Manchas escrita por Juliiet


Capítulo 36
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

Hey, autora cara de pau chegando...
Então, sei que faz 2 meses que eu não atualizo. Infelizmente, eu ando tendo um bloqueio com Manchas, talvez porque está chegando ao fim e eu não me sinto preparada pra dizer adeus pra essa história...
Enfim, espero que me perdoem, porque eu NUNCA pensei em abandonar isso aqui, eu só precisava de um pouco de tempo.
Capítulo dedicado à GabsKitKat, Little Princess, Leitora nem tão anonima, Fourtriss e Maria Herondale, pelas recomendações apaixonantes. Muito obrigada, meninas, e perdão por eu não ter agradecido antes.
Ok, uma última coisa. Eu achei esse capítulo o CÚMULO DA SEM VERGONHICE, mas por favor, não me atirem pedras.
Boa leitura e perdoem os erros :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/162378/chapter/36

Willa havia sido envenenada.

Não, não colocaram arsênico no suco dela nem nada assim. Era só uma substância que fazia um mal danado ao estômago e que ela podia ter ingerido sem querer. Pelo menos foi o que Luma dissera.

Não era à toa que a Becker estivera com os lábios azuis de tanto vomitar naquela noite, há mais de uma semana.

Ela havia ido para casa. Depois do incidente com a pedra e agora isso, os pais dela resolveram afastá-la do colégio por um tempo, pelo menos até ela se recuperar – já que ainda estava meio fraca. Luma era amiga dela há anos e me falara que os pais dela haviam discutido a ideia de transferi-la de escola, mas com o semestre quase no fim, decidiram que ela permaneceria na Werburgh pelo menos até lá.

– Ansiosa para o resultado das provas? – Luma me perguntou no refeitório, na manhã de segunda feira.

Eu lancei a ela o olhar que a pergunta merecia.

– Ok, ok, não precisa me olhar assim – falou, levantando as mãos com as palmas para mim. – Minha pele está começando a pinicar.

Voltei a me concentrar no meu cereal, provavelmente parecendo tão miserável como me sentia. Ok, talvez eu parecesse mais miserável do que realmente me sentia, porque tinha ido dormir às 3 da manhã e agora ostentava o maior par de olheiras do país.

Enquanto comia, meu olhar vagava pelo refeitório. Ok, não vagava. Estava mais para procurava. Chermont normalmente chegava cedo para o café da manhã, mas eu ainda não o tinha visto – ele não estava lá – e meus olhos tinham a terrível mania de procurá-lo incansavelmente.

Como eu me sentia estúpida.

Mas enquanto escrutinava o refeitório, reparei na pequena Anna Rivera colando panfletos na parede com fita adesiva.

– O que é aquilo que aquela esquisita está pregando nas paredes? – perguntei a Luma.

Ela seguiu meu olhar e deu de ombros.

– Festival de Inverno – respondeu como se fosse óbvio.

Olhei-a com a pergunta nos olhos, já que a única coisa óbvia era que eu não sabia o que era um festival de inverno. Ela pareceu entender, porque completou:

– Acontece todo ano. É meio que como uma festa de finalização. Cada série fica responsável por um tipo de atração: o primeiro ano fica responsável por apresentações de música e dança, meio como um show de talentos; o segundo ano representa uma peça de teatro e o terceiro ano, os malditos sortudos, cuidam de toda parte técnica, como decoração, sistema de som, essas coisas.

Senti como se uma pedra de gelo escorregasse por minhas costas quando fiz a pergunta decisiva:

– A participação é obrigatória?

Luma sorriu maleficamente.

– É claro.

Gemi de maneira audível e deixei minha colher cair na mesa, seguida pela minha cabeça. Por que mais essa desgraça na minha vida? Era muita falta de sorte! Será que ainda dava tempo para enfiar a cabeça num dos fornos da cozinha?

– Não é tão ruim quanto parece, Julieta – disse Maya, que tomou o assento ao meu lado e obviamente ouvira minha conversa com Luma. – Depois de toda essa parte chata, sempre tem uma festa. E as freiras sempre se retiram antes de começar e poucos professores ficam por lá.

– É quando a maior parte dos casais da escola se formam – Luma adicionou com uma piscadela. – Certo, a maioria não dura muito, até porque os garotos sempre conseguem contrabandear bebida e batizam o ponche. Qualquer um sabe que poucos relacionamentos que começam com álcool realmente funcionam.

Maya ameaçou Luma com um garfo.

– Ei! Yuri e eu começamos nosso relacionamento caindo de bêbados e funcionou muito bem! – se defendeu.

Luma deu de ombros como se se desculpasse, mas quando Maya não estava olhando, sussurrou para mim:

– Foi a primeira vez que a Maya bebeu. Ficou porre com uma lata de cerveja.

Contive uma risada e vi que Maya estava nos olhando meio desconfiada, mas a cara dela, mais do que o fato de ela ter ficado bêbada com uma cerveja, me fez não ser capaz de conter uma risadinha.

Nesse momento, Luma chutou minha canela embaixo da mesa. Soltei um palavrão e a mirei com raiva, mas ela apontava para algum lugar atrás de mim. Segui a direção que ela mostrava e vi que Chermont acabava de entrar no refeitório e estava parado, me fitando intensamente através do salão.

Suspirei, não consegui me conter. Que feitiço aquele garoto havia lançado em mim?

Ok, eu não podia acusá-lo de bruxaria só porque estava apaixonada por ele, mas caramba, eu precisava realmente agir como uma total idiota só por vê-lo?

Ele não sorriu, nem o fiz eu. Não estávamos sorrindo muito um para o outro ultimamente.

Ou nos falando.

Mas nos olhávamos. Pelos corredores, quando ele foi uma vez na minha sala de literatura deixar um recado para o professor, no refeitório, no pátio. Olhares quentes, longos, pecaminosos. Ele até havia tocado levemente meu ombro numa das aulas de equitação, quando eu perdera o equilíbrio ao descer do cavalo.

Mas nosso contato era apenas isso.

E eu não aguentava mais.

Podia ver sua angústia, sua vontade, sua aflição, seu desejo naquele olhar que me lançava. Era sempre assim e eu suspeitava que meus olhos tinham sua própria versão dos mesmos sentimentos. Tudo que eu queria era atravessar o refeitório e, ali mesmo, na frente de todos, agarrá-lo com força, colocar minhas pernas em volta dele e beijá-lo até que suas pernas ficassem fracas e nós caíssemos no chão.

Mas, em vez disso, eu suspirei. Porque não podia fazer nada, nem chegar perto, nem beijá-lo, nem agarrá-lo com as pernas, nem arrancar suas roupas, lamber seu...

Ok, era melhor eu parar com essa linha de pensamento.

– Qual o problema com vocês, hein? – Luma perguntou, pelo que parecia a quinquagésima vez desde a semana passada.

– São dois idiotas, na minha opinião – Maya falou, olhando de Paulo para mim e balançando a cabeça. – A um quilômetro daqui dá pra perceber que eles estão arrancando as roupas um dos outros mentalmente.

Rolei os olhos para as duas, virando-me de costas para o monitor, mas não respondi nada e voltei a comer meu cereal.

– Sério, Julieta, o que houve com vocês? – Luma insistiu, coisa que não havia feito das outras vezes.

Larguei a colher mais uma vez e olhei para as duas com exasperação. Os olhos azuis de Luma e os castanhos de Maya estavam bem presos em mim, esperando uma reação ou uma explicação.

Que droga. Amizades eram superestimadas.

Certo, nem tanto, mas compartilhar os sentimentos não era uma parte de ter amigas que eu particularmente apreciava. Não quando eram os meus sentimentos sob foco, porque eu adorava ouvir quando elas falavam sobre os próprios, mas detestava tê-las me analisando.

– Tudo bem – cedi com um suspiro. – Nós brigamos por causa do Gabe.

Eu até ia entrar em mais detalhes, mas nesse momento o sinal anunciando o fim do café da manhã tocou e precisávamos correr para chegar a tempo em nossas classes. Sorri, afinal, matemática não era tão ruim quanto ficar contando meus problemas.

Exceto que eu havia esquecido que hoje saíam os resultados das provas da semana passada, coisa que rapidamente lembrei ao entrar na sala e encontrar todo mundo meio alvoroçado. Mesmo assim, ansiosos pelas notas, as pessoas ainda achavam tempo para me encarar enquanto eu me arrastava até a última carteira.

Dessa vez não era por eu ser uma delinquente. Quer dizer, não muito. A história com os policiais vazou e todos tinham suas teorias sobre o porquê da visita deles. Mas a maior parte dos estudantes me encarava porque achavam muito estranho ter outra garota na escola, que era meu retrato vivo, mas com um diferente sobrenome.

Eu era srta. Vaughan para as freiras e professores. Ela era srta. Trenton.

Estávamos em séries diferentes e tínhamos idades diferentes, além de sempre nos evitarmos. Bom, eu a evitava, para ser sincera. Bianca, pelo contrário, sempre me tratava com uma fria amabilidade.

Algumas pessoas achavam que éramos gêmeas que foram separadas na maternidade ou qualquer merda dessas enquanto outras não acreditavam nem que éramos irmãs, apenas sósias. Os boatos corriam mais por aquele colégio do que num clube de bingo da terceira idade.

Eu aprendera a simplesmente ignorar e não sabia como Bianca estava lidando com isso, mas ela parecia bem adaptada à Werburgh. Era bem mais popular que eu, era gentil e agradável, as pessoas gostavam dela.

Ela estava certa. Ela era tudo o que, um dia, eu havia sido.

E exatamente como meu eu de antigamente, ela era agradável e fria, nunca chegando a fazer amigos. Ela possuía apenas conhecidos, nunca estava sozinha, mas eu sabia que nenhuma daquelas pessoas a conhecia. E eu sabia que ela não se importava com eles.

Eu também sabia que ela tinha várias aulas com Chermont e já os vira conversando nos corredores umas duas vezes. Se não fosse pelo olhar de absoluta indiferença nos olhos castanhos esverdeados do monitor, eu teria arrancado o fígado de ciúmes. Eu estava com ciúmes, mas sabia que era absolutamente infundado. Eu sabia que Paulo me amava.

Nossos problemas não eram problemas de coração. Mas de cabeça, mas especificamente da dureza da dele.

Joguei-me na minha carteira e fiquei com a cabeça apoiada na mesa até sentir alguém sentando ao meu lado. Levantei os olhos e vi Gabe, sorrindo pra mim. Devolvi o sorriso e procurei a mão dele com a minha, entrelaçando nossos dedos.

– Nervosa? – perguntou.

Neguei com a cabeça, porque sabia que ele falava sobre as provas. Eu esperava ter ido bem em algumas, mas sabia que em outras eu teria sorte se não tirasse um sonoro zero, mas não havia razão para ficar sofrendo por antecipação.

– E você? – perguntei.

Ele assentiu e só então percebi que sua mão estava meio suada.

Arqueei uma sobrancelha, afinal, Gabe era o cara mais descolado do mundo e nunca parecia se preocupar com nada.

Como se lesse minha mente, ele falou:

– Espero poder entrar na faculdade quando sair daqui.

Assenti e ficamos sentados lá, as mãos entrelaçadas, esperando o professor chegar.

...

No final, não foi tão ruim quanto eu havia esperado. Claro, eu nunca seria um gênio, mas a maior parte das minhas notas ficou na média. Exceto matemática, mas qualquer coisa que fosse maior que zero era lucro para mim.

Gabe, no entanto, foi o garoto com a maior média do meu ano. Fiquei de boca aberta ao ver as notas dele e não pude deixar de notar que ele ficara muito feliz com isso.

– Você definitivamente precisa voltar a ser meu professor particular – eu dissera.

– E eu vou ganhar o que com isso? – ele perguntara com uma expressão brincalhona.

– Posso ser sua modelo para o resto da vida – eu tinha oferecido, mas logo lembrei que havia perdido sua tela e soltei um suspiro, tentando em seguida esconder minha expressão de infelicidade.

Deve ter funcionado, porque ele logo sussurrara em meu ouvido:

– Ultimamente ando interessado em fazer uns nus artísticos.

Eu estava feliz por nossa relação ter voltado ao que era. Ou quase. Era egoísmo, mas eu amava cada momento em que Gabe era meu amigo. Sabia que isso o machucava de alguma maneira, mas não podia abrir mão dele. E era feliz por sentir que ele também não podia abrir mão de mim.

Na hora do almoço, para fugir de Luma e Maya – não que elas fossem ruins, eu só não estava no humor para dissecar meus sentimentos e essas outras coisas de menina – Gabe e eu nos afastamos do pátio com nossa comida. Fomos até um dos jardins perto dos dormitórios e nos sentamos em nossos blazers, que havíamos espalhado na grama. Era um dia atípico, quase um milagre naquela época do ano. Estava quase quente, embora ainda um pouco úmido. O sol brilhava e fazia com que meu esforço para permanecer mal humorada fosse levemente desaparecendo.

Bom, o sol e Gabe.

– Algumas pessoas de cabelo escuro ficam com os fios mais claros no sol – ele disse, pegando uma mecha do meu longo cabelo nos dedos. – O seu só parece mais preto.

Olhei para o cabelo dele, que normalmente era tão preto quanto o meu, mas no sol eu podia perceber algumas matizes quase vermelhas.

– O seu cabelo fica lindo no sol – falei.

Ele sorriu e soltou minha mecha, se apoiando para trás nos cotovelos e fechando os olhos, aproveitando os raios de sol no rosto. Ao contrário da minha, a pele de Gabe era lisa e uniforme, perfeita e macia. Eu tinha olheiras embaixo dos olhos e sardas no nariz.

Deitei-me ao seu lado, com as costas no chão, ao invés de apoiada nos cotovelos como ele. Meu cabelo estava espalhado pela grama, mas nem me importei. Fechei os olhos e fiquei aproveitando o sol.

– Você estava falando sério sobre o nu artístico? – perguntei de repente, sem ter noção de como aquelas palavras foram acabar saindo da minha boca.

Abri os olhos e vi que Gabe havia se inclinado para o lado, apoiado só em um cotovelo, encarando-me com os olhos apenas meio abertos, os cabelos escuros caindo pela testa.

– Você posaria para mim? – perguntou ao invés de responder.

Não consegui evitar a cor que senti indo para o meu rosto, mas assenti.

– Sério? – ele parecia perplexo.

Sorri e passei os dedos pelos cabelos que cobriam sua testa.

– É claro, Gabe – falei, sentindo a textura macia dos seus fios, muito mais macios que os meus. – Eu estou aqui pra você, pro que você precisar.

Ele sorriu, a felicidade acendendo seus olhos com um brilho que eu adorava ver. Tirou minha mão do seu rosto e se inclinou, beijando minha testa.

– Você é a melhor amiga do mundo, mas eu não estou interessado em pintar seu corpo – falou, acariciando minha bochecha com seu polegar. – É seu rosto que me fascina.

Meu sorriso se alargou e meu coração se enterneceu. Seria tão fácil amar aquele menino. Eu já o amava de algum modo, mas seria fácil me apaixonar por ele. Seria descomplicado. Nos entendíamos de uma maneira que eu nunca conseguiria com outra pessoa. Éramos ambos remendados, ambos conhecíamos o fundo do poço bem demais. Seria bom deixá-lo me amar, deixar a calidez dos seus sentimentos afastarem minhas mágoas, minhas dores.

Mas eu não queria que fosse fácil.

Porque Paulo Chermont não era fácil. E era ele que eu amava. Com todas as nossas diferenças, com o jeito ingênuo dele de ver a vida, enquanto meus olhos cansados viam tudo com cinismo, com tudo o que o fazia inacreditavelmente irritante pra mim. Eu queria seu coração inteiro, queria sua inocência, seu ciúme, seu olhar quente sobre mim, seu ar de monitor fascista, seus ideais. Eu queria tudo aquilo. Eu o amava por tudo aquilo.

Então seria fácil amar Gabe, mas um desafio amar Paulo.

Eu nem era tão fã assim de desafios, mas meu coração escolheu por mim. E não escolheu o caminho fácil.

...

Estava na aula de música. As atividades vespertinas não eram avaliadas como as outras matérias, ou seja, nós não fazíamos provas nem recebíamos notas. O aluno responsável e alguns professores auxiliares apenas faziam um relatório do nosso desempenho, participação e progresso na matéria. Além de, em algumas atividades, o aluno precisar apresentar um trabalho. Era o caso da aula de música.

Se fosse depender da Ferrer, eu estaria reprovada.

Ela estava, no momento, tocando o Noturno Op. 9 n° 2 de Chopin no belíssimo piano de cauda Steinway & Sons. Eu não podia deixar de ficar boquiaberta com seu talento. Tudo bem que não era uma música especialmente desafiadora, mas Beatrice possuía mais que técnica – embora a sua fosse impecável. Era uma delicadeza que soava na melodia, algo que a transformava quando estava tocando. Enquanto seus dedos manuseavam as teclas conhecidas com tanta habilidade e beleza, era quase impossível acreditar que ela era uma das maiores vacas que eu já havia conhecido.

Eu gostava um pouco de música clássica, mas não era minha maior paixão como era para a Ferrer. Eu gostava de melodias menos trabalhadas, mais simples, até bobas. E meu trabalho seria o de compor minha própria melodia. Eu tinha trabalhado pouco nisso até o dia em que briguei com Paulo. Então, subitamente, eu tinha mais tempo. E eu realmente precisava de tempo extra, porque Beatrice nunca me deixava tocar durante as aulas. Ela dizia que eu sujaria os instrumentos com minhas mãos imundas.

Eu costumava apenas mandar o dedo para ela nessas ocasiões.

Mas com algum tempo livre, eu ia até a sala de música e praticava. Gabe ia comigo algumas vezes, mas a maioria delas eu ia sozinha. Eu já estava até bem adiantada na minha melodia, que era ligeiramente inspirada em What Is a Youth, da trilha sonora de Romeu e Julieta de 1968, composta por Nino Rota.

Beatrice tocou sua última nota segundos antes do sinal que marcava o fim da aula tocar. Todo mundo começou a se dirigir à saída, apressados para suas próximas atividades ou para qualquer outra coisa. Eu queria que aquele fosse o fim do meu dia, mas eu ainda tinha equitação.

Sim, com ele.

Enquanto me levantava do banco em que estivera sentada e ajeitava meu uniforme, vi quando uma das seguidoras incansáveis de Beatrice entregou a ela um copo d’água. Essas garotas agiam quase como empregadas e me deixavam enojada. Eu podia nunca ter sido muito de fazer amigos, mas costumava ser legal com as pessoas e não usava ninguém como capacho.

Estava passando pela porta, pensando no meu iminente encontro com Paulo, quando Beatrice passou ao meu lado e fingiu tropeçar, derrubando toda a sua água na minha blusa. A água estava gelada e eu dei um pulinho e um ofego, fazendo-a rir.

– Sinto muito – falou, mas não sentia droga nenhuma. Ela nem continha o sorriso malicioso. – Foi sem querer.

Claro, e o cabelo de Luma era cor de rosa naturalmente.

Minha vontade era arrancar alguns fios de cabelo da cabeça dela, mas me controlei. Havia saído a pouco tempo da detenção e não teria tanta sorte assim se resolvesse quebrar alguns ossos da desgraçada ao meu lado. De modo que apenas respirei fundo e disse:

– Vá se foder, Ferrer – e saí da sala, passando por ela e batendo meu ombro com força no seu, o que era provavelmente infantil, mas me fez sentir melhor assim mesmo.

Fui correndo até o banheiro, que estava meio cheio àquela hora e comecei a tentar me secar com toalhas de papel. Eu estava sem o blazer, que havia deixado no meu dormitório depois do almoço, porque estava quente o bastante para passar bem sem e ele e porque eu o havia sujado ao colocá-lo na grama com Gabe.

Olhei-me no espelho e praguejei, fazendo algumas meninas se voltarem para mim. A blusa do uniforme era azul clara e, com a água ficara meio transparente bem onde não deveria ter ficado. Aquela puta tinha feito questão de jogar água bem nos meus peitos, fazendo a blusa transparente e grudenta na minha pele. Para piorar, eu tinha esquecido de lavar roupa e estava com o único sutiã limpo que encontrara no armário, que era laranja. Neon.

Bem quando constatava isso, o sinal avisando que as segundas atividades da tarde iam começar tocou. Xinguei a maldita da Ferrer de uma maneira que teria deixado meu avô orgulhoso e ele era o cara com a boca mais suja do continente. Fui com passos rápidos e pesados para fora, saindo do prédio e indo em direção aos estábulos. Ia me atrasar demais se fosse ao dormitório para trocar de blusa, então o melhor mesmo era pedir o blazer de Luma emprestado. Ela sempre chegava cedo às aulas para alimentar sua égua preferida, então eu tinha certeza de que ela estaria lá.

Porém, quando cheguei aos estábulos, não foi apenas minha amiga de cabelos cor de rosa que eu encontrei. Paulo estava lá, assim como Maya e minha irmã. Bianca parecia estar achando algo tremendamente divertido enquanto as outras duas pareciam meio aflitas. Paulo se virou imediatamente para fitar quando me aproximei e eu acabei dando um passo para trás ao ver a raiva em seus olhos.

Que diabo havia acontecido?

– Luma, você assume a aula de hoje – mandou, sem tirar os olhos de mim e começando a vir em minha direção. Assim que chegou perto o suficiente, agarrou meu pulso com força. – E você vem comigo.

Eu estava aturdida demais para reagir. Era a primeira vez em dias que Paulo me tocava, que falava comigo. Ele estava furioso e eu não tinha ideia do porquê. Para ser sincera, naquele momento eu não me importava tanto. A sensação dos seus dedos prendendo meu pulso não era para ser tão boa. Ele estava me puxando como se eu fosse um trapo velho e eu nem me esforçava para me soltar.

Não importava que ele estivesse com raiva, eu queria que me tocasse. Que gritasse comigo como gostava tanto no início. Que me prendesse contra uma porta e me beijasse até que eu ficasse sem ar.

Deus, qual era o meu problema? No que eu havia me transformado?

Quando dei por mim, tínhamos entrado no prédio principal da escola, que estava meio vazio agora que todos já tinham ido para suas aulas. Paulo me puxou até uma porta perto do refeitório. Abriu-a e me empurrou para dentro, fechando-a atrás dele em seguida. Para meu espanto, reconheci o lugar como o almoxarifado em que havia me escondido no meu primeiro dia de aula, logo depois de fugir da detenção e quase me matar fazendo isso.

Paulo me soltou e eu massageei meu pulso.

– O que aconteceu? – perguntei, ao ver que ele só me olhava com chamas nos olhos e não dizia nada.

Tirou do bolso o seu celular, mexeu em algo nele e o entregou a mim.

– Isso – foi sua resposta. – Um número desconhecido me enviou hoje.

Peguei o celular de sua mão e vi o que ele queria me mostrar. Era uma foto. Mostrava dois jovens de pele pálida e cabelo escuro, deitados na grama num dia ensolarado. O garoto estava inclinado sobre a garota, seus lábios tocando delicadamente a testa dela.

Fitei a imagem, sem falar nada por algum tempo. Depois, devolvi o celular ao Paulo e cruzei os braços.

– É isso? – ele falou, a voz gotejando raiva. – Você não vai falar nada? Não vai se defender?

Aquilo me deixou puta.

Não foi o fato de alguém ter me espionado com Gabe, ter tirado aquela foto e mandado para o meu namorado, com quem eu estava meio estremecida, que havia me levado até a beira. Foram as palavras de Paulo, como se eu tivesse feito algo errado e precisasse me desculpar ou me defender.

Eu não estava fazendo nada de errado. Ou um amigo estava proibido de beijar uma amiga? Nem havia sido nos lábios, pelo amor de Deus. Foi um beijo inocente na testa!

– Me defender? – perguntei, soando ácida até para mim. – Pelo quê? Eu não fiz nada de que precise me defender.

Para minha surpresa, Paulo jogou o celular no chão e praguejou, passando as mãos pelos cabelos revoltos e respirando fundo. Ao voltar a se virar pra mim, seu rosto estava corado de raiva, seus olhos mais verdes que castanhos, seus lábios contraídos.

Só de vê-lo daquele jeito, me dava vontade de pular nele e arrancar suas roupas. Ele era tão sexy com raiva que eu precisava me esforçar para não me aproximar e beijá-lo. Tinha que ter algo de errado comigo...

– Você briga comigo por causa dele – sua voz saiu entredentes. – Fica dias sem falar comigo por causa dele. E o deixa beijar você quando tudo o que eu posso fazer é observá-la de longe. E fantasiar com você.

Ofeguei quando ele se aproximou, empurrando-me para a parede até que minhas costas tocaram a superfície dura e suas mãos ficaram apoiadas nela, dos dois lados do meu rosto.

– Eu sonho com sua pele, com seus lábios, seus beijos – sussurrou, mas sua voz continha um resquício de dor. – Eu imagino minhas mãos em seu corpo, o seu cabelo caindo sobre o meu. E enquanto isso você está com a pessoa que eu mais odeio no mundo.

Suspirei, afetada por suas palavras, mas aflita por sua dor. Lentamente, levei minhas mãos até seu rosto, sentindo a aspereza da barba que estava crescendo, e olhei em seus olhos.

– Vou repetir pela última vez – falei, mas minha voz era gentil e meio ofegante. – Ele é só meu amigo. Não é como você. Ninguém é como você. Nunca foi.

Era visível que ele hesitava, mas percebi o momento em que capitulou. Foi quando baixou os olhos para mim e reparou em minha blusa transparente e meu sutiã chamativo. Senti sua respiração ficar mais pesada. Depois de tantos dias longe um do outro, desejando o toque um do outro, eu finalmente estava ali, ao seu alcance.

E ele ao meu.

Tomei a iniciativa e beijei sua garganta. Sua pele cheirava levemente a sabonete e suor. Esfreguei meu nariz nele e fiz uma trilha de beijos até sua clavícula. Paulo não se mexeu.

Afastei-me um pouco, apenas para poder olhar em seus olhos, que pareciam quase em transe, grudados nos meus. Levei minha mão lentamente até minha blusa e, ainda mais lentamente, soltei o primeiro botão.

Paulo pareceu estremecer.

Animada com sua reação, abri o outro. E o outro. E todos. Deixei os lados da blusa do meu uniforme caírem ao redor do meu corpo, deixando seus olhos percorrerem meus seios cobertos pelo sutiã laranja e minha barriga.

No instante seguinte, seus lábios se pressionaram com força nos meus, sua língua invadindo minha boca. Uma de suas mãos foi até minhas costas, puxando-me para ele enquanto a outra encontrava meu seio direito. Ofeguei em seus lábios quando senti seus dedos me massageando, e levei minhas próprias mãos para os botões da sua camisa, abrindo-os com habilidade e rapidamente.

Gemi quando finalmente pude sentir a sua pele nua e quente contra minhas mãos. Os músculos do seu abdômen ondulavam sob meus dedos e seu beijo ficou ainda mais exigente. A mão em minhas costas desceu até minha bunda e me apertou contra ele, que havia baixado uma alça do meu sutiã para tocar meu seio sem barreiras.

Acabei passando as pernas por seu corpo e ele me apoiou na beirada da janela para sustentar meu peso. Seus dedos rapidamente foram até o fecho do meu sutiã e o desfizeram, descartei-o no chão, como minha blusa. Aproveitei para empurrar sua camisa aberta por seus ombros, fazendo-a ter o mesmo destino. Quando ele me abraçou, fazendo nossas peles nuas se tocarem, ambos respiramos fundo. Seus lábios começaram a distribuir beijos por meu rosto até meu pescoço, enquanto minhas mãos corriam por suas costas, minhas unhas curtas arranhando sua pele e fazendo-o ofegar.

Suas duas mãos foram para os meus seios e logo ele se inclinou para beijar um deles, fazendo-me apertá-lo mais contra mim. Senti sua língua golpear minha pele e eu não pude conter um gemido alto. Meus dedos se apertaram em sua pele, minhas unhas deviam estar machucando-o, mas ele não fez nenhum som de dor, pelo contrário.

Enquanto seus lábios estavam em meu seio, ele levou uma de suas mãos para as minhas coxas abertas, apertando minha pele logo quando a saia acabava. Seu polegar massageava a parte interna e ia se infiltrando lentamente para além da barra do meu uniforme. De repente, eu o senti tocar o tecido da minha calcinha.

Isso – e o fato de eu ter ouvido vozes do lado de fora da porta – foi o que me fez parar. Justamente porque tudo o que eu queria era continuar, e provavelmente não me negaria a nada se ele continuasse me tocando e me beijando daquele jeito. Gentilmente empurrei-o e coloquei minha mão sobre a dele em minha coxa.

– Precisamos parar – falei ofegante e minha voz só saiu depois da terceira tentativa.

Ele se afastou com esforço visível, sua mão escorregando até minha cintura, os olhos desfocados.

– Você não me quer? – meu coração se aqueceu ao perceber que a voz dele estava tão incerta quanto a minha.

Minada de uma coragem que eu não sabia que tinha, peguei sua mão e a coloquei entre minhas pernas, fazendo-o sentir minha umidade e o tanto que eu o queria. Ele me olhou com os olhos castanhos esverdeados arregalados e eu rapidamente tirei a mão dele e fechei as pernas, corando e dizendo:

– Você acha que não?

Ele sorriu e me beijou de novo. Retribuí, mas apenas por um minuto. Logo voltei a empurrá-lo e disse que precisava das minhas roupas.

– Por quê? – perguntou, parecendo adoravelmente contrariado. – Eu amo você sem elas.

Eu ri e cobri meus seios com as mãos, sentindo-me subitamente envergonhada.

– Não quero que a primeira vez que a gente faça isso seja escondidos num almoxarifado da escola – confessei.

Ele pareceu pensar sobre minhas palavras e soltou um suspiro pesado. Fitou-me uma última vez com aqueles olhos quentes que me faziam morder os lábios e se abaixou para pegar nossas roupas. Eu coloquei o sutiã e ele me abraçou, beijando minha orelha enquanto prendia o fecho para mim.

– Me perdoa, você está certa – sussurrou. – A primeira vez que fizermos isso não pode ser num almoxarifado. Você merece muito mais.

Beijei seu ombro, sentindo-me derreter como caramelo perto do fogo.

– Você quer flores, champanhe, lençóis de cetim? – perguntou, a boca ainda muito próxima da minha orelha, sua respiração quente lançando arrepios em minha pele. – Podemos ter tudo isso. Vou te dar o que quiser.

Eu o abracei, amando sentir sua pele, seu calor, seu cheiro depois de tanto tempo sem ele. Balancei a cabeça, mas ele não podia ver nem entender.

– Não. Não é exatamente o que eu quero, embora eu não faça objeções ao que você ofereceu – falei, meus lábios se mexendo sobre a pele do seu ombro.

Ele se afastou um pouco, mas manteve uma mão em minha cintura. A outra foi para o meu rosto, tirando o cabelo dos meus olhos e colocando-o atrás da minha orelha. Seu polegar acariciou calmamente minha bochecha.

– E o que você quer? – perguntou e seu tom de voz parecia implicar que ele roubaria a lua do céu se eu a quisesse.

Respirei fundo e umedeci os lábios.

– Eu quero que o mundo pare. E que nós dois sejamos as únicas pessoas nele. Quero esquecer que existe algo além disso – falei baixinho, apoiando minha mão em seu peito, sentindo as fortes batidas do seu coração. – Que existe algo além da sensação da sua pele na minha, do seu corpo no meu. Do seu coração batendo sob minha mão.

Seus olhos estavam estranhos, com uma calidez que eu ainda não havia visto neles, quando me fitaram. Então ele os fechou e se inclinou, depositando o mais suave dos beijos nos meus lábios e dizendo:

– É...podemos ter isso também.

...

Os dias seguintes à minha reconciliação com Paulo foram os melhores da minha vida. Depois de muito insistir com o cabeça dura, ele me prometeu que tentaria conversar com Gabe. Não me prometeu que voltaria a ser amigo dele, nem eu queria que prometesse, mas prometeu que tentaria escutá-lo. E que respeitaria minha amizade com ele e, embora fosse difícil esconder o brilho do ciúme em seus olhos, ele estava se esforçando para agir civilizadamente sobre isso.

Willa voltou para a escola, mas parecia ainda mais retraída e estranha que nunca. Luma até havia comentado comigo uma noite que a garota estava muito diferente, nem queria conversar com ela, o que deixava a cabeça de algodão doce muito preocupada. Mas, podia ser egoísmo ou não, eu não conseguia me importar muito. Eu estava feliz demais para me preocupar com uma garota que eu mal conhecia. Paulo estava sendo o namorado mais perfeito do mundo, que dava os beijos mais gostosos do mundo e me deixava flutuando. Meus novos amigos pareciam cada vez mais próximos e umas duas vezes até me perguntaram se eu não queria chamar Gabe para sentar com a gente no pátio. Embora Paulo ficasse contrariado, não ofendeu nem atacou meu amigo uma única vez.

As coisas pareciam estar se ajeitando.

Meu pai me ligou na sexta feira, no fim da tarde. Eu estava me arrumando para sair com Paulo, Luma, Maya, Yuri, Pietro e Rob, o garoto de cabelos castanhos de quem eu sempre esquecia o nome. Íamos todos comer fora, na cidade, e eu estava ansiosa por isso. Paulo também tinha convidado seu irmão mala, mas ele havia – felizmente – recusado. Eu também convidara Gabe, mas ele também recusou, dizendo que tinha os relatórios da aula de pintura para adiantar.

Atendi um pouco mais receptiva do que o normal e papai pareceu ficar feliz com isso. Perguntou como eu estava e como haviam sido minhas provas. Respondi rapidamente e ele perguntou sobre Bianca. Não falei muito sobre ela, apenas que raramente nos víamos – o que era verdade. Percebendo então que eu estava meio distraída, perguntou se eu estava com pressa.

– É que vou sair com uns amigos – respondi enquanto caçava minha velha saia de couro no meio da bagunça que eram minhas roupas.

Papai ficou calado por um instante, então perguntou:

– Aquele seu namorado vai também? Quer dizer, ele ainda é seu namorado?

Não pude evitar um sorriso. Antigamente, eu nunca passava muito tempo com um namorado e papai sabia disso, mas as coisas agora eram diferentes.

– Sim e ele vai – falei, finalmente achando a saia e passando a procurar pelo sutiã preto que me deixava gostosa. – Acho que vamos ser namorados por um longo tempo – completei, antes que me convencesse a não dizer nada.

Papai voltou a ficar em silêncio, dessa vez tão longo que eu precisei perguntar:

– Papai? Você ainda está aí?

Ele respondeu:

– Sim...você realmente gosta dele, não é?

Percebi imediatamente que ele estava falando de Paulo e assenti. Mas ele não podia ver, então eu falei:

– Sim.

– Espero que ele seja um bom garoto – falou e depois hesitou antes de completar. – E...que a faça feliz.

Sorri, sentindo de repente a necessidade de falar sobre Paulo com meu pai. Eu não sabia de onde havia surgido aquilo, até pouco tempo eu mal conseguia trocar duas palavras com aquele homem. Mas subitamente eu queria fazê-lo participar da minha vida, devolver um pouco do que ele havia perdido, do que nós havíamos perdido.

– Ele... – comecei, meio sem saber o que dizer. – Ele é meio quieto e calmo com todo mundo...menos comigo. De algum jeito, eu acho que trago à tona o que há de pior nele – meu sorriso era meio triste, meio confortado, e antes que eu percebesse, meus olhos estavam cheios de lágrimas. – É uma coisa boa, eu acho. Se ele me fez me apaixonar pelo seu pior, eu espero que nunca me mostre seu melhor. Ou eu vou ficar inútil para qualquer outra coisa.

Ficamos em silêncio por um longo tempo, até que Luma entrou esbaforida no quarto, exclamando:

– Anda logo, garota! Tá todo mundo te esperando.

Assenti e apontei para o celular, ela assentiu e saiu.

– Pai, preciso ir, estão me esperando – falei.

– Tudo bem – sua voz soava um pouquinho embargada. – Divirta-se, Julieta.

Agradeci e até mandei lembranças à namorada dele. E consegui não chamá-la de vagabunda. Mas antes de desligar, papai disse.

– Amo você, filha.

Respirei fundo. Contei três batidas do coração.

– Amo você, papai.

...

Estava dormindo tranquilamente naquela manhã de sábado quando alguém puxou minha coberta com violência e gritou meu nome.

Acordei meio zonza, sem saber exatamente onde estava e o que estava acontecendo. A noite anterior veio de repente à minha cabeça. Tinha sido tudo maravilhoso e eu tinha me divertido mais do que imaginara possível. Ainda podia lembrar das piadas e cantadas de Vicentini e de como Yuri impedia que Maya chegasse perto de qualquer bebida levemente alcóolica. No final, alguém havia sugerido uma pequena excursão pelas cachoeiras que ficavam perto do colégio no dia seguinte e havia sido por isso que ninguém havia ido para casa.

Também era o motivo para eu estar na minha cama, não na de Paulo.

Mas tudo isso fugiu da minha cabeça quando uma descontrolada Luma, ainda de pijama e cabelo bagunçado, apareceu na minha linha de visão.

– Julieta, acorda! Acorda! – ela gritava.

Levantei-me, esfregando os olhos e tentando afastar minha colega de quarto. Perguntei, mal humorada.

– Meu Deus, onde é o incêndio?

De repente, fiquei desperta. Bastou um olhar melhor para Luma para perceber que algo estava errado.

Algo estava muito errado.

Ajeitei-me e segurei a garota pelos ombros.

– Luma, o que aconteceu? – perguntei.

Ela levantou olhos azuis chorosos para mim e respondeu:

– Willa desapareceu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? Bom, deixem reviews, a história já ta acabando! Muito obrigada por lerem, beijos e até o próximo :***