude sua vida. – Ele continuava olhando para o céu, sua expressão era neutra, meio que sem vida. Olhei para o chão, pensativa. Ele estava certo, certo ate demais, me mostrando o quão errada eu poderia estar.

–Obrigada...

–Quanto ao caso do Naruto, não deixe que algo tão bobo acabe com uma amizade de muitos anos. Hinata esta errada, mas por enquanto, ela não esta agindo com a cabeça, mas sim com o coração. – Finalmente olhou para mim, seus olhos verdes possuíam um certo alivio, mas ao mesmo tempo agonia. Agora, eu quem olhei para as estrelas, elas pareciam brilhar mais. – Minha mãe vivia contando estrelas, ela disse que isso acalma uma pessoa. Sempre que me irrito, para não ser controlado pelo ódio, eu as conto.

–O que aconteceu? – Perguntei. Ficou um momento calado, abriu a boca algumas vezes, mas ruído algum saia.

–Eu...eu fiz uma besteira hoje e pareceu que eu estava tendo um ataque, então ele me levou para aquele lugar horrível. Acabei fugindo de casa, fiz besteira de novo e sai correndo, algo me diz que eu vou acordar com um olho roxo. – Ele falava com um pouco de relutância, no final da frase, ele deu um pequeno sorriso, mas eu não achei engraçado, ele agiu por impulso novamente, sendo controlado pela raiva, novamente.

–O que você vai fazer? – Murmurei. Meus olhos, que antes estavam pregados nas estrelas, se voltaram para os meus pés, vendo-os balançaram.

– Não sei, mas também não ligo. Estou meio cansado, um dia eu terei que voltar, talvez em algumas horas...por enquanto eu quero ficar aqui. – Se levantou do balanço e começou a andar. Parou em frente ao escorrega – bunda*.

–Lembra que a Hinata gritava de medo em descer nisso? – Perguntei. Ele demonstrou um meio sorriso.

–Sim, mas não pense que ela era a única, você também ficava morrendo de medo... – Sorri encabulada, era verdade, eu morria de medo, ate mais que a Hyuuga.

–Nos éramos diferentes, você sempre pareceu gostar mais de ficar na terra, brincando, do que nos outros brinquedos. Já eu e Hinata, corríamos e pulávamos por ai.

–Sempre gostei de terra, acho que um dia ainda serei dono de uma praia... – Comecei a rir, sendo acompanhada por ele.

–Acho que isso não é possível, já que elas são propriedade da cidade... – Também levantei e comecei a andar por ai, olhando os brinquedos em que eu costumava brincar.

–Não me importa, eu serei dono de uma. Darei o nome de... – Parou para pensar por alguns instantes. – HyRuSa

–O que? Que tipo de nome é esse? - Parei de andar e o olhei surpresa.

–As junções dos nossos nomes. HYuuga, HaRUno e SAbaku.

–Que idiota Gaara...então que tal...Hasahy?

–Melhor...mas acho que pode melhorar. – Fiz uma careta de desgosto.

–Você sabe que o meu é melhor e não a nada melhor. – Empinei o nariz e comecei a andar novamente. Ele deu uma gargalhada sonora, sem me conter, comecei a rir junto dele. Começamos a voltar ao normal, recuperando o fôlego. Olhei para esse lugar novamente, tudo nele me lembrava de quem eu sou, de quem meus amigos são. Pedacinhos de cada um de nos esta aqui.

–Gaara...Acho que preciso ir a mansão Hyuuga.