Un Baiser Plus escrita por H_S


Capítulo 27
Capítulo 27- Pieces


Notas iniciais do capítulo

Oi gente.
Primeiro de tudo, muito obrigada pelos review's de vocês, não respondi todos ainda, eu sei, mas eu leio todos, e fico muito feliz que estejam gostando. E um agradecimento em especial a LídiaSasuSaku, por mais recomendação a fic. E se você ainda não comentou, comente, e se quiser recomendar, recomende sem medo.
Sei que devem estar bravos com minha demora, mas eu tive uns probleminhas e então atrasou tudo. Mas pronto. Tá aqui o capítulo vinte e sete.
O capítulo foi completamente revisado pela Mayumi, mas se possuir algum erro, pedimos desculpas.
Bem, pra quem não sabe, eu ganhei um fanclub,de uma garota chamada Patrícia. Ela vai estar postando entrevistas, quando serão as postagens e outras coisas no blog dela que eu vou colocar o link nas notas finais. Então quem quiser dar uma olhada lá... Link lá embaixo. (ela excluiu :P agora eu fiz um blog pra mim, link continua lá embaixo)
Enfim, para ouvir junto com o capítulo recomendamos a seguinte música:
1º - http://www.youtube.com/watch?v=kBSR_hwKXAM&ob=av3e
Sem mais delongas, boa leitura.



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UN BAISER PLUS

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Capítulo 27

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Pieces

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"Eu me preocupava bastante com o que queria ser quando crescesse, quanto ganharia ou se me tornaria alguém importante. Às vezes, as coisas que você mais quer, não acontecem. E às vezes, as coisas que jamais esperaria, acontecem."

Amor e Outras Drogas (Love and Other Drugs)

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Dia 1

Clínica de Reabilitação

O tempo dentro do espaçoso carro utilitário da reabilitação parecia se arrastar, o caminho parecia longo e distante e o carro lerdo e, às vezes, abafado. Um breve suspiro escapou por seus lábios, parecia uma sensação de toda a sua liberdade estar sendo arrancada em míseros pedaços. Naquele pequeno intervalo de tempo em que sentia seu corpo cansado, mas ao mesmo tempo sóbrio, sentia uma grande onda de culpa.

Culpa por ter fumado, se drogado, por ter feito sexo apenas para gastar o tempo, por ter sido idiota e estupido. Sentia-se culpado por todas suas atitudes que o levaram para aquele carro e aqueles vinte e oito dias que pareciam intermináveis.

Seus olhos se voltaram para o prédio branco, assim que o movimento do carro parou. A grande placa a frente fazia uma sutil propaganda, e então os alinhamentos em calcário branco sobre a singela entrada davam um ar acolhedor ao local. Suas mãos se apertaram a alça da mala de mão, a puxando para fora do carro. Lentamente o utilitário preto fora se afastando e Sasuke permaneceu parado, fitando o calcário e o granito misturados sobre o piso e o prédio completamente branco em uma pintura em relevo.

Um suspiro escapou por seus lábios quando fitou as mãos de Shizune contra ambos de seus ombros.

– Sei que não tivemos bons momentos aqui, Sasuke... Mas agora tenho completa certeza que está inteiramente disposto a mudar, então, por que não entramos... Você se ajeita no seu temporário quarto, e ai, eu lhe passarei as regras, ok?

Não respondeu. Sua voz permaneceu muda e trancada e sua língua se esfregou entre seus lábios secos. Não estava nem um pouco entusiasmado em descobrir como seria o seu novo e temporário quarto ou muito menos as normas de conduta do local.

Seus passos contra vontade começaram a seguir em direção à porta de entrada. O mesmo ambiente hospitaleiro do lado de fora se estendia pelo o de dentro. Seus olhos fitaram a lareira pré-aquecida, as poltronas acolchoadas e o sofá de couro, fitou a grande escada em espiral, deveria levar para os quartos.

– Você terá um parceiro de quarto... Ele está quase para sair da clínica, então você ficará sozinho com o quarto em menos de sete dias. – Shizune explicava calmamente andando ao lado de Sasuke – Ele não é de falar muito, se isso for um consolo. O quarto está sozinho no momento, mas logo ele deve retornar.

Sasuke manteve sua boca fechada, fitando Shizune girar a chave sobre a porta e então empurrá-la. Seus passos seguiram lentamente, fitando a televisão antiga, mas ainda usável, os dois colchões e dois criados mudos acompanhados com um par de abajures. Um armário de dois compartimentos e um banheiro ao canto. Não era um espaço grande, nem pequeno. Mas num tamanho ideal para duas pessoas.

– Aulas em grupo... Horário de almoço, café e jantar estão sobre a sua cama. Como eu disse, vou deixar você se adaptar para depois conversamos sobre as normas.

Pela primeira vez, sua cabeça fez um movimento, acenando em resposta, fazendo Shizune abandonar o quarto em seguida. Seu corpo seguiu em direção à cama, se deitando contra o colchão de molas um tanto quanto duro. Apoiou sua cabeça sobre ambos de seus braços e fitou lentamente o teto, vendo as teias de aranha nos cantos da parede.

Seus dedos roçaram pelos seus olhos cansados e fundos e então os fechou por alguns segundos, deixando sua mente vagar aberta pelas suas lembranças presas e bem guardadas.

Um sorriso debochado escapou por seus lábios, ouvir os xingamentos de Sakura sobre sua cabeça era uma ótima maneira de pensar nela. Não iria mentir, amava Sakura. E sentia falta dos cabelos cor de rosa e também daquele olhar esverdeado que ela o mandava toda vez que o encarava. Ainda tentava adivinhar o que passava pela cabeça dela toda às vezes em que ela o encarava daquele jeito.

Manteve-se fixo na pequena imagem que agora se formara em sua mente. Sakura e Ryu. As principais razões para estar fazendo aquela “loucura” de vinte e oito dias. Abriu lentamente os olhos, tentando manter aquela imagem fixa e tentando ignorar aquela sensação de formigamento e queimação que passava por seu corpo. Aquela sensação lhe dava vontade de levantar daquela cama e procurar por alguma droga. Seria uma das coisas mais difíceis que teria de fazer.

Aguentar aquela sensação por vinte e oito dias. Uma sensação de como sua pele estivesse sendo arrancada, acompanhada por bichos mordendo e andando sobre seu braço e com um fogo entrando em seguida, junto com as alucinações constantes. Seria mais do que complicado. Era mais como uma prova de resistência passar praticamente um mês sem drogas. Completamente sóbrio.

Aqueles seriam longos dias. Longas semanas.

Pelos menos disso tinha completa certeza.

Seus olhos se abriram rapidamente quando ouviu o chiar da porta. Seu cenho se manteve franzido, encarando o homem alto, de cabelos ruivos um tanto rebeldes com uma expressão um tanto solitária, carregando uma gaiola de passarinho consigo.

– Oi... – a voz saiu num murmuro, praticamente, antissocial - Jūgo Jyugo. Eu... Durmo aqui. Deve ser o tal de Sasuke... Você foi o que se meteu com drogas, não é?

– E o que você fez? - Sasuke manteve seu rosto em indiferença, apenas encarando o sujeito a sua frente. Queria ficar sozinho naqueles dias, mas estava satisfeito em saber que ele se mandaria em sete dias.

– Distúrbio Intermitente Explosivo. - Jūgo murmurou em resposta – As vezes eu me descontrolo mais do que deveria... Eu joguei uma cadeira no quadro da minha escola uma vez, tentando acertar a professora, por ela não ter me deixado ir ao banheiro... Desde então eu estou aqui... Mas... Eu acho que agora... Estou controlando melhor isso.

Sasuke ergueu a sobrancelha. Aquilo era uma clínica de reabilitação para qualquer tipo de coisa? Era o que se passava por sua cabeça, encarando Jūgo a sua frente. Pensava que só encontraria drogados naquele lugar, mas parecia ter deduzido errado.

– Interessante. – foi o que sua boca conseguiu murmurar em resposta.

– Eu... Vou soltar ele... – Jūgo ergueu a gaiola, era quase como se pedisse permissão para soltar o passarinho de sua gaiola. Mas antes que Sasuke pudesse dizer algo em resposta, Jugo se aproximou da janela, abrindo à gaiola e começou a encarar o pássaro levantando o voo ao meio das árvores.

– Certas coisas nunca deveriam ficar presas... – Jūgo murmurou, encostado a janela. E Sasuke permaneceu o encarando como se tentasse entender tudo o que se passava na cabeça daquele cara – Bem vindo à clínica... Espero que melhore logo.

O tom de Jūgo saiu hospitaleiro e amigável, fazendo Sasuke acenar em resposta e apenas encará-lo, pegando dez yenes sobre a cômoda, indo comprar um novo passarinho.

Seu corpo se recostou novamente a cama, fitando a gaiola vazia deixada em cima da mesa de teve. Definitivamente, seriam dias longos, estressantes e interessantes.

–-----X------

O engarrafamento em Tóquio era algo completamente comum e cansativo. Dependendo da situação, podiam-se passar horas parado no mesmo lugar. Gaara desligou o motor do carro na esperança que aquele trânsito andasse em alguns segundos, mas sabia que demoraria mais do qualquer outra coisa.

Seus olhos se voltaram para Ino no banco do carona, balançando a cabeça de um lado para o outro ao ritmo da música calma que a rádio tocava naquele momento. Seus lábios se comprimiram por alguns momentos. Ainda estava com aquela historia da formatura em sua cabeça. Seria realmente possível de que Ino se cortasse? Não conseguia imaginá-la fazendo algo daquele tipo, mas também não conseguia deixar de ter aquela dúvida presa em sua mente.

– Aquilo era verdade? – sua voz saiu em um tom meticuloso. Sabia medir um pouco das mentiras de Ino pelo tempo que a conhecia e também sendo chefe da empresa, já tinha uma breve noção do que realmente acreditar ou não.

Ino o fitou por alguns segundos, processando aquela pergunta. Ele realmente estava questionando aquele assunto novamente. Tinha dado seu melhor quando as primeiras perguntas surgiram, agora sabia que ele não havia acreditado completamente.

Um breve sorriso brotou sobre seus lábios antes de responder.

– Gaara, eu já disse que não. – sua voz saiu calma – Isso é uma coisa completamente estupida. Por que eu perderia meu tempo me cortando? Não tem nenhuma lógica. Não tenho nenhum motivo para isso... Então, como eu já havia dito, não é verdade. Karin não deveria ter nada de mim para contar e inventou algo idiota.

Em um movimento rápido, Gaara segurou firmemente o pulso de Ino, repuxando a manga de sua blusa e fitando as linhas desregulares e um tanto fundas. Seus olhos se mantinham completamente chocados, aqueles boatos eram completamente verdadeiros.

– Ei! – Ino puxou seu braço bruscamente, puxando a manga da blusa para baixo e fazendo seus dedos a segurarem com força. Seus olhos se voltaram furiosos para Gaara, mas dizer a verdade não passava por sua garganta – Eu me machuquei na parede. Foi apenas isso.

– Ino, me poupe. Eu não sou nenhum idiota. Eu sei muito bem que uma parede nunca iria fazer algo dessa gravidade. – a voz de Gaara saiu ríspida – Desde quando faz isso?

– Importa?! Eu não preciso de outra pessoa me julgando ou dizendo o que isso é uma completa idiotice.

– Ino! Você pode atingir uma veia?! Sabe o que acontece? – a pergunta saiu ríspida e Ino tinha seus olhos apertados, fitando o rosto enfurecido de Gaara – A única coisa que vamos poder fazer é enterrar o seu corpo! É isso que quer? Morrer e deixar todo mundo?!

– Quer saber?! Talvez seja o que eu queira! Que diferença iria fazer? Uma vida a mais ou a menos no mundo seria quase nada. E por que se importa tanto? E dai que eu corto os meus pulsos? Ou que sou considerada uma suicida? Ninguém se importa com ninguém na droga dessa vida!

As palavras saíram furiosas da boca de Ino quase como num confronto. Seus olhos se mantinham apertados, fitando a expressão de Gaara se tornando enigmática e virando seu rosto para frente. Seus olhos se fecharam por uns minutos antes de fitarem o movimento de carros começando a surgir no trânsito.

Tinho dito as palavras erradas. Podia perceber que Gaara se encontrava com mais raiva que antes. Não queria ofendê-lo ou ter suposto que ele não se importava, ou melhor, que ninguém se importava com ela, sabia que havia uma grande parcela de pessoas que realmente a amavam, mas por mais que tentasse fixar isso em sua mente, as palavras pareciam impossíveis de processar.

– Gaara... Eu... – sua voz falhou assim que as mãos brancas se apertando com força contra o volante.

– Se quer matar a si mesma. Eu não quero estar aqui para olhar. Você tem dezessete anos, Ino! Por Kami! Você mal tem uma vida e já quer terminar com ela?! Eu... Eu realmente amo você... De verdade. E a única coisa que eu recebo em troca é você me dizendo que eu não me importo... Que você não liga para a sua própria vida.

– Ok... Talvez eu tenha dito a coisa errada, mas... Eu já tentei parar... - A voz de Ino saiu em uma afirmação sublime. Era difícil parar, era quase como tentar parar de consumir drogas por vontade própria, um vício sem fim de automutilação.

– Se você não quer parar por você mesma, então pelo menos tente parar por mim, pelo seu pai, pelos seus amigos.

– Não é tão fácil, Gaara. Pare tratar isso como se fosse fácil,

– Você nem deveria ter começado com isso, afinal de contas. Não deve ser fácil, mas se você quisesse de verdade, pararia com isso. - As palavras de Gaara soavam mais como agressões verbais do que como palavras de encorajamento para Ino. Sabia muito bem que o que ele estava fazendo não era mais do que tentar ajudá-la.

– Pare de agir como se eu não quisesse. Se eu realmente não quisesse parar, eu já tinha me matado. – a voz de Ino saiu brusca. Aquela era a grande questão. Ela queria realmente parar? Se contasse o tanto de vezes que já quase havia se matado totalizavam um total de seis. E ultimamente uma sétima tentativa de suicídio rondava constantemente a sua cabeça.

Um breve e tenso silêncio rondou por meio do carro, que fora preenchido com os barulhos das buzinas para os carros completamente imóveis. Gaara passou a mão sobre o rosto e um breve suspirou escapou por seus lábios.

– Eu realmente não sei o que se passa na sua cabeça, Ino. Mas isso é loucura.

Ino encarou a paisagem mórbida de carros sendo invadida pelas luzes de faróis sendo ligados. Seus dedos roçaram sob os cortes disfarçadamente.

– Você já terminou de me criticar?

– Está brincando comigo? – Gaara perguntou ríspido. Ela parecia ignorar qualquer uma das palavras que havia dito há alguns minutos.

– Por que não adiantamos o processo. Você termina comigo como você quer fazer. E todo mundo age como se nada tivesse acontecido. Como nos velhos tempos...

– Ino! Pare de agir como se nada estivesse acontecendo! Pare de agir como se isso fosse alguma coisa idiota. Estamos falando da sua vida, droga!

Ino abriu rispidamente a porta do passageiro, saindo apressadamente do carro. Não estava em condições para uma nova discussão com Gaara, para ouvir aquele velho discurso novamente.

Conseguia sentir seu rosto arder, em decepção e frustração, como sempre acontecia. Seus olhos voltaram para o pequeno bar à esquina. Um copo de whisky e vodca parecia a melhor companhia que conseguiria durante a noite.

Seus passos não se tornaram hesitantes, apenas seguiam firmemente em direção ao bar, empurrando a porta estilo faroeste. A maioria das pessoas presentes eram homens, a maior parte completamente bêbada, enchendo a cara desde as dez da manhã até às seis e meia da tarde com a ideia de continuar assim por mais algumas horas. A outra parte eram garçonetes com roupas justas servindo e servindo mais bebida.

Não podia pedir nada melhor que isso.

[...]

– Baby... Ohh please... Tananana! – Ino cantarolava de forma desajeitava a canção no ultimo volume de seu som. Seu corpo se movia desajeitadamente pelo quarto. Já estava praticamente bêbada. Noventa e cinco yenes de táxi e mais duas garrafas de vodca, sendo que uma já se encontrava completamente vazia. – No! I don’t wanna be... NO!

Em cada briga que tinha com Gaara tinha uma maneira diferente de lidar com a situação e depois de ter enchido a cara em um bar e dançado em cima de uma mesa, duas vodcas arrematariam a noite. A música alta ecoava ao meio da casa, o bastante para ignorar as batidas constantes na campainha.

Seus passos seguiram ao meio de sua dança desajeitada em direção à janela, fitando a mulher parada em frente à porta da frente. Seus olhos se reviravam. Maldita hora que havia dispensado as benditas empregadas daquela casa. Não estava disposta a ver ninguém naquele momento.

Seus passos seguiram quase como se um esforço tremendo fosse feito para mantê-la em pé. Suas mãos repuxaram a maçaneta com brutalidade, fitando a mulher com uns quarenta e poucos, os cabelos loiros misturados com discretos fios brancos, o vestido floral amarelado discreto.

– O que você quer? – sua voz saiu ríspida, fitando aquela expressão completamente estranha.

– Hãm... – quase que num esforço para manter a compostura - Naoko... Digo... Meu nome é Naoko... Prazer... – sua mão se estendeu num ato simplório, fazendo Ino apenas encarar aquela mão e erguer seus olhos novamente para ela.

– Que diabos você quer aqui? – a voz de Ino saiu mais ríspida do que o possível. Não estava nem um pouco afim de uma interação social no momento.

Naoko lentamente foi abaixando sua mão com uma frustração completamente aparente, não tinha planejado as coisas daquele jeito, esperava um pouco de educação da parte de Ino. Não esperava voltar... E que nem ela se lembrasse de seu rosto.

– Ino... Não se lembra de mim? – sua voz saiu receosa quando fitou os olhos azuis apenas se apertando cada vez mais.

– Como sabe o meu nome? Que infernos é você? Dá pra ser pra hoje ou eu tenho que chamar a polícia?

Um breve suspiro escapou por aqueles lábios rosados que eram os de Naoko.

– Ino... Eu escolhi o seu nome... – a voz de Naoko saiu apertada, tentando com todas as forças, sair por sua boca - Sou eu... Sua mãe.

Olhos de Ino agora permaneciam vidrados. Presos naqueles cabelos loiros, nos olhos e em tudo mais. Uma parte do seu corpo estava se cortando por dentro, gritando, chorando. A outra era invadida por nostalgia, e memórias amorosas.

Quem dera seu amor por sua mãe fosse grande o bastante para que um perdão ocorresse naquela frigida relação. Mas não era. Seus olhos apenas a encaram com ódio e desprezo, na medida em que seus dentes se apertavam com força, seus olhos a encararam de forma mais fechada.

– Isso é uma propriedade privada. Sugiro que se retire daqui antes que eu chame a polícia.

A voz de Ino saiu seca, dura e vazia. A porta de entrada deu um grande baque, antes que Naoko pudesse pronunciar algo a mais. Seus dedos giraram a chave, trancando a porta rapidamente. Seu corpo permaneceu fixo naquele lugar por alguns segundos. Sua respiração saia pesada.

Seus olhos encararam a porta a sua frente, tentando digerir aqueles minutos que se passaram bem lentamente. Mas naquele minuto, só conseguia se lembrar de ficar encolhida atrás daquele sofá, esperando ansiosamente que sua mãe voltasse.

–-----X------

Três semanas mais tarde

Sakura tinha seus dedos passando lentamente pelo rosto branco e completamente delicado. Seus olhos se encontravam completamente inundados em lágrimas. Mal podia conter o fato de que estava ali, frente a frente, com seu filho, seu pequeno garotinho que havia sido sua pequena alegria e sofrimento nos últimos nove meses.

Não poderia estar mais do que grata de ter desistido do aborto. Seu filho agora era seu mundo perfeito e se odiaria eternamente se nunca tivesse visto o rosto de Ryu. Seus dedos desceram novamente sobre seu rostinho macio e rosado antes de deixá-lo pegar um de seus dedos com suas pequenas mãozinhas.

Seus olhos se voltaram para a porta sendo lentamente empurrada. Os olhos verdes se apertaram, fitando a familiar imagem de sua tia. Yoshino não era muito de visitas, principalmente em hospitais, eles haviam a traumatizado o bastante desde a morte de sua irmã mais velha.

– Sakura... – Yoshino murmurou, se aproximando lentamente da cama – Antes de sua mãe e seu pai... Sofrerem o acidente de carro... – aquelas palavras fizeram Sakura se encolher. O assunto sobre os seus pais a fazia se sentir mal, apenas com vontade de chorar e chorar, não gostava de se lembrar daquela época, daquela cena, daquele sangue - Sua mãe fez exatas três cartas... E me entregou uma... Caso algo acontecesse.

Sakura franziu seu cenho. Cartas? Aquelas palavras eram novidade.

– Cartas? Do que está falando? – sua voz saiu arrastada, dividindo seus olhares entre Ryu e sua tia parada a sua frente, tentando encontrar palavras explicativas para aquela pergunta.

Yoshino retirou de sua bolsa um velho envelope avermelhado, fechado com um selo de jogos, um dos hobbies favoritos de sua mãe. Aquilo a fez soltar um sorriso tristonho.

– Ela pediu que eu lhe entregasse... Quando eu achasse que estivesse pronta o bastante. – a mão de Yoshino permaneceu estendida, fazendo Sakura encarar fixamente a vermelhidão do envelope.

– Leia pra mim... Eu... – suas palavras pausaram por longos segundos. Não se considerava pronta para fazer qualquer coisa relacionada sobre seus pais sem que a fizesse chorar como uma garotinha.

Yoshino deu um disfarçado aceno com a cabeça, antes de abrir o envelope tirando o papel pardo e devidamente preenchido numa caligrafia perfeita de sua mãe. Os olhos de Sakura se fecharam por alguns segundos, sentindo o velho perfume de sua mãe invadindo a sala, seus olhos já ardiam em lágrimas.

“Sakura...” – Yoshino começou sem pausas ou qualquer comentário. Assim como Sakura tentava fazer, controlar suas emoções estava sendo uma tarefa difícil.

Se estiver lendo isso, é por que o meu maior medo aconteceu. Eu e seu pai falecemos enquanto você ainda mais precisava de nós. Sei que não devo tratar você como uma garotinha, por que enquanto escrevo isso, você está se preparando para o seu primeiro encontro. E como deve saber, foram aos seus dezesseis anos. Mas ainda a considero uma garotinha.

Sei que em alguns anos você estará com dezoito anos, e logo será uma mulher que seu pai e eu sempre queríamos que você fosse, mas ninguém amadurece de um dia para o outro. Sei que está sozinha agora, e que provavelmente, estará com Yoshino. Minha irmã, não é uma pessoa muito simpática. Ela é um tanto ranzinza. Deve ter puxado o meu padrasto... Minha mãe gostava de caras quietos e silenciosos. Depois que meu pai morreu, ele era o que melhor se encaixa aos seus requisitos. E eu até gostava daquele silencio. Mas saiba que se você fizer as coisas exatamente como ela pedir, ela será um doce de pessoa.

Não sou muito de falar sobre isso com você, muito menos o seu pai, mas não se meta com rapazes encrenqueiros. Arrume alguém que não lhe cause muito problemas e muitas dores de cabeça. Sabe que “a conversa” sobre “como e aonde vêm os bebês” eu mantenho minha ultima palavra, não faça nenhuma besteira e tenha cuidado. E o mais importante, continue sendo responsável e se concentre nos estudos.

Quando estiver com dezoito anos, seu dinheiro será liberado junto com todos os bens que você herdou. Gaste e cuide do dinheiro muito bem. E se forme na faculdade, que estará sendo paga com esse dinheiro, num curso que goste, lembre-se que vai ficar com ele o resto da vida.

E mais uma vez... Eu não posso dizer tudo o que eu quero lhe dizer nessa carta, mas de uma coisa que eu quero que saiba minha filha... Eu e seu pai, amamos você mais que tudo. E sabemos muito bem que temos uma garota muito forte. Você vai ficar bem.

Eu amo você.

Mamãe.

Sakura tinha lágrimas escorrendo por seu rosto. Seus olhos não paravam de despejá-las. Sentia toda aquela velha raiva pelo carro ter batido, rondando o seu corpo, e toda aquela maldita dor e sofrimento acompanhados a toda aquela mistura de emoções. Ela não era forte, não era. Ainda era fraca. Era assim que pensava. Não conseguiria se manter firme para o seu filho, não conseguiria mudar para alguém com mais presença e força, por que ainda, era uma garota. Uma garotinha perdida.

– Você precisa mudar Sakura... – Yoshino murmurou, dobrando lentamente o papel pardo – Seus pais acreditavam que você seria uma pessoa forte... Madura... E por mais difícil que a situação seja, acreditavam que seria forte o bastante para vencê-la. Você continua com aquele mesmo olhar de quando pisou sobre o aeroporto... Perdida e assustada.

As palavras de sua tia pelo menos uma vez faziam sentido. Queria ser a garota que seus pais esperaram que ela fosse, mas não sabia se realmente estava pronta para deixar o passado completamente para trás.

– Eu só... – sua voz saiu acompanhada com as lágrimas – Eu só não quero esquecê-los... Eu nunca quero esquecê-los...

– Você não precisa esquecer... Apenas... Deixar ir embora.

Seus olhos a encaram completamente cheios de lágrimas. Seguir em frente era o que mais tinha tentado fazer desde que havia descido daquele avião. Sabia que durante todo esse tempo o que mais havia feito fora apenas se perder, se transformar em alguém que não era. Tentar se por forte ou frágil. Queria apenas aquela velha Sakura de volta, a que tinha respostas afiadas sobre a língua, um temperamento imprevisível e um lado doce ao mesmo tempo.

– O banco irá soltar seu dinheiro em duas semanas. – Yoshino murmurou – Espero que tenha entendido que eu nunca quis ser um carrasco com você, Sakura... Eu apenas queria que entendesse que... Seus pais... Infelizmente, estão mortos... – uma pausa se criou sobre o espaço – E não pode mais contar com as memórias deles.

Sakura fitou a tia se retirando do quarto em alguns segundos. Seus olhos fitaram a carta depositada sobre sua cabeceira ao lado de um buque de flores de rosas brancas. Um breve suspiro escapou por seus lábios.

Não sabia se conseguiria deixá-los. Se conseguiria de alguma forma, entender que, realmente, seus pais não voltaria em uma noite escura. Que as coisas realmente acabaram e que nada voltaria a ser como eram antes.

Queria apenas ser forte como sua mãe, sincero como seu pai. E tê-los para sempre, presos em seu peito.

–-----X------

Um grito abafado e sufocado. E ele havia feito de novo.

Sentia-se cada vez mais impotente à medida que seus olhos cansados fitavam a porta se fechar bruscamente. Madara era um louco. Um doente psicopata era assim que o via. Da primeira vez que quase havia obtido hesito em sua fuga, Madara a batera com tanta força, que sentia praticamente seus músculos se soltando de seu rosto.

Ele já a considerava um posse. Algo que ninguém poderia tocar, enquanto ela fosse a prometida para carregar seu tão ansiado herdeiro.

Misha sentia suas pernas tremerem em frio e seu corpo se encolher contra a parede um tanto úmida. Seu rosto estava inchado, seus olhos lacrimejavam em dor. Ainda se perguntava exatamente quanto tempo havia se passado desde aquela noite, em que Madara havia lhe arrancado da Rússia.

Estava extremamente cansada das tentativas frustradas de fugas, que sempre lhe rendia um roxo em seu rosto. Assim como também estava cansada de tentar impedir que Madara simplesmente conseguisse tanto o que queria. Sentia nojo de si mesma apenas pelo fato de não ser forte o suficiente para impedir que ele violasse seu corpo daquela forma.

Seus olhos se voltaram para o barulho da tranca e se fecharam como se tentassem de uma forma patética e fraca, se protegerem do horror. Seu corpo se apertou ainda mais contra a parede, queria um pouco de paz, queria poder ter a sua vida de volta, não queria ser tratada como um simples pedaço de lixo qualquer.

– Ele fez um belo estrago no seu rosto.

Aquelas palavras de uma voz completamente desconhecida, lhe renderam de alguma forma algum tipo de esperança. Por mais ridículo que parecesse ainda pensava que talvez, alguém, a tiraria dali numa fuga perfeita, e que então, as coisas retomariam seu rumo perfeito. Seus olhos se abriram em questão de segundos e fitaram os olhos mórbidos, negros e com as longas linhas perto dos olhos.

Aquele era um novo conhecido.

– Eu sou Itachi... E antes que pense qualquer coisa... Estou aqui para, cuidar do seu rosto à pedido de Madara.

Seu corpo se contraiu em medo e desapontamento. Não confiava em absolutamente ninguém ali e agora as únicas esperanças de que Itachi pudesse a tirar dali haviam simplesmente acabado.

– Eu não falo sua maldita língua... – sua voz saiu em um murmuro sufocado. As palavras praticamente se esforçavam para sair de sua boca completamente seca.

– Então não teremos um problema já que eu também falo sua maldita língua. – Misha apenas arregalou seus olhos em resposta, fitando o rosto completamente enigmático de Itachi, ele era completamente indecifrável, mas ao mesmo tempo lhe passava uma espécie de tranquilidade. – Está com sede... Tome um pouco de água.

Seus olhos azulados, fitaram a garrafa de água estendida. Uma pequena voz em sua cabeça lhe alertava para recusar a água e simplesmente se contentar com a sede. Mas se via completamente rendida, sua garganta gritava por água e não recusaria uma oportunidade como aquela. Com dificuldade mexeu suas mãos da melhor maneira que as cordas em seu pulso permitiam.

– Madara sugere que pare de fugir... Então... Se houver um comportamento de sua parte ele lhe tirará daqui... Se o obedecer, obviamente.

– Eu não vou obedecer um cretino como aquele. – as palavras saíram arrastadas enquanto sua língua humedecia seus lábios secos.

– Se você for uma pessoa inteligente, deve saber muito bem que se continuar a comprar uma briga com Madara... As coisas não irão acabar muito bem para você. – Itachi disse calmamente, se ajoelhando em frente a ela, seus dedos tocaram lentamente o rosto dela com o algodão, tentando de alguma forma, amenizar o roxo.

– O que sugere que eu faça? Que eu me contente com estupros, tapas e socos no rosto? – seus olhos o encaravam de forma morta e cínica – Não. Eu dispenso.

Itachi franziu lentamente o cenho. Madara estava completamente louco em sua ambição. Seus olhos discretamente fitaram os estragos ao meio da pele branca, ele acabaria a matando se continuasse daquele jeito.

– Dê a ele o que ele quer... E então você ficará em paz. – as palavras de Itachi eram quase frias e secas. Mas sabia muito bem o que estava dizendo a garota de cabelos praticamente esbranquiçados. Madara não descansaria até finalmente ter o que ele tanto desejava.

– Eu não o darei um filho... Nem que eu mesma tenha que abortar essa criança... Eu não vou condená-lo a isso... Ninguém merece nascer e chamar aquele homem de pai.

Aquelas palavras tiveram mais impacto do que esperava. Misha estava mais do que decidida a privar Madara da ideia de ter uma criança. Não era tola. Sabia muito bem que ele não a mataria, enquanto ele a considerasse um pagamento de seu irmão, ela permaneceria viva.

– Se matar a criança... Considere-se morta. – as palavras de Itachi saíram como um breve e inteligente aviso. Apenas fazendo Misha erguer os ombros em indiferença.

– Eu nunca tive medo de morrer... Muito menos agora...

–----X-----

To be continued...



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Notas finais do capítulo

Então é isso. Espero que tenham gostado.
Deixem os review's de vocês falando o que acharam do capítulo ou o que acham da história.
E pra quem quiser ver o blog aqui está o link:
http://h-sfanfics.blogspot.com.br/
Novos post's em breve.
Vejo vocês nos review's!=)
Kisses and more kisses...
H_S