É como se o tempo estivesse voando. Às vezes, recebo um "estou ok" de Fred e meu coração se enche de esperança de novo. Eu o encontrarei, sei disso. Eu o salvarei, quero acreditar nisso. Quando paro para pensar em quantas pessoas estão em perigo - incluindo eu, Harry e Ron - meu coração se aperta de uma forma imensurável. Luna, Ginny, Fred, George, Molly, Arthur, e Tonks... Tonks, Remus e Ted! É injusto ter algo tão bom em um momento tão ruim. Não gosto de pensar muito nisso. Vivia um bom momento em minha vida também, depois de tantos anos sofrendo e sofrendo, agora sabia que Fred era e sempre seria o amor da minha vida. E aí tudo ficou turvo, tudo se perdeu em alguns minutos. É como se eu não conseguisse mais controlar nem meus pensamentos. Parei para pensar em tudo o que passamos. Invadimos o ministério, acampamos, fomos pegos, fui torturada, Dobby nos salvou, passamos uma temporada na casa das conchas, invadimos gringotes, voamos em um dragão e estamos bem. É claro, não é como se tudo tivesse sido fácil. Pensando bem, uma coisa me deixou intrigada. Draco não nos entregou, quando estávamos na mansão dos Malfoy, por mais que ele soubesse que éramos nós. Ele simplesmente disse que não sabia, mas ali, nos olhos dele, eu senti que ele sabia. Ele tinha certeza de que aquele era Harry, porém não entregou-o. Isso me confundiu muito, mas esperava que um dia pudesse perguntar à ele o motivo disso.

(Eu sou péssima em seguir fatos, não quis muito escrever sobre essas partes que simplesmente citei acima. Não ia mudar nada da história de JK, só tirei a parte em que o Ron foi embora do acampamento, porque aquilo foi extremamente Romione e eu achei desnecessário escrevê-lo. Então todas essas partes, desde a caça às horcruxes até a cena em que voltam para Hogwarts, vocês podem considerar a história da nossa tia Jo. E agora vamos para Hogwarts)

– Harry, vá com a Luna procurar o objeto. - Sussurrei. - Eu vou atrás de Snape.

– Você vai atrás dele, Mione? - Harry parecia irritado e decepcionado.

– Não faça isso comigo. - Fiz uma careta de dor. - Sei que não me entende, mas preciso conversar com ele. Confie em mim.

– Vá. - Revirou os olhos. - Vou procurar a Luna.

Quando dei as costas vi a ruiva chegando na sala precisa.

– Vocês... - Parecia extremamente cansada e machucada, mas abriu o maior sorriso que já vi.

– Senti sua falta! - Gritei e abracei-a. - Vá, provavelmente Harry sentiu ainda mais.

Ela não disse nada. Viu Harry logo atrás de mim e correu para os braços dele como se nada mais importasse no mundo.

Corri como louca até a sala do diretor. Ele tinha que estar lá. Ele precisava estar lá. Quando cheguei à entrada da sala do diretor, pensei na primeira coisa que me vinha à cabeça. "Dumbledore" sussurrei e a entrada estava livre. Entrei correndo, como se a minha vida necessitasse disso. Eu precisava vê-lo.

– Finalmente! - Assim que entrei na sala, ouvi sua voz ecoar.

– Você sabia que eu viria? - Perguntei com um sorriso maroto.

– Eu confiei. - Sorriu e se levantou.

Caminhei até Severus e o analisei. Parecia triste, acabado e preocupado, mas manteve o sorriso e me abraçou apertado.

– Senti tanto a sua falta. - Senti meus olhos ficando úmidos.

– Não pode chorar! - Disse parecendo sério. - Você precisa ser rápida. Sabe que uma guerra está prestes à explodir. Você tem muitas vidas para salvar, Hermione!

– Mas como? - Pergunto desesperada. - Eu não faço ideia do que fazer.

– Eu estou aqui por você, se lembra? - Levantou meu rosto com seu polegar e sustentou meu olhar por alguns segundos. - Você sabe que pode confiar em mim, não sabe?

– É claro. Eu tenho certeza. - Sorri.

– Eu fiz algo por você. - Afasta-se e volta para sua mesa, procurando algo entre suas gavetas.

Procurava preocupado, como se realmente eu não tivesse muito tempo. Em poucos minutos, segurou algo pequeno em suas mãos e me aproximei. Era um vira-tempo.

– Como? - Perguntei perplexa.

– Como diretor de Hogwarts, tenho meus privilégios. - Revirou os olhos e entregou-me o pequeno objeto mágico. - Preste atenção, Hermione Granger. Você precisa ter cuidado com isso. É o único que consegui achar, e você passará por uma guerra com o vira-tempo guardado no bolso. Não perca. Tome cuidado com isso.

– Eu não posso só...

– Você precisa prestar atenção. - Segurou meus ombros e seus olhos negros me fitaram, parecendo ainda mais escuros e sérios. - Você precisa passar pela guerra. Vai ser horrível, você vai sofrer, mas é a única maneira de salvar as pessoas que ama. Passe por tudo, e saberá o que fazer depois. Preste atenção nos horários, nos locais, nas pessoas, e quando voltar, saberá o que fazer. Eu confio em você. Só em você.

– Eu não vou te decepcionar.

Abraço-o apertado. Sei que isso é uma despedida. Sei que estamos prestes à receber uma guerra. Sei que talvez nunca mais terei esse abraço. Senti uma lágrima molhar meu rosto, mas soube que não era minha.

– Vá. - Gritou, dando-me as costas. - Vá Hermione. Eu confio em você.

Corri sem dizer uma palavra. Guardo o vira-tempo com cuidado dentro das vestes. Preciso cuidar dele como se fosse o bem mais importante do mundo. O destino de todos os meus amados está nesse pequeno objeto. Fred e Severus dependem disso. A minha vida depende disso. "Vou protegê-los." Sussurro, como se eles pudessem me ouvir. "Vocês podem confiar em mim."