Os Guardiões da Existência escrita por kaio_dantas


Capítulo 3
As difíceis lições


Notas iniciais do capítulo

Segundo capitulo um pouco mais emocionante, os nossos jovens heróis já entrando em ação e aprendendo valiosas lições.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/162903/chapter/3

— Nossa mãe deve estar preocupada, Ray.

— Deve mesmo, e nem poderemos falar nada para ela.

— É, temos que falar exatamente do jeito que o Eterniel nos falou.

— Tá, afinal, nem sabemos se tudo o que ele disse é verdade.

— Você está certa, só vou acreditar em tudo que ele disse quando vir, mas tenho que confessar que o jeito como viemos parar na entrada do povoado foi no mínimo... Estranho.

— Quem sabe quando acordarmos amanhã, não veremos que foi tudo um sonho.

— Você realmente acredita nisso, Ray?

— Não, mas bem que gostaria. Estaria me considerando menos louco agora, se tudo fosse um sonho.

Chegaram então em casa, tinham combinado no caminho uma história que justificaria a demora e os anéis, aos quais eles tentaram tirar no caminho para esconder, mas não conseguiram.

Assim que entraram deram de cara com Susy que os esperava sentada em uma poltrona na sala. Assim que os viu esboçou um leve sorriso que foi rapidamente substituído por uma cara ameaçadora. Ficou de um tom rubro, parecendo que ia explodir.

— Vamos fugir para a floresta. Lá temos mais chances de sobreviver a ela. - cochichou Ray.

— Mãe, calma nós estamos bem. - falou Bryan lentamente.

— Calma?! Vocês somem durante o dia inteiro, aparecem quando já está quase anoitecendo e me pedem calma? E quanto ao seu bem estartemo que ele esteja em risco agora.

— Mãe, não faça nada que a senhora possa se arrepender mais tarde. – Bryan disse amedrontado.

— É mãe, afinal o que a senhora achou que pudesse acontecer conosco? Um maluco nos levar para uma caverna e lá nos dar poderes mágicos?

Nesse momento Bryan lhe deu uma cotovelada.

— Não brinque comigo, Ray Monry. Não abuse da sua sorte. Ora, era só o que me faltava! Depois de tamanha irresponsabilidade, ainda fica com gracinhas!

— Mamãe, nos desculpe. Nós realmente fomos inconsequentes, mas é que ficamos brincando por muito tempo e com isso ficamos muito cansados e acabamos pegando no sono ao pé de uma árvore.

— Desse jeito vocês vão acabar comigo, ainda se acham adultos. Sumam daqui. Vão para a cozinha a comida de vocês está na mesa, provavelmente está fria, afinal vocês estão horas atrasados.

Os dois andaram até a cozinha e lá estavam os pratos de comida. Assim que a viram, sentiram seus estômagos doerem de fome. Lembraram-se de que tinham apenas tomado café naquele dia, sentaram-se logo.

— Ray, que idiotice foi aquela que você falou?! Quer que a mamãe descubra tudo?

— É lógico, se você não quer que alguém saiba de algo é só falar para ela como uma brincadeira.

— Você está negligenciando tudo que o Eterniel nos disse.

— Vai com calma, não leve a vida tão a sério. No fim vai acabar morto mesmo, ainda mais agora.

— Seu ar irônico é detestável.

— Mudando o assunto, você não está ansioso para aprender a usar logo os poderes do anel?

— Estou, acho que nem vou conseguir dormir essa noite. Ainda bem que a mamãe não viu os anéis, senão daria mais trabalho ainda para explicarmos.

— Realmente, tomara que o dia amanheça logo. Já pensou se eu puder fazer uma onda imensa?!

— Nossa que incrível! Já pensou que tudo isso pode ser uma ilusão e nada mais?

— Deixa de ser estraga prazeres, Bryan.

Os irmãos levantaram-se após fazerem suas refeições e foram para o quarto. A mãe deles ainda estava na sala iluminada agora pela luz da lareira, pela cara ela não parecia menos furiosa e o seu olhar fazia os garotos se sentirem como criminosos. Os garotos passaram e foram para o quarto, lá se deitaram.

A noite foi mais longa do que qualquer outra já fora. Os garotos não conseguiram dormir e a noite parecia passar tão devagar que eles perderam completamente a noção do tempo, com isso aguçavam cada vez mais os ouvidos para ouvir qualquer coisa que soasse como sinal que o dia amanhecera. Muito tempo pareceu se passar desde que haviam se deitado, até que finalmente ouviram passos na escada. E logo Susy estava a bater na porta e a chamá-los.

Ambos levantaram-se quase como um arco reflexo, tatearam a mão para ter certeza que o anel estava lá.

— Não era um sonho.

— Não.

Susy estava a preparar o café, como sempre fazia. Dessa vez Cristian já estava sentado à mesa. Ray e Bryan não se demoraram, e logo estavam na cozinha a espera do delicioso café que sua mãe estava a preparar.

Susy serviu a todos e tudo correu como no dia anterior. Cristian assim que terminou, saiu para ir trabalhar e os garotos saíram logo em seguida para encontrar os outros.

— Voltem logo. - advertiu Susy.

— Não se preocupe mãe.

Eles saíram e foram para a entrada da floresta. Já estavam lá a esperaDevyl e Morgan.

— Onde está Denika? - perguntou Ray.

— Não sabemos, ela costuma se atrasar sempre. - assim que Devyl acabou de falar, viram queDenika vinha caminhando.

— Falando nela... - disse Bryan.

— Oi, espero que não tenha feito vocês esperarem.

— Não fez, mas vamos parar de conversar. Bryan faça logo o que o Eterniel mandou.

— Tá Devyl, pedindo com tanta educação. Em nome da luz eu purifico. - e começou tudo de novo: o chão sumiu e de repente eles se encontraram na caverna. Todos caíram, exceto Morgan que já havia se preparado para o impacto.

— Olá jovens, não se preocupe com o tempo. Vocês vão se acostumar a teleportar. Bem, vamos iniciar logo o treinamento, existem séculos de treino a serem repassados.

Ele se dirigiu para a sala com os bancos e os cinco o seguiram, havia uma pilha de livros sobre a mesa.

— Sentem-se. - e com um acenar de mãos, os livros moveram-se ficando cada um à frente de um garoto.

— Esses livros serão seus maiores companheiros, eles lhe ensinarão tudo o que vocês precisam saber. Encaixe seus anéis no centro e girem.

Os garotos encaixaram seus anéis no livro e giraram. O livro automaticamente se abriu.

— Só vocês podem abrir seus livros, então não tentem abrir os livros uns dos outros, isso pode não ter boas consequências.

— Entendido, já são tantos riscos é melhor obedecer. - disse Morgan

— Existem algumas coisas que vocês precisam saber sobre os anéis: primeiro os anéis sem o conhecimento dos livros lhes darão poderes totalmente limitados, exemplificando, com os conhecimentos do livro o Ray pode criar um imenso maremoto já com o poder apenas do anel ele produzirá apenas algumas ondulações. Segundo: os anéis não podem ser retirados antes do momento certo.

— Nós percebemos isso ontem. - afirmaram Ray e Bryan.

— Bem, por último: vocês precisam saber que assim como vocês usufruem dos poderes dos anéis, eles também se utilizam de suas energias vitais. Logo, se vocês abusarem dos poderes pode acabar mortos.

— Quantas vezes isso já aconteceu? E porque não nos avisou antes? - inquiriu Denika.

— Bem jovem, nas cinco gerações em que eu fui tutor, só aconteceram duas vezes e se eu tivesse lhe avisado sobre isso, seria mais um motivo para vocês pensarem em não aceitar.

— Estou me sentindo ludibriado! - exclamou Devyl.

— E que estória é essa de cinco gerações? Pensei que você tivesse sido o tutor de todas. - falou Ray.

— Deixe-me tentar da maneira mais simples possível: estou em um patamar entre o humano e o celeste, ser tutor é apenas um estágio até poder se tornar um anjo totalmente perfeito.

— Bem, vamos iniciar nossos treinos e parar de conversa.

— Psico’sstartum. - tudo em volta começou a se distorcer, e de repente eles estavam na frente de cinco grandes portões.

— Para onde você nos teleportou?

— Vocês não foram teleportados, na verdade nós nem saímos daquela sala, essa é uma ilusão psíquica. Entrem cada um em uma porta vocês aprenderão quase tudo que precisam.

Eles, um pouco temerosos, seguiram para os portões que se abriram instantaneamente. Era impossível ver qualquer coisa lá dentro, mas finalmente entraram. Eterniel dividiu-se em cinco e seguiu cada um deles.

Assim que Ray entrou viu as trevas virarem luz. Diante dele estava apenas um precipício, ao qual em seu fundo perpassava um grande rio. Ele conseguia ver do outro lado do precipício outra porta.

— Jovem Ray, o que fazer para chegar ao outro lado, que tal tentar pular? - riu.

— Seus extintos são totalmente psicóticos, Eterniel.

— Jovem, vamos começar com o seu treinamento. Como guardião do anel da água, você tem que saber avaliar tudo ao seu redor. A água como essência da vida, está em tudo. Concentre-se e tente fazer uma ponte com o rio que se passa debaixo de nós; aponte o anel para a água.

Ele fez o que Eterniel lhe falou, concentrou-se enquanto apontava seu anel para água. Passaram-se alguns minutos até que ele conseguiu produzir algumas ondulações na água do rio, até que pequenas gotículas começaram a flutuar e o fluxo de gotas aumentou exponencialmente até se tornar um jato que subia freneticamente formando uma ponte - no começo fina, mas que logo aumentou sua espessura.

— O que eu faço Eterniel? O anel me dá o poder de andar sobre a água?

— Não seja prepotente garoto, abra a primeira página do seu livro e em nenhum momento perca a concentração.

Ray abriu o livro e lá estava escrito um feitiço que pelo pouco que ele leu percebeu que se tratava de um feitiço para congelar. Ele já estava ficando cansado, sentindo sua energia ser sugada pelo anel.

— AcquaGellatum. - o rio que agora não estava mais no fundo do precipício - mas ligando um lado daquela sala ao outro - estava congelando e cada vez aparentava estar mais sólido.

— Eu consegui! - exclamou Ray.

— Não perca a concentração antes da conclusão plena da magia que foi invocada.

— Não está vendo, eu consegui agora posso atravessar.

Ele já ia caminhando para atravessar, quando Eterniel pegou uma pedra e arremessou bem no meio da ponte. Aos poucos, ela foi ruindo até só restar os pedaços gelados no fundo do precipício.

— Seu louco você sabe o quanto eu me esforcei para fazer isso!

— Onde essa juventude insolente vai parar? Eu faço o nobre favor de salvar a sua vida e você me chama de louco!

— Talvez se você não tivesse arremessado àquela pedra eu...

— Estaria no fundo desse precipício, soterrado por toneladas de gelo. Tenha bom senso jovem, algo que rui com o impacto de uma pedrinha nunca suportaria o seu peso.

— Porque não me avisou? Eu teria refeito o feitiço, seria mais fácil.

— Não me culpe pela sua incompetência, se não estivesse comemorando como um bobo alegre não teria interrompido a magia antes do tempo e não estaríamos passando por isso.

Ray se deu por vencido, percebendo seu erro. Abriu seu livro e encontrou um feitiço para fazer a água voltar à forma líquida. Assim que achou o fez, e quando conseguiu derreter todo aquele gelo repetiu o processo para construção da ponte. Dessa vez o processo foi um pouco mais rápido, e depois de algum tempo lá estava àquela passarela branca feito neve.

Desta vez, Ray tinha certeza que havia realizado a magia da maneira mais perfeita possível. Ele seguiu o exemplo de Eterniel e arremessou uma pedra maior do que a anterior, mas nem sequer um floco de gelo se moveu.

Ele então atravessou e chegou até a porta. Eterniel o seguiu.

— Jovem você passou no seu teste e aprendeu uma grande lição. Esses poderes exigem de você uma maturidade muito maior do que a sua idade lhe proporciona, mas você não seria um dos escolhidos se não fosse capaz de adquiri-la.

***

—Morgan, vejamos se você continuará com essa sua solidez depois do que aqui acontecerá.

— Não me subestime. Fale logo o que tenho que fazer.

— Olhe para cima. - lá em cima estava uma porta como aquela que entrara para chegar até ali.

— Você está brincando comigo? Será que você esqueceu que me deu o anel da terra? Se quisesse que eu voasse porque não me deu o do ar?

— Deveria olhar o seu livro antes de falar asneiras como essa.

Morgan abriu o seu livro e o folheou até que achou uma página, na qual mostrava um feitiço que lhe permitia levitar sobre uma pedra.

— Aponte o anel antes de ler o feitiço. - falou Eterniel parecendo irônico.

Morgan apontou seu anel para o chão em baixo de si e proferia:

— Levita Petrus. - passou alguns minutos proferindo as palavras, que não produziram nem sequer um leve tremor de terra.

— Acho que esses anéis já estão fora do prazo de validade.

— Senhor, provenha paciência para seu nobre servo! Evidente que você não conseguiu nada. Se tivesse lido todas as informações sobre o feitiço ao invés de ler apenas suas finalidades, teria percebido que o mesmo exige um nível de controle muito maior do que você possui no momento. Tente algo do seu nível e verá.

Usando um pouco de criatividade Morgan encontrou o feitiço correto, um que lhe permitia criar degraus a partir de blocos de pedras movidos da parede. Ela então foi movendo os blocos um a um até conseguir chegar à porta.

— Inteligente Morgan. -Eterniel aparecendo atrás dela.

— Sabia que você e seus poderes me dão medo?!

— Você aprendeu uma lição muito útil: nem sempre aquilo que parece ser melhor para uma determinada situação é realmente o melhor.

***

— O que vai fazer Devyl, para sair daqui?

— Pode deixar, sei o que fazer.

Eles estavam em frente a uma parede de pedra. Devyl abriu seu livro e achou logo um feitiço que lhe permitia derreter qualquer coisa, apontou seu anel para a parede e o conjurou.

—Solarum. A parede se derreteu como se fosse gelo, mas algo pelo qual ele não contara aconteceu: apareceu outra parede.

Ele não desistiu e usou novamente o feitiço, aconteceu o mesmo que da outra vez e a parede foi ao chão em sua forma incandescente e então avistou uma nova barreira. Dessa vez de metal.

— Você está brincando comigo?

— Não, você está indo tão bem, continue.

Enaltecendo seu extinto prepotente, Devyl virou-se e executou pela terceira vez o feitiço. Foi muito mais difícil derreter a parede e exigiu um consumo muito maior de energia do que das outras vezes, o que o fez cair de joelhos. Quando finalmente derreteu a muralha de metal viu uma porta, mas estava fraco demais e foi até a porta quase engatinhando.

— Aprenda Devyl, nada é tão fácil que não possa ficar difícil. E embora seja de seu feitio, procure não subestimar os seus desafios antes de conhecê-los.

***

Denika estava à frente de um abismo que aparentava não ter fundo. Ela lançou uma pedra no abismo na esperança de ouvi-la se chocar, mas como temia não, houve barulho algum.

— Não me diga que eu tenho que atravessar esse abismo.

— Você supôs corretamente, jovem Denika.

— Eu disse para não falar!

— Enfrente seus medos, confie em seus poderes, sempre poderá contar com eles.

Relutou a ideia de atravessar o abismo. Eterniel percebendo que nada que dissesse a faria atravessar, fez o chão da caverna começar a se mover, tornando cada vez menor o espaço entre a parede atrás deles e o abismo.

— O que está fazendo? Quer nos matar.

— No fim me agradecerá por isso e na verdade, sou imortal.

A única coisa que aterrorizava mais Denika do que a possibilidade de atravessar o abismo voando era testar o quão fundo era.

— Se eu fosse mortal igual a você, e pudesse evitar me esborrachar no fundo de um abismo eu o faria.

— Eu te odeio! - falou enquanto abria o seu livro. Para sua sorte encontrou rapidamente um feitiço que transformava qualquer objeto em um aparato voador. Ela não conseguiu pensar em nada que pudesse usar até que lhe veio uma ideia louca, porém brilhante. Apontou seu anel para o livro aberto e conjurou - Ille fugam permittere. - O livro então começou a erguer-se. Ela sentou no livro e desejou chegar ao outro lado do abismo como dizia o feitiço e o livro voou até outro lado como mandado.Eternieljá a esperava do outro lado, e Denika desceu e desfez o feitiço.

— Muito bem jovem! Esplêndida a ideia.

— Não venha com esse papo, eu poderia ter morrido! Agora poderia estar no fundo daquele abismo se é que ele tem fundo.

— Mas não está, se você não tiver confiança nos seus poderes ninguém terá por você. Se ficar com medo, como ficarão as pessoas que dependem de você?

***

— Bryan, o mais brilhante dos meus pupilos. Temo não ter lição alguma para lhe passar.

— Como assim? Eu ainda não sei utilizar meus poderes!

— Digamos que esses testes não têm como objetivo aprender a utilizar os poderes, mas dar a oportunidade de transcender defeitos que poderão lhe atrapalhar.

— Mas eu não sou perfeito.

— Nem eu, mas só seremos capazes de ultrapassar nossos defeitos. E você já o fez, por isso é o líder. Vou ser simples: para realizar um feitiço basta usar o anel, se concentrar e convocar a magia. Aos outros eu aconselho bom senso para não utilizar-se de feitiços acima de seu nível. Se teleporte para sair daqui.

— O mesmo que eu usei para chegar até a caverna?

— Não, aquele feitiço serve apenas para levá-lo para caverna, com tempo você perceberá que aquele local não faz parte do seu mundo, até para protegê-lo.

Bryan abriu o livro e achou a magia que lhe permitia ir para onde estavam seus amigos e usou. Ele se teleportou para uma sala, e os quatro já estavam ali, sentados a sua espera. Eterniel foi o último a aparecer.

— Estou orgulhoso de todos vocês. Tenho certeza que não são mais os mesmos que entraram aqui. Vocês devem voltar para casa agora; não será bom se começarem a suspeitar do sumiço de vocês.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Adoraria saber o que estão achando e o que esperam do futuro, por favor comentem para que eu
possa melhorar.