- Hermione? – Abri os olhos e vi uma ruiva pulando ao lado da minha cama. – Acorda Hermione!

Revirei os olhos e me sentei na cama.

- Quantas horas são? – Perguntei irritada.

- Seis. – Respondeu com um sorriso enorme.

- Seis horas, amiga? – Revirei os olhos de novo. – Hoje é sábado Ginny! Porque me acordou seis horas?

- Pra te mostrar isso. – Ela me estendeu o braço esquerdo, que tinha uma mancha escura.

- Que isso? – Arregalei os olhos. – A marca negra?

Ela recolheu o braço, arregalou os olhos e depois caiu na gargalhada. As meninas começaram a reclamar, então levantei da cama e levei a ruiva fora de controle pra fora do dormitório.

O salão comunal estava vazio, então sentei a ruiva – que ainda gargalhava – no sofá e me virei pra ela, esperando-a voltar ao normal.

- Você ainda me mata de rir! – Ela exclamou com um sorriso. – Olha direito.

Puxei seu braço e levantei a manga da blusa vermelha que ela estava usando. Ao invés do que eu achava que ia encontrar – uma cobra saindo de uma caveira – encontrei o nome de Harry.

- Fala sério... Você achou que eu tinha me tornado um comensal? – Ela gargalhou. – Como você é idiota!

- Eu me assustei. – Revirei os olhos. – Você me acordou e veio me mostrar o braço que tinha uma mancha preta e eu não consegui enxergar nada... Queria que eu pensasse o que?

- Mas enfim... – Ela sorriu, encarando o desenho no braço que brilhava. – Gostou?

- É bonito. – Passei a mão no braço dela e sorri junto. – Isso foi escrito pelo próprio Harry?

- Não. – Ela riu. – Foi meio que... Colocado aí sem que eu soubesse. Na verdade, acordei e já estava aqui.

“Harry” na caligrafia do próprio estava gravado no braço esquerdo da ruiva. Maiores do que a letra normal de Harry, as letras cobriam a metade do antebraço dela. As letras eram grossas e negras, e pareciam ter sido “bordadas” com uma fina linha dourada.

- Como isso foi parar aí? – Arregalei os olhos.

- Você devia perguntar isso pro Fred. – Ela riu. – E pelo que reparei, devia se preocupar com o fato de que você também tem uma.

Demorei cinco segundos pra entender o que ela disse, e como num impulso, puxei minha manga e encontrei “Friederich” cravado no meu antebraço.

- Pelas barbas de Merlin! – Gritei. – O que é isso?

Era bem parecida com a marca de Ginny, mas ao invés da linha ser dourada, era vermelha. A caligrafia, obviamente, era idêntica à de Fred. Ginny sorriu passando a mão sob a minha marca e eu não senti nada. Dei um sorriso e balancei a cabeça negativamente. Obviamente, o Fred vai ter muito que me explicar hoje!

- Bom dia garotas. – Ouvimos a voz de Lilá soar bem atrás de nós. – O que estão vendo aí?

- Já checou seu braço hoje, Lilá? – Perguntei em tom brincalhão e vi Ginny gargalhar.

- Como assim... Chequei meu bra... – Ela interrompeu sua própria frase. – Merlin! Socorro! Como isso veio parar aqui?

Ela saiu berrando e se sentou entre Ginny e eu. Como eu já imaginava, “Ronald” estava cravado em seu antebraço, com o garrancho... Quero dizer... Letra do Ron. E como eu deveria ter imaginado – mas não fiz – ela ficou super feliz e comemorou como se fosse alguma coisa extraordinária. Revirei os olhos e mostrei pra ela minha marca. Ginny fez o mesmo.

- Só temos que saber qual é a origem disso. – A voz de Angelina soou bem atrás de nós. – Antes que perguntem, tenho um “George” no meu antebraço também.

- O que está acontecendo aqui? – Perguntei me levantando. – O que foi que esses garotos aprontaram?

- Essa é uma ótima pergunta, Mione. – Ginny balançou a cabeça.

- Mas acho que podemos perguntar pra eles, não é? – Lilá me olhou divertida e eu pisquei pra ela.

- É claro que podemos... – Ergui o rosto pra dar um ar de superioridade. – Se podemos acordar com os nomes deles cravados no nosso braço, eles podem simplesmente serem acordados por suas namoradas amorosas, não é?

- Claro. – Ginny e Angelina deram uma gargalhada.

- Você vem comigo, Ange. – Sorri e peguei-a pela mão.

- E você vem comigo. – Ginny se levantou e Lilá a seguiu.

Eu e Angelina seguimos lentamente até o dormitório. Abrimos a porta sem fazer barulho e caminhamos até chegar ao lado da cama de Fred e George.

Fred dormia como um anjo. Um sorriso repuxava seus lábios pra cima, e ele parecia estar tendo sonhos ótimos – uma pena que eu vou estragar isso.

Comecei a balançá-lo e quando olhei pro lado, Angelina fazia o mesmo com George. Fred começou a resmungar e reclamar baixinho.

- Sou eu. – Sussurrei perto do seu ouvido. – Hermione... Acorda!

Ele se sentou e me olhou com um sorriso. Senti meu braço esquerdo esquentar um pouco enquanto Fred encolhia o braço e esfregava a mão no antebraço. Ele me puxou pra fora do dormitório com um movimento só e me deu um abraço de urso quando já estávamos do lado de fora. Não resisti e retribui o abraço.

Fred me olhou nos olhos e novamente, senti meu braço esquentar.

- Funciona. – Ele comentou sem quebrar nosso contato visual. – Realmente funciona.

- Sabia que era coisa sua. – Revirei os olhos. – O que quer dizer isso, Fred?

Ele ergueu o braço e me mostrou que o seu também estava marcado. “Hermione” – com a minha caligrafia delicada e redonda – brilhava no seu antebraço e parecia bordado com uma fina linha dourada. Dei um sorriso bobo e Fred me deu um selinho.

- Isso é um experimento. – Ele riu. – George e eu tivemos essa idéia devido ao fato de estarmos apaixonados no momento.

Fiquei em silêncio e ele continuou.

- Na verdade, ao mesmo tempo em que apareceu no seu braço, também apareceu no meu. – Sorriu. – E quando apareceu no braço do Harry, apareceu também no da Ginny, e assim com os outros casais que receberam a marca.

- Quais casais receberam? – Ergui as sobrancelhas.

- Eu e você, primeiramente. Ron e Lilá, Harry e Ginny... – Pausa – Quase me esqueci de George e Angelina...

- Pode me explicar como funciona? – Revirei os olhos.

- Claro que posso princesa. – Sorriu. – George e eu começamos a pesquisar sobre os sentidos das pessoas apaixonadas. Existem várias substâncias e reações químicas que podem ser detectadas em nosso corpo quando estamos apaixonados. Quanto mais essas reações estão fortes, mais sua marca vai brilhar. Quando sua marca esquentar ou arder, é porque o sentimento está se intensificando mais... E se funcionar do jeito que projetamos, a mancha deve desaparecer se as reações cessarem... O que significa que, se o sentimento ficar fraco, ela vai ficar clara e sem brilho, e se o sentimento acabar, ela desaparecerá sem deixar vestígios.

Fiquei em silêncio, ainda tentando entender o excesso de informações que Fred jogava em mim.

- E ah... – Ele deu um suspiro. – Quase me esqueci de novo... Ela não mede suas reações, ela mede as reações da outra pessoa. Então quando a sua marca arde ou esquenta, é porque eu estou mais e mais apaixonado por você.

Quando terminou, sussurrou “se é que isso é possível” e ficou me encarando, esperando minha reação. Mas eu não disse nada. Aliás, não consegui dizer nada. Talvez pudesse dar os parabéns por terem pensado em tudo isso, mas... Seria pouco.

- Brilhante. – Sussurrei e me aproximei, passando os braços envolta do pescoço dele.

- Isso nunca vai parar de arder. – Ele sorriu enquanto roçava sua boca na ponta do meu nariz.

Minha marca ardia um pouco, mas de tanto arder só hoje, eu já estava me acostumando.

- Por mim, não vai parar mesmo. – Sussurrei e o beijei.

Sentamos-nos no sofá e ficamos abraçados, esperando pra saber qual seria a reação dos outros casais.

- Isso arde muito! – O primeiro a sair do dormitório, seguido de Lilá, foi Ron.

- E isso quer dizer que você tem uma namorada atenciosa e apaixonada por você. – Fred revirou os olhos. – E que fique satisfeito... Nunca achei que fosse conseguir isso.

- Realmente. – Ron passou o braço pelo ombro de Lilá e beijou a bochecha da menina, que sorria. – Você é maravilhosa, querida.

- Eu te amo, sabia? – Ela perguntou e se beijaram.

Sorri e olhei pro Fred. “Acho que está funcionando...” Sussurrou e eu afirmei com a cabeça.

Logo depois, George e Angelina saíram de mãos dadas. Sorrisos enormes e respirando amor. Era inevitável não sorrir.

- Isso incomoda! – Saiu a ruiva reclamando.

- Nem incomoda tanto. – Harry revirou os olhos. – Já senti coisas muito piores.

- Realmente. – Ginny concordou. – Mas eu não.

- Desculpe por ser tão apaixonado por você, querida. – Ele disse sarcástico e ela deu um sorriso.

- Eu não me importo com a marca. – Ela o abraçou. – Não incomoda tanto quando tenho você por perto.

“Acho que funcionou melhor do que esperávamos...” Ele sussurrou acima da minha cabeça e eu dei um sorriso.

- Amor! – Disse alto. – Todos respirando amor!

Respirei fundo e dei um sorriso.

A porta do dormitório se abriu e Neville desceu as escadas desorientado. Olhava pra todos os lados e parecia assustado.

- Ah é... – Fred riu. – Eu tinha me esquecido do Neville.

- Neville? – Perguntei arregalando os olhos.

- O que é isso? – Neville perguntou mostrando-nos o antebraço.

Cravado de cabeça pra baixo, lá estava o nome de Luna. Não consegui resistir e dei uma gargalhada. Do mesmo jeito que todos, mas bordado no azul da corvinal, lá estava a mancha de Neville.

- Você deveria ir conversar com ela, cara. – Fred disse tentando parecer sério. – Toda escola já sabe de vocês.

Neville, sem dizer mais nada, passou pelo quadro correndo. Todos caímos na gargalhada.

- Eu não sabia! – Disse irritada. – Porque ninguém me contou?

- Informações privilegiadas dos Weasley. – Ginny deu um sorriso e piscou pro George.

- Descobrimos tem pouco tempo, e na verdade, ninguém além de nós sabe. – George riu. – Pegamos os dois saindo juntinhos da sala precisa.

- Sério? – Arregalei os olhos. – Eu não poderia imaginar isso!

- Mas é verdade. – Fred riu. – E mesmo que precisasse da permissão do garoto pra fazer a marca, tomei a liberdade de fazer a marca dos dois mesmo sem ele saber. Acho que um empurrãozinho não faz mal à ninguém.

Todos caímos na gargalhada.

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