15 Moments escrita por Jacih


Capítulo 1
15 Momentos Narrados Por Rose Weasley


Notas iniciais do capítulo

N/A: Idéia que surgiu as três da manhã durante o sono e eu tive de levantar para escrevê-la!



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15 Momentos narrados por Rose Weasley

Primeiro momento:

   Eu nunca me imaginei sentar ao lado de um loiro aguado e metido a besta em um barquinho no meio do lago. Mas lá estava eu, Rose Weasley a garota perfeita da família traidora do sangue ao lado do filhote de doninha da família sangue puro e comensal. E o mais estranho nessa cena é que eu olhava o castelo, maravilhada, mas ao invés dele estar me importunando como fez com todos os primeiranistas durante a viagem de trem, ele estava silenciosamente perturbado.

   O loiro estava encolhido no meio do banquinho, mas quando digo no meio, eu quero dizer que ele se encolhia para ficar exatamente no meio. A capa estava presa entre seus braços e eu podia ver os nós dos dedos ficarem brancos, ele parecia se segurar para não fazer algo. Olhava o lago negro a volta de forma estranha, quieta e seus olhos demonstravam algo indecifrável.

   Eu teria ajudado ele se não fosse quem fosse. Afinal, o que eu diria para confortar um Malfoy? Ele era apenas mais um inimigo que eu criaria na escola, talvez o número um dele, o topo da lista negra.

   Eu suspirei e voltei a olhar o castelo, mas logo após um splash monumental eu voltei a olhar o banquinho onde o loiro não mais estava. O gordo grande e idiota que estava sentado no barco ao lado extremamente grudado ao nosso o fizera cair e ele não voltava à tona. Eu gritei. Era um ser humano afinal, um Malfoy, mas humano. E então Hagrid o trouxe de volta pela gola da camisa. Ele chorava.

Segundo momento:

   Segundo ano. Eu estava tão feliz por ter sido a melhor aluna no último ano que nem percebi o que as pessoas ao meu redor estavam fazendo, mas todas cochichavam agitadas. E então quando menos esperei, ele parou na minha frente. O loiro aguado do ano anterior, aquele mesmo que caíra no lago negro e chorara depois.

   Eu apenas ergui as sobrancelhas e o encarei tentando manter a melhor expressão de frieza e desprezo que eu podia, afinal eu nunca dera bola para ele e muito menos brigávamos o tempo. Pelo contrário. Scorpius Malfoy nunca cruzou o meu caminho, mas a meu ver continuava sendo um filhote de doninha desprezível.

- Você deixou cair isso no trem quando voltamos para casa o ano passado! – ele me entregou um caderno de capa dura e vermelho, na borda estava escrito Diário de Rose Weasley

- Você ficou com ele todo esse tempo? – eu peguei o diário e o girei nas mãos – Leu tudo o que queria?

- Na verdade não! – ele deu de ombros

- Não espera que eu agradeça, não é? – eu sorri de lado

   Ele não disse nada, apenas voltou às costas. Minhas amigas correram me rodear e eu não pude perder a oportunidade de alfinetá-lo.

- Ainda bem que tem senha, já pensou a doninha ler o quanto a odeio? – eu ri com gosto o observando pelo canto dos olhos

   Mas então ele se voltou para mim novamente e em seus olhos havia um brilho indecifrável.

- A senha é Princesa da Grifinória, mas eu não li alteza!

   Foi a primeira vez que ele bateu de frente comigo.

Terceiro momento:

   Haveria um baile de Inverno. Haveria um baile! Eu nem acreditava nisso de tanta felicidade, chegava a andar saltitando pelos corredores. Minha mãe já me contara desse tipo de bailes e ela mesma já fora em um desses, então eu estava radiante para ir eu mesma a um baile e poder contar a história depois.

   O garoto mais badalado da Corvinal me convidou para ir com ele. Eu sorri satisfeita e aceitei depois de algumas tentativas dele. No fundo eu só queria me fazer de difícil. Porém, só aceitei algumas horas antes do próprio baile, aquele garoto ficaria caído aos meus pés.

   Quando saí da Torre da Grifinória eu o vi parado encostado em uma parede qualquer. Ele ficava realmente bonito de smoking preto e os cabelos espetados com gel, na verdade Scorpius Malfoy estava lindo.

   Balancei a cabeça negativamente e me concentrei no moreno alto e musculoso a minha frente. Para quem estava no quarto ano, ele parecia bem mais velho. Mas eu também parecia bem mais bonita para os meus catorze anos. Sorri lisonjeada quando ele me estendeu o braço, mas no segundo seguinte os amigos apareceram e ele começou a me deixar de lado já no caminho que seguíamos para o salão.

   Na entrada das escadas para a Sonserina, Scorpius Malfoy jogava uma rosa vermelha no chão e voltava para seu Salão Comunal. Parece que a garota dele não apareceu. Pela primeira vez, eu quis ser a garota dele, pelo menos estaria com uma rosa e não com cinco idiotas que só falavam sobre quadribol.

Quarto Momento:

   Sala de Poções. O professor fizera numerosas formulações e dispusera sobre as mesas. A maioria eu reconhecia de longe, mas era a única na sala que conseguia fazer isso. Todos do quinto ano eram uns idiotas no quesito estudo. Eu sempre fora a única a abrir um livro ali.

   Suspirei erguendo a mão antes mesmo do professor se quer terminar a pergunta, mas me surpreendi quando ele apontou Malfoy que estava parado olhando a poção borbulhar a sua frente. O loiro deu de ombros no início, mas então suspirou olhando para a janela.

- É a Poção do Morto-Vivo! Ela tem duas utilidades dependo da concentração e de quem a prepara, na primeira pode fazer com que os batimentos cardíacos sejam reduzidos quase a zero e a pessoa se passar por morta, na segunda pode ser administrada em corpos e junto com um feitiço especial das Artes das Trevas, que eu não tenho a mínima idéia de qual seja, pode criar Inferis.

   Eu arregalei os olhos para ele. Sério. Eu jamais imaginei que ele soubesse tanto sobre algo da aula, afinal ele nunca falava. Surpreendi-me também com sua voz. Ele não era mais um garoto.

Quinto Momento:

   Bratt estava ao meu lado. Nós dois brigávamos feito duas crianças, mas era assim desde que começamos a namorar no baile de inverno. Quase um ano. E agora eu nem acredito que pensei em beijá-lo. Ele era um lixo. Um idiota. Um cretino e todos os adjetivos perversos que posso pensar agora.

   Então sem mais eu gritei que eu não queria mais ele. Achei que ele fosse me bater tamanha fúria que vi em seu rosto, mas ele só se aproximou e me empurrou fazendo com que eu caísse na neve. Logo depois ele saía apressado para contar ao resto da escola que dera um chute em Rose Weasley. Eu já não me importava. Mas me importei quando vi aquela mão estendida para mim.

   Encarei seus olhos cinzas me fitando sem emoção nenhuma e então sem pensar mais, eu aceitei a ajuda.

Sexto Momento:

   Andávamos lado a lado, como vínhamos fazendo nos últimos tempos. Desde aquele dia na neve, porém nossos passeios pelo castelo geralmente eram silenciosos. Nunca conversávamos. Mas eu gostava disso. Até aquele dia.

- Por que não me odeia? – pedi continuando a andar, eu sempre pensei que ele me odiaria por tudo o que já desdenhei dele

- Eu nunca disse que não te odeio! – ele respondeu simplesmente

Sétimo Momento:

   Eu o encarei por sobre os números presentes que meus primos depositavam sobre minha mesa no Natal. Ao contrário de todo mundo, ele não estava todo empacotado em roupas por causa do frio, usava apenas uma camisa e uma capa. O seu canto da mesa, já que todos os outros o deixavam sozinho, estava completamente vazio. Nenhum presente. Nada.

   Mas ele permanecia lá a espera de uma coruja que não viria e eu nunca entendi por quê. Isso me deixava triste, eu podia ter lhe comprado um presente, mas fui egoísta demais para isso.

Oitavo Momento:

   Foi logo depois do Natal que eu vim a entender o motivo dele não receber um presente e dele ter permanecido na escola durante as festas. Foi somente quando seu pai apareceu nas portas do castelo que eu pude entender de alguma forma como o loiro se sentia.

   Draco Malfoy era igual ao filho, porém mais velho. Mas naquele momento ele parecia estar à beira da morte. Os olhos inchados, o rosto vermelho, as lágrimas eram seguras para não cair, as mãos tremiam e a roupa estava amarrotada, assim como os cabelos despenteados.

   Quando Scorpius Malfoy o viu, ele não segurou as lágrimas como seu pai. Deixou-as cair abertamente antes de sair correndo para sua Sala Comunal e não aparecer durante a semana seguinte. Sua mãe acabara de deixar esse mundo. Fora a segunda vez que o vi chorar.

Nono Momento:

   Quando ele voltou ficamos sentados por incontáveis minutos numa sala fria e escura. Ele não falou nada, mas seu olhar estava tão magoado que eu sabia o quanto ele sofria. Então permaneci quieta ali, sem nada dizer, sem nada pensar ou fazer.

- Você se casaria comigo algum dia? – ele perguntou de repente

- Não! – a palavra foi involuntária, foi a primeira coisa que me veio a cabeça

   Foi a primeira vez que Scorpius me pediu em casamento.

Décimo Momento:

   Nossa formatura foi digna de reis como diz minha prima Lylian. Foi perfeita, simplesmente linda, simples e elegante. Eu não podia desejar nada mais do que isso. Nada mais.

   Esperei Scorpius em um corredor vazio, enquanto todos se dirigiam aos dormitórios para no dia seguinte irem embora. Ele só limitou-se a bufar quando o puxei para uma sala vazia. Sentamos um ao lado do outro e ele me deixou deitar em seu ombro enquanto ele cobria a nós dois com a capa.

   Tudo o que eu queria naquele momento era um daqueles momentos silenciosos que costumávamos ter.

- Não quer reconsiderar?

- Sobre? – eu levantei a cabeça para o encarar

- Sobre se algum dia se casaria comigo? – seus olhos continuaram sem emoção

- Não.

   Foi a segunda vez que ele me pedira em casamento.

Décimo Primeiro Momento:

   Meses se passaram desde nossa formatura. Meses que eu jamais o vira em qualquer momento. Não posso dizer que senti falta dele, porque ele não me fazia falta. Nossos momentos sem palavras é que faziam. Ou pelo menos eu achava isso.

   Foi só quando o vi naquela sorveteria com aquela garota morena a tiracolo e sorrindo para ela, foi que eu entendi que seu calor também me fazia falta.

Décimo Segundo Momento:

   Um mês depois na joalheria eu o vi comprando as alianças douradas. Aquelas que todas as garotas sonham que o homem que ama irá colocar em seu dedo e passara a usar uma também após se abençoados em uma cerimônia. Pois é, eu também sonhava com isso.

- Weasley! – ele me cumprimentou com um aceno de cabeça

- Scorpius... – minha voz saiu baixa

   Ele rolou os olhos e pagou as alianças saindo em seguida. Na porta ele parou e se virou lentamente para mim. Eu ficara o observando o tempo todo.

- Vai reconsiderar a resposta que me deu quando pedi se algum dia se casaria comigo? – mais uma vez estava sem emoção nenhuma

   E mais uma vez eu respondi.

- Não.

   Foi a terceira vez que ele me pediu em casamento.

Décimo Terceiro Momento:

    Eu fiquei dias e dias esperando o convite do seu casamento chegar, mas ele nunca apareceu. Fiquei, então, ligada as revistas e jornais, principalmente as colunas sociais, somente para ver a noticia de quando o famoso herdeiro do império Malfoy iria se casar. Mas essa noticia também nunca apareceu.

   Sentei no chão do meu quarto e desliguei a luz, parecia aqueles dias em que estávamos sentados nas salas escuras de Hogwarts, porém agora eu entendi que sua respiração também me fazia falta.

Décimo Quarto Momento:

- Stacy, vamos embora! – ele a puxava pela mão para fora do restaurante, mas ela parecia mais interessada em beber vinho – Stacy? Quer parar de beber? Precisamos ir embora!

- Quer saber Scorpius? – ela o encarou de forma séria – Vá sozinho, tenho mais o que fazer do que ficar trabalhando para você!

   Ele bufou três vezes e então simplesmente virou as costas e saiu batendo em mim ao passar, mas nem me olhou direito. Fiquei indignada é claro, mas então eu vi as mãos dela sobre a mesa e não vi aliança nenhuma.

   Nunca senti meu coração tão descompassado.

Décimo Quinto Momento:

- Rose? – Alvo adentrou meu quarto, eu me limitei a retirar meu olhar de sobre o livro e olhar para ele

- O que foi?

- Scorpius Malfoy está lá embaixo! – ele disse entre nervoso e preocupado

   Eu sorri espontânea pela primeira vez em meses e corri escada abaixo, só parando quando o vi de pé no meio da sala. Meu pai e minha mãe o espreitavam por uma fresta da porta da cozinha. Ele me encarou, sério, e suspirou de forma cansada.

- É a última vez que eu peço Weasley! – ele falava calmamente – Vai reconsiderar a resposta sobre se casar comigo algum dia?

   Era a quarta vez que ele me pedia em casamento.

- Sim! – eu disse sorrindo

   Ele já bagunçava os cabelos com as mãos, mas então me encarou e eu vi dúvida. A primeira emoção que eu via.

- Você disse sim? – surpresa agora refletia em seus olhos, segunda emoção que eu via ele ter

- Sim! – eu respondi novamente, sem saber se ria ou chorava

   Ele se aproximou devagar, parou em minha frente acariciando meus braços. Seus olhos brilhavam admiração enquanto ele deslizava suas mãos para meu pescoço e então para meu rosto. Terceira emoção.

- Você realmente disse sim? – seus lábios roçaram nos meus, mas eu não pude responder porque estava sendo beijada por Scorpius Malfoy e foi o melhor beijo que eu já recebera em  toda a minha vida

   Quando ele se afastou e eu abri os olhos e o vi sorrir. O único sorriso que eu vira ele dar daquela forma. O meu sorriso. Ele me pegou pela cintura e me girou no ar ainda rindo e em seus olhos refletia amor. A quarta emoção, o quarto pedido. Era tudo o que importava.


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Notas finais do capítulo

N/A: Se houver comentários, posto a segunda parte logo!
Beijos