Estrela Nascente escrita por BabySuhBR


Capítulo 10
Segredos


Notas iniciais do capítulo

Leiam a nota final. Tem uma pergunta importante!



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Segredos

O Homem é feito de segredos

Segredos os quais acabamos por perder

Perder o controle sobre os mesmos

Mesmo por mais que lutemos

Lutamos em vão contra um caminho

Caminho esse que nos leva

Leva aonde o Destino desejar

Deseja saber a verdade

Verdade escondida nesse Segredo.

(BabySuhBR)

Acordei com uma leve alteração de vozes e pisquei os olhos para tentar assimilar onde eu estava. O quarto me parecia tão familiarmente desconhecido que precisei me focar nos detalhes para perceber que o meu mais terrível pesadelo afinal era a mais dura realidade.


Estava no quarto de Tom, descansando das emoções fortes ocorridas no enterro…de Gabriel.

Um chute na minha barriga me fez silvar. Me sentei cuidadosa na cama e acariciei minha enorme barriga. Para 7 meses mais parecia que eu estava quase para parir.


–Ei, Gabe. Bom dia para você também. – O cumprimentei mas torci o nariz com o meu momento maternal. – Na verdade boa noite preguiçoso. – Sorri quando ele se remexeu e colocou o pezinho sobre a minha mão.


Fique assim por uns tempos, curtindo a cena entre mãe e filho fazendo cosquinhas na barriga, no local onde seu pé estava. Ele se remexeu, retirando o pé, e eu ri. Eu o sentia agora como uma parte de mim e era uma sensação tão maravilhosa. Meu coração parecia que ia explodir com tanto amor.


–Me desculpe pelos meses de auto defesa que eu montei contra você. Eu tinha tanto medo de te amar. Tinha medo de me machucar de novo. Que burra eu fui por não perceber que a única coisa que você fazia comigo, era me fazer te amar incondicionalmente. – Sorri sentindo duas gotas de água salgada caírem dos meus olhos sobre a minha barriga.


Gabe se mexeu novamente, dessa vez mais calmo, como que aceitando minhas desculpas e eu tive uma vontade enorme de o ter em meus braços para o poder mimar.

Sei que esse lado mãe não combina NADA comigo, mas um filho pode transformar pessoas e Gabe estava me transformando. Só precisei de um empurrãozão para entender isso.


–Ela precisa de saber, Leah! – Escutei a voz alterada de meu pai e estranhei.


Em passos de lã eu saí do quarto e fui me aproximando da sala.


–Henry, não cabe a mim decidir isso, por mais que eu também queira. – Ela fez uma pausa mesmo que denotasse que queria dizer algo mais. – Não vamos falar mais sobre isso. – Ela disse num tom de voz suspeito e eu apareci.


–Do que vocês estavam falando? - Sim, discrição não era de todo o meu nome do meio.


–Ju… - Henry se voltou me olhando surpreso e depois olhou para Leah inconformado. – Nada não.


–Na verdade é sim. – Leah falou e Henry a olhou confuso. – É que…bom, eu e seu pai… a gente…


–Vocês namoram. – Eu disse com uma ponta de ciúmes e mágoa na voz.


–Você sabia? – Papai perguntou se aproximando de mim como se tivesse medo que eu caísse no chão como uma boneca frágil ou algo do género.


–Desconfiei, né? Afinal...eu vi o jeito que vocês se olhavam e como reagiam quando estavam juntos. Não era como se um fosse peguete do outro. Era algo mais…


–E você…não está furiosa comigo nem chateado com o seu pai? – Leah perguntou incomodada e eu dei de ombros.


–Que eu posso fazer contra paixonite aguda? Ainda não sou o Dr. Love. – Cruzei os braços emburrada. – E você merecia um cara legal. Ao menos meu pai não tem que passar por avaliação, já está aprovado. – Eu dei um sorriso meio sincero, meio tímido.


Num impulso Leah correu até mim e me abraçou com carinho. Me senti amada e confortável. Estava onde sempre queria estar. Junto da minha melhor amiga, de meu pai, de meu adorado irmão e de…


–Cadê o Embry? – Perguntei desfazendo o abraço lentamente, mas ainda senti o corpo de Leah ficar tenso.


–Ele…ele… - Henry tossiu e engasgou algumas vezes, baixando os olhos para o chão e passando a mão pelos seus fios negros mesclados de cinza.


–Ele teve de voltar para La Push. Uma urgência. – Leah explicou rápido demais e isso me pareceu esquema.


–Urgência? – Perguntei desconfiada. – Que tipo de urgência?


–Sabe as rondas que fazemos? Bom, parece que alguém desapareceu e eles precisavam de todos os membros para iniciarem a busca.


–Sei. – Funguei desacreditada. – E porque você não foi? Você também faz parte do grupo. – Perscrutei com atenção sua reacção antes das resposta, mas ela soube disfarçar bem.


–Eles nunca me deixam participar em buscas grandes como essa. Coisas de Sam. Ele ainda acha que tem controle sobre mim e que eu preciso de ser protegida o tempo todo. – Bufou irritada, cruzando os braços e fitando um ponto fixo na parede, como se desejasse ardentemente que explodisse.


–E quando voltamos para La Push? – Perguntei caminhando até a cozinha e vendo o que havia para jantar.


–Os Dekker querem falar com você primeiramente. – Papai mencionou me fazendo congelar.


Protetoramente eu cobri a barriga com meus braços e em meu peito meu coração deu uma cambalhota quase fatal. E se eles quisessem tirar meu filho de mim?


–O que eles querem? – Perguntei num fio de voz.


–Eles não falaram, mas avisei que você não ia sozinha. – Henry colocou a mão sobre o meu ombro, na intenção de me reconfortar. – Sua mãe esteve aqui.


–O que ela queria? – Perguntei seca, sentindo raiva dela. Nunca que a iria perdoar pelo modo como ela me tratou quando soube da minha gravidez. Nunca.


–Não importa mais. – Ele tentou disfarçar, mas eu lhe lancei um olhar inquisitório.


–Ela veio entregar o resto das suas coisas para você levar embora. – Leah falou com raiva e eu percebi que não era de mim.


Senti vontade de chorar, como se tivesse levado um tapa na cara, mas me contive. Não poderia esperar outra coisa de minha mãe, que não isso. Ela seria a mesma sem coração, fria e calculista de sempre. Casou com papai por interesse e engravidou de mim para o segurar, mas já tinha sido tarde. Henry já estava irremediavelmente apaixonado por Lora e ambos já tinham Tom. Eu só vim por equivoco.


–Não fique assim, coração. Ela não merece sua dor. – Henry me abraçou pelas costas e me fez rodar devagar para deitar a cabeça em seus braços.


Uma lágrima teimosa rolou, mas eu nem me contive em segurá-la. Se eu a trancasse dentro de mim, as consequências seriam desastrosas.


–A gente te ama e é isso que importa. Agora você ficará bem perto de nós. – Leah falou acariciando meus cabelos e eu a abracei também.


–Quero o Tom também. – Fiz bico que nem uma criança pequena.


Acho que eu precisava muito de ser mimada nesse momento para compensar todos os anos em que eu fui tratada como uma criança qualquer, quase órfã, quando vivi com mamãe.


–Ele foi buscar o jantar, meu anjo. Logo ele chegará. – Henry falou enxugando às lagrimas do meu rosto e depositando um beijo em mim.


Nos afastamos para colocar a mesa e logo Tom chegou com uma deliciosa comida com um cheiro que fez meu estômago roncar vergonhosamente alto.

Corri para os seus braços e me senti de novo em paz. Trocamos vários “te amo” sinceros e se eu não tivesse Tom por perto durante o tempo em que papai esteve fora, eu não teria aguentado a falta de carinho.

Nos sentamos à mesa para jantar e foi a reunião familiar mais calma e divertida no mundo. Papai falou para Tom que estava namorando firme com Leah e ele aceitou numa boa.

Depois do jantar fomos todos para nossos quartos.

Eu fiquei com Tom no dele. Ele dormiu num colchão de água colocado bem do lado da cama, no chão, e eu dormi em sua cama.


–Boa noite. – Eu desejei fechando os olhos e esperando que o sono viesse.


–Ju. – Tom me chamou num sussurro calmo.


–Sim. – Respondi de olhos fechados.


–Sabe que eu te conheço melhor que ninguém e sei suas fraquezas e forças.


–Sim, Tom, desenrola. – Falei impaciente. Meu irmão tinha essa irritante mania de enrolar um tema quando estava nervoso ou quando era importante.


–O quanto você sabe de mim? Nós sempre conversamos sobre você, sobre seus problemas, seus sentimentos, seus segredos…mas sobre os meus…a gente nunca falou, por minha escolha, eu sei. Mas…eu sinto que você sabe sobre ele. Só apenas nunca comentou a respeito. – Abri os olhos para o ver fitar o teto e me lançar um curto olhar a certa altura da frase.


Deitei de lado, me ajeitando numa posição confortável para a minha enorme barriga, e o fitei.


–Eu sei do seu segredo, Tom. Só nunca falei por respeito a você e à sua privacidade. Sei o quanto é difícil falar sobre esse tipo de coisas. Mas você sabe que sempre que precisar pode falar comigo, maninho. – Falei esticando uma mão para alcançar seus fios negros.


Ele sorriu, mas não foi um sorriso aliviado ou contente. Ele era triste.


–Há mais alguma coisa que você me queira falar? – Perguntei e ele soltou uma risada irônica.


–Você realmente me conhece tão bem quanto eu te conheço. – Ele falou e eu assenti, de cenho preocupado. – Eu sei que você merece toda a verdade, Ju, mas não sei qual a melhor hora para ela ser dita. Se agora que você está fragilizada, mas forte o suficiente para talvez suportar, ou quando você estiver de novo forte e susceptível a voltar a ficar fragilizada com o que te quero contar…


–Thomas! – Me irritei. – Porque será que que todo o mundo parece ter segredos para me contar, mas que mesmo assim não o faz? Porque todos acham que eu sou demasiado fraca para suportar qualquer tipo de verdade? Será que é porque sou humana e sim, posso chorar e desmaiar e carregar um filho na barriga? – Me coloquei sentada, sinceramente irritada, não só por Tom ter medo de me contar o que quer que seja, mas por meu pai, Leah, Embry, Jacob, La Push, o mundo inteiro!


–Ju, calma, por favor. Você não pode se exaltar. – Tom se colocou de joelhos, estendendo as mãos em sinal de calma e acariciando minha barriga.


Olhei para ela e bufei, passando as mãos por um irrequieto Gabriel.


–Está tudo bem, neném, está tudo bem. – Falei, acalmando as batidas frenéticas do meu coração e ele por fim relaxou também.


–Eu juro que contarei a você, June, mas acho melhor que não seja aqui, em Makah. Eu voltarei com você e papai para La Push. Lá você tem um excelente médico para te atender e bastante apoio e cuidados. Você pode ser forte o suficiente para me escutar, mas sua saúde, nesse momento, não é como você. Temos de olhar por esse bebê também, maninha. Meu sobrinho. – Ele sorriu, beijando minha barriga e sentindo Gabe chutar seu rosto, mas de forma carinhosa.


Sorri embevecida com esse gesto e puxei Tom para subir na cama. Precisava de seu carinho essa noite e me sentiria menos solitária se o tivesse em meus braços. Nos ajeitamos na cama e eu deitei o rosto em seu ombro, enquanto ele acariciava meus cabelos num cafuné gostoso. Logo senti o sono me dominar e meus olhos pesarem cada vez mais até por fim adormecer.


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Acordei ofegante sentindo uma pontada no peito após um terrível pesadelo. Nele eu via alguém fugindo numa velocidade inumana e vários lobos, do tamanho de ursos, correndo agilmente atrás dela. Era uma mulher. Seus cabelos ondulados e de um tom castanho fogo pairavam no ar como um manto sedoso, e um sorriso irónico beirava o canto dos seus lábios.

Então ela pulou por sobre um rio e os lobos frearam a corrida a vendo do outro lado.

Um enorme lobo marrom avermelhado cravou as patas no solo e rosnou alto para ela.


–Eu não queria que fosse assim. Mas você não me dá outra escolha, Jake. – A mulher fala e aí eu noto – além da sua beleza transcendental - numa característica incomum. Seus olhos. Eles eram de um tom escarlate, bem brilhante, como se fossem dois rubis onde uma luz forte insidia sobre eles e os faziam brilhar.

O lobo parou de rosnar ao escutar os uivos de outros lobos e lançou um último olhar sobre a estranha mulher e bufou, soltando um uivo que soava a uma mistura de sofrimento e raiva.


Não entendi o que esse sonho significava e porque eu fiquei tão incomodada com o fato dessa mulher ter chamado o lobo de Jake.

Varri da minha mente esse estranho pesadelo e notei que o dia já havia amanhecido e Tom não estava mais no quarto. Notei também seu roupeiro remexido e sem algumas roupas.

Me levantei com cuidado e caminhei até o banheiro para a minha higiene matinal. Durante o sonho eu tinha suado bastante e essa manhã estava atipicamente quente. Além de que eu tinha de me arrumar para um confronto com os Dekker.


Depois de um longo banho relaxante e de vestir uma bata folgada, um shorts e calçar uma rasteirinha, eu saí para a cozinha. Tom estava lá conversando com papai e a cara de ambos estava péssima. Assim que me viram tentaram disfarçar sem sucesso e Tom veio até mim me dar um beijo de bom dia na testa. Papai se ergueu do sofá se colocando de costas para mim e passando a mão no rosto ao tempo que o escutei fungar. Será que ele estava chorando? Qual o motivo?


–Eu vou – Henry começou mas logo parou para pigarrear e tentar reforçar a sua voz que saiu baixa e rouca – eu vou acordar Leah. – Saiu sem mais nada dizer e eu olhei para Tom inquisidoramente.


–Venha comer, acabei de fazer panquecas. – Ele falou fugindo do meu olhar e me puxando pela mão até a cozinha.


Tratei de deixar para lá esse assunto porque não iria adiantar nada eu fazer barraco pois ninguém iria me falar nada mesmo enquanto minha saúde fosse um risco para mim e para Gabriel.

Devorei as minhas panquecas e metade das que papai deixou no café da manhã.

Leah e papai logo se juntaram a mim e Tom na mesa mas as únicas pessoas comendo fomos eu e Leah.

Eu e ela trocamos vários olhares de quem não estávamos entendendo nada e isso me deixou mais aliviada por não ser a única bunda por fora do assento.


–Papai, eu estou indo agora na casa dos Dekker. Se você quiser vir… - Dei a ele uma opção contrária pois a cara dele gritava que sua cabeça iria explodir se ele tivesse que lidar com mais um problema.


–Eu estou com uma forte enxaqueca, mas eu tomo algo e aguento bem. – Ele falou massageando as têmporas e Leah esfregou as suas costas como consolo.


–Tem certeza. Eu posso pedir a Tom que venha comigo...


–Não! – Sua voz soou uma oitava acima do normal nos assustando a todos.


Meu irmão e meu pai trocaram olhares que eu não consegui entender e que me deixaram bastante intrigada.

Ah como eu odeio que me escondam coisas!


–Ou eu posso enfrentar isso sozinha. – Falei sem conter um tom de raiva.


–Eu posso ir com ela, Henry. – Leah se ofereceu e não me pareceu uma má ideia de todo.


–Você não se importa. – Papai fez uma careta de dor, comprimindo os olhos como se estivesse sentindo uma fisgada na cabeça e eu neguei.


–Fique bem papai. – Dei um beijo nele e ele pegou em minhas mãos entre as suas as beijando.


–Se cuide e seja forte, Junia. Qualquer coisa, qualquer coisa mesmo – ele reforçou olhando para mim e para Leah – me liguem que eu vou correndo vos pegar. – Eu assenti e Leah deu um beijo casto nos seus lábios. – Eu te amo. – Ele falou com um sorriso leve.


–Eu também. – Leah e eu dissemos ao mesmo tempo nos entreolhando.


Eu por espanto dela ter respondido como se aquilo fosse mesmo para ela e ela encabulada por tal revelação de sentimentos.

Eu não pensava que a relação entre eles estivesse já a esse ponto. Isso ia rápido demais e quando toda essa insana confusão passar eu realmente iria de ter uma séria conversa com eles os dois.


Saímos de casa e fomos andando dois quarteirões até a mansão dos Dekker. Eu sabia o quanto ele era rico e tinha passado perto de sua casa uma vez ou duas enquanto namorava Gabriel, mas nunca realmente cheguei a entrar. A imponência da casa se assemelhava à dos Cullen, mas a diferença estava no estilo. Esta era Vitoriana.

Empurramos os portões de ferro pintados de branco e atravessamos os jardins ornamentados com as mais belas e raras flores e esculturas de arbustos. Passamos por uma fonte de três pisos que cuspia água cristalina de um anjo, no topo. Por fim chegamos na porta alta de madeira requintada e bem tratada, com um batente e uma campainha banhadas a ouro.


Eu hesitei respirando fundo, mas Leah resolveu tomar a frente, pegando no batente, em forma do rosto de um leão, e o batendo contra a porta.

Nem levou um minuto para sermos atendidas por uma criada de meia-idade que nos cedeu passagem e nos acompanhou até uma ante sala. Nos pediu um segundo de espera e se retirou nos deixando ali sozinhas.


Torci os dedos nervosa e tentei me concentrar em outra coisa qualquer, mas estava quase impossível. Leah pegou na minha mão e entrelaçou os dedos, me passando força e confiança como uma corrente magnética. Sorri aliviada e agradecida por não me deixar nessa sozinha e ela me sorriu docemente.


–Você veio. – Escutei a voz dura de Amanda Dekker soar atrás de mim.


Um arrepio percorreu a minha espinha e apertei mais forte a mão de Leah.


–Meu marido nos espera em seu escritório. – Apontou o caminho e esperou darmos o primeiro passo para nos guiar até o cômodo.


Amanda empurrou as portas ao fim do corredor e nos mandou entrar. Cada passo que dávamos parecia como pisar um trilho de fogo e medo. Passei a segurar a barriga com a mão disponível e por fim entrei porta adentro acompanhada de Leah.

Amanda fechou as portas atrás de si e foi se sentar no braço da cadeira do seu marido o abraçando pelos ombros.


–Fiquem à vontade. – Ele falou impreterível nos apontando as cadeiras em frente à sua secretária. – Nós a chamamos aqui porque desde que Becky nos contou sobre você, eu e minha esposa reflectimos muito sobre esse assunto. Devemos confessar que a primeira hipótese que nos passou pela cabeça fosse golpe da barriga. Mas isso não explicaria o seu silêncio e a sua fuga.


–Meu marido queria descartar todas as más hipóteses, mas eu continuei acreditando que você só estava fazendo joguinho e esperaria essa criança nascer para pedir uma pensão bem poupuda. – Amanda falou sem rodeios mas eu sequer me ofendi.


–Mas depois do nosso encontro no funeral nosso ponto de vista mudou. Sua dor parecia ser bem sincera e eu percebi o quanto todo o mundo estava vaiando você gratuitamente. Nós conseguimos ver realmente você. Uma pobre garota indefesa e apaixonada, que foi abandonada pelo namorado após lhe ter contado sobre a gravidez. Foi duro chegarmos a essa conclusão porque é do nosso filho que estamos falando.


–Dói para uma mãe chegar a perceber que o seu filho foi um crápula a esse ponto. Nós o criamos para ser uma pessoa bondosa e honesta. Talvez eu o tivesse sufocado demais e o protegido de tudo o que eu podia como uma leoa protege a sua cria, mas eu o amava demais. – Amanda deixou cair a sua máscara de dureza e baixou o rosto contorcido em dor, deixando uma lágrima escapar por seus olhos, mas a recolhendo de imediato e se recompondo mais rápido ainda. – Mas há que admitir que eu errei e que eu não posso simplesmente culpar os outros por isso.


–Por isso, June, nós concordamos em colocar disponível a você tudo o que você mais precise nessa fase. Sei que não precisa do nosso dinheiro. Sabemos que o seu pai é tão rico quanto nós, mas quero que saiba que sempre poderá contar connosco e com o nosso apoio. – Hector anunciou cordial.


–E esperamos que não nos prive do direito de visitar e acompanhar o crescimento do nosso neto. – Seu pedido soou mais como uma ameaça, como se ela dissesse mentalmente para mim, através do seu duro olhar, que se eu o fizesse ela moveria mundos para recorrer.


–Não faria isso. Gabriel merece conhecer as suas origens. – Falei acariciando minha barriga.


–Você…você deu o nome do nosso menino para nosso neto? – Amanda perguntou novamente emocionada.


–Em homenagem ao maravilhoso pai que ele não poderá algum dia conhecer pessoalmente, mas que fará parte da sua vida como se ainda fosse vivo. Eu não deixarei morrer a lembrança dele para o nosso filho. Eu amei muito Gabriel porque eu conheci o seu interior e sei que aquele rapaz que me abandonou grávida, não foi o mesmo que eu conheci. Algo aconteceu com ele, eu sinto isso. - Meus olhos estavam marejados com essas constatações.


–Nós ficamos eternamente agradecidos, June. – Hector falou.


Ficamos mais algumas horas falando sobre mim e minha gravidez e eles ficaram consternados quando eu falei que a gravidez estava em risco mas que tudo estava controlado agora.

Eu era forte e eles perceberam isso, mas mesmo assim não deixaram de ficar preocupados e pediram para eu dar noticias todas as semanas.

Quando viemos embora cruzamos com Becky. Ela e Leah trocaram dois longos olhares muito significativos, mas quando Becky olhou para mim, esta baixou o olhar.


–Oi June. – Ela me cumprimentou cabisbaixa.


–Oi Rebekah. – Fui cordial mas logo me afastei junto com Leah. – O que foi aquilo? – Questionei quando já estávamos no exterior da mansão.


–Aquilo o quê? – Ela perguntou fingindo estar confusa.


Mas está aí uma coisa que a Leah fazia muito mal. Mentir!


–Leah!


–Ah droga. Espere até chegarmos a La Push, ok? Tudo será explicado. – Ela tirou corpo fora, jogando as mãos para o alto e andando vários passos mais rápidos que os meus. Isso era sacanagem!


–Oh, óptimo. Mais uma vez eu sou o saco de pancadas. Recebe porrada e nem sabe porquê. – Murmurei para os quatro ventos já que Leah estava a uma distância considerável de mim para me escutar.


.

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Depois de dois dias de um clima chato e tenso em casa de Tom, nós resolvemos partir para La Push.

Eu realmente estava muito ansiosa para voltar. Queria muito que todo esse mistério que criavam em torno de mim se dissolvesse e eu pudesse finalmente ficar esclarecida.

Além de que eu queria saber realmente qual o motivo para Embry ter partido tão apressado de Makah sem nem ao menos se despedir de mim ou me dar os seus motivos cara a cara e não por conta de outréns. Porque essa história de pessoa desaparecida não estava me comprando.


Eu via de novo os borrões verdes e cinza, tão familiares para mim, passarem em frente dos meus olhos. Sentia saudades disso. De me sentir acolhida e amada. Sentia saudades dos meninos e das suas piadas e bagunças, do carinho de Emily, do cuidado de Embry, das conversas com Jake…principalmente das conversas com Jake.


Eu saíra de La Push zangada com ele por causa daquele beijo. Ele significara tanto para mim sem nem mesmo eu conseguir entender o porquê e ele fizera aquilo pela coisa que eu mais odiava no mundo. Pena!

E mais raiva dele eu fiquei porque ele me deixara confusa em relação aos meus sentimentos. Numa hora eu gostava de Embry, na outra eu estava tendo sentimentos complexos por Jacob.

Eu tentei não pensar mais nele nem em nada que ficou pendente entre nós, mas depois do sonho que eu tive com ele na outra noite, minha mente começou me atraiçoando e me colocando imagens dele a todos os segundos.

E eu realmente estava nervosa com esse reencontro. Como eu iria reagir ao vê-lo? Iria engolir o orgulho e colocar tudo atrás das costas e recomeçar do zero? Ou iria virar as costas a ele e fingir que nada aconteceu entre nós?

Qualquer das opções não dependia apenas de mim. Havia consequências para cada uma delas. E uma das consequências era Embry. Eu sei que ele vira o beijo mas reagira de modo indiferente, fingindo que nada acontecera e eu não sabia mais se o motivo era eu ou Jacob…mas nossa história ainda estava pendente.


Vi a placa de boas vindas à Reserva passando por nós numa velocidade razoável, mas mesmo assim meu coração não deixou de se apertar.

Eram tantas revelações, tantas decisões, que eu não sabia mais se era realmente assim tão forte quanto eu imaginava.

Eu estava realmente na minha condição mais frágil e depois desses acontecimentos recentes, mais susceptível a qualquer emoção, mas seria realmente eu capaz de aguentar tudo isso?



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Notas finais do capítulo

N/A: Cara, esse capítulo me trouxe tantas ideias para os próximos. E acreditem que não vai ser nada bonito de se ler.
No próximo TODOS os segredos serão revelados.
IMPORTANTE: Agora apenas uma pergunta, vocês tem algum tipo de preconceito? Racial, religioso, sexual, etc etc? Preciso saber por isso me respondam nos comentários!
P.S. Até agora ninguém ainda fez nenhuma recomendação. Será que a fic não merece? #Fikdik
Kisses da Baby