A porta do elevador se abriu  e uma loira frustrada saiu dele. Edward Cullen não era mais o mesmo. Onde estavam as fodas ocasionais no elevador?

A mulher saiu chateadíssima, um olhar de repulsa para Edward. A porta voltou a se fechar e Edward Cullen sentou-se no canto do elevador,  a cabeça encostada na parede e a respiração entrecortada.

A loira insinuara-se para ele, e ele, por algum motivo continuou dando pilha para ela. Mas quando estava quase nas vias de fato, algo dentro dele empurrou a mulher... ele não queria uma loira qualquer num elevador. No lugar disso, uma morena rondava seus pensamentos.

Ele se levantou e passou as mãos nos cabelos, olhando seu reflexo no espelho. Esfregou as mãos nas olheiras e bocejou cansadamente. O estomago revirou e a porta se abriu. Ele saiu passando as mãos nos cabelos, e esfregando a bochecha.

- Bom dia, senhor Cullen – disse a secretaria. Edward balançou a cabeça e entrou em sua sala, jogando a maleta de qualquer jeito num canto e se atirando de qualquer jeito na cadeira.

Fechou os olhos e seu estomago revirou. Não lembrava qual fora a ultima vez que comera algo que não fosse uísque ou cigarro.

Fez muxoxo e olhou a mesa.

Alguns envelopes fechados estavam ali. Ele os pegou na mão e passou carta por carta. Algumas ele jogou rudemente no lixo, e as outras apenas jogou de lado. Apenas uma parou em suas mãos. Um envelope grande e pardo. Abriu e retirou alguns papeis. Uma palavra girou em sua cabeça.

“Divórcio”

Leu de olhos arregalados e sua respiração ficou entrecortada. Ele não gostava de Bella... afinal aquilo tudo era culpa dela.

Mas nos papéis não mencionava nada sobre seu direito de ver seu filho.

Edward sentiu-se um bipolar. Queria ter Anthony e Bella de volta? Ou apenas Thony?

Mas, depois que ele assinasse – se assinasse – como iria viver sem seu filho? Sem ninguém?

Algo ardeu em seus olhos. Ele os esfregou com as costas das mãos.

Não iria chorar mais por Isabella Swan. Ela não merecia aquilo tudo. Mas uma dor o massacrava o peito sempre que ele pensava em Isabella Swan longe dele.

Levantou-se e pegou as chaves do carro.  Iria achar Isabella, e pedir perdão de joelhos se fosse necessário.

Sentindo-se mais ainda um bipolar, desceu em segundos o prédio e chegou ao carro numa velocidade pouco humana.

Começou, então a rodar pelas ruas de Nova York. Não tinha um rumo, mas queria e sentia que podia encontrar Bella.

E assim que esse pensamento passou por sua cabeça, num sinal vermelho, uma mulher jovem atravessou a rua. E era ela. Edward deu um jeito de estacionar quase que encima da calcada e desceu. Isabella andava de costas para ele e tinha uma sacola branca nas mãos.

Mas então um loiro ergueu a mão no ar, sorrindo, e Bella apressou os passos para chegar nele.

Ele abraçou a mulher de leve e tocou levemente a barriga dela, sorrindo. Bella sorriu de volta. Eles começaram a conversar e Edward não sabia o que fazia.

Suspirou tristemente e voltou para o carro. Algo ardia dentro dele.

Colou novamente o carro em movimento, sem saber para aonde ir. O celular tocou.

- Oi, Edward – disse alguém do outro lado da linha.

- Oi Alice.

- Bom, já que você não quer falar comigo pessoalmente, eu quero perguntar por telefone mesmo.

- Fale, fale rápido – murmurou, tocando a testa.

- O que você fez com a Bella, seu grande retardado? Ela não me atende mais, não me abre a porta, passa metade do dia fora de casa... o que disse a ela seu incompetente?

Edward sentiu uma tremenda raiva.

- Eu disse a verdade pra aquela mentirosa. Aquela... aquela... ah, ela não passa de uma qualquer. Está fazendo drama, joguinho... eu acabei de vê-la com um cara. Espero que o filhinho dela seja loirinho que nem o pai – disse com amargura.

Alice fez muxoxo.

- Edward, além de fumante agora você é alcoólatra? Do que está falando seu imbecil?

- Quê? Não se faça de desentendida irmã do capeta! Sabe muito bem que Isabella está gravida!

- Sim, eu sei. E eu pensei que você ao menos teria a hombridade de dizer “ah, Bella, vou ajudar com nosso filho” coisa que você deveria ter feito com o Anthony. Seu imbecil, a cada dia eu fico com mais vontade de te bater, Cullen.

- Quê? Deixe de falar bobagens... o que quer dizer com “nosso filho”?

- Quê? Seu idiota, o seu filho, o que Bella tá esperando. A menininha... Zoey.

Edward franziu o cenho e diminuiu a velocidade do carro. Nosso filho? Filho deles? Dele e de Bella?

Ele por um momento, sorriu que nem um idiota.

- Então ela ainda não tem outro?

- Edward Cullen! Se ligue na vida! Isso não e mais da sua conta, se é que você não se lembra. Ela não é mais sua esposa.

- Sim Alice eu sei mas... – então algo totalmente maluco lhe ocorreu – Alie, Bella está gravida de um filho meu?

- Sério? Oh! Que grande surpresa – disse ironicamente a irmã – sim se imbecil, você acha mesmo que a Bella é que nem você? Ela nunca foi pra cama com nenhum outro homem Edward. Ela ama você.

Edward fez uma careta labial.

- Tenho que falar com ela. Eu...hã... falei mal dela... quer dizer... não sabia que... eu pensei que...

- Ah, seu grande estupido. Brigou com ela achando que ela estava grávida de outro.

- Sim – admitiu ele.

- Edward se eu estivesse perto de você agora, juro que te bateria tão forte que você ia dar oi pra Deus.

- Nossa, Alice, estou tão feliz! Bella... Bella ainda não tem outro!

Edward queria fazer uma dancinha da vitória.

- Sim, sim... mas e agora, seu idiota?

- Me passe o endereço dela.

- De forma alguma. Eu prometi a ela que nunca passaria o endereço de onde ela morava para você.

- Alice! Pelo amor de Deus!

- Não, Edward... não passo a droga do endereço nem sob tortura.

- Mary Alice Cullen Withlock... me passe agora a droga do endereço... senão eu juro que....

- Edward não passo, não passo, não passo...

- Alice! Por favor!

- Não.

- Então me diga onde ela trabalha. Ou prometeu que também não contaria isso nem sob tortura?

Ela ficou um momento em silencio.

 - Olhe Edward, vou te passar a droga do endereço do hospital onde ela trabalha... mas se assusta-la, ou contar algo para ela do tipo “Alice fez questão de me passar” juro que capo você. 

- Certo.

Alice passou o endereço e Edward sorrindo, anotou sem jeito, num papel.

- Obrigado Alice! Eu. Te. Amo.

Ele desligou sorrindo e aumentou a velocidade. Edward estava muitíssimo satisfeito. Bella ainda não tinha outro... e estava grávida de um filho dele. Outro...

Jurou para si mesmo, que faria tudo que não fez com Anthony com o novo filho, e recompensaria Anthony de todas as maneiras possíveis por nunca ter sido o pai que ele sempre mereceu.

Sorriu sozinho, com uma vontade louca de sair do carro pulando.

Pressionou mais o pé no acelerador. Tudo que mais queria era ver Bella o mais rápido possível.

Mas, no meio de toda aquela pressa, um carro vermelho surgiu na contra mão, e, por mais que Edward quisesse desviar, a droga do carro vermelho vinha extremamente rápido.

No momento seguinte, o carro de Edward já rolava pela estrada, e o Air-Berg não deu sinal de vida.

E antes mesmo de bater na arvore, Edward pode jurar que sentira algo quente escorrer de sua testa.

Sua cabeça ficou pesada e ele queria dormir.

Então morrer era assim? Quase nenhuma dor e um pouco de sangue?

Morreria sem pedir desculpas a Bella?

Sem ser um pai pra Anthony?

Sem conhecer seu novo filho?

Morreria sendo um filho da puta mal amado, frio e sem escrúpulos?

As pessoas não ganham uma chance de mudar antes de morrer?

E seus sonhos? Nunca voltaria a casa da árvore em Forks?

Nunca veria seu filho indo pra faculdade, namorando e nem sendo pai?

 Nunca seria avô?

Simplesmente morreria naquele exato momento, dentro da droga de um carro, sem encontrar a droga da mulher que ele sabia que amava, mesmo que não admitisse?

Poderia gritar que amava Isabella Swan nesse exato momento se não estivesse tão cansado.

Mas o cansaço durou pouco e tudo que restou foi o grosso e denso mando negro que cobrira sua visão.

E então, dentro do carro, sangrando e solitário, Edward Cullen se foi.

“Todas as nossas palavras serão inúteis se não brotarem do fundo do coração. As palavras que não dão luz aumentam a escuridão”
(Madre Teresa)