Esperanto:solfege escrita por Petit Ange


Capítulo 17
Tom XXVIII: Mundo Cínico / Tom XXVIX: Mosaico


Notas iniciais do capítulo

NOTA: Acho que, primeiramente, eu devo muitas desculpas aos leitores por ter tido um hiatus tão grande com Esperanto:Solfege. Não posso explicar perfeitamente porque decidi dar um tempo com a história; acredito que ela tomou rumos que eu própria desconhecia a princípio. Tornou-se por demais complexa, comprida e desnecessária. Precisei dar um tempo dessa atmosfera e retomar, então, minhas prioridades. Mas, graças aos céus, hoje consegui desvencilhar-me da névoa que sempre pairava na cabeça quando tentava continuar a cena... ^^'
Ah sim, claro, também tenho que agradecer, então, à paciência dos leitores. Sei que é uma falta de respeito sem tamanho e que, provavelmente, a maioria deles nem se lembra mais do que aconteceu. Mas tudo bem. Vou suportar isso, já que a culpa é invariavelmente minha. Eu estava com a cabeça cheia, mas não devia ter envolvido meus queridos leitores, que por tantos meses estiveram esperando uma conclusão satisfatória dessa obra. Só posso dizer que, enfim... É bom estar em casa! u-u
Enquanto eu revia as prioridades da fic, então, percebi que, por mais que Esperanto:Solfege seja uma spin-off de Guardians, acredito que não há mais espaço suficiente para que ela mantenha este espírito. Percebi isso depois de dois capítulos alongados inutilmente e que não adicionaram nada. Se isso continuasse, eu transformaria essa obra em um calhamaço de 60 capítulos. E não queremos outro Bavarois por aqui, né? XD
Por isso, é com pesar e, ao mesmo tempo com alegria (é, podem me matar), que anuncio que a partir desse capítulo Esperanto:Solfege será mais Esperanto e menos Guardians (é claro que Najato continuará aparecendo... O cretino é do cast, afinal).
Mas tudo não é apenas trevas. Pretendo, para compensar, escrever uma side, focando apenas os Guardiões de Apoio. Será muito mais vantajoso para mim e para a obra, além de manter a mesma qualidade e o espírito da fic para os fãs desta e da obra original. Não tenho previsão de lançamento dessa série de sides, mas tão logo tenhamos algum avanço ou novidade, manteremos os leitores avisados. Por enquanto, posso apenas dizer que será tão angst quanto Esperanto... O que é uma pena, já que Guardians tem uma aura tão mais leve que eu queria também copiar... Ora, enfim. O aviso mesmo era esse.
Obrigadíssima por todo o apoio, queridos!
Espero que gostem do capítulo. E voltamos enfim para nosso tradicional “2 em 1”. 8D



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Voe, voe, passarinho...

Em meio ao caos de uma Tokyo devastada...

Com meu próprio sangue escorrendo de mim...

Sentindo os braços dele me envolvendo tão carinhosamente...

...Você sabe que não pode fugir.

Mais ou menos na tarde do dia 24 de abril...

...Eu morri.

 

Esperanto:Solfege
Petit Ange

 

Tom XXVIII: Mundo Cínico.

 

Há muito tempo...

Em uma época de trevas...

Matar.

Qátala. [1]

Apokteino. [2]

Omorî. [3]

Occidere. [4]

Não importa onde quer que eu vá, o som é sempre o mesmo. “Matar” é assim. As mãos sempre acabam escorregando para a mesma direção.

Um mundo vermelho. Um mundo vazio. Um mundo de caos.

Feito apenas de gritos indistintos, visões de corpos tombando ao chão e vermelho. Muito vermelho.

Cheiro de sangue. Presença do sangue.

Ele é uma entidade que adere à pele como veneno.

Consciências morrem por causa dele. Pessoas morrem por causa dele.

Mas eu não sou afetado pelo sangue. Ele é apenas um componente necessário. É apenas um bônus, uma recompensa infeliz.

O que eu busco é isso: os gritos. a morte.

A prova da existência que vai separando-se lentamente do corpo terreno. Almas levadas pacificamente ao local aonde todos os mortos descansam.

Eu busco a destruição. O mesmo vermelho caótico de minha mente.

Não há nenhuma piedade nisso. Nenhum mérito. Nem mesmo satisfação.

Simplesmente é o que eu sei fazer.

Não posso fazer outra coisa senão matar. Afinal, nasci como um ‘Erasi’. Eu nasci com este impulso.

O impulso de brandir a arma e destruir a fundação.

Não é algo que eu controle. Nem ao menos algo do qual devo me orgulhar.

É simplesmente uma capacidade. Como os ‘Construxi’, que nasceram com o impulso de curar.

Meramente o que eu devo fazer. Um dever cravado em minha pele imortal.

...Quantas cidades eu já destruí?

...Quantas vidas já foram ceifadas por minhas mãos?

Nunca parei para contá-los. Não faz sentido. Um humano jamais conta quantas vezes respirou. Nem quantas vezes o coração bateu.

É o mesmo. É minha força-motriz.

Eu apenas brando minha arma e corto o ar, como garras.

Assim, a morte chega. A piedosa e indiferente morte.

Eu suspiro. O mundo é cheio de vida. Animais e plantas. Um impulso em mim tem vontade de destruí-los. Cada vez que olho alguma coisa transbordando de vida, tenho a sensação de que estou sendo afogado.

Preciso matar algo assim. Silenciar. Deixá-lo imóvel.

Afinal, sou um Erasi Primordial.

Anjos inorgânicos podem se tornar ‘Erasis’. Mas jamais serão como nós, cujo impulso homicida nasceu junto com nossa essência.

Não importa, mesmo assim.

Desde que eles não fiquem em meu caminho, é o suficiente.

...Acredito que acabei de passar por um povoado.

E não consigo deixar de comparar tal situação: um humano também jamais pensa muito depois que destrói um formigueiro, uma colônia de cupins.

Ele simplesmente destrói e vai embora. Quem sabe, até mesmo sorri.

Não estou sorrindo, mas foi o mesmo.

Eu destruí uma cidade...

Mais uma vez, ergui minha arma e o vermelho tingiu minha visão. Como se o mundo fosse feito deste cheiro levemente metálico, desta cor preciosa.

Como uma cortina de caos.

Mesmo assim...

...Não creio, mas, alguém está me tocando?

Virei-me, sem nem mesmo arquear a sobrancelha.

Segurando-me a perna, estava uma infante. Ela tinha os olhos brilhantes; mas não era aquele medo que antecede a morte.

Era... Gratidão.

Banhada em sangue, com o olhar de uma pietà.

Estava... Agradecendo-me?...

Um ‘Erasi’ sabe o que é gratidão?...

“Obrigada.” – disse-me, numa voz tão embargada que eu estremeci. – “Muitíssimo obrigada.

Não pude deixar de surpreender-me.

Como se, pela primeira vez, eu estivesse sentindo uma emoção. Como se aquela mão a me parar fosse... Uma catarse.

O senhor me salvou.” – ela continuava. – “Me salvou daquela vida...

Por que uma humana delicada não estava gritando histericamente, como todos os outros quando me vêem?

Ela era tão frágil que eu podia esmigalhá-la ali mesmo... Tão cheia de vida...

...Então, por que ela não gritava?

Sempre me disseram que liberdade para uma mulher é como o sol. Sem ele, não há colheita. Mas muito dele arruína a mesma.

...Por que eu não me mexia?

Eu protestava... Sou a filha mais velha. Precisava de dignidade. De liberdade. E então, eles diziam...

...Por que eu não estava matando?

Que convencida para uma mulher!” – e ela me encarou, enfim, como se lesse no fundo de minha alma inexistente. – “Ponha-se no seu lugar!

...Por que eu estava escutando-a?

Meu irmão era um incompetente. Mas ele era um homem. Iria suceder nosso nome, mas não tinha nem metade da minha capacidade. E repetia isso o tempo todo. Mas só era considerado sucessor porque era homem... A verdade é que, para meu irmão e meu pai, uma mulher só tem que suportar seu marido e nada mais.

...Por que?

Dar à luz, cuidar de um lar e de um marido são coisas que só as mulheres podem fazer. Sem liberdade. Elas são escravas douradas.” – e aquela infante continuava cuspindo aquele ódio, enquanto eu só ficava imóvel, chocado comigo mesmo. – “Então... Um dia, meu pai disse-me que eu iria casar. Ele conseguiu um partido vantajoso para nossa família. Eu questionei-o... Por que ele fazia isso comigo...?

Minha mão sequer estava tremendo, como que contendo a vontade de avançar sobre aquele corpo diminuto.

E ele me disse: ‘Mulheres só têm de aprender a cuidar de um lar e de um marido. E conseguir elogios da família do mesmo. Se você não sabe nem fazer isso, então não é minha filha’.

Era como se eu estivesse sendo... Humano.

Cativado invariavelmente por aquelas palavras.

Pela primeira vez, escutando a voz de um sentimento.

Pensava em fugir de casa. Mas iriam me achar e me punir. Então, o senhor chegou. E matou a todos... E me salvou.” – ela sorriu. Radiante, cheia de vida. – “Não perguntarei o que o senhor é ou como o fez... Apenas quero lhe agradecer. Muito, muito obrigada.

Ainda sim, ela era uma humana.

Uma simples humana, com o cheiro que tanto me incitava à morte.

Mas era uma canção homicida que eu não podia entoar.

Já não tinha mais forças de brandir minha foice e ceifá-la da raiz. Apenas deixei que continuasse agarrada em mim.

 

Tokyo – Japão.

Boquiaberta, Maiko Isono perguntava-se quando em sua vida imaginou ver alguma coisa daquele tipo.

Uma batalha épica. Não conseguia encontrar outra maneira de descrever. Aquele antagonismo estava ali há séculos. Desde que o mundo era o mundo. E eles podiam ficar daquele jeito para sempre, brigando sem parar. Sem sequer cansarem. Não era normal; se bem que, desde que Himitsu atravessara sua vida, nada na mesma era normal.

O que incomodava a morena, porém, muito mais do que aquela guerra, muito mais do que os cadáveres ou a própria situação era o olhar daquela loira chamada Remliel. Seu olhar e suas palavras.

Sua pessoa estava encharcada em suspiros de gelo. Ela parecia ser alguém que vendeu seu coração à vingança. Seja lá que tipo de laço distorcido de antagonismo os unia, era tão forte que a única coisa que fazia a existência daquelas asas rubras valerem a pena era justamente Sehriel. Como se ele fosse o alfa e o ômega. Era um ódio tão forte, tão profundo e potente que ela não sabia o que dizer ou fazer. Ele sequer parecia real.

Mas Maiko percebeu o porquê: ele teve muito tempo para amadurecer e firmar-se. Humanos como ela vivem de forma etérea, apenas por um piscar de olhos.

Anjos inorgânicos vivem milênios, milhões de anos.

Aquele ódio não era de hoje, nem de ontem, nem de dez anos atrás. Era de um tempo indizível, tão afastado de tudo que parecia tão irreal quanto todo o resto.

Muito lentamente ele corrompeu todo e qualquer bom sentimento naquela tal Remliel. Tudo o que restou depois disso era uma carcaça que se movia ao som do ária da vingança. Justiça para um coração inexistente, feita com as próprias mãos.

O som de metal e rajadas violentas de ar preenchia de sons a rua vazia.

Como se estivesse em um filme de fantasia, Maiko tentou levantar-se, ainda entontecida. Jamais iria se acostumar a ficar tanto tempo no ar, nos braços de Himitsu, ziguezagueando e desviando de ataques cada vez mais inumanos. Antes daquela demonstração, ela jamais achou que uma criaturinha tão aparentemente frágil como aquela loira pudesse ter aquele tipo de força esmagadora.

Agora que estava devidamente no chão, como uma espectadora infeliz, tinha a impressão de que era protagonista de um sonho.

Desviou os olhos acastanhados para um ponto específico na rua.

Ali, antes, estava a mão decepada de Remliel. Ela começou a rir quando se viu sem o membro; um riso tão quebrado e assustador que a japonesa estremeceu só de lembrar.

“Sim, é isso! É isso!” – ela gritava. – “Eu quero o ódio! Dê-me o ódio!”

Ela não compreendia...

“Vamos, odeie com mais força, Sehriel! Odeie mais!”

Um ser inorgânico não podia ser detido só com um membro perdido. E, mesmo com a dor, foi apenas uma questão de uma chuva de penas vermelhas, e a mão milagrosamente estava no lugar outra vez.

Em algum lugar, algum dia, Isono ouvira que anjos não morriam nem quando tinham a cabeça cortada.

Fazia sentido, então, poderem simplesmente restaurar o que foi perdido.

Assim, tudo o que pôde fazer foi engolir em seco. Quis agarrar-se à Himitsu quando ele a deixou no chão, sorrindo despreocupadamente e pedindo para que o esperasse. Como se sentisse que algo ia acontecer se não o segurasse.

Mas ele foi embora. E estava lá no céu, numa guerra inacreditável. Devia estar acostumado àquela perseguição.

Maiko, porém, não estava. Bem como desgostara totalmente do que viu.

O que viu nos olhos azulados era dor. Dor pura e simples, como se ele fosse feito daquele único sentimento.

Por um breve instante, passou-lhe pela cabeça aquele Himitsu Isono que sorria como uma criança feliz no início, que dizia tudo que passava por sua cabeça e vivia para sua deusa. Ele deixou aos poucos de ser aquele Himitsu...

Mesmo assim, ainda que tivesse amadurecido, continuava sendo aquele garoto tolo.

Aquela criatura tão tola que jogava fora seu bem estar e apenas acreditava que, protegendo os outros, estaria fazendo seu papel.

Um tremendo idiota, tal qual ela era.

Talvez, por isso eles se mereciam, de certa forma...

Porém, o que a irritava muito mais do que vê-lo aceitar tão pacificamente aquela punição que sequer devia existir era ser exatamente isso.

Uma humana inútil.

Remliel podia quebrá-la em duas com apenas um dedo. Não tinha a menor chance contra aquela força homicida e aquele ódio que devastava continentes. Seu desejo de ajudar Sehriel não era o suficiente.

“...Admirável.”

E Maiko Isono gelou.

“Seus sentimentos são mesmo admiráveis, Maiko-san.”

Só então se lembrou de que não estava sozinha ali.

“Receio, porém, que tenha de atrapalhá-la nesse solilóquio.”

Garras que exalavam o cheiro da morte apontaram para seu pescoço, prontas a perfurar a pele e a vida.

“Mashiro... Himeno...” – gemeu. Tinha esquecido totalmente deles.

“Enquanto os cavaleiros digladiam-se, os bardos ficam com a princesa. ♥”

...E Shiho Himeno, o ‘Erasi’ das asas negras. Ela estava mesmo em uma situação tão ou ainda pior que o anjo dos cabelos loiros, lá em cima.

“Shiho-kun, não diga isso.”

Ele sorriu de leve, como era característico.

“Nós somos apenas dois simplórios vilões que estão convidando, gentilmente, a senhorita Isono a nos acompanhar.”

Porém, as garras do meio-youkai pareciam contar outra história.

“Tudo bem, não digo mais isso, Mashiro-kun. Desculpe pela falta de modos, Maiko-chan.” – Shiho suspirou, como uma criança contrariada.

Ela engoliu em seco outra vez.

Deuses. Aqueles gêmeos mudavam de lado como trocavam de roupa (apesar de todas elas parecerem ser a mesma coisa).

Num momento, pareciam aliados. No outro, viram inimigos.

“Isso é tão...” – sussurrou, contendo o ódio por ser tão inútil que sequer podia rebelar-se contra aquela criança. – “Usando a distração de Himitsu e Remliel para me levarem... Isso é realmente covarde...”

Mashiro apenas sorriu.

“Acho que são os genes do meu pai.”

 

Era ali onde estava agora.

Talvez, fosse algum galpão ou estabelecimento abandonado. O que ela sabia é que estava contra a parede, enquanto olhos malignos brilhavam nas primeiras luzes prateadas do astro da noite.

“Foi realmente difícil fugir do Sehriel, mas...” – Shiho comemorou. – “...Estamos aqui, enfim! Acabou sendo mais fácil do que eu pensei!”

Mashiro assentiu, voltando-se para a presa encurralada na parede:

“A sua escola leva seus alunos a Kyoto na viagem do oitavo ano, Maiko-san?”

Como ela poderia respondê-lo decentemente, quando qualquer pessoa sabe que nunca se pode pensar com clareza quando garras imensas que poderiam rasgar sua face com um mínimo toque estavam ali, apontadas, esperando o sangue?

“Sabe por que? Dizem que se você cair das escadas em Kyoto...”

E ela apenas continuava encarando aquelas garras, aquela mão pálida, seguindo pelo caminho dos ombros, até encarar o rosto de olhos negros e ingratos.

“...Você irá morrer em três anos.”

Oh sim, a sabedoria japonesa era ironicamente certeira. Ela caíra, sim, de uma escadaria num templo de Kyoto há três anos atrás, naquela viagem escolar tradicional.

Mas jamais teria imaginado que, de fato, anos depois, antes mesmo de completar três anos certos, ela iria morrer. E, o pior: morrer da forma mais infame possível; morrer pelas mãos de uma criança bizarra, porém mais nova que ela.

“Mashiro...” – sussurrou.

“Infelizmente, Sehriel não está aqui, nem pode nos achar no momento. Ele está bastante ocupado com Remliel. Por isso, por respeito ao fato de você ser a protegida dele, vou te dar o direito da escolha, Maiko-san: quer morrer pelas minhas mãos ou pelas do Shiho-kun?” – sorriu-lhe.

O gêmeo de asas negras sorriu ainda mais e inclinou-se, sem pressa, perto da garota encostada na parede gélida e úmida do depósito.

“...Aconselho a escolher o Mashiro-kun. Maiko-chan não vai gostar de ouvir seus ossos quebrarem como um galho seco em minhas mãos.” – sussurrou-lhe no ouvido.

Dentro de seu coração, ela gritou por Himitsu mais uma vez.

Mesmo sabendo que já não podia mais fazer nada.

Foi mesmo, até o fim, uma existência patética, a sua. Himitsu Isono, ao menos, pôde fazer feliz ao menos por algum tempo. Mas aquilo já era passado: já era algo de sua memória, que ela iria perder tão logo agarrar-se-ia à inconsciência.

“Bom, vou considerar este silêncio como um Mashiro Himeno, certo?”

E as garras aproximaram-se. Cada vez mais.

Até que ela pôde ver a morte. Aquela que tanto temeu no começo, mas que sempre a perseguiu, mesmo que a própria não tivesse noção do fato.

...Queria que Himitsu estivesse ali.

No fim, não passou de uma garotinha patética, quando achava que era uma barreira impenetrável, uma pessoa forte.

Esperava que o loiro a perdoasse por se deixar morrer tão pateticamente.

“Perdão...” – quis dizer. Mas nem mesmo os lábios se moveram.

“Boa noite, Maiko-san.” – foi o sussurro do hanyou.

 

 

Esperanto:Solfege
Petit Ange

 

Tom XXVIX: Mosaico.

 

Maiko fechou os olhos com força, esperando a morte que nunca veio.

Em vez disso, sentiu a dor aguda de um peteleco na testa.

“...Tola.” – Mashiro suspirou, a mão aberta indicando que o autor da façanha havia sido mesmo ele.

Atrás deles, Shiho começou a rir.

“Mas é mesmo uma idiota!”

O cérebro começou a trabalhar muito mais rápido que a vontade de enforcar um certo par de gêmeos: ela estava... Viva? Certo, absolutamente viva. A não ser que ter matado os pais foi mesmo um pecado tão imenso que ela estava confinada no pior nível do Inferno na companhia daqueles pestes.

Encarou suas próprias roupas, em seguida: o mesmo uniforme escolar. Sujo, mas era o mesmo. Mas o que era aquilo, então...?

A realidade não correspondia às suas previsões, onde ela tinha uma morte tola e bizarra pelas mãos do hanyou, que se mantinha de braços cruzados e um olhar reprovador, logo ali à frente dela.

“O que vocês...?” – tentou argumentar, mas sem muito sucesso. A incredulidade era como uma corrente de ferro a pressionar as cordas vocais.

“Sua confiança em nós é assim tão pequena, Maiko-san?” – Mashiro parecia mesmo decepcionado. – “Tão pequena que foi só simularmos um seqüestro para que acreditasse piamente que iríamos te matar?”

Esbofeteada subitamente por aquela pergunta, foi como se todas as suas houvessem sido magicamente respondidas.

“N-não, eu...”

Mas vocês realmente ficam só mudando de lado!’. Se bem que era melhor manter aquela observação como um pensamento mesmo; do jeito que a situação estava, eles podiam provar a veracidade daquela afirmação no exato segundo.

“Tudo bem que não somos muito confiáveis, mas...”

...Shiho lia mentes, é?

“Por que vocês...?”

“Himitsu-san nos pediu para agirmos em seu favor, caso Remliel aparecesse.” – o moreno explicou. – “Ele tinha a impressão de que isso aconteceria cedo ou tarde.”

Claro. É claro. Ela que fora idiota de não ter percebido mais cedo. Himitsu (apesar de ser mais lógico dizer ‘Sehriel’) devia estar acostumado à exaustão com aquilo. Afinal, há anos ele e a anjo das asas rubras brigavam daquele jeito. Já deviam ter usado, mais ou menos, aqueles estratagemas em algum lugar da trajetória de ambos.

“Foi ele, é...” – por algum motivo, isso não a surpreendeu tanto assim.

“Muito mais do que isso, quero falar sobre algo com a senhorita.”

Shiho Himeno, que até então tinha se mantido tentando, sem muito sucesso, parar de rir da cara que Maiko fez quando achou que ia ser morta, voltou à seriedade habitual.

“Mashiro-kun, agora não é hora.” – avisou, encarando a porta do estabelecimento.

“Ninguém virá.” – o hanyou replicou.

“É, mas...” – suspirou. Não havia jeito mesmo! – “Isso não é problema nosso, Mashiro-kun. Não fique se envolvendo nessas coisas.”

(Por que todos por ali falavam em código ou, no mínimo, numa linguagem que ela não conseguia acompanhar?).

“Eu sei, é um problema de Sehriel...”

“Exatamente!”

“...Mas nós o estamos ajudando.” – finalizou Mashiro.

Suriel suspirou pesadamente. – “Ah, faça como quiser! Você é bonzinho demais. É tão errado isso!”

“O que aconteceu?” – a japonesa ergueu a sobrancelha, já desconfiando dos tópicos, só pela seriedade que o ar subitamente começou a ter.

O moreno sentou-se sobre as próprias pernas, numa postura tipicamente oriental. Ao vê-lo relaxar, ou quase, Maiko também achou melhor seguir seu exemplo e sentar-se ao menos, não ficar tensa até os músculos doerem e posta contra a parede.

De alguma forma, o gêmeo parecia estar sondando o território antes de iniciar a conversa. E a cada olhar mais profundo que aqueles orbes escuros ofereciam, mais ela se sentia desconfortável.

“Algo me deixa bastante intrigado na senhorita desde que nos conhecemos.”

Incrível! Um pirralho inteligente como Mashiro Himeno intrigado com algo dela? Mais um pouco e ela acharia que aquele era um último sonho alucinatório provocado pelo veneno youkai nas garras dele antes de morrer.

“Desembucha. O que é?” – sobrancelha ainda mais arqueada.

“...Se por acaso eu estivesse mesmo disposto a te matar, Maiko-san.” – ele pausou calculadamente, como que medindo as palavras. – “Você faria o quê?”

Maiko esperava qualquer pergunta. Mesmo. Até algo bizarro, como qual o tamanho do sutiã que ela usava; mas não uma daquelas.

Os lábios fecharam-se como comportas. Duvidava até mesmo que conseguiria entreabri-los para demonstrar surpresa.

Vendo que aquilo teria de ser retórico, o gêmeo continuou:

“Acaso ficaria assim, passiva, estoicamente suportando a dor da morte?”

Sim.

Era o que devia dizer, não? Afinal, essa era a verdade. Mas não tinha coragem de sequer respirar mais profundamente.

“O que mais eu poderia fazer...?” – Maiko optou por desviar para aquela resposta genérica. – “Sou apenas uma humana. Anjos inorgânicos, youkais... São coisas além do meu nível. Não posso contra vocês.”

O que veio a seguir foi algo que ela jamais esperou.

“Mashiro-kun!...”

Apenas o som seco de um tapa e o silêncio agudo. Nada mais, nada menos; nenhum drama, nenhuma música, nem sequer nenhuma emoção.

“Ai, droga! Se o Sehriel chegar a ver isso, ele vai te matar!...”

Mashiro apenas encarou a própria mão que usou para esbofetear a face de Isono, ignorando o pânico do gêmeo falso, e ergueu-se, subitamente sufocado de ódio.

“...Eu detesto pessoas como a senhorita.” – rosnou.

Maiko também, apenas ficou calada. Apenas deixou a situação desenrolar-se diante de seus olhos, sem esforço.

“Pessoas que pisam em cima da vida que receberam... É ridículo!

“...Mashiro-kun, chega.” – o outro moreno percebeu que ele ia ter um ataque, no mínimo, e segurou-o pelo ombro.

“Se quiser morrer da próxima vez, ótimo!” – deu de ombros. – “Deixarei-a com Remliel, para que ela (ou ele?) possa te dar toda a dor a qual você se acha merecedora. E acredite, ela fará um trabalho muito melhor que o meu.”

E virou-se, em seguida, para o irmão. – “Solte-me, Shiho-kun.”

Como uma ordem, o anjo o soltou.

E Mashiro sumiu do depósito em seguida, sem olhar para trás nenhuma vez, enquanto as ondas de raiva assassina escapavam dele como o vapor desprendendo-se de água fervendo.

Aquela era uma boa hora para se achar vítima. Apanhara de um moleque, um menino. Estava sem lugar para onde ir, com as horas contadas...

Mas a garota não sentia vontade sequer se piscar.

Sentia o rosto arder, mas não se importou. Já estava acostumada a dores físicas piores; apenas aquela que lhe assolava o peito parecia ser difícil de lidar.

Era a dor de quem tem a verdade finalmente jogada sobre o rosto. Enquanto tudo permanece como pensamentos, jamais dói tanto quanto quando finalmente tal revelação é proferida em voz alta, como um pecado vergonhoso do qual alguém dedica a existência a se ver livre.

“Ele tem razão...” – sussurrou, incrédula com a própria sinceridade.

“Mashiro-kun não fez isso por mal... É a pressão por estarmos tão perto do dia do acerto de contas final...” – Shiho tentou consertar, já que só ele sobrara para tal nobre missão. – “Ele só...”

“Não. Eu entendo.”

“Agora, quem está intrigado sou eu.” – sentando-se também no chão, assim, o anjo das asas negras encarou-a.

“Pessoas que estão vivas e não querem viver... Eu entendo perfeitamente que quem não tem mais o luxo de ver um futuro em si próprio deva odiar ou ao menos invejar quem joga tamanha preciosidade fora sem pensar duas vezes.”

E, repentinamente, a ciência daquele ódio todo que viu em Mashiro fez Maiko encolher-se, assustada. O que havia feito...?

Quando ele percebera...?

“Você está deprimente, Maiko-chan.” – Shiho suspirou.

“...Eu sei.” – resmungou em resposta.

“Se o Sehriel aparecer e me ver aqui do seu lado com o seu rosto desse jeito... Chega a doer só de pensar no que ele fará comigo.”

“Pode deixar que eu explico pra ele. A culpa não foi de ninguém, senão minha.” – e virou-se, assim que percebeu o real sentido da coisa. – “Ah... Himitsu irá...?”

“Assim que ele conseguir se livrar da Remliel.” – sorriu.

A japonesa murmurou um ‘ah’, sem maior susto, e voltou-se àquela estranha melancolia que lhe assaltou a alma desde o tapa no rosto.

Mashiro tinha razão. Era só nisso que pensava.

Não sabia como ou porquê ele descobrira, já que passou a vida sem ninguém jamais suspeitar disso, mas agora que aquele segredo sujo finalmente veio à tona, não se sentia leve, como achou que seria; apenas ainda mais suja.

“O que Mashiro-kun quis dizer, antes de perder a cabeça, é que você deve se valorizar um pouquinho mais.”

“Eu ficava dizendo que não queria morrer, culpando o Himitsu por minha desgraça... Mas, no fundo, bem no fundo, quando vocês me revelaram que eu estava com os dias contados, eu fiquei feliz. Até mesmo fiquei irritada por vocês não me matarem de uma vez. Não queria mais viver... Não naquela casa, não com essa vida...”

Suspirou pesadamente.

“Desde o dia em que começaram a me culpar por ter matado meus pais... Eu já não queria mais viver. Achava que era uma obrigação morrer como eles. Mas não tinha coragem de me matar. Por isso, fiquei feliz. Enfim, iria morrer, do jeito que queriam tanto. Só queria que me matassem antes que...”

Shiho colocou a mão sobre o ombro trêmulo dela, em silêncio. Maiko encolheu-se ainda mais ao sentir tal toque.

“...Antes que eu acabasse me afeiçoando aos sentimentos de vocês.”

“Sehriel, Iriel e eu... Todos nós estamos acostumados com ‘Deuses’ egoístas. Não é nenhum pecado pensar assim.”

“Najato já me disse isso uma vez... Que eu estava pisando nos esforços de Himitsu o tempo inteiro pensando assim...”

O moreno baixou os olhos. – “De fato, você está.”

“Shiho...?”

“Sim?”

“Por favor, diga-me aquilo que Mashiro iria me dizer.”

Ambos os olhos encontraram-se. Todo um mundo se escondia em cada um. Suriel ergueu a sobrancelha, incapaz de perceber qualquer nuance debaixo daquela voz quebradiça como vidro.

“Mas você...”

“Não quero ouvir isso de mim mesma. Ainda sou covarde demais pra tal.” – forçou um sorriso. – “Me dê esse sermão, por favor.”

“Muito bem...” – sorriu. – “Algo me deixa bastante intrigado desde o começo.

Maiko também sorriu ao ouvi-lo.

“Mashiro não falou isso.”

“Foi mais ou menos assim, minha memória não é tão boa!” – revirou os olhos.

“Tudo bem, pode continuar!”

Se por acaso eu estivesse mesmo disposto a te matar, Maiko-san, você faria o quê? Acaso ficaria assim, passiva, estoicamente suportando a dor da morte?

A morena suspirou. – “Sim.”

Por que?

“Porque eu iria achar... Que fiz o suficiente.”

Que criancinha boba e egoísta.

Maiko fuzilou-o com os olhos. – “Mashiro não ia dizer isso!”

“Ahaha!~ Esse foi meu toque especial!~ ♥” – e desatou a rir mais uma vez, parecendo mais infantil do que nunca com aquilo.

“Shiho...”

“Ah, tudo bem...” – beicinho. – “Então, você ia jogar sua vida fora sem nem pensar. Isso pode ser lindo aos seus olhos, mas não serve para nada.

Silêncio. Muito silêncio.

“Brincar de Mashiro é mais perturbador do que eu imaginei...” – o anjo estremeceu.

“Isso porque você está fazendo um ótimo trabalho.” – concordou a outra. – “Até parece que eu tô mesmo falando com ele...”

“Nunca mais me peça para fazer uma coisa bizarra dessas! Vou precisar de séculos de terapia.”

“...Se ele ouvir, é capaz de te rasgar em dois.” – riu.

“Enfim! Já parou para pensar em Sehriel? No caçador, Hajaya-san? Em Iriel? Mesmo na memória de seus pais? Em nenhum momento pensou neles, não é?

Não era verdade. Pensava neles o tempo inteiro.

...Está tão encantada com sua própria tragédia, oh pobre alma que nasceu apenas para sofrer e conhecer a dor, que sequer percebeu que eles também se sentem tristes quando você faz isso.

Mas nisso ele tinha razão. Mashiro Himeno ia mesmo ter-lhe dito algo do tipo... E ela jamais poderia replicar.

Estava mesmo apaixonada por sua própria dor.

Afinal, era tudo o que tinha. Tudo que a fazia ser Maiko Isono. Era como uma marca registrada. Se houvesse crescido de outra forma, quem sabe, teria crescido com amor, com um pouco mais de amor próprio. Mas isso jamais aconteceu.

E tudo o que restou foi aquilo: contentar-se com o desejo da morte, com aquela tragicomédia que lhe deram.

O que a senhorita devia ter feito, Isono-san, era ter se debatido e se recusado a morrer. Não se entregar pacificamente, rezando para que a perdoem. Assim, o sacrifício de Himitsu-san não seria desperdiçado. O apoio de Hajaya-san e Iriel tampouco. E mesmo a memória e vida de seus pais, que giraram ao seu redor, não seriam perdidas.” – e tocou-lhe no rosto. – “É isso que os ‘Deuses’ devem fazer. Debaterem-se. Lutarem. Não se deixarem levar. Não podemos imaginar quanta dor infligimos a um coração imortal quando simplesmente jogamos todos os sacrifícios deles fora e morremos assim, egoisticamente, sem sequer lembrar de tudo o que eles fizeram por nós até então.

Por mais que tivesse tentado, Shiho deixou, neste momento, transparecer um sorriso triste. Tão triste que ele pareceu quebrar.

E Maiko compreendeu.

Realmente, não havia como não compreender.

Shiho também. Irieko. Himitsu. Quantos nomes tiveram antes destes? Quantas vidas? Era impossível não terem convivido com um ‘Deus’ que fez exatamente isso que ela ia fazer: simplesmente morrer porque queria, não porque era inevitável.

Jogando em um segundo toda uma vida de esforços. Pisando descaradamente em todos os outros momentos.

...Mashiro tinha toda a razão.

Ela merecia ser espancada, não apenas levar um tapa na cara.

Maiko teria feito o mesmo com Himitsu, se não fosse aquela ajuda providencial.

Teria pisoteado todos aqueles meses de esforço. Cada pedaço de alegria, cada sorriso dele, cada agrado; teria simplesmente os ignorado, encantada demais com sua própria morte, com aquela tragédia infame, como o hanyou iria dizer.

“As pessoas deviam ao menos tentar compreender que até mesmo nós possuímos sentimentos... E que, quando elas morrerem, nós continuaremos aqui.”

E desta vez, ele estava falando como Suriel.

 

Talvez ter entregado a chave de sua casa para Charrière não fora uma boa idéia. Já imaginava as gêmeas destruindo sua pobre residência. Aliás, imaginava qualquer coisa, vindo daquele bando de loucos...

E talvez aquele esforço que fizera para aparentar saúde na frente deles o estivesse matando desde então.

Agora que havia saído, não conseguiu mais conter suas reações. Simplesmente deixou-se cair em um lugar mais afastado e vomitar tudo o que podia. Sangue e bile. Não importava. A dor era tanta que ele achou que fosse morrer ali mesmo.

Tentou respirar, mas os pulmões pareciam dois blocos de pedra. Era sempre assim; o maldito câncer o fazia parecer um asmático deprimente.

“Na-chan...?” – a voz.

Najato apertou mais a mão de Irieko. A mesma sempre o ajudava nesses momentos, fosse puxando sua franja para trás, inclinando-o para não se afogar ou buscando água, quando as crises de vômito passavam.

“Isso não é nada... Não é nada...” – gemeu. – “Precisamos nos apressar.”

A anjo das asas verdes meneou a cabeça, de forma reprovadora.

“Você deveria descansar, Na-chan.” – avisou. – “Ultimamente, suas crises têm estado mais constantes.”

“É porque o câncer está em estágio final...” – sorriu o moreno. – “Na verdade, eu devia estar no hospital em uma hora dessas. Daqui a pouco, vou começar a perder o apetite, vomitar qualquer coisa que eu colocar na boca e tossir mais sangue do que posso produzir. Coisas assim...”

A jovem apenas aproximou-se mais dele. Sem maiores avisos. Como sempre foi.

Apenas um abraço, sem se importar com os que pudessem vê-los (se é que existia mais alguém por ali).

“Por favor, não diga isso.”

Najato sorriu. A mão gelada tocou-a no rosto, e sentiu-a estremecer com a temperatura baixa. Mas deixou-o acariciar a pele aveludada, até enroscar-se no tapa-olhos.

Ela suspirou e tirou-o, deixando o outro olho da cor de âmbar exposto. Hajaya sempre fazia isso quando queria encará-la.

E riu. – “Se eu não tivesse vomitado, seria capaz de te dar um beijo.”

“...Mais tarde, talvez.” – riu também. – “Volte e escove os dentes.”

“Se eu fizer isso, ficamos lá no banheiro mesmo. ♥”

Gota. – “Não entendo como se esvai em fluídos nojentos e consegue, ainda sim, ser um pervertido nojento.”

“Também te amo, viu?”

Irieko revirou os olhos, afastando-se.

“Vamos logo, Na-chan.”

“...Peraí, eu ainda tô tonto!”

“Se não chegarmos a tempo, muito provavelmente, Remliel irá ceifar Ma-chan. E, se por acaso isso acontecer... Você sabe que precisaremos estar perto de Sehriel.”

Najato assentiu, ainda encarando os próprios pés sujos de sangue.

“É, eu sei. Ele pode ficar fora de controle.”

“Há mais de mil anos Sehriel não pisou mais neste território por medo de se envolver de novo com o mesmo povo daquela...”

O caçador meneou a cabeça.

“Esqueça! Apressemos o passo, vamos! A última coisa que queremos é que a tragédia de Sodoma e Gomorra se repita, desta vez com um ‘Erasi Primordial’ apenas (mas não menos poderoso) e em plena Tokyo!”

 


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Notas finais do capítulo

[1] Mesma palavra, em arábico.

[2] Em grego arcaico.

[3] Em romano arcaico.

[4] Em latim arcaico.



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