Capítulo 03

Draco só saiu da cabine quando a poção polissuco perdeu o efeito e ele voltou às suas adoradas formas masculinas.

Feliz em ter contato com ar puro foi atrás do capitão do navio. Ignorou os olhares debochados que recebeu dos gêmeos. Provavelmente eles já estavam sabendo do ocorrido em sua recente experiência na pele do sexo oposto. Literalmente.

– Potter!

Harry ouviu o chamado e voltou-se para o loiro. Estivera debruçado na amurada desde a conversa com Fred e George. A mente estava perdida em pensamentos. A grande maioria deles refletia a ansiedade que sentia.

– Eu estava preocupado com você. Está tudo bem?

– Está – o recém chegado se apoiou na amurada imitando a pose do jovem capitão pirata – Só não queria ficar transitando por aí com aquela aparência enquanto os idiotas dos Weasley têm uma câmera na mão.

– Ah. Falando nisso... – Harry enfiou a mão no bolso da capa e tirou o retrato que recolhera mais cedo – Reconhece esse traseiro? Peguei com os gêmeos.

Draco ficou indignado.

– Que horas eles tiraram isso?! – tentou pegá-la, porém Potter foi mais rápido e guardou de volta no bolso.

– Potter, isso é meu!

Harry riu:

– Errado. Isso é meu.

O loiro corou ainda com expressão emburrada.

– Pervertido. Tarado – desviou os olhos para o céu azul. A aparência era de bom tempo. Navegavam de forma constante, cortando as nuvens brancas e as usando como disfarce, graças ao feitiço de Hermione Granger. Apesar de toda aquela calmaria havia algo que preocupava Malfoy – Esse mapa funciona mesmo? Você sabe que tem muita coisa em jogo...

– Não se preocupe, Draco. Tudo vai dar certo.

– Harry, temos o mundo todo aos nossos pés. Porque quer correr o risco de perder tudo por causa de uma vingança idiota?

O moreno deu de ombros.

– Não é uma vingança idiota, Draco. Não vou permitir que aquele cara passe seus dias confortavelmente em Azkaban depois do que ele fez.

– Eu não diria que Azkaban oferece algum conforto.

Potter virou-se e fitou seu companheiro:

– Sei que você não é o bruxo mais corajoso da face da Terra. Também sei que não está gostando nada da idéia. Se preferir posso deixar você n’A Toca ou em Grimmauld Place até voltar de Azkaban. São lugares seguros, nunca o encontrarão por lá.

O loiro fez uma careta desprezando a idéia.

– Pro seu governo sou muito corajoso, obrigado. Não se esqueça que fui eu quem se infiltrou no Travessa do Tranco. Eu provoquei uma briga que colocou o bar abaixo. E eu aproveitei a confusão para roubar o mapa. Então não duvide da minha coragem.

– Desculpe, não está mais aqui quem falou.

– E eu não tenho plano nenhum de ficar mofando naquela sua casa horrorosa. Muito menos com aquela ruiva insuportável que entra no cio toda vez que você está por perto.

– A Ginny é só uma criança!

– Sei. Criança era eu quando conheci você. Ela é uma vadia louca pra dar o bote.

– Não deixa o Ron te ouvir falar assim.

– Morro de medo dele. E, além disso, o único lugar seguro... – Draco percebeu o que ia falar e calou-se sem completar a frase fazendo Harry sorrir de lado. Intuía o que ele diria.

– O único lugar seguro...? Seria ao meu lado...?

Malfoy moveu uma das mãos e começou a observar as unhas, visivelmente sem jeito:

– Talvez, Testa Partida. Não fica se achando.

– Não to me achando, Draco – chegou mais perto do loiro e segurou na cintura magra puxando-o para mais perto, colando os corpos – Eu prometo que nada vai dar errado, está bem? Confia em mim mais uma vez.

Antes que pudesse dar uma resposta, o momento foi interrompido pela voz de Hermione, ampliada magicamente com sonorus:

– Harry! Fomos descobertos, Umbridge nos cercou a estibordo! Eles estão prestes a atacar!

Continua