Something About His Eyes - Fremione escrita por nanny


Capítulo 4
Dez Pontos Pra Grifinória


Notas iniciais do capítulo

Outro capítulo. As coisas estão ficando boas. Mas e aí, alguém ficou curioso quanto à reação do Ranhoso? Resultado aqui ;)))



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Snape me olhava com uma careta de desaprovação, e eu estava em lágrimas.

- Foi só um pesadelo. – Ele disse com sua voz fria.

Seus olhos negros brilhavam e por um mísero segundo, pensei ter visto emoção dentro deles.

- Não foi só um pesadelo. – Disse com um soluço.

- Agora a senhorita vai me dizer que deu uma volta pelo futuro e-

- Isso já aconteceu antes. – Eu disse secando as lágrimas e ficando séria. – Sonhei com meu primeiro dia de aula em Hogwarts quando tinha seis anos.

- O que? – Ele perguntou como se fosse algo ridículo.

- Parece ridículo. – Eu disse e ele deu um sorriso de canto. – Mas eu sei o que vi, Snape.

- Professor Snape. – Ele me corrigiu e eu dei os ombros. – Senhorita Granger, se está tão incomodada com os seus pesadelos que vêm o futuro, devia ter procurado Dumbledore.

- Não foi pelo pesadelo que vim, Snape. – Eu disse e ele fez outra careta. – Fiquei intrigada com...

- “O homem mais corajoso que conheci.” – Ele repetiu as palavras do pergaminho de Harry e eu afirmei com a cabeça. – Eu não sei, Granger. É coisa de sua cabeça. O garoto Potter é arrogante demais pra dizer, ou escrever algo assim.

Revirei os olhos. Obviamente, sei que Harry não é arrogante, e que se Snape é mesmo tão honrável e corajoso como parecia no pesadelo, Harry não pensaria duas vezes antes de dizer isso pra quem quisesse ouvir. “Mas talvez Snape ficasse ofendido com Harry o chamando de corajoso”.

- É claro que não ficaria ofendido com o Potter dizendo que sou corajoso, Granger. – Ele disse e eu me senti irritada.

Vai ficar lendo minha mente até quando, Severus?” Pensei e ele fez uma careta. “Na minha mente, não pode ordenar que me refira à você como professor.

Ele afirmou com um gesto e ficou me encarando por segundos.

- O mais intrigante... A meu ver... – Ele deu uma pausa enorme e eu quase tive uma síncope de curiosidade. – É que a senhorita desmaiou no desfecho do sonho.

- Pesadelo, professor. – Eu afirmei com convicção.

Ver a lápide de Fred e ainda sentir que aquilo podia ser um presságio do futuro foi a pior coisa que eu poderia ver quando fechasse os olhos. Snape fez uma cara de quem estava comovido, mas era muito falsa, por sinal.

- E o fato de que a senhorita se desesperou ao ver minha lápide. – Ele deu um sorriso. Ou algo perto disso. – E se isso vier a acontecer, Granger?

- Eu não sei a razão de tanto desespero. – Fui sincera e ele não alterou sua expressão. – Nunca tivemos uma relação “aluna-professor” positiva, e isso não é novidade pra ninguém.

Ele afirmou com a cabeça e eu dei os ombros.

- É intrigante o fato de que chorou tão emocionadamente ao encontrar minha lápide. – Ele disse com um tom visível de ironia.

É impressão minha ou o Ranh- Snape está insinuando que tenho algum sentimento positivo por ele?

- Não estou insinuando nada, Granger. – Ele disse parecendo mais nervoso do que antes. – Mas alguém que só tem sentimentos de ódio, não choraria daquele jeito. Ou choraria?

- Eu não sei. – Revirei os olhos.

O silêncio tomou conta da sala, e eu não sabia o que fazer. Certo pânico me envolveu, colocando um nó na minha garganta e me dando vontade de chorar novamente.

- Não chore. – Ele disse e sua voz soou fria, como sempre.

- Eu não sei qual é o motivo de tanta emoção. – Disse sincera. – Talvez devesse ficar feliz em ver sua lápide, assim como deduzo que ficaria radiante quando visse a minha.

Snape deu um sorriso. Dessa vez não foi um reflexo, nem um sorriso de canto. Foi um sorriso de verdade, e pela primeira vez. Parecia que eu ia cair da cama e acordar. Porque qual é, só pode ser brincadeira. Achava que ele nem soubesse o que é um sorriso.

- Como alguém pode não saber o que é um sorriso? Garota tola. – Ele disse, mantendo o sorriso em seus lábios.

Não entendia o porquê de aquele sorriso irônico estar ali, mas estava incomodada com isso.

- Senhorita Granger, acho que já está tarde demais. – Ele disse desfazendo seu sorriso. – Não se preocupe, tomarei muito cuidado pra não ser morto.

- Não faça piadas com isso, Snape. – Eu disse séria. – Eu não gostaria de ficar no estado que estava, e sinceramente... Não acho que ficaria feliz ao ver sua lápide.

- Não crie afeições á mim, Granger. – Ele cerrou os olhos. – Existiu uma, só uma nascida-trouxa à qual eu criei afeiçoes. E acho que isso não vai se repetir.

- Eu não estou criando afeições, professor. – Disse irritada. – É simplesmente uma questão de respeito. Não desejaria a morte de professor algum, mesmo que fosse o mais irritante, chato e inútil professor que tivesse.

Esperando que Snape me estuporasse, me encolhi um pouco depois de chamá-lo “indiretamente” de irritante, chato e inútil. Mas pra minha surpresa, ele nem se mexeu.

- Por alguns minutos, me esqueci de que é uma tola Grifinória. – Ele disse com um sorriso irônico. – Não se preocupe comigo, Granger. Sou um bruxo adulto e bom o suficiente pra me cuidar.

- Tudo bem. Não me preocuparei. – Me levantei, e a porta se abriu.

- Passe bem. – Escutei sua voz fria atrás de mim.

- Boa noite Severus. – Disse chamando-o pelo primeiro nome e esperando que me xingasse ou me desse uma detenção. – Passe bem.

Saí de sua sala ainda incrédula. “Eu o chamei de Severus e ele não reagiu mal.” Pensava caminhando em direção ao quadro da mulher-gorda.

-x-x-x-x-x-

Depois daquele dia, as aulas de Severus me pareceram muito mais agradáveis. DCAT sempre foi apreciada por mim com carinho, e depois de ter aquela conversa “seminormal” com Snape, comecei à desencanar de todo ódio que sentia por ele. Uma coisa que me pegou de surpresa, foi Snape ter dito que já criou afeições por uma nascida-trouxa. Como assim? Snape parece ser tão isento de sentimentos como qualquer sonserino. Os Malfoy, Lestrange, Zabine, Parkinson, Riddle... Ah, a lista é interminável. Mas até que pensando bem, dentre alguns sonserinos, muitos constituíram família, e sinceramente, mesmo sendo sonserinos, não consigo engolir alguém constituir uma família sem amor.

Bloqueava meus pensamentos patéticos ao máximo nas aulas de Snape e me esforçava com certo exagero. E em resposta, fiquei sem detenção e sem caretas de arrogância por um bom tempo.

- Como você consegue ficar de bom humor logo antes da aula de DCAT? – Disse Fred fazendo uma careta.

Estamos no salão principal, tomando café. De um lado Fred e do outro George... “Merlin, o que mais eu poderia pedir?

- Não é nada demais. – Disse depois de tomar mais do suco de abóbora. – Severus não é um monstro.

- Você parou de chamá-lo de Ranhoso, Seboso, Oleoso, e até Snape. – George disse cerrando os olhos. – O que está acontecendo, Mione?

- Eu já disse que não aconteceu nada. – Eu disse irritada. – Ele não é um monstro, e resolvi parar de tratá-lo como um.

Os dois deram os ombros e trocaram um olhar confidente do tipo “Ela está enlouquecendo.” Dei um sorriso – mesmo irritada – e terminei meu café. Meus horários de DCAT de sexta, batem com os horários de Fred e George – e felizmente, também batem com os de Ron e Harry. Primeiro e último horário. Pra mim era magnífico. Snape não me recebia arrogantemente mais. Lançava-me um olhar que parecia “cúmplice de segredo” e aceitava de bom grado quando me sentava na frente de sua mesa só pra prestar mais atenção.

Essa manhã, em especial, parece que Snape está de bom humor. Juro que vi um sorriso escapar de seus lábios quando me separei dos garotos dizendo “eu gosto de prestar atenção nas aulas dele, não sejam patéticos” e fui me sentar bem na frente da classe. Ele simplesmente nos pediu só dez pergaminhos sobre vampiros. Abri meu livro e sem nenhum pensamento negativo, comecei à passar todas as informações necessárias pro pergaminho. Foram dez pergaminhos antes mesmo do fim da primeira aula. Dei um sorriso orgulhoso e levantei a mão, pedindo licença pra falar.

- Sim, senhorita Granger. – Ele disse me encarando, muito sério.

- Aqui está a redação, professor. – O estendi as dez folhas.

- Elas não eram pra essa aula. – Ele disse pegando as folhas da minha mão.

Desculpe por ser rápida demais, Severus.” Gritei em pensamento e ele me olhou com uma careta de desaprovação. Leu os pergaminhos com rapidez invejável. “Ah como eu queria ler rápido assim...” Pensei vendo-o passar pergaminho-pós-pergaminho.

- Está impecável. – Ele disse me passando as folhas de volta. – Dez pontos pra Grifinória.

Meu queixo caiu completamente. E junto com ele, o de todos os alunos da sala. Incluindo Fred, George, Harry, Rony, Lilá, Lino, Parkinson, Malfoy, Zabine... Todos ficaram incrédulos. Severus só se sentou novamente e se perdeu entre seus afazeres, ignorando os olhares raivosos dos sonserinos e os assustados dos grifinórios.

Naquela tarde, recebi um pergaminho escrito “Na minha sala, depois do fim das aulas. S.S.” Dei um sorriso e amassei o pergaminho, não deixando ninguém saber que eu e Severus estávamos tendo agora uma relação “professor-aluna” saudável e posso arriscar que até meio amigável. Minha última aula era DCAT, então assim que chegou ao fim, disse ao Fred para que seguisse sem mim, e que depois o alcançaria. Aproximei-me da mesa de Snape e me sentei de frente pra ele.

- O que queria? – Perguntei sem rodeios.

- Quando precisa conversar, pode vir à vontade. Quando eu desejo falar alguma coisa, não posso chamá-la.

- Eu estou aqui, não estou? – Disse revirando os olhos. – Qual é o assunto?

- Eu nem acredito que vou fazer isso. – Ele apoiou o rosto nas mãos. – Que ninguém fique sabendo disso, Granger.

- Disso o que?

- Diga que ninguém vai saber.

- Saber o que? – Disse irritada.

- Saber que te trato normalmente, é claro.

Dei uma gargalhada.

- Então devo fingir que gosto das suas aulas porque sou tola e idiota, e que você continua me tratando mal como sempre e não me chama pra conversar à essa hora?

- Exato. – Ele disse com um sorriso cínico.

- Sem problemas.

- Tudo bem... – Ele se levantou e se sentou em uma cadeira que estava mais próxima de mim. – Eu não posso dizer muito...

- Diga o que pode dizer. – Eu revirei os olhos depois de dizer o óbvio.

- Se alguma coisa... – Ele disse com suas famosas pausas eternas. – Qualquer coisa estranha acontecer esse ano... Não se deixe abalar. Continue forte.

- Do que você está falando? – Disse abobalhada.

- Eu não posso dizer muito. – Ele disse e suas feições calmas e frias deram lugar à feições desesperadas. – Você precisa ser forte e não se deixar abalar por coisas que vão vir a acontecer esse ano.

- O que vai acontecer esse ano? – Perguntei ficando assustada.

A conversa de Snape estava tomando um rumo estranho.

- Eu realmente não posso dizer. – Ele disse levantando a manga de suas vestes, mostrando-me a marca negra, que parecia queimar seu antebraço. – Mas lembre-se... Seja racional. Use a cabeça. Eu não sou um monstro. Tudo o que eu vou fazer esse ano, tem seus motivos. Um dia você vai entender.

Espera. Severus Snape me mostrou sua marca negra. Calma. Agora sim o mundo pode desabar. Porque é que ele está confiando tanto em mim? Ele está praticamente me dizendo pra temer suas possíveis futuras atitudes.

O encarei e ele parecia concentrado em minha mente. Ele afirmou com a cabeça e deu um quase-sorriso.

- Como sempre, usando a razão e a inteligência. – Ele disse e novamente tentou sorrir.

Mas sua tentativa de feição feliz falhou. Lágrimas começaram a molhar seu rosto e seus olhos negros pareciam tristes, mas cheios de vida, como eu nunca tinha visto antes. “Se tem uma coisa que eu realmente pensei que nunca fosse ver, é Severus chorando, bem na minha frente.” Tive meu pensamento bobo, e depois voltei minha atenção à Snape, que chorava sem se preocupar com a minha presença. Levantei-me e me aproximei dele. Estranho, mas ele parecia tão frágil. Tão desprotegido. Desci sua manga, cobrindo sua marca negra e o abracei. “Você está abraçando seu professor!” minha consciência gritou e eu dei um sorriso inocente. Snape encostou a cabeça no meu ombro e continuou chorando. Parecia uma criança desprotegida, que corria perigo e precisava de alguém pra desabafar. Não consegui resistir aos cabelos negros e brilhantes de Snape e alisei-os, tendo a certeza de que sebosos eles não são. Depois de algum tempo alisando seus cabelos, consegui o acalmar. Severus se afastou e me deu um sorriso. Não um sorriso sarcástico ou carregado de ironia. Ele deu um sorriso sincero. E daquele dia em diante, eu tive certeza de que mais do que muitas pessoas com qual eu conto ultimamente, agora poderia contar com mais uma.


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Notas finais do capítulo

UUH, capítulo grande mas muito querido por mim ♥ Espero que gostem *u*