V.

"Hear the sound,

The angels come screaming.

Down your voice,

I heard you've been bleeding

Make your choice,

They say you've been pleading

Someone save us".

Heaven Help Us

My Chemical Romance.

   Eu não sabia o que fazer.

   Eu ainda queria fugir, talvez por algumas horas.

   Mas não o fiz. Mikey não ia gostar de saber que eu tinha fugido e saber que ele poderia me odiar ainda mais por causa disso não me agradou nem um pouco.

   Silenciosa, eu voltei para o apartamento.

   Quando abri a porta, Bill pareceu ter se desprendido dela. Ele estava escutando tudo. Tom e Gerard riram baixinho.

   Eu franzi a testa.

   -- O que você estava fazendo, Bill? -- eu perguntei e cruzei os braços. Ele tentou um sorriso divertido e se recompôs.

   -- Eu? Nada, nadinha... -- ele respondeu e foi até a cozinha, como se fugisse. Ergui a sobrancelha e olhei torto para os outros dois sentados no sofá.

   -- Bill tinha alguns problemas de audição antes de ser trasnformado... -- Tom disse, como se soubesse o que eu estava pensando.

   -- O quê? Vai me dizer que... -- eu indaguei.

   -- Amy, nós temos uma audição bem aguçada, digamos que escutamos uma pena caindo no chão a 500 metros de distância. Mas o Bill é quase um humano nesse aspecto -- Tom continuou.

   -- E-ele, vocês... -- deixei as palavras morrerem na minha boca. Ainda bem que eu não disse nada do que estava pensando, iam achar que eu era algum tipo de retrardada.

   Tom e Gerard começaram a rir alto, Bill também, da cozinha.

   E Ryan e Brendon...Bom, eu não sabia onde eles estavam.

   E talvez era melhor nem imaginar.

   Mesmo com um clima mais leve na sala, eu não fiquei lá. Fui até a varanda e contemplei o crepúsculo. Aonde Mikey tinha ido? Na certa, se alimentar. Depois do que aconteceu no corredor, ele provavelmente não queria me ver nem pintada de ouro. Ou vermelho.

   Será que foi no túmulo da tal Alicia, lembrar os bons momentos?

   A vida é uma merda.

   Quando não consegui mais me manter em pé, voltei para o quarto. Me agarrei ao travesseiro, aspirando o perfume inebriante dele.

   A vida realmente é uma merda.