Três dias se passaram e eu ainda me sentia fraca. Bill ficava o dia todo comigo, mas durante a noite ele sumia. Apesar de ser um vampiro, o que ainda era difícil de aceitar, ele se tornou uma boa companhia.
Eu ainda estava com muitas dúvidas e a história que o Michael me contou tinha algumas falhas. Mas o Bill sempre se esquivava quando eu perguntava. E os outros quatro, Brendon, Ryan, Gerard e Tom não tinham notícias sobre o paradeiro do Michael.
Gerard havia ligado ontem, disse que estavam na fronteira com o Canadá, mas a última pista~que eles tinham não os ajudou.
-- Achamos que ele está perseguindo alguém, pois os lugares por onde ele já passou estão espalhados sem nenhuma ligação pelo mapa... -- ele me disse -- Eu acho...Acho que ele está querendo resolver as coisas sozinho...
-- Você... -- eu tentei elaborar uma hipótese -- Está querendo dizer: dar fim nas buscas dos três vampiros por mim?
-- É, basicamente. Urh, ele é tão pretencioso...Vai acabar fazendo uma besteira enorme-- ele hesitou, mas continuou -- Quando o encontrei abraçado a você e gemendo seu nome...O idiota achou que tinha te matado...
Eu engoli em seco.
Ele não queria me matar e a minha pseudo-morte fez ele sofrer de certa forma. Por que? Eu era só uma humana que se meteu com vampiros assassinos em um beco sujo e sabe demais.
Não tinhamos trocado palavras que dessem motivo suficiente para...ele gostar de mim.
Talvez matar não necessariamente estava incluido na dieta dele e estar diante da possibilidade de ter me matado afetou a mente dele.
...
Não, ele não se importa tanto comigo.
--...E aí ele te jogou nos meus braços e desapareceu. Sinceramente, mesmo depois de centenas de anos de convivência, eu definitivamente nunca vou entender o Mikey.
-- Ah -- eu grunhi
Suspirei alto. Todas as vezes que eu tentava organizar os fatos na minha mente, só me aparecia mais perguntas sem respotas.
-- Amy, vai começar... -- a voz de Bill passou pela fresta da porta quando eu saí do boxe d banheiro -- Eu já estourei a sua pipoca... -- ele estava se divertindo cozinhando para mim.
-- Okay... -- eu estaria bem mais animada alguns dias atrás, mas nem a quarta temporada de Supernatural conseguia trazer de volta a velha Amy.
Vesti um moletom surrado do Mikey e suspirei quando notei que mais uma roupa dele ficou enorme em mim. Mas eu não poderia achar ruim, já que todos estavam ocupados demais para comprar roupas de mulher e eu não iria sair do apartamento de qualquer forma.
Olhei no espelho o reflexo do meu pescoço, marcado com dois furos quase cicatrizados. Eles ardiam algumas vezes por dia, mas naquela tarde as dores estavam mais intensas.
Pareciam ser algum tipo de sinal, um alerta.
Saí do banheiro e quando estava na metade do corredor, escutei passos rápidos atrás de mim. Meu coração parou.
-- Michael... -- eu chamei quando me virei, mas encarei um resto de corredor escuro e vazio. Os pontos no meu pescoço arderam em brasa e eu gemi de dor.
"Desculpe..."
"Amy..."
"...eu..."
A minha respiração estava descompassada. Aquela voz parecia vir da minha cabeça, de algum jeito. Os passos aumentaram de volume e estavam se aproximando de mim. Eu tinha que fugir, esse ero o alerta.
No mesmo instante eu sai correndo e não reparei para onde eu estava indo.Aquelas frases se misturavam na minha cabeça e de repente surgiu um som agudo por trás.
Quando eu dei por mim, estava na cobertura. Tapei meus ouvidos com as mãos, mas não consegui parar de escutar as vozes cada vez mais aceleradas. Eu continuei correndo e a minha visão ficou turva. Eu iria cair, mas não conseguia parar de correr até o pequeno degrau que seria o início para a minha morte.