Marotos - Uma Nova História escrita por Sara_McGonagall


Capítulo 20
Guerra Declarada




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A notícia da morte de Meminger tomou conta dos jornais. Até mesmo os mais sérios culpavam a sanidade do professor Dumbledore e sua reputação como diretor começava a ser seriamente questionada. Alguns alunos voltaram durante a noite, mas alguns nem se quer se deram ao trabalho. Hogwarts realmente não era mais a mesma. Era possível sentir no ar tamanha e brusca mudança. Pessoas como Sarah, que não ocupavam sua mente com coisas fúteis provavelmente notariam a diferença. Comentara até com Remus sobre isso, e ele também lhe confirmou que os monitores estavam sendo instruídos a fazer vigílias constantes, embora ele dissesse que isso de nada adiantaria agora depois de o pior já ter acontecido. Na noite anterior ao inicio das aulas, Sarah fora acordada com Olivia saltitando em sua cama - É verdade? – ouviu a amiga agora séria lhe encarando – Ralph morreu mesmo?

— Sim... – respondeu Sarah sentando-se na cama e abraçando-se aos seus joelhos. – Ninguém sabe como ou o que ocasionou a morte dele...

— Não foi pelo duelo foi? – perguntou Olivia novamente – Tipo, meus pais não quiseram comentar... mas, eu andei bisbilhotando... Sarah, as coisas estão terríveis. O que falam dos Potters... eu entendo perfeitamente o porque James está tão arredio e agressivo... ficaria do mesmo jeito se fosse comigo.

— Isso não justifica o jeito como ele vem me tratando... – respondeu Sarah, como aquela conversa tomou esse rumo ela ainda não entendia. Não o via desde o dia do duelo, e nem se quer sabia se ele havia voltado. - ... como disse a Remus ontem Oli, estou mais que disposta a manter uma trégua, mas parece que ele é quem não quer isso.

— Então de quem é essa caixinha ali? – mostrou Olivia apontando para uma pequena caixinha dourada com um laço vermelho. O mais estranho é que ela não lembrava de modo algum de ter visto tal objeto sobre a cômoda quando fora se deitar.

— Ei Emme? – disse Sarah assim que viu a garota entrando – Por acaso você sabe quem é que deixou isso aqui?

— Já estava ai quando eu acordei... – respondeu a garota dando de ombros enquanto jogava a toalha sobre o ombro e ia para o banheiro.

A garota trocou olhares com Olivia, já tinha tido surpresas demais com “presentes misteriosos”, principalmente de pessoas as quais queriam vê-la com alguma enfermidade. Olivia então pegou a varinha e executou um feitiço, a caixinha tremeu e então nada aconteceu. Um pouco mais segura, Sarah pegou o pequeno embrulho. Desfez o laço e tirou a tampinha. Nele havia um par de brincos dourados com uma pedra vermelho sangue.

— Uau... – ouviu Olivia dizer - ... parece ser algo bem caro.

Sarah sabia que seus avós não poderiam lhe dar algo de tanto valor, não depois de terem lhe dado uma vassoura nova. E também não conhecia tanta gente assim com “posses” para lhe dar algo de tanto valor.

— São rubis? – perguntou Olivia pegando um dos pequenos brincos.

— Não sei... – respondeu Sarah também examinando, depois olhou novamente a pequena caixinha. Não havia nada, nem um cartão se quer. Era delicado, como um coração vermelho vivo e detalhes em ouro. Visivelmente era algo de muito valor. Sem mencionar de muito bom gosto.

— Quem será que colocou isso aqui? - perguntou Olivia e Sarah apenas deu de ombros. Não sentiu ameaça, e sim um certo saudosismo quando viu aquele par de brincos. Tinha a sensação de que realmente a pessoa em questão queria que ficasse com ele, mas quem?

— Bem... então porque não o usa? Assim a pessoa que lhe deu vai ver que gostou do presente. Quem sabe se pronuncia?- disse Olivia.

Sarah apenas concordou, já havia passado da hora de se levantar. Foi para o banheiro, tomou um bom banho e trocou de roupa. Um jeans simples, uma blusa de lã para afastar o frio e descera para o salão principal juntamente com Olivia. Nem bem chegaram ao salão, Alice fizera sinal para que sentassem com ela e Frank.

— E como foi as festas? - perguntou Alice dobrando um exemplar do Profeta Diário.

— Me empresta Ali? - pediu Sarah, e enquanto Olivia contava sobre a chatice que havia sido a reunião de família, a garota viu algo que lhe chamou atenção. Uma fotografia de um lugar em chamas. Podia-se ler claramente a manchete:

 

 

 

Terror em Liverpool

Foram encontrados 21 corpos próximos a cidade de Liverpool na noite de ontem. Investigações preliminares indicam que todos eles foram mortos pelo ex-auror e declaradamente Seguidor das Trevas Charlus Potter.

Dentre os bruxos mortos foi encontrado o corpo do inominável Lewis Carter que estava em missão para o Ministério da Magia. Notícia completa na página 2.

Mais que depressa Sarah folheou o jornal até encontrar a página em questão e cutucou Olivia para que visse.

Fontes confidenciais do ministério da magia indicam que Lewis estava em uma missão de reconhecimento. As mortes ocorreram em um círculo de magia, provavelmente o mesmo que seria investigado por Lewis. Os corpos dos trouxas traziam como clara evidência marcas rituais, que nos fazem crer que o responsável por ela estava realizando um ritual de magia negra no local.

Lewis Carter foi preso no ano passado pelo então auror Charlus Potter sob  a acusação de ser um partidário do lord das trevas. Porém o inominável foi libertado depois depoimentos prestados. A investigação sobre Charlus Potter começou neste momento, quando Lewis afirmou que o verdadeiro partidário das trevas era Potter.

A partir dessa situação um grupo secreto de aurores começou a investigar Potter, não obtendo nenhuma prova conclusiva até o dia em que ele tentou amaldiçoar o ministro da magia, fato noticiado pelo profeta a alguns meses. Hoje Charlus Potter é o segundo bruxo mais procurado pelo Ministério atrás apenas  Daquele que não deve ser nomeado” e que se intitula Lord das Trevas.

Qualquer informação notificaremos em notícia extraordinária.

 

— Carter... Carter... - murmurou Sarah, ela já tinha ouvido esse nome antes.

— É parente daquele sonserino que vive com o "Trio MMB"? - perguntou Frank agora encarando as meninas.

— É claro... - respondeu Sarah recordando-se - ... vimos ele com Malfoy e Mayfair na zonkos lembra Oli?

— Verdade, é aquele loirinho, com rabinho de cavalo e olhar estranho... - respondeu Olivia tremendo - Ele sempre me dá arrepios.

— Se isso te dá arrepios... então olha isso aqui... – mostrou Sarah, havia uma reportagem na outra página.

Um homem com feições duras e sinistras estava sendo nomeado como Chefe do departamento de regulamentação das leis mágicas. Sarah não gostou nenhum pouco do olhar que este lançava para o bruxo que lhe tirava um retrato. Conseguia ver ao fundo Moody torcendo o nariz e quando isso acontecia, bem, ela sabia que não era nada de bom.

— Quem é esse “Amycus Carrow I”? – perguntou Olivia e então Frank fez sinal para que se aproximassem mais.

— Não tenho certeza, mas ouvi uma conversa lá em casa sobre isso... – então ele se aproximou ainda mais, quase encostando suas cabeças - ... estávamos na véspera de natal e meu tio que trabalha no Ministério deixou escapar que esse Amycus, foi preso por Moody que alegava que ele e a irmã eram partidários de Você sabe quem.

— E como ele pode ter sido inocentado se foi Moody quem o jogou em AZKABAN? – perguntou Sarah, conhecia a mania do velho amigo de seu avô mas ele nunca errava em seus julgamentos, principalmente se fosse o caráter de um bruxo.

— Bem... como vocês viram... – disse ele mostrando para o jornal - ... Moody está sendo desacreditado. Ninguém o leva a sério ultimamente o chamando de doido e maluco e coisas bem piores...

— Então esse Carter aí não foi uma perda total... – falou Olivia encarando o homem que olhava para ela na foto, como se fosse a atacar em qualquer momento.  - Lewis Carter foi preso no ano passado pelo então auror Charlus Potter sob  a acusação de ser um partidário do lord das trevas. Está na cara que tem ingrediente errado nessa poção.

— Ei gente... – dizia Emmeline que chegava um tanto atarefada e Sarah sabia que não era por conta dos seus presentes de natal – vocês não sabem o que eu ouvi agora nos corredores... – então ela olhou para Sarah e a encarou. A jovem então a encarou de volta. – Adorei os brincos Sah...

— Ah... obrigado... – respondeu ela um tanto confusa - ... o que foi que você ouviu Emme?

— Ah... é.. assim, alguém azarou a priminha cobra do Sirius ontem a noite em um dos corredores.

— Como é que é? – perguntaram praticamente todos os quatro que estavam no pequeno círculo.

— É isso mesmo que vocês ouviram... – disse Emme estufando o peito – alguém acabou fazendo o que a maioria aqui tem vontade de fazer...

— E quem foi o bom samaritano? – perguntou Oli mas Emme apenas meneou a cabeça.

— Ninguém sabe... – respondeu - ... eu não sei não, mas pelo que ouvi a Taylor Grover... estava sentada a um canto murmurando coisas sem sentido...

— Vai ver a Belinha andou praticando magia na pobre coitada e deixou ela doida... – disse Frank  - ... alguém deve ter visto e decidiu fazer justiça com as próprias mãos.

— Não Frank... – respondeu Emme meneando a cabeça negativamente - ... os danos na mente da Grover foram tantos que ela foi levada pro St. Mungus. Seja lá o que fizeram com a coitada, pelo visto foi algo bem sério.

Uma pequena comoção então foi vista na porta do salão principal e Sarah já sabia do que se tratava. Os marotos estavam entrando. Tentou manter-se firme e apenas não tirar os olhos do jornal a sua frente, mesmo que tivesse de ficar olhando ao Sr. Carrow I ali que ficava lhe encarando ameaçadoramente. Quando James então entrou, houve uma nova comoção na mesa da sonserina, Carter levantou-se com a varinha em punho. Passou por cima da mesa e partiu para cima do garoto.

— Tem muita coragem de voltar Potter! – cuspiu as palavras Ken Carter apontando-lhe a varinha.

— E porque motivo eu não voltaria? –perguntou James cruzando os braços enquanto Sírius, Remus e Peter já tinham as varinhas em punho.

— E ainda ousa me dirigir a palavra? Seu pai, aquele... aquele... – tentou dizer Ken.

— Se preserva seus dentes Carter, é melhor não terminar sua frase... – disse James com a varinha no pescoço do garoto.

— Assassino! – agora era Bellatrix – É isso que seu pai é... um estúpido, e patético assassino... e você não é diferente não é??? Me atacando pelas costas....

— Do que é que você está falando? – perguntou Sírius.

— Não sejam tolos... – respondeu Bellatrix cruzando os braços. – Vocês sabem disso muito bem. Potter estava entediadinho e achou divertido azarar as pessoas.

— Deixa de falar besteiras...  – retorquiu Frank que agora também já estava em pé – Potter chegou hoje de manhã...

— Acusar alguém sem provas é algo sério Srta. Black? – disse a professora McGonagall que já estava em pé. – Como pode ter tanta certeza de que foi o Sr. Potter?

Sarah pode notar que Bella ficara alguns segundos pensando.

— Oras.... vindo da família que vem, com certeza deve ter sido ele... – respondeu a menina cruzando os braços.

— Isso não tem base para uma acusação Srta. Black. – Minerva não parecia nem um pouco contente. – Além disso, o Sr. Potter como disse o Sr. Longbottom aqui, chegou ao castelo não faz mais de uma hora...

— Então.. então... só pode ter sido a Perks! – disse ela fazendo Sarah ter um sobressalto.

Sarah então se virou não acreditando no que tinha acabado de ouvir, levantou-se séria e cruzou os braços na frente do corpo.

— Acredite Bella, se eu tivesse que sujar minhas mãos com você ia ser no muque sem magia... – disse ela a encarando.

— Espero que esteja claro para a Srta. Que acusar um colega sem provas concretas poderá render várias conseqüências a Srta. – disse novamente a professora Minerva encarando.

— Eu tenho certeza do que vi... – afirmou Bellatrix – Podem posar de santinhos, mas eu vi claramente o brasão da Grifinória...

— Ahhh pelo amor de Merlin... – disse Sarah - ... acho que se alguém fosse querer te azarar na surdina iria estar vestindo o uniforme da própria casa?

— Viu...Viu! – exclamou Bellatrix em tom de urgência.- Perks praticamente admitiu! Fale, foi você... admita!

— Eu não vou admitir coisa alguma... além do mais, eu já lhe disse... – falou Sarah sentindo seu rosto queimar de raiva – se tivesse sido eu... tinha enfiado a mão na sua cara, não usado a varinha.                                                                                                                                                                                                                                                                                                        

— Sarah e eu ficamos até tarde na sala comunal... – disse Remus - ... essas acusações são infundadas.

— Pois bem Srta Black... – disse finalmente Minerva – ... se for realmente alguém da Grifinória, este alguém vai ter severas conseqüências... agora que fique claro a Srta, que se for mais uma das suas implicâncias infundadas, irei tomar medidas diretas com o Professor Slughorn, e creio que independente do resultado Sr. Filch ficará feliz com uma ajuda extra em seus afazeres...

Sarah estava espumando de raiva, quem aquela cobra pensava que era para sair assim lhe acusando? As coisas realmente estavam saindo do controle. Quando ela sentou-se novamente Sírius sentou-se ao seu lado.

— Nada como começar um ano com encrencas... – disse ele abrindo um enorme sorriso. – Como estão as leoas mais charmosas desse castelo?

— Poderíamos estar melhor se essas cobras não ficassem inventando histórias... – disse Olivia.

— De onde foi que ela tirou isso? – perguntou Alice.

— Eu lhes disse... – começou Emme - ... alguém andou azarando geral ontem a noite.

— Não... – disse James pela primeira vez ao grupo desde que havia chegado - ... a priminha de Black pode ter sido azarada... mas a Grove teve sérios problemas... somente alguém que foi submetido a tortura extrema poderia ter ficado daquela forma.

O grupo todo ficou em silêncio, Sarah até ficou tentada em perguntar como é que ele sabia sobre isso mas decidiu ficar calada. No entanto, Alice pareceu estar com a mesma dúvida.

— Você ouviu alguma coisa James? – perguntou ela.

— Ouçam... – disse ele finalmente olhando para todos, mas Sarah pode ver que ele não chegou a encará-la – vamos reunir a AG hoje a noite, não podemos mais esperar.

Todos acenaram afirmando com a cabeça, seja lá o que for que estava acontecendo, bem, a coisa era séria. James então pegou uma maçã da mesa de refeições, se levantou e trocou olhares com os outros marotos. Sírius então fez o mesmo, seguido de Remus e Peter. Remus ao passar por ela e Olivia apenas tocou em seu ombro e sorriu docemente para Olivia. James no entanto apenas meneou a cabeça para o restante da mesa e passou por ela como se ela não estivesse ali.

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Antes que Albus Dumbledore pudesse descansar, quer dizer, deitar-se e se deixar inundar pelos milhares de problemas de que se tornara responsável, atitudes precisavam ser tomadas. Minerva, extremamente preocupada, passara a madrugada adentro durante uma semana em seu escritório, ajudando-o com os pais do garoto Meminger. Ele se sentia grato por isso, apesar de tudo. Era bom ter alguém ali com pelo menos parte da vontade que tinha para acabar com todo aquele sofrimento.

Fora uma tarefa difícil, contar à mãe o que acontecera ao seu filho quando ninguém tinha absoluta certeza do que poderia ter causado esse fim trágico sem mencionar que havia sido próximo do natal.  Obviamente, os eventos daquela tarde  de duelos também foram relatados e a pobre senhora parecia prestes a um ataque de nervos. Albus ainda vez ou outra ouvia os lamentos e também via o semblante da pobre mulher que tivera de beber uma dose de poção calmante acompanhada de um abraço sofrido de Minerva e um meus pêsames dolorosamente baixo de Dumbledore. Simplesmente já não sabia ao certo se fora a decisão mais acertada a de realizarem tal torneio. A senhora fora encaminhada para a enfermaria onde – Madame Pomfrey informara por Flu - alguns medibruxos já tinham chegado. Ele não transmitira dor, porque ele não mais a sentia. A raiva perpassava seu corpo. A raiva da impotência.

Uma outra atitude tomada, sugestão da própria Professora de Transfiguração, fora fazer uma rondas pelo Castelo logo após os estranhos ataques que estavam acontecendo. Não que o Diretor acreditasse que isso daria algum resultado ou que ajudaria de alguma forma, mas era uma maneira inútil de não permanecer parado e vigiar outros possíveis distúrbios da normalidade.

Vigiar. Evitar já não era mais possível.

Foi esse o pensamento que Dumbledore teve ao deparar-se com mais um acontecimento anormal. Bellatrix Black e Taylor Grover foram atacadas por um anônimo. A senhorita Grover foi tão enfeitiçada que precisou ser transferida para o St. Mungus e Madame Pomfrey pareceu extremamente preocupada com seu conhecimento de medibruxaria. Dumbledore esforçou-se para tirar isso da mente dela. Não era culpa dela que tudo isso estivesse acontecendo. Era culpa de outra pessoa.

Uma incógnita.

Evidentemente, para a senhorita Black, não havia mistério algum. Ela simplesmente acusara categoricamente a casa Grifinória pelo ataque. Ela dissera que sabia que o atacante era grifinório e baseou-se num motivo que convenceu ao Diretor muito pouco. Minerva é que parecia inchar e adquirir uma coloração roxa ao ouvir tamanha acusação contra a sua Casa. Quando a sonserina se foi, a vice-diretora começara um discurso relativamente longo sobre a honra da casa de Godric Gryffindor e sobre as infinitas razões que, ao menos, colocavam em dúvida a afirmação da aluna.

Dumbledore tratou de interrompê-la e assegurar de que não acreditara naquilo, nem por um instante. A rivalidade entre grifinórios e sonserinos colocava abaixo qualquer opinião que a senhorita Black tivesse sobre o assunto e mesmo que ela tivesse razão, ele nunca acusaria alguém sem provas. E as que ela apresentara tinham um tom irreal e eram inconclusivas. Minerva pareceu dar-se por satisfeita e saiu, ainda abalada por todos os acontecimentos daquela última semana do ano.

Estava ele agora sentado em seus aposentos novamente andando de um lado para o outro. Seus pensamentos estavam – lhe anuviando o cérebro por assim dizer. - Foi aí e apenas nesse momento, um rápido momento em que tudo fugira de sua mente e que o único pensamento que a ocupara fora como a rivalidade entre Sonserina e Grifinória poderia ser tão forte e, quase ao mesmo tempo, hilária. Soltou uma risadinha com isso. Depois, tudo caíra novamente sobre seus ombros e o riso desaparecera instantaneamente. Ele precisava fazer alguma coisa. Precisava. Ou então enlouqueceria. Mas não havia nada que pudesse ser feito por enquanto. Nada poderia ser decidido. Nenhum mal poderia ser exterminado. Nenhuma paz poderia ser restabelecida.

Um clarão aos fundos da sua sala mostrava que fawlkes, sua amada fênix estava de volta. Ele então se aproximou. Sua fênix não parecia bem, sabia que quando esses animais se aproximavam da morte pegavam fogo, mas Fawlkes ainda não havia nem se quer soltado uma faísca.

— Acho que você deve evitar sair pelos próximos dias... – disse ele em meio a um sorriso, o animal dera um piado baixo e estendeu-lhe a pata. – Oh, para mim? Humm – gemeu ele baixinho lendo o pequeno pedaço de pergaminho. – Acho muito imprudente esse plano... contudo... – ele pegara um pequeno pedaço de pergaminho e prendera na pata de Fawlkes – Leve isso ao professor Lorigan...

Dando um pequeno e baixo piado a Fênix desapareceu em meio as chamas. Alguns minutos depois o diretor ouviu baterem em sua porta.

— Como vai meu caro Bruce... – disse Dumbledore lhe fazendo sinal para que este entrasse em sua sala. O professor de DCAT então entrou com um pequeno embrulho nas mãos e estendeu ao professor.

— Creio que ela deva ficar em seus aposentos até crescer de novo... – disse Lorigan com um sorriso.

— Claro... – respondeu Dumbledore pegando a pequena Fawlkes e colocando em seu poleiro. - ... fazia dias que ela estava horrível, perdendo penas, piando tristemente.

— Aconteceu alguma coisa? – perguntou o professor.

— Tem acontecido várias coisas meu amigo... – respondeu Dumbledore com um pequeno sorriso – ... mas o que realmente quero de você é uma missão um tanto quanto perigosa...

— Perigo é algo que todos estamos vivendo Albus... – Lorigan então se sentou na poltrona a frente de Dumbledore que sorriu.

— Bem, eu sei que está de olho no jovem Potter...  – Albus então apoiara as mãos sobre a mesa, e ao ver o professor confirmar com a cabeça continuou - ...bem, não sei exatamente o que Charlus contou a ele, e também tenho minhas dúvidas de que ele já não tenha descoberto boa parte do que está acontecendo... Então, peço que redobre o cuidado não só com o garoto, mas com seu grupo de amigos.

— Acha que Charlus contaria algo ao filho? – perguntou Bruce agora parecendo preocupado.

— Não tudo... mas o suficiente para que o garoto pudesse encaixar as peças desse quebra cabeças com facilidade... e bem como para manter-se ciente do perigo que corre e estar preparado para tudo... – respondeu Albus com um pequeno sorriso - ... no entanto, estou certo também de que não ficarei no cargo por muito tempo, e preciso de pessoas de extrema confiança que permaneçam nessa escola e protejam todos os alunos.

— Acha que irão afastá-lo? -  perguntou Lorigan.

— Situações desesperadoras exigem medidas mais desesperadas ainda meu caro... – então seu olhar recaiu sobre o pedaço de pergaminho o qual recebera momentos antes. - ... Charlus conseguiu o artefato.- Pode ver o professor empertigar-se na poltrona e encará-lo.  – Alastor estava certo em rastrear seu estagiário, ele nos levou diretamente a Carter.

— Vi no profeta Diário... – então suas faces endureceram - ... o cerco se fechará ainda mais Albus... quando Voldemort souber que Charlus interceptou a entrega do pergaminho, e que agora está com ele, as coisas vão ficar ainda mais perigosas.

— Sim.... por isso tenho um favor a lhe pedir – disse Albus, seu olhar recaiu sobre o professor. Conhecia o passado de Lorigan, sabia sobre sua filha e esposa mortas por bruxos das trevas. - ... digo logo que vai ser extremamente perigoso, ainda mais agora. Não poderei sair da escola, pelo menos não sem que hajam ministeriais com os olhos em cima de mim. Por esse motivo, acho melhor que você vá até o vilarejo em Hogsmade para encontrar com ele e pegar o pergaminho.

— Quando? – disse firmemente Lorigan o que fez com que Dumbledore desse um sorrisinho.

— Amanhã ao entardecer... não pediria se não fosse de suma importância... – respondeu Albus.

— Avise Charlus que estarei esperando... mas que tome muito cuidado... – respondeu o professor – ... Hogsmeade está infestada de bruxos do ministério, e a maioria é partidário de Voldemort.

— Ele conhece os riscos Bruce... – disse por fim Dumbledore - ... mas o lugar mais seguro para guardar o pergaminho... ainda é Hogwarts.

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A atitude de James no salão principal tinha sido estranha, Sarah sabia que ele estava querendo protege-la, mas não precisava fingir que ela não existisse. Contudo não mencionou nada nem mesmo com Olivia. Passou a tarde no dormitório das meninas aproveitando um kit para manutenção de vassouras que Olivia lhe dera e então lá pelas seis horas desceu para o jantar. Olivia estava sentada ao lado de Remus conversando. Ela apenas cumprimentou os amigos e comeu sem dizer uma única palavra.  O fato de James agir desse jeito, não podia dizer que isso não a incomodava, afinal precisava agir de uma forma tão idiota?

“Esquece isso garota” – disse a si mesmo enquanto terminava de beber seu suco de laranja. Ok, se era assim que ele queria brincar, pois bem, também agiria como se ele não existisse. Voltou andando pelos corredores rapidamente, pegando um desvio ou outro. A varinha sempre pronta afinal, vai se saber se algum maluco não ia estar lhe seguindo. Vez ou outra disfarçava, parava, olhava em volta. Tinha a sensação de que haviam “olhos” na sua nuca mas antes que ficasse paranoica, optou por apertar o passo, pegar uma das passagens que levava ao sétimo andar e entrar na sala comunal. Ficou matando o tempo até finalmente chegar a hora de ir até a sala precisa onde o grupo se encontraria, já sabia como chegar lá. Assim que saiu de trás da tapeçaria topou com Sírius.

— Olá minha leoa... – disse ele abrindo um largo sorriso - ... como passou essa semana sem a minha ilustre pessoa?

— Razoavelmente... – respondeu ela dando de ombros - ... Remus e Peter me fizeram companhia...

— Espero que a monotonia do Moony não tenha contaminado você... – disse ele abrindo a porta que acabava de se materializar na sua frente.

— Não se preocupe... tivemos muitas conversas interessantes... – respondeu ela com um sorriso maroto que fez com que Sírius erguesse uma de suas sobrancelhas desconfiado.

— Preciso me preocupar? – perguntou ele.

A garota apenas deu de ombros e continuou sorrindo. Sírius então meneou a cabeça enquanto ia até a frente onde James estava apoiado a uma mesa conversando com Remus e Peter. Sarah olhou de relance para os garotos e apenas acenou para Remus que sorriu. A Sala estava tecnicamente equipada para um combate, pelo menos era assim que ela achava. Haviam almofadas espalhadas, dúzias de colchões e também alvos e manequins negros o que pareciam bem ser bruxos das trevas.

— Ei Sah... – ouviu Olivia lhe chamar e então foi até ela e Emme que estavam paradas próximo a um desses manequins. – O que você acha que vamos fazer aqui?

— E como é que eu vou saber? – respondeu ela com uma pergunta – Encontrei Black aqui na porta, mal tive tempo de perguntar alguma coisa. Mas deve ser  alguns feitiços...

— Bem... – ouviu a voz de James e então foram até o meio da sala juntando-se com Alice, Frank. Sarah olhou em volta, não via a monitora em lugar algum. Pensou em perguntar para Olivia mas a voz de James pareceu prever uma interrupção e acabou ficando mais alta - ... o fato de eu ter voltado a escola não foi por minha vontade... mas porque sei que tem muitos inocentes aqui e que Hogwarts é um alvo em potencial dos Comensais da Morte.

— Comensais da Morte? – perguntou Alice e Sarah pode ver James afirmar com a cabeça.

— É assim que aqueles os partidários do canalha das trevas...  – então sua face endureceu - ... os partidários de Voldemort se auto denominam.

Sarah pode perceber que todo o ar pareceu parar naquele momento dentro da sala. As pessoas mal respiravam.

— Não vou amenizar as coisas... – voltou James então a falar - ... meu pai me contou tudo o que foi possível para que eu alertasse cada um que fosse de confiança e que pudesse ajudar na luta contra as trevas.

Olivia então olhou em volta e fizera uma careta, Sarah imediatamente entendeu o motivo. Eles eram muito poucos.

— Eu sei que hoje somos apenas 8 pessoas... – disse James - ... mas espero que até o final desse mês, tenhamos no mínimo o suficiente para defendermos a escola.

— Acha que eles tentariam fazer alguma coisa contra Hogwarts? – perguntou Frank enquanto segurava a mão de Alice que parecia ter levado um balaço no estomago.

— Não só acho... – disse James agora com um olhar tão frio que Sarah sentiu um arrepio passar pelo corpo - ... tenho certeza disso... – então James com a varinha fizera um gesto e a imagem de uma figura encapuzada. Muito parecida com um dementador. - ... tenho a mais absoluta certeza de que já estão dentro dessas paredes.

— Acha que os professores... – perguntou Emme mas James meneou a cabeça e então Remus tomou a palavra.

— Não... mas sei que o Ministério já está sob controle das trevas...  – então Remus desceu os dois degraus que separavam um patamar do outro e encarou James.

— Famílias inteiras tem sido exterminadas... – o olhar de James pairou sobre eles - ... meu pai disse que são incontáveis as tragédias que vem acontecendo não só no nosso mundo como também no mundo trouxa... a família inteira de Lene foi morta. Ela agora está com uma tia na Europa. – James então respirou fundo – Não posso pedir que se tornem parte dessa guerra, mas... – então olhou cada um nos olhos, dessa vez quando alcançaram os de Sarah ele permaneceu - ... mas também são os únicos a quem eu posso confiar por enquanto...

Ela então dera um pequeno sorriso, mantinha tudo o que havia dito a ele naquele dia na torre de astronomia. Não abaixaria a cabeça, e não se curvaria a um bruxo como esse tal lord.

— Meu pai me disse que Dumbledore criou um grupo seleto de bruxos... – continuou James - ... se chama a Ordem da Fênix. Nela somente bruxos competentes, e de confiança fazem parte. E mesmo infiltrados em todas as partes não estão conseguindo reunir tanta informação quanto necessitam.

— Você acha que os filhos desses... – começou Sarah pela primeira vez dirigindo a palavra a ele - .. Comensais da morte... possam estar agindo aqui dentro.... – Foi mais uma afirmação do que uma pergunta na realidade. James apenas meneou a cabeça e então desviou seus olhos dos dela ficando em silêncio.

— Minha família... – disse Sírius agora em um tom sério que Sarah jamais pensou em ter visto. – Todos aqui conhecem a Família Black, e acreditem, o nome não é tão escuro quando sua magia...

— Então quer dizer... – começou Frank e então James tornou a falar.

— Meu pai acredita que se tem famílias como a do meu caro amigo Sírius aqui... como seguidores das trevas, com toda certeza seus filhos estão nesse caminho... – então James foi até o balcão e trouxe a edição do Profeta diário que Sarah havia lido naquela manhã. - ... um exemplo... Lewis Carter... tio do nosso conhecido Ken Carter.

— Então realmente seu pai matou ele? – deixou escapar Alice o que Sarah teve vontade de dar-lhe uns petelecos.

— Sim... – confirmou James - ... mas não como o jornal está falando. – Então ele jogou o jornal na lareira e voltou sua atenção a eles – Existe um artefato... algo muito valioso que o Lordzinho está querendo... ninguém sabia até a poucos dias do que se tratava... meu pai não disse o que era, só mencionou que era algo muito poderoso e perigoso nas mãos de pessoas erradas...

— No caso bruxo das trevas... – concluiu Frank, e James concordou.

— Bem... acontece que esse artefato estava nas mãos de Carter... – continuou James - ... meu pai foi informado e se arriscou para apanhá-lo.

— Por isso seu pai está sendo caçado... – disse Sarah e James então a encarou - ... ele colocou todos atrás dele porque quer esse artefato de qualquer jeito...

— Meu pai vai entregá-lo a Dumbledore... – respondeu James – ele não me disse quando, só me garantiu que a escola precisa se manter firme.

— Não entendo porque Você sabe quem teria interesse em Hogwarts... – falou Emme e então Sarah a encarou.

— Pense bem Emme... se você tivesse seu filho em Hogwarts... e esse Lord quisesse te forçar a trabalhar pra ele... o que você acha que ele faria?

Emmeline pareceu entender o raciocínio. Alice levou a mão a boca em sinal de assombro e Olivia pareceu que havia novamente levado um balaço no estomago.

— E com toda essa situação da morte do Lufano... – agora era Lupin quem estava falando - ... bem, obviamente o Ministério está querendo tirar Dumbledore mas Hogwarts ainda tem famílias influentes o bastante para não deixar isso acontecer...

— ... mas não sabemos por quanto tempo... – concluiu James. - ... Por mais que Dumbledore tenha aliados lá fora, a coisa está tomando proporções incalculáveis. O medo tem se espalhado, nem os trouxas, nem os bruxos estão a salvo.

— Bem... – disse Sírius esfregando as mãos com um sorriso sapeca bailando em seus lábios - ... por isso decidimos que já estava na hora de começar com nosso treinamento...

— Sírius tem razão... – concluiu James - ... temos de estar preparados seja lá qual for o plano de Voldemort.

Sarah então viu Emme se contorcer e Olívia engolir em seco. A garota nunca tinha falado sobre o assunto com seus avós. Na verdade, em todos esses anos, somente nesse seu último ano é que as coisas realmente tinham tomado proporções extremas para ficar preocupada. Sabia que seus avós não tomariam parte de tal bruxo, e apoiariam Dumbledore com todas as suas forças, mesmo que este tivesse a sua reputação manchada. Agora mais do que nunca queria notícias. Se a familia de Lene tinha sido praticamente dizimada, temia e muito pelos seus avós.

— Tudo bem capitão... – ouviu Emme dizer e então voltou a prestar atenção em James - ... o que sugere que façamos?

— Acho que deveríamos começar com feitiços de desarmar... – disse ele levando a mão a nuca. – Pode parecer brincadeira, mas um bruxo sem sua varinha... é mais seguro...

— E também você pode fugir enquanto ele corre para recuperar-la... – disse Peter e todos riram. Sarah apenas respirou fundo, sabia fazer o feitiço e geralmente era muito boa nisso. James então com a ajuda de Sírius posicionou cada um dos “manequins” primeiro desarmariam um alvo fixo, depois cada fariam duplas. Sarah então ficara no mesmo boneco que Emme. O feitiço era simples e já no primeiro, a garota conseguiu fazer a varinha do boneco sair voando pela sala.

— Muito bem Perks... – disse Emme com um sorriso.

— Expelliarmus... – disse Emme, mas a varinha do boneco não se mexeu. – É parece ser mais difícil do que eu pensei...

— É só... – disse Sarah fazendo o movimento rápido com a varinha e novamente a varinha do boneco foi parar do outro lado da sala. A garota então foi até lá para pega-la e quando se levantou dera de cara com James.

— Desculpe... – disse ele desviando os olhos.

— Não,  tudo bem.. eu que devia olhar por onde ando... – dera um sorriso sem graça. Era muito estranho estar cara à cara com ele e não saber direito o que falar. O coração disparado no peito. – Acho melhor... – disse ela mostrando a varinha falsa do boneco - ... levar isso,

James apenas meneou a cabeça e voltou sua atenção para outro lugar bem distante dela. Sarah sentiu como se tivesse acordado um monstro por dentro. Porque raios ele estava agindo daquela forma? Como se fossem estranhos? Emme deve ter percebido pois na ultima rodada de feitiços parou diante de Sarah com os braços cruzados.

— Então quer dizer que vai ser assim um fingindo mal conhecer o outro? – disse ela num tom em quem só elas duas pudessem ouvir.

— Não sou eu quem está bancando o idiota... – respondeu Sarah com azedume e tentou manter o foco. Novamente executou o feitiço e dessa vez a varinha do "adversário" cruzou a sala batendo com força na parede.

— Acho melhor começarmos com as azarações simples... - disse James a todos - dêem o seu melhor eu vou corrigir caso seja necessário.

Sarah então se preparou, sabia exatamente qual azaração executar. Ela já fizera várias vezes só precisava se concentrar.  Levantara os olhos, James estava a poucos passos dela observando a sala. Fingiu não ver, decidiu ignorar praticamente a presença do garoto, ele não estava agindo assim com ela... bem, ela agiria assim também. Ok, criancice da parte dela mas não tinha outro jeito não?

"Ok Sarah... é com você..." - pensou ela logo fazendo o floreio com a varinha  - DEPULSO!

O boneco levemente foi inclinado para trás, mas acabou voltando ao seu normal segundos depois. Sarah tentou relaxar sacudindo  os ombros,  respirou fundo e abriu os olhos novamente. Sentia os olhos de James na sua nuca mas não ia olhar para traz.

— DEPULSO!  - disse ela novamente, e mais uma vez o boneco apenas balançou como se estivesse sido levado por uma leve brisa.

— Algum problema leoa? – Sarah ouviu a voz de Sírius e o viu se aproximar.

— Não sei... – respondeu ela confusa, sempre tinha conseguido realizar o feitiço.

— Tente fazer assim... – disse Sírius se posicionando ao lado dela e segurando seu punho fazendo o movimento. Sentia a respiração de Sírius na sua nuca, mas evitou até se mexer pois estava com o corpo tão próximo a ele que sentia sua face queimar. O garoto girou sua mão de leve enquanto ela dizia o feitiço.

— DEPULSO!

O boneco então fora mais ou menos uns dois metros para trás o que tinha sido melhor do que das primeiras vezes que ela tinha tentado.

— Viu? – disse ele com um sorriso passando os braços por seus ombros lhe dando um abraço gargalhando – Você só precisava era do cachorrão aqui.

— Aham... sei... – respondeu Sarah também rindo.

— E aproveitar para tirar uma casquinha também não é Black? – disse rindo Emme até que ouviram a voz de James.

— CHEGA POR HOJE. – disse ele tão ferozmente que todos da sala levaram um susto. Sarah então trocou olhares com Emme. O sorriso de Sírius pareceu morrer em seu rosto quando encarou James.  Sarah pode notar que James olhava fixamente para o companheiro o que fez com que ela sentisse certo desconforto.

— O que é que tá rolando? – ouviu Frank balbuciar e então Remus tomou a palavra.

— Bem, acho que por hoje já basta mesmo...  – Repetiu ele conduzindo Olivia até a porta e praticamente empurrando Sarah também - ... acho melhor vocês irem. Sarah não teve outra alternativa se não se retirar.

Quando todos saíram da sala, Remus voltou sua atenção aos dois companheiros que continuavam se encarando. Peter estava até encolhido a um canto. Cruzou os braços a espera de alguma reação mas eles continuavam a se encarar.

— Querem fazer o favor de parar com essa besteira? – disse ele finalmente.

— Fale para esse galhudo ai... – respondeu Sírius sem desviar os olhos.

— Não me provoque Black... – disse James entre os dentes.

— Provocar???? – perguntou Sírius dando um riso debochado – Eu não provoquei ninguém. Além disso, foi você quem deu um pé na Leoa... se está tão incomodado assim que outro cara chegue a meio metro dela porque foi que fez isso?

— Eu tenho meus motivos... – rosnou James o que fez com que Sírius risse ainda mais. – e não mude de assunto... você estava aproveitando a situação...

— Ah... claro... para a segurança dela... – agora Sírius dera dois passos na direção do capitão e o encarou - ... já passou por sua cabeça Mané, que ela está correndo mais risco de ser atacada agora do que antes? E eu não estava me aproveitando da situação... – disse ele mas o olhar de Remus o fez rir e dar de ombros – Tá Tá... eu estava...

— E ainda tem coragem de admitir? – James cuspiu as palavras.

— É CLARO!  ADMITO SIM! – bradou Sírius cerrando os olhos – Sarah é uma das garotas mais incríveis que já conheci, é óbvio que...

— NÃO OUSE TERMINAR ESSA FRASE... – James estava visivelmente nervoso.

— OU O QUÊ? VAI ME AZARAR??? ME MANDAR PARA A ALA HOSPITALAR??? – disse novamente Sírius, era visível que seus ânimos já estavam exaltados – POIS VENHA GALHUDO! ESTOU QUERENDO TE DAR UNS PETELECOS DESDE QUE VOCÊ DEIXOU ESSA LEOA ESCAPAR. ANDA... VENHA!

Remus viu James voar para cima de Sírius mas não moveu um único músculo, Peter já estava apavorado com a reação.

— Você sabe o que é andar com um frasco de amormentia dentro das vestes só para poder sentir o perfume dela??? – disse James segurando na camisa de Sírius que parecia ter instantaneamente voltado ao seu estado normal de cachorrão de sempre.

— Se gosta tanto assim da Leoa porque age como se ela não existisse? – perguntou Sírius já em seu tom normal de voz – Não vê que está ferindo ela ainda mais do que protegendo? – James então afrouxou o punho dando um profundo suspiro.

— Você não entenderia Padfoot... – disse James finalmente soltando as vestes do garoto. Sírius não moveu um músculo.

— Ah tenha santa paciência Prongs???? Você não viu o que ela estava usando? – então Sírius viu James apenas dar mais um suspiro.

— Do que é que você está falando Sírius? – perguntou Remus confuso.

— Os brincos! – disse ele e encarou James – Os preciosos brincos da Sra. Potter!

James então baixou a cabeça como se estivesse pensando. Sírius então continuou.

— Você sabe que por mais que tentemos não conseguimos esconder nada da Sra. Potter... – viu Remus concordar com a cabeça - ... esse galhudo irresponsável voltou para casa e no mesmo instante que colocou o pé lá dentro a Sra. Potter o chamou para uma conversa.

— Ela já sabia de tudo... – completou James sem encará-los.

— Tudo? – perguntou Peter pela primeira vez falando.

— Você entendeu Wormtail – confirmou Sírius - ... e fez essa besta chifruda prometer que não a afastaria... e o que o gênio aqui faz????

— EU SEI EXATAMENTE O QUE MINHA MÃE ME DISSE! – ralhou James mas Sírius não se deixou abater.

— Sabe mesmo??? – agora Sírius cruzava os braços diante o peito – Então também sabe que foi ela que enviou aquele par de brincos não é? Ela tentou desfazer a besteira que você estava fazendo. E o que você faz? JOGA O EMPENHO DELA PELO RALO!

James então abaixou a cabeça enquanto respirava cada vez mais rápido. Estava visivelmente nervoso. Remus sabia que Sírius tinha pisado feio no calcanhar de Aquiles de James,  e não sabia que rumo essa conversa tomaria.

— Você gosta tanto dessa garota a ponto de azarar qualquer idiota que ousar chegar perto dela e... – perguntou Sírius agora falando mais baixo. – Mesmo sabendo que sua mãe fez todo o possível para consertar as coisas entre vocês... você a trata como se ela não existisse?

— Nisso eu tenho de concordar com Sírius... – disse Remus - ... não precisa excluir Sarah completamente da sua vida...

— Eu... – começou dizer James se levantando - ... vocês não entenderiam... estou fazendo isso para protegê-la...

Dizendo isso James saiu da sala precisa deixando seus amigos ali. Sírius por sua vez parecia novamente incomodado.

— Galhudo teimoso... – pestanejou o garoto socando o ar tentando descarregar suas frustrações.

Remus no entanto apenas meneou a cabeça enquanto Peter via a cena sem entender direito o que estava acontecendo.

—________________________________

A sala de transfiguração parecia maior do que o normal. Quando chegou com Olivia e Alice para sua primeira aula depois da semana de férias. Sarah não só tinha a impressão mas realmente vários alunos já não estavam presentes e a turma que antes eram de trinta agora estavam reduzidos a no máximo quinze alunos. Podia-se ver no rosto da professora que as coisas não iam nada bem, a preocupação parecia ter se instaurado na escola de uma maneira que nem mesmo o fato de uma nova rodada de duelos estar programada para o final de semana parecia mudar a o clima tenso no ar. Os marotos chegaram quase que na hora em que a professora Minerva começava a aula, o que a deixou visivelmente incomodada.

— Desculpe professora... – disse Remus tomando a palavra – tivemos que pegar o caminho mais longo já que Pirraça soltou uma bomba de bosta em pleno corredor.

— Tudo bem Sr. Lupin... – respondeu a professora - ... procurem logo um lugar para se sentarem...

— Não acha que a professora Minerva está preocupada? – ouviu Emmeline que estava sentada com Alice perguntar e então se encostou mais na cadeira.

— Todos estão não é? – respondeu Olivia disfarçadamente – É só olhar pela sala... olha quantos voltaram...

Realmente a situação não era nada boa, isso só deixava Sarah ainda mais preocupada. Precisava urgente falar com seus avós. Mas não tinham nem se quer respondido suas cartas de feliz natal.

— Quero que todos vocês tenham o máximo de concentração afinal... os NIEMS estão chegando e a cada dia que passa, cada um de vocês estará a um passo de alcançar seus objetivos... - ela então respirou fundo, Sarah podia notar de longe que sua professora não estava totalmente a vontade e talvez as preocupações dos últimos dias devia estar sendo maiores do que todos no castelo sabiam. - ... o ramo da transfiguração para os níveis de Niems, para quem quer seguir na carreira de auror é muito específico... assim como um desfazedor de feitiços....todos já vimos  a conjuração, e o feitiço da desilusão.... -  Sarah conhecia exatamente todo o processo para se tornar uma auror, já estava pensando nisso desde seu quinto ano.  – Muitas profissões dependem do conhecimento do bruxo, e para ter sucesso, precisam do máximo de concentração e talento.

— Professora... – Emme ergueu uma das mãos e assim que a professora lhe deu atenção fez-lhe uma pergunta - ... o quê exatamente faz um Desfazedor de feitiços?                                                                                                                                                                                                                                                                   

— Dããã... desfaz feitiços né.... – Sarah pode ouvir a voz de Mayfair e a gargalhada debochada do trio MMB.

— Isso é OBVIO – respondeu Emme – Para uma boa entendedora, como a nossa professora aqui... ela entendeu o que eu quis dizer sobre “o que faz um desfazedor de feitiços”.

— Sim Srta Vance... – disse a professora calmamente encarando o trio – Um desfazedor de feitiços não tem somente essa “função”. Por exemplo os que trabalham no ministério da magia, ocupam cargos de alto escalão e prestígio. Inomináveis, alguns aurores, e também são os responsáveis pelos feitiços e perigos que cercam a segurança do Gringotes. Eles tem de ter um vasto conhecimento não só em Defesa contra artes das trevas, Feitiços e, Transfiguração... como também um conhecimento muito grande em poções e Herbologia. Algo que possivelmente se o Sr. Tiver algum interesse Sr. Mayfair, creio que mesmo tendo o vasto conhecimento... isso não garantirá uma vaga como já deve saber, uma avaliação psicológica e comportamental é exigida e devido a alguns problemas em seu histórico, creio que terá de rever suas ambições.

Sarah se segurou para não rir da cara que Julien Mayfair fez para a professora. Descaradamente, ouviu a gargalhada dos marotos mas não quis virar-se. Apenas permaneceu cobrindo os lábios enquanto ouvia a professora exigir silêncio e começar a aula. O restante da aula correu anormalmente bem. Os sonserinos embora estivessem quietos e falando somente em seu círculo de serpentes, não produziram nada e muito menos atacaram “involuntariamente” nenhum outro aluno. Sarah tinha certeza de que os sonserinos depois do que houve, e da acusação sem fundamentos contra os grifinórios, a tolerância de sua diretora Minerva McGonagall estava basicamente da largura de um fio de cabelo. Então era melhor (e muito mais seguro) controlar os ânimos. O almoço daquele dia também não fora diferente. Houve é claro as costumeiras provocações já que havia sido comunicado que a escola continuaria com o torneio de duelos embora soubessem que Dumbledore iria sofrer uma série de investigações. Contudo havia até mesmo comentado com Olivia de que achava estranho o ministério ainda não ter vindo tomar algum depoimento, se bem que eles estavam presentes no dia e viram exatamente tudo o que aconteceu, Dumbledore não poderia ter feito absolutamente nada. Bem, pelo menos era o que ela achava. Julien pegaria Potter e Justin Hardy Sírius. Como era de se esperar os dois Grifinórios estavam nas semi-finais e mesmo os lufanos agora pegavam mais leve, embora ainda encarassem Black e Potter como inimigos. Claro, não tão cruéis quanto as serpentes mas, parecia que ter professores constantemente nos corredores inibia um pouco a forma de travessuras entre os intervalos das aulas.

— O que pretende fazer agora? – dizia Olivia enquanto jogava sua mochila sobre a poltrona depois do último período do dia.

— Não sei... – respondeu Sarah dando um suspiro e esticando os braços – Talvez vá até o corujal, quero tentar mandar outra carta para meus avós...

— Ah quanto tempo você está escrevendo? – novamente perguntou Olivia e Sarah então sentiu seu coração se partir.

— Desde o natal... – respondeu ela desanimada, tinha alguma coisa errada, ela sabia. Mas sabem quando você realmente sente mas não quer ser “negativa”? Bem, era mais ou menos isso que a garota sentia. Ela sabia que nem que o mundo tivesse se acabando seus avós jamais a deixariam sem noticias do jeito que ela estava agora, tinha de ter acontecido algo, e algo muito grave. Mas a quem ela poderia recorrer? Remus disse que falaria com a professora Minerva, mas com tudo o que tinha acontecido bem, ele provavelmente havia esquecido, fora que a lua cheia estava chegando e ele tinha problemas maiores com o que se preocupar. Foi quando Sarah notou James descer as escadas do dormitório masculino e ir direto a janela com Sírius em seu encalço. Os dois parecendo tensos e preocupados. Tinha alguma coisa acontecendo, só ela não sabia dizer o que. James apoiou-se no parapeito e olhava fixamente para um ponto do lado de fora da escola. Parecia esperar algum sinal, ou alguma coisa. Sírius tão concentrado quanto ele, mal notaram que ela e Olivia estavam  por perto.  Foi quando a voz de Dumbledore ecoou pelos corredores do castelo.

— Meus caros alunos, peço por questão de segurança que não deixem suas salas comunais nem mesmo para o jantar. Os elfos já estão instruídos a servirem em suas salas comunais. Cada diretor estará de prontidão nas quatro casas. E caso algum aluno incluindo monitores, forem pegos nos corredores após esse recado, devo dizer que as medidas serão rigorosamente dolorosas.

Sarah trocou olhares com Olivia praticamente no mesmo momento em que James e Sírius rumavam para a porta de saída da torre com as varinhas em punho. A garota apenas o acompanhou com os olhos, não sabia o que estava acontecendo mas com certeza era algo grave, nunca tinha visto os garotos assim antes. E também pode ver a frustração em seu olhar quando dera de cara com Minerva McGonagall bloqueando a porta assim que entrou.

Sem dizer coisa alguma, mas com certeza demonstrando raiva, James e Sírius voltaram novamente a janela e ali ficaram de guarda. Um vento morno e estranhamente “calmo” adentrou na sala.

— O que será que está acontecendo? – perguntou Olivia quase que sussurrando para Sarah. Em seu interior ela sabia que alguma coisa relacionado aos Potter estava acontecendo. Só não sabia dizer o quê. Nesse mesmo instante, começou a haver vários raios luminosos cortando o céu em todas as direções, clarões, explosões.

— Estão dando uma festa em hogsmeade? – ouviu um primeiranista que estava na outra janela comentando com um colega.

James agora já estava fora de si, voou com tudo para cima da professora McGonagall a qual se mantinha com as feições sérias e duras.

— NÃO POSSO FICAR AQUI PARADO! – bradou James socando a mesa.

— Mas o Sr. Vai ficar... – disse ela respondendo ao esbravejar de James. - ... nem que eu tenha que lançar um feitiço no Sr. Senhor Potter. E no Sr. Black também caso ele tome suas dores.

— É MINHA FAMÍLIA QUE ESTÁ LÁ... – Disse o garoto novamente, Sarah jurava que viu faíscas saírem de sua varinha.

— E TAMBÉM MEUS AMIGOS! – respondeu a professora sem se deixar abater também com a varinha em punho – Sei que tem tanta vontade de me azarar agora quanto eu tenho de enfiar essa varinha em um lugar nada apropriado daqueles bruxos das trevas, mas prometi a seus pais que ficaria em segurança e é EXATAMENTE AQUI que pretendo lhe manter.

Novamente James socou a mesa fazendo tanto Sarah quanto Olivia darem um salto. Com um movimento rápido Minerva bloqueou os acessos aos dormitórios, talvez para impedir que James usasse sua vassoura e fosse de encontro a morte certa.

—________________________

Um pouco mais cedo, um bruxo andava despreocupadamente pelo vilarejo de Hogsmeade. Suas feições sérias embora parecesse estar a passeio, fazia com que sorrisse uma vez ou outra. Andou calmamente até o final da ruela que levava ao Cabeça de Javali, um pub tecnicamente onde só era permitido adultos, uma das poucas tavernas as quais era possível se ter uma conversa adulta sem maiores problemas.

— Como vai Lorigan? – perguntou o homem com longa barba e olhos profundamente azuis.

— Apenas tentando me divertir um pouco antes de voltar para o castelo... – disse ele sorrindo pegando o copo com bebida que o homem lhe dera - ... você deve imaginar como  é manter aqueles jovens na linha.

— Como eu sei... – respondeu o homem com um sorriso - ... é exatamente por esse motivo que preferi o bar a ter de lecionar.

Os dois deram uma gostosa gargalhada, a quem olhasse eram apenas dois homens jogando conversa fora em seu tempo de folga. Contudo Lorigan sabia exatamente o que estava fazendo ali. Tinha um encontro marcado com Charlus, que decidiu arriscar-se e lhe entregar pessoalmente o pergaminho que tanto o Lord das trevas estava querendo.

Então você esta se perguntando por que raios Lorigan foi ao encontro de Potter e não Dumbledore? Bem, não é preciso ser um gênio para saber que a cabeça de Potter está a prêmio, e que também, o Ministério está de Olhos abertos em cima de Dumbledore e a morte do garoto Meminger foi a gota d’água para que eles tivessem algo contra o diretor da escola. Contudo, não podiam atribuir nada de concreto “ainda” e Lorigan, com sua vasta experiência como Auror sabia bem despistar, tanto que, quando recebeu o copo com a bebida, ninguém notaria um pequeno pedaço de pergaminho passado pelo atendente a ele com instruções de onde poderia o encontrar. O professor sabia que era algo arriscado, principalmente em pleno vilarejo onde vários partidários das trevas e também do Ministério estavam de vigília. Mas precisava entregar o artefato a Dumbledore e o diretor contava com ele.  Lorigan dera mais algumas voltas pelo vilarejo, viu o dono da Zonkos fechar a loja e o cumprimentou com um aceno. Então foi até o correio coruja, comprou alguns apetrechos e depois fora até a loja de penas, e lá também comprara algumas. Andou calmamente até a entrada do vilarejo e parou para fumar um cigarro. Não que tivesse esse costume, mas tinha de disfarçar para poder olhar ao redor e ver se não estava sendo seguido. Após verificar e comprovar que estava realmente sozinho começou a andar de volta ao castelo, contudo na pequena bifurcação, olhando novamente para trás ele aproveitou que estava passando uma carruagem e se e rapidamente como uma sombra aparatou mais para dentro da floresta. Silenciosamente percorreu o caminho entre as árvores que o levavam novamente até o Cabeça de Javali. As luzes da cidadezinha já começavam a se acender e uma figura bastante conhecida o esperava nos fundos do pub. Albelfort, irmão de Dumbledore fizera um sinal para que ele entrasse rapidamente por sua cabana e foi o que ele fez. Pela escadaria lateral desceu até o depósito, onde pode reconhecer Charlus.

— Como vai Lorigan? – perguntou ele com um sorriso. Parecia ter envelhecido no mínimo uns 30 anos.

— Creio que melhor do que você meu amigo... – respondeu ele com um aperto de mão seguido de um abraço. – Dumbledore me disse que conseguiu o artefato.

— Sim... – respondeu Charlus agora se sentando e entregando um rolo de couro cru ao bruxo - ... não foi nada fácil, isso eu posso lhe dizer. E o que eu descobri vai muito além meu caro Lorigan.

Lorigan pegou o rolo de couro, desfez o nó que o prendia e o abriu. Pode vislumbrar um pedaço de pergaminho de no mínimo trinta centímetros, muito gasto e com símbolos que nem ele e seu vasto conhecimento saberia identificar.

— Não sei muito sobre ele...  – disse Charlus respirando fundo, parecia visivelmente cansado - ... mas ao que tudo indica, ele abre um portal para a ilha da maçã...

— Pintaram sua caçada a Carter como um ritual de magia negra... – comentou Lorigan fechando novamente o pergaminho e o guardando dentro das vestes – ... acho que você não foi bem visto. – e então riu assim como Charlus.

— Carter estava planejando um belo roteiro... – disse Charlus - ... tenho o seguido desde o Egito. Perdi seu rastro praticamente alguns dias antes do inicio do torneio de duelos...  – então encarou o amigo - ... James me disse que Meminger estava enfeitiçado... Imperius?

— Tudo indica que sim... – respondeu Lorigan.

— Isso só fortalece o que eu venho alertando Dumbledore... – respondeu Charlus agora em pé - ... aquele lord das trevas não está só atrás desse pergaminho... está atrás de Hogwarts por algum motivo que não conhecemos ainda... – seu olhar brilhou com a chama da lareira e Lorigan viu que algo passou por sua mente - ... fique de olhos abertos Lorigan... não vai demorar muito para que seus discípulos apareçam dentro daquele castelo.

— Minerva está tendo a mesma opinião que você... – respondeu Lorigan - ... está terrivelmente preocupada e desde a morte do lufano, ela mal tem conseguido dormir...

Charlus dera um sorriso matreiro o que deixou Lorigan desconcertado.

— Sei... – respondeu ele – Dorea não está diferente. Ela teme por James e sua gana por participar dessa batalha. Conheço meu menino, ele não ficaria de braços cruzados se soubesse realmente o que está acontecendo.

— E ele desconfia... – respondeu Lorigan - ... mas tem seus próprios conflitos pessoais que na verdade tem tomado boa parte do seu tempo.

— Garotas? – perguntou Charlus com um sorriso, o primeiro desde que o tinha encontrado. – Quando o levamos para passar uns dias Dorea passou várias horas conversando com ele.

— Na verdade... uma em especial... – disse Lorigan - ... porém não entendi até o momento por que estão separados agora...

— Eu acho que entendo... – respondeu Charlus. – Ele apenas...

Uma certa balburdia foi ouvida na parte de cima do estabelecimento que deixou os dois bruxos praticamente em alerta.

— ANDEM.... ELE DEVE ESTAR POR AQUI AINDA...- ouviu-se a voz arrastada e mais passos. Albelfort apareceu com um estampido – Guardas... – disse ele visivelmente nervoso - ... alguém deve ter dado com a língua nos dentes...

— Vá Lorigan... entregue isso a Dumbledore... – disse Charlus - ... vou distraí-los.

— Albelfort... tem algum lugar por onde possa escapar? – perguntou Lorigan e o velho senhor o encarou com um pequeno sorriso.

— Ariana... – disse ele mostrando o retrato que estava pendurado a parede - ... vai dar em Hogwarts.

Lorigan viu a doce menina sorrir e lhe indicar o castelo. Mais que depressa tirou as caixas da pequena escrivaninha e se precipitou por ela. Sentia não poder ajudar Charlus a escapar, mas confiava no talento dos Potter. Ele se sairia bem.

O bruxo, contudo depois de ver Lorigan desaparecer pelo buraco no retrato, subiu as escadas aparecendo do lado de fora o Pub. O céu já estava escuro, embora ele soubesse que aquelas nuvens não tinham nada haver com o clima chuvoso e frio.

— Ora, ora... – disse Charlus já no meio da rua - ... mover todo um exército somente para me pegar? Estou lisongeado...

— Se entregue Potter! – disse uma voz vinda por detrás da pequena fonte que havia no centro do vilarejo – Você não tem para onde fugir.

— E quem foi que disse a você Robert... que eu pretendo fugir? – disse Charlus com um sorrisinho enquanto olhava ao redor. Figuras encapuzadas praticamente se materializavam por todo o canto.

— É muito imprudente você aparecer sozinho... – disse Walkíria Selwing, seguidora declarada das artes das trevas mas que agora ocupava o alto cargo de chefe do departamento dos Inomináveis.

— E quem foi que disse que ele veio sozinho? – Cabelos louros, olhos verdes esmeralda, Charlote Potter, irmã mais nova e assim como o resto do clã apareceu entre as propriedades. A batalha agora era eminente.

— ESTÃO ESPERANDO UM CONVITE? MATEM-NO! – disse Walkíria e uma chuva de raios coloridos começou a cortar o ar.  Charlus bloqueou um feitiço que vinha em sua direção, assim como desviou outro que vinha em direção a Charlote.

— Eu disse para só sair caso eu precisasse de ajuda... – disse ele contrariado.

— É bem típico de você querer toda a diversão só para você... – respondeu Charlote, e momentos depois fazendo uma careta para ele que caiu na gargalhada.

— Crianças... – disse Dorea – não é lugar nem hora para pirraças... temos trabalho a fazer.

— Tudo bem... – respondeu Charlus fazendo um floreio com a varinha e praticamente fazendo voar dois ministeriais para cima de uma carroça de palhas que estava do outro lado da rua.

— Belo arremesso... – disse Charlote também executando um feitiço que fez outro membro do ministério voar sobre o seu parceiro. – Sabe Charlus... isso me lembra nossos dias no castelo... mamãe ficava uma fera quando via a gente duelando...

— Ainda mais quando prendemos fogo na tapeçaria dela... -  disse o bruxo rindo enquanto se defendia de um dos feitiços e lançava outro quase que instantaneamente. Um raio púrpura cortou sua direita, e ele revidou lançando um igual ao ser encapuzado que apareceu poucos metros adiante. Foi então que ouviu o grito de terror de Dorea e sua atenção se voltou-se para Charlote ao mesmo tempo que a esposa gritava pela irmã.

— Argh.... – nesse exato momento Charlote o encarou parando de falar.

— O quê foi... – Perguntou ele preocupado.  Charlus ainda pode ver o sorriso de Charlote uma última vez antes que o corpo da bruxa fosse tomado por uma luz esverdeada e o brilho dos seus olhos se extinguisse para sempre.


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