Manchas escrita por Juliiet


Capítulo 23
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Hey, gente, tudo bem? Eu to meio pra baixo, porque não consegui escrever esse cap direito e ficou horrível. Ele tá super aleatório e chato, me desculpem, quando eu tiver tempo, reescrevo :(
Um agradecimento especial às leitoras lindas que recomendaram a história *-*
- RaQuel
- Sandy Muller
- luisagim
Muito obrigada *o*



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Estávamos ferrados.

Tipo muito, muito ferrados.

E nem era culpa minha dessa vez.

Bom, não exatamente.

– Paulo! – a mãe do garoto foi a primeira a recuperar a voz, que soava chocada e indignada. – O que significa isso?!

Ah, a pergunta clássica! Agora só faltava o Chermont começar a gaguejar coisas sem sentido, sem conseguir pensar numa mentira convincente.

E é claro que foi isso que ele fez.

– M-mãe, eu...err...quer dizer...nós não...bem, hm – dava para ver que o cara estava desesperado, afinal era a máscara de bom menino dele que estava caindo na frente da madre superiora e das nossas famílias. Eu nunca tive máscara de boa menina, então esse não era o meu problema.

O que me leva à maior tragédia de todas.

Meu pai e minha irmã estavam ali.

Isso era um problema.

Merda.

– Não é o que vocês estão pensando – Paulo conseguiu dizer (a coisa errada), finalmente percebendo a posição em que ainda estávamos e afastando-se rapidamente, não sem antes me puxar pelo pulso para que eu descesse da mesa do altar. E assim que eu estava bem equilibrada com os dois pés no chão, me soltou como se minha pele o queimasse.

– Nós não precisamos pensar, nós podemos ver – Bianca soltou com seu típico sorriso debochado.

Todos os olhares se voltaram para ela – bem do jeito que ela gostava – e eu quase pude ouvir o queixo do Chermont mais velho se estatelando no chão. Os outros, no entanto, foram mais comedidos em suas expressões de surpresa.

O negócio é que Bianca e eu éramos muito parecidas. Praticamente idênticas, como gêmeas univitelinas. A maioria das pessoas realmente pensava que éramos gêmeas e, quando crianças, gostávamos de confundir as pessoas fingindo ser a outra. Nem o papai conseguia nos distinguir, apenas a mamãe. Ela nunca nos confundia.

Na adolescência, isso deixou de ser divertido e passamos a usar cortes de cabelo diferentes para não sermos confundidas uma com a outra. Bianca gostava de usar uma franjinha reta bem em cima das sobrancelhas e o cabelo repicado, enquanto que eu sempre usei o meu comprido e reto, porque ficava mais fácil de trançar. Porém, há mais de um ano que Bianca começou a deixar o cabelo crescer e a ficar, lentamente, igual ao meu. Ainda era ligeiramente mais curto na frente, mas quase não dava para notar essa diferença agora.

– E, como sempre, você só vê o quer, não é? – eu retruquei, arqueando uma sobrancelha para a minha querida irmã mais velha.

– Já chega – a madre resolveu colocar ordem naquela anarquia e fez todos os olhares se desviarem para ela. – Sr. Chermont e Srta. Vaughan, no meu gabinete agora. Pais, se vocês também puderem me acompanhar...

Meu pai e a mãe do Chermont assentiram e, assim como todos naquela capela, se dirigiram à saída. A Sra. Chermont ainda parecia meio abalada, como se nunca pudesse sequer imaginar que encontraria seu filho precioso e perfeitinho numa situação como aquela. Meu pai não era tão ingênuo. Ele já havia me dito que, depois de saber que eu tinha queimado um professor da escola com um cigarro, nada mais que viesse de mim o surpreenderia. Então, tirando o rápido olhar irritado que ele me lançou quando a diretora me chamou de Srta. Vaughan, ele parecia bem tranquilo, quase entediado, enquanto esperava que a madre nos guiasse até a sua sala.

– Sério, Paulo – Victor sussurrou para o irmão quando pisamos fora da capela, baixo o suficiente para ninguém mais ouvir. – Por que você tá pegando essa louca? O que você tem na cabeça, cara? Agora deu pra fazer caridade?

Cerrei os olhos para ele.

– Você quer apanhar agora ou mais tarde? – perguntei, antes que Paulo pudesse responder alguma coisa.

– Srta. Vaughan, Sr. Chermont – a madre superiora nos chamou. – Acompanhem-me, por favor.

Olhei bem fundo nos olhos verde escuros do Chermont mais novo e murmurei:

– Mais tarde, então.

Victor arregalou os olhos e, inconscientemente, deu um passo para trás. Eu sorri. O pirralho estava provavelmente lembrando que eu não blefo. Ótimo.

Paulo rodou os olhos, fechou os dedos no meu braço, logo acima do cotovelo, e começou a me arrastar para seguir a madre. Eu puxei meu braço e me soltei dele, passando a andar na sua frente. Depois de alguns passos, ao perceber que o idiota não voltou a me perturbar, olhei de relance para trás e o vi seguindo ao lado da diretora, conversando baixinho com ela. Pilantra filho da... Estava provavelmente tentando jogar toda a culpa em mim. Quis dizer para ele nem se dar ao trabalho, já que todo mundo ia achar que a adoradora do satã aqui era a responsável por tudo mesmo.

Logo atrás deles vinham a mãe do Chermont e o meu pai. Bianca, Victor e Mari estavam fora de vista, provavelmente nossos pais disseram para eles irem curtir o festival enquanto eles iam cuidar dos filhos problemáticos. Bom, meu pai ia cuidar da filha problemática. Bufei e continuei caminhando na frente em direção ao prédio principal da escola. Depois da surpresa em ver meu pai e minha irmã ali, veio a raiva. Sim, eu estava mais do que irritada. O que diabos aqueles dois estavam fazendo? Meu pai sabia muito bem como eu me sentia em relação a ele e Bianca... bom, ela tinha o prazer de me detestar.

Então por que os dois viriam visitar alguém que, no fundo, sei que gostariam de esquecer que tem o mesmo sangue que eles?

Se foi com o intuito de me torturar, eles estavam conseguindo.

Entramos na escola em silêncio e, logo antes de a madre superiora abrir a porta do eu gabinete para nós, eu pensei, pela primeira vez, na gravidade daquela situação.

É, eu seria expulsa.

O que não aconteceu ontem graças ao monitor fascista com T.O.C., aconteceria hoje por causa dele.

A vida não é maravilhosa? Então agora eu nem precisaria mais ligar para o meu pai e esperá-lo vir me pegar, ele já estava aqui com a minha adorada irmã, pronto para me levar embora. Que senso de oportunidade!

Eu estava tão furiosa que esqueci de ficar triste ou aflita por ir embora. Eu não queria ir, mas era o que ia acontecer, e eu sentiria aquelas emoções tão confusas cedo ou tarde. Mas agora eu só queria bater em alguém.

– Não, vocês não – a madre disse quando eu me adiantei para entrar na sua sala. – Eu vou conversar com os pais de vocês primeiro e, como não quero que fiquem sozinhos agora, chamei a irmã Manuela para levá-los até a sala da coordenadora.

– O Matusalém? – perguntei, lembrando da dentadura folgada da irmã Christine com nojo.

Os olhos meio cinzentos da madre me fitaram com advertência.

– Respeite os mais velhos, Julieta – ela disse em voz grave.

– Os mais velhos, pode até ser, mas as múmias também? – soltei, debochada.

– Cala a boca, Julieta – papai mandou com voz firme e irritada.

Antes que eu pudesse mandar ele para qualquer lugar, irmã Manuela chegou e a madre disse para ela nos levar até a sala da coordenadora imediatamente, parecendo querer evitar uma discussão ali.

Paulo e eu ficamos calados durante todo o curto caminho, enquanto irmã Manuela ficava lançando olhares reprovadores na minha direção, provavelmente lembrando da outra confusão que eu armei, há quase um mês. Foda-se. Eu não podia me importar menos com a opinião de uma freira.

Depois de bater na porta, irmã Manuela a abriu e nós entramos. A Múmia estava lá, com aquela cara enrugada numa expressão ainda mais desaprovadora que a outra freira. Não esperei convite e sentei-me logo numa daquelas cadeiras duras que ela tinha na sala.

– Bom dia, irmã – Paulo cumprimentou, ainda tentando manter a pose de bom moço, aquele duas caras. – Posso me sentar?

– Sim, por favor, querido – ela respondeu, a expressão suavizando ao olhar para ele. Sério, era nojento.

Chermont assentiu e tomou a cadeira ao meu lado, não parecendo nem um pouco desconfortável. Desgraçado, duas caras, cafajeste, pilantra, sem vergonha... eu queria poder escrever todos esses adoráveis elogios na cara dele. Com um canivete.

Por causa dele eu estava naquela situação. Ele me provocou! Ele me beijou! Tudo bem que eu podia tê-lo empurrado, podia não ter correspondido...

Que merda eu tô falando? É claro que eu não poderia fazer isso. Eu poderia querer, minha cabeça poderia me mandar resistir, mas eu não conseguiria. O garoto tinha que ter noção do que fazia comigo, das reações incontroláveis que me causava! Por que era desse jeito? Por que aquele idiota mandão com surtos psicóticos tinha que ter tanto controle sobre mim?

Paulo Chermont me fazia cair em contradição a cada dois segundos! Eu odiava tê-lo por perto, mas amava cada segundo dos seus toques, dos seus beijos. Eu tinha raiva do seu jeito autoritário, mas admirava o fogo que sempre estava em seus olhos quando ele ficava muito determinado sobre algo. Eu lutava contra a vontade de tocá-lo com a mesma intensidade com que lutava contra o desejo de quebrar os dedos dele.

Isso não tinha como ser saudável.

– Quer dizer que a mocinha aqui se meteu em encrenca mais uma vez – comentou a velha depois de sugar a dentadura.

Fitei-a com raiva e estava prestes a dizer alguma coisa quando senti a mão do Chermont apertar meu braço levemente.

– Não foi bem assim, irmã – ele respondeu por mim enquanto eu o olhava surpresa. – O que aconteceu foi...

Mas ele não terminou a frase, interrompido por uma batida na porta.

– Entre – a múmia disse.

Uma garota baixinha, com cabelos castanhos cheios e olhos cor de mel escondidos por um óculos com armação vermelha entrou, segurando uma pasta. Era bonitinha e usava o uniforme do colégio, mesmo que roupas casuais fossem permitidas aos fins de semana, o que dizia muito sobre ela.

Nerd puxa saco.

– Com licença, desculpe incomodar, Irmã Christine, mas eu não consigo encontrar os formulários para o festival de inverno – a garota disse.

– Srta. Rivera, eu já disse mil vezes que está na gaveta da secretária! – a velha respondeu.

– Mas eu já olhei lá e não encontrei – ela argumentou.

Irmã Christine se levantou e começou a resmungar coisas como “crianças incompetentes” e “sempre tenho que fazer tudo sozinha” enquanto se dirigia à porta da sala, onde estava a tal da Rivera.

– Fiquem os dois aí – disse para Paulo e eu, mas olhando para mim. – Eu já volto.

E saiu com a garota de cabelos castanhos para fora da sala, batendo a porta.

– Quer merda foi aquela, Chermont?

– Você está tentando ser expulsa?

Perguntamos ao mesmo tempo.

Eu me virei para ele com raiva.

– Ah, eu estou tentando ser expulsa, claro – debochei, rolando os olhos. – Como sempre, a culpa é toda minha.

– Para com o drama, Julieta – ele me repreendeu. – Eu sei que a culpa foi minha, ok? E eu estou tentando consertar tudo, mas você e essa sua atitude não estão ajudando!

– Tentando consertar tudo?! – ecoei, levantando-me ao mesmo tempo em que ele o fazia. – Só se for pra você! Aposto o que você quiser que você estava jogando toda a culpa em mim para a madre mais cedo.

Chermont suspirou e passou a mão pelos cabelos que eu havia bagunçado há menos de meia hora.

– Você vai perder essa aposta – ele disse calmamente, como se estivesse se obrigando a soar calmo e não explodir. – Eu só disse para a madre que...

Mas novamente o garoto foi interrompido, desta vez pela múmia que atendia pelo nome de irmã Christine, que entrou na sala, resmungando.

– Vocês já estão brigando? – perguntou quando nos viu de pé, encarando um ao outro. – Parem já com isso e se sentem. Essa juventude...

Rolei os olhos e me sentei. Paulo fez o mesmo, mas antes conseguiu sussurrar para mim:

– Eu vou tirar a gente dessa, só confia em mim.

Nem foi um sussurro tão baixo, mas eu duvidava que aquele cadáver ambulante ainda tivesse tímpanos em bom funcionamento.

E o que diabos o monitor fresco queria dizer com aquilo? Confiar nele?

Não nessa vida.

Apoiei o rosto na mão e fiquei fitando o nada enquanto pensava em como um dia que mal havia começado podia dar tão errado. Sinceramente, o que faltava? Eu sabia que o dia seria ruim no instante em que acordei. Acordar cedo no sábado? Desastre. E agora meu pai estava ali com a desgraçada da minha irmã enquanto eu estava presa numa sala que fedia a mofo com um zumbi e um garoto infernal que o era o culpado por todos os meus problemas e ainda por cima, me pedia para confiar nele.

O que podia ser pior?

Ah claro, a múmia em decomposição ficava me fitando com aquela expressão de desaprovação enquanto sugava a dentadura de dois em dois minutos, fazendo aquele som repulsivo que me dava ânsias de vomitar todo o meu café da manhã inexistente em cima da mesa.

Tentei encarar a velha de volta, mas ela não desviava o olhar por nada. Perdi a paciência e gritei:

– Bu!

E a mulher caiu morta.

Bem que eu queria, ela só se assustou e soltou um gritinho, levando a mão ao coração.

– Julieta, você tá louca?! – Paulo gritou enquanto se levantava para acudir a freira. – Quer matar a irmã Christine?

– Essa era a ideia... – respondi, recostando-me tranquilamente naquela cadeira que já estava deixando minha bunda quadrada.

O monitor ficou dando tapinhas desajeitados nas costas da velha enquanto ela tentava recuperar o fôlego. E eu controlava a vontade de rir. Como se um “bu” fosse matar aquela mulher, sinceramente, aquilo para mim era drama.

Quando finalmente irmã Christine conseguiu respirar normalmente, ela lançou um olhar mortal na minha direção e se preparou – provavelmente – para insultar todos os meus antepassados até Adão e Eva. Mas foi impedida por mais uma milagrosa batida na porta.

Fiquei me perguntando se toda vez que alguém batia naquela porta, ficava antes escutando através dela para interromper os melhores/piores momentos.

Irmã Manuela não esperou uma resposta para abrir a porta e, se ficou surpresa ao ver o Chermont em pé dando tapinhas nas costas da múmia que estava se desfazendo, não demonstrou.

– A madre quer vê-los agora – ela nos disse e eu, mais que rapidamente, me levantei e saí daquela sala com cheiro de mofo e gente velha.

Nada contra os velhos, mas aquela freira em particular era intragável.

Fiquei esperando por alguns segundos do lado de fora, com os braços cruzados e batendo o pé impacientemente no chão, enquanto esperava a irmã Manuela e o Chermont. Assim que eles saíram da sala, nós caminhamos em silêncio até o gabinete da diretora. Sim, eu ainda estava com raiva, mas o nervosismo começou a dar as caras, deixando-me meio enjoada.

O fato de eu não ter comido nada ainda e ter ficado naquela sala da coordenadora múmia não ajudava.

Mas seria melhor acabar com tudo de uma vez. Se eu iria ser expulsa, que fosse logo. Ficar prolongando o momento seria ridículo e me faria sentir ainda mais mal. Não, eu não queria ir, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Se eu tentasse abrir a boca para me defender e jogar toda a culpa no Chermont – a maior parte da culpa era dele mesmo – ninguém me daria ouvidos, porque eu era a rebelde problemática e mentirosa enquanto o lindo do Paulo Chermont era o aluno modelo.

Ele provavelmente deve ter dito para a madre que eu estava tentando abusar da sua pureza ou que eu fiz alguma bruxaria para ele me agarrar.

Drama? Talvez. Mas eu juro que se isso fosse verdade, eu não ficaria muito surpresa.

Quando entramos na sala da madre superiora, meu pai e a mãe do Chermont continuavam lá e ambos se levantaram ao nos ver. Meu pai parecia meio confuso enquanto a Sra. Chermont parecia ainda mais chocada e abalada que antes.

– Entrem, crianças – a madre começou a dizer. – Por favor, sen...

Mas a mãe do garoto ao meu lado não a deixou continuar.

– Por que você não me contou nada, meu filho? – ela perguntou para o Paulo, com uma voz quase chorosa. – Você não precisava ter escondido, todos nós iríamos entender.

Que. Diabos. Era. Aquilo?

– Mãe, é que... – o garoto começou, coçando a nuca e com o rosto começando a ficar vermelho. – É complicado.

A mãe dele parecia querer dizer mais alguma coisa, mas meu pai achou que aquele era o momento perfeito para dar uma de pai preocupado e dizer alguma coisa:

– Julieta, o que você fez com esse garoto? – foi o que ele disse.

É, o retrato do pai preocupado...com os filhos dos outros.

– Eu não fiz nada, pai – respondi com raiva, olhando-o nos olhos castanhos e cruzando os braços. – Eu ainda nem entendi o que tá acontecendo aqui.

A madre superiora se levantou da cadeira e contornou a mesa para se colocar entre nós.

– Agora chega – ela disse, olhando para mim. Que desgraça, eu sou sempre a que recebe os olhares de reprovação, vou começar a fazer coleção deles. – Senhores, eu já expliquei tudo o que o Paulo aqui me disse enquanto estávamos vindo para cá.

É, estava na hora de eu saber que mentira aquele desgraçado tinha inventado para se dar bem e me ferrar. Aquele papo de “não quero que você vá embora” tinha que ser piada.

Não ia ser a primeira vez que o monitor tirava uma com a minha cara. Eu ainda não havia esquecido de quando ele disse estar se apaixonando por mim de novo. Otário, como poderia estar se apaixonando de novo se nunca havíamos nos visto antes de eu vir para a Werburgh?

Aliás, como ele poderia estar se apaixonando? Pela primeira, segunda ou décima vez? O monitor certinho e todo bom do colégio, apaixonado pela delinquente juvenil?

Piada.

– É claro que o que os dois fizeram foi errado – continuou a madre. – Mas eu estou disposta a puni-los com menos severidade, depois de saber as razões...

– Espera aí – eu a interrompi porque já estava mais do que perdida naquela conversa. – Razões de quê? Do que vocês estão falando?

Foi a mãe do Chermont que respondeu, olhando-me meio confusa, como se não entendesse como uma pessoa podia ser tão lerda:

– Das razões pelas quais vocês mantiveram o seu namoro em segredo.

Certo.

Um, dois três.

O quê?!

– A madre nos contou do problema que houve entre vocês há um mês – papai continuou, meio desconfiado. – E que, por causa disso, vocês não queriam que ninguém soubesse que estavam namorando, achando que iam ter mais problemas. Mas algo está errado nisso.

É claro que há algo de errado nisso. Isso é um erro do começo ao fim! Paulo estava doido? Fumou maconha vencida? Qual era o problema daquele idiota? Por que ele foi inventar aquele absurdo? Eu estava tão chocada que, por alguns segundos, fiquei paralisada, sem poder fazer nada a não ser deixar meu queixo cair.

– O quê? – foi a Sra. Chermont quem perguntou ao meu pai.

– Desculpe-me, mas você não conhece minha filha – ele disse, mas estava olhando para mim. – Ela não é do tipo que foge de problemas. E não é do tipo que namora.

Pela primeira vez em muito tempo, eu podia concordar com meu pai em alguma coisa. E era exatamente o que eu estava para fazer, para tirar aquela sandice da cabeça daqueles malucos.

– Mas é claro que... – comecei, mas parei com um pequeno ofego ao sentir o meu pé sendo esmagado.

– ...As pessoas mudam – Paulo completou, passando um braço sobre os meus ombros e me puxando para ele, com um sorriso forçado no rosto. – Não é, meu amor?

Eu o fitei com ódio.

Esse era o grande plano para consertar tudo? Era disso que ele estava falando quando soltou aquele “confie em mim”?

Garoto, você está morto.



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Notas finais do capítulo

Hey, cadê os 53 leitores que adicionaram a história nos favoritos? A falta de reviews me desmotiva muito e aí saem capítulos podres que nem esse u.u
Enfim, to triste, vou me afogar num pote de danoninho, beijos :*
Ah, feliz ano novo :)