Escolhas - Fred e Hermione escrita por penelope_bloom


Capítulo 5
Sports. No!


Notas iniciais do capítulo

É o último por hoje.

Aproveitem e Boa leitura :)



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CINCO:

Eu estava no fim de mais uma aula de poção. A semana havia se passado rápido e eu estava amando cada segundo nesse castelo maravilhoso. Como a vida era bela.

Ou nem tanto.

No momento, infelizmente alegria e satisfação não eram os sentimentos que me preenchiam, e sim uma profunda amargura.

Minha poção de Troca-Voz estava fluida e com um tom Roxo azulado, mostrando que eu havia feito algo errado. Já a poção de Harry, graças aquele seu livro idiota estava com uma consistência homogênea como chantilly e o tom roxo azulado com a superfície espelhada.

- Mione, eu disse que era para mexer duas vezes para a esquerda, acrescentar o alecrim, e mexer mais duas vezes para a direita.

- Mas Harry... – eu disse meio irritadiça abrindo meu livro. – aqui fala claramente: ”Mexa duas vezes para a esquerda, duas para direita e acrescente o alecrim ao final do processo”!

- Mas ao que parece o seu livro está errado.

- Eu quero ver quando esse maldito príncipe meter você em uma bela confusão! – eu disse irritada.

- Muito boa senhorita Granger, muito boa mesmo. Contudo... – Slughorn disse pousando uma de suas mãos rechonchudas sobre meu ombro direito. Ele ia comentar algo sobre minha poção quando desviou sua atenção ao caldeirão de Harry. – SANTO DEUS! POTTER ESTÁ PERFEITA! – ele deu duas pequenas palminhas liberando meu ombro para que eu me esquivasse. – DEZ PONTOS PARA GRIFINÓRIA!

Eu saí dali discretamente, deixando Harry conversando com o chato do Slughorn. Bem feito para ele, ter que agüentar o careca barrigudo.

- Hermione, que crueldade deixar o Potter sozinho com o Professor Slughorn! – Jorge disse aparecendo ao meu lado. Eu nem havia me dado em conta que eles me acompanhavam.

- Vai que o professor resolve empalhar o Potter, – Fred brotou do meu outro lado jogando o braço ao redor do meu ombro e sorrindo de lado.

- Empalhar e guardar ele na sua estante de alunos-troféus. – Lino surgiu também do além logo atrás de Jorge.

- Ora, para o inferno vocês três. – eu disse contendo um sorriso.

- Granger! – Lino falou simulando um choque. – Eu vou me lembrar disso quando eu estiver voando perto de você com uma goles bem pesada na mão! Sua cabeça vai ser meu arco! – ele se fez de ofendido.

- Voar? Hã? Lino, já bêbado esta hora da tarde? – eu gargalhei.

- Sim senhorita... Ou esqueceu que agora aula de esportes é obrigatória?– foi Fred quem murmurou isso, conseguindo destruir meu sorriso.

- E adivinhe qual vai ser o esporte do semestre? – Jorge disse ampliando seu sorriso.

- Quadribol! – Lino fez seu típico som de interlocutor acentuando bem o ‘r’.

- Não... – eu murmurei parando bruscamente. Quantos metros tinham entre os aros e o chão mesmo? Só uns sete.  – Não! Eu não posso, eu não sei voar, eu vou cair e vou morrer. Você tem noção do impacto que seria se eu caísse? A energia potencial gravitacional acumulada seria a multiplicação da minha massa, pela aceleração da gravidade pela a altura que daria uns 2400 Joules, eu iria me estatelar no chão e...

- Nossa mano, que nerd. – Lino revirou os olhos.

Eu estava ofegando com a idéia de ter que subir em uma vassoura, digamos que da última vez que eu fiz esta sandice, o meu pobre braço teve fraturas em três pontos diferentes.  No meio da minha crise de histeria senti mãos quentes e firmes segurarem meu rosto entre as mãos. Focalizei no ruivo em minha frente.

- Hermione, calma. – ele me olhou divertido. – agora respira.

Notei que Fred estava com os olhos mais claros esta tarde, devia ser por causa do sol. Eu obedeci-o, e com certo custo enchi os pulmões de ar.

- Certo, agora me escute. –ele me olhava profundamente. – eu, Jorge e Lino, vamos ficar de olho em você e se você quiser, nesta primeira aula você pode ir comigo na vassoura.

- Hmmmm, Fred pegador... – Lino zombou.

- Vai à merda Lino! – eu fiz coro com Fred e Jorge.

- O entrosamento já tanto que a Hermione já está até participando nas frases sincronizadas... Já decidiram como vocês três vão dividir as noites de núpcias? – Lino ria abertamente.

- Lino! Isso é nojento! – eu disse fazendo careta.

Dessa vez os três garotos riram, apenas eu fiquei de cara fechada com o comentário obsceno.

- Garotos são pervertidos. – eu disse inclinando eu nariz, dando um ar de convicção cintífica a minha frase.

Andamos os três juntos até o campo de Quadribol onde já havia alguns quartanistas ansiosos vestindo seus pomposos uniformes.

- Oh! Mas que pena, eu não tenho uniforme. – lamentei falsamente, quase pulando de alegria. – não poderei fazer.

Os garotos riram atrás de mim.

- Na verdade, os uniformes estão dentro de armários individuais que ficam no vestiário feminino. Justamente para evitar esquecimentos. – Lino gargalhou.

Considerei seriamente a hipótese de incendiar o vestiário feminino.

- Vá se trocar Granger! – Fred disse em um tom sério, como se fosse um treinador severo.

- Sim treinador. – eu disse fazendo careta.

Parti para o vestiário deixando no meio do campo um Lino e um Jorge que rolavam de rir da cara do ruivo alto a quem eu havia chamado de ‘treinador’.

Atravessei o gramado até o local embaixo das arquibancadas. Havia oito portas,  quatro delas eram brancas detalhadas em preto, representando os vestiários masculinos, enquanto as portas pretas entalhadas em brando representavam os vestiários femininos. Um vestiário para cada casa. Dirigi-me ao que possuía um leão ornado na maçaneta. O lugar era ampliado por magia e devia ser maior que um apartamento de dois quartos. O local tinha um corredor cheio de armários e no fim do corredor havia vários chuveiros, com pias e toalhas limpas. Notei que os armários em tom mogno eram enumerados e alguns possuíam nomes. Andei pelo corredor até achar em um canto mais afastado o meu nome. Na altura do meu quadril uma chave dourada pendia na fechadura, meu nome escrito no armário juntamente com o número 69.

Eu tinha que trocar de armário antes que os garotos descubram e fiquem zoando com a minha cara por causa do 69.

Assim que girei a delicada chave meu nome se diluiu restando apenas o número. Dei de ombros. Ao abrir a porta do meu armário pude visualizar duas prateleiras e uma gaveta na altura dos joelhos, e em baixo da gaveta havia dois sapatos, um coturno cor de mogno e uma roupa do mesmo tom delicadamente dobrada.

Como se fosse feita de porcelana desdobrei a peça castanha para analisá-la. Era uma espécie de capa, parecida com as que os jogadores de Quadribol usavam, contudo as margens eram cor de vinho, as mangas eram compridas, assim como os botões que ao invés de serem abotoados na linha do esterno, como qualquer casaco normal, era localizado na lateral do corpo. Começavam acima do meu seio direito e iam até a linha do meu quadril. Juntamente com aquela majestosa capa/sobretudo de um tecido resistente que lembrava couro, mas tão delicado que parecia malha fria, havia um par de calças pretas retas e de um tecido flexível que lembrava o moletom.  Havia dentro da gaveta joelheiras e luvas. Tinha ainda outro par de blusas brancas de manga curta. Separei a roupa para a aula e me abaixei para pegar o coturno, que estava ao lado de um chinelo de banho. Ao remover o coturno eu pude notar um pergaminho ali em baixo.

“Nem tente, Mione. Já sabemos qual o número do  seu armário... 666 HAHA – F.W”

Eu vou te socar Fred. Pensei rindo.

Comecei a me despir e colocar aquele majestoso uniforme. Acabei de botar tudo incluindo as luvas, contudo não tive muito sucesso com as joelheiras, eram complexas demais até para mim. Fiz uma trança colada a nuca e no final deixei que caísse como um rabo de cavalo. Na verdade eu estava mesmo era sem saco de ter que domar todo o meu cabelo.

Rendendo-me à complexidade da situação saí do vestiário, trancando o meu armário, guardando minha dourada chave no bolso interno de minhas vestes, e indo buscar ajuda de alguém no campo.

Ao sair no sol pisquei algumas vezes para me acostumar com a claridade. O campo estava bem mais cheio, e eu me encolhi com vergonha. Algumas pessoas me olhavam e murmuravam. Como eu odeio ser o alvo de olhares. Dei uma corridinha até os garotos e praticamente me escondi atrás de Lino. A parte de cima da capa era muito justa e me fazia sentir exposta.

Cruzei os braços meio que escondendo meu busto.

- Hermione... – Jorge e Fred disseram juntos.

- Você está uma gata. Deve ter sido o armário 69 – Lino completou com um sorriso.

- Cala a boca. – eu disse ainda do seu lado. – e eu preciso de ajuda com esse treco. – eu apontei as joelheiras caídas como se fosse uma tornozeleira muito feia.

Fred se abaixou em minha frente, como se fosse me pedir em casamento e posicionou a peça em seu devido lugar. Puxou os cordões que as prendiam na parte de trás da minha perna, e com uma agilidade de anos ajeitou a joelheira.

Em seguida ele me olhou, ainda agachado e sorriu.

- Fred, o que você tanto faz ai em baixo? – foi o Jorge quem perguntou rindo.

- Credo Jorge! – eu disse horrorizada.

Eu juro que mato ele.

- Ah, é só que parece que ele vai pedir sua mão. – Jorge riu quando um rubor atingiu meu rosto violentamente.

Fred pigarreou forte e desviou o olhar para a joelheira da perna esquerda.

- Vai à merda Jorge. – ele murmurou.

Fred ajeitou essa peça mais rapidamente e sem dirigir o olhar para mim. Eu obviamente me interessei subitamente pelo mosquito que voava em minha frente. Ele se levantou e enfiou as mãos nos bolsos. Por que diabos ele estava vermelho?

Lino ia abrir a boca para fazer uma piada quando vi Rony e Harry se aproximarem. Aproveitei a deixa.

- Oi garotos! – eu disse acenando.

Ao nos verem os dois mudaram de direção e vieram sorridentes ao nosso grupo. Os cabelos de Harry estavam especialmente rebeldes esta manha. Rony não me olhou direto nos olhos, ainda estava bravo comigo.

- Hermione! – Harry disse piscando várias vezes a me ver. – você ficou bem com esta roupa.

E lá estava eu, novamente cruzando os braços como se eu pudesse esconder a minha alma atrás deles.

Ron nada disse. Ele estava com o cabelo desgrenhado pelo vento, seus olhos estavam lindamente verdes ao sol e suas sardas mais fofas do que nunca. Minha respiração começou a acelerar e de repente eu estava esquecendo como se respira.

- Er... Eu... Bem... Obrigado. – eu me odiei por gaguejar.

- Já sabem qual o número do armário da Mione? – Lino disse fazendo com que eu ficasse agora vermelho tomate.

- Lino, cala a boca. – eu murmurei entre dentes beliscando seu braço.

Ele fez uma careta de dor.

- É o armário 13! – ele disse meio desesperado com a dor de minhas unhas em seu braço.

Eu sorri amarelo.

- Que ótimo Lino. – Rony disse sem entender o que se passava.

- Como vão ser as aulas? – eu disse desconversando o assunto constrangedor.

Isso era tão bobo, mas me fazia corar como se eu tivesse levado uma chinelada na cara.

- Bem, a madame Hooch vai nos dar as aulas. Vamos variar entre Quadribol, Natação e Esportes trouxas. – Jorge disse.

- Teremos aulas conjuntas com o quarto ano. O quinto ano não vai ter já que este ano são os NOMs deles. – Lino riu.

Para minha surpresa Fred estava quieto encarando o chão.

- Que ótimo. – eu disse.

- Oi garotos. – uma voz feminina soou atrás de mim.

Lá estava ela, com seus cachos perfeitos, sua maquiagem impecável, e seu corpo moldado por um uniforme muito mais justo que o meu, que realçava muito mais suas curvas. Ela não tinha vergonha do seu corpo e sua postura perfeita se realçava.

Rony imediatamente abriu aquele sorriso abobalhado. Eu engoli em seco.

- Oi Lilá. E ai, já manja de vassouras? – Lino disse sorridente.

- Eu nasci em uma. – ela brincou. – vou dar uma surra em vocês.

- Woa... Eu duvido muito disso. – Jorge disse rindo.

Eu me arrepiei, e tive que conter a torrente de lágrimas que queriam sair. Tive vontade de puxar o Rony para um beijo e mostrar aquela vaca quem eu era. Mas é obvio que não o fiz, afinal eu era Hermione Granger.

É sempre assim. Eu penso, penso, e desisto.

- Você ficou bem nesse uniforme. – Ron disse entrosando na conversa.

- Você também fica bem de uniforme. – ela riu.

Aquilo para mim bastava.

- Eu vou ali ver uma coisa. – murmurei ao Harry, que completamente alheio á minha dor não deu importância a minha justificativa vaga para me afastar do grupo.

Atravessei o pátio, ignorando risinhos e indo me sentar no gramado. Por diabos eu não trouxe um livro?

Encostei minha cabeça em um dos pilares da arquibancada e fechei os olhos. Passei alguns séculos assim.

- Mione? – a voz do ruivo me chamou.

Botei o sorriso mais de plástico que pude na cara.

- Oi Fred.

- Tudo bem? – ele inclinou levemente a cabeça como se estivesse me analisando.

- Sim. – eu tentei soar mais convincente.

- Certo. – ele arqueou as sobrancelhas rapidamente. – vamos, a professora está em campo.

Ele esticou a mão e eu aceitei indo ao seu encontro. Ele botou o braço por cima dos meus ombros, e como se aquilo fosse um feitiço escudo, o nó na minha garganta se desfez. Era impossível ficar triste com Fred Weasley ao seu lado.

Os setenta alunos que se encontravam ali sentados, logo pararam com os burburinhos assim que a professora se botou em pé.

- Muito bem, alunos. – ela começou. – aos alunos do sexto e sétimo ano, vocês terão aulas juntos. Começaram com Quadribol, terão esportes Trouxas no segundo trimestre e por fim terão natação. Todas as semanas, neste horário. – ele olhou para a nossa turma. – aos alunos do quarto ano, vocês começarão com estudo dos trouxas, terão aulas de Quadribol e no último bimestre farão natação juntamente com os demais. O professor de esportes trouxas será o Professor Gerard Shöfer, e suas aulas começarão 16:20. Ou seja, por hoje, os que não têm aula de esporte trouxas estão liberados.

Vários alunos saíram. Alguns felizes outros praguejando.

- Quem aqui é experiente em voar? – a professora disse ainda com seu tom sóbrio.

Muitos levantaram a mão, entre eles Lilá Brown e Córmaco McLaggen. Eu obviamente quase levantei minha mão negativamente.

- Quem aqui se considera um desastre sobre a vassoura?

Nem pensei duas vezes, minha mão cortou o ar, junto com a mão de algumas garotas, entre elas Romilda Vaine.

- Certo. Quero que cada desastrado se junte com alguém extremamente bom, e hoje faremos um vôo conjunto. Quero que treinem seu equilíbrio, que treinem o mais importante no Quadribol, aprender a confiar no companheiro de equipe.

Eu ia procurar Rony ou Harry, mas quando vi Lilá estava grudada no ruivo e os dois já tomavam impulso na vassoura enquanto Romilda se atracava em Harry. Meus olhos percorreram o campo em busca do outro ruivo que me salvaria, ele não estava mais ao meu lado.

- Posso te fazer companhia? Pelo visto o herói Potter e o seu fiel ajudante Weasley te deixaram de lado. – era Córmaco.

Eu me virei para olhá-lo. Não gostei do tom que ele havia usado com meus amigos. Apenas eu tenho o direito de falar mal deles.

- Eles não me deixaram na mão! – eu protestei.

Por que diabos o Córmaco deu para ficar arrogante?

- Certo, e aquela sua amiga ruiva também é virgem. – ele debochou.

A ira me subiu a garganta, e no meio do barulhos de vassouras decolando e algumas pousando eu o empurrei com toda minha força, fazendo-o cambalear. Detesto quando Rony tem razão.

- Não fale assim da Gina! – eu disse alterando o tom.

- Tudo bem! – ele ergueu os braços. –eu só acho que nós somos bons demais para eles. Mas se você os considera tanto assim...

Eu tive vontade de rasgar meus tímpanos. Ele se achava melhor do que meus amigos? Oh meu deus, vou me matar!

- Olha garoto é melhor você calar a boca que você já está me irritando!

- Woa... Calma boneca. – ele se aproximou de mim. – que tal você ir na vassoura comigo e nós terminarmos isso lá em cima.

Ótimo! Assim eu te empurro de lá, você morre, e eu finjo que foi um acidente!

- Não.

- Por que não? Já disse que você ficou linda nessa roupa?– ele se aproximou de mim sedutoramente.

- Por que eu já vou com alguém. E muito obrigado. – eu disse tentando parecer indiferente, mas involuntariamente cruzei os braços tentando esconder meu corpo.

- Ah, mas que papo furado! – ele riu e segurou meu braço. – Vamos logo e deixe frescur...

- Vamos Mione? – ouvi uma voz atrás de mim.

Fred estava com os olhos cerrados para McLaggen, e segurava uma vassoura apoiada em seu ombro.

Para minha satisfação Fred era mais alto do que Córmaco, e eu pude ver o medo loiro caso o ruivo resolvesse quebrar aquela vassoura na sua cabeça angelical. Eu aproveitei a distração e dei um forte puxão no meu braço, me soltando de Córmaco.

- Vamos Fred. – eu disse dando um sorrisinho cínico para McLaggen, - te vejo mais tarde.

- Você não vai ver esse tarado mais tarde. – Fred disse assim que nos afastamos.

Eu ri.

- Ok. Onde você foi? Fiquei com medo que tivesse me abandonado. – dramatizei.

- Jamais! – ele respondeu ainda trágico, e depois sorriu. – Fui buscar nossa vassoura.

- Certo, e agora o que fazemos?

- Agora nós voamos. – ele disse parando e se posicionando na vassoura.

Eu o imitei, eu não tinha nem metade da sua elegância... Eu parecia uma pata. Assim que me posicionei sobre a vassoura notei o quão instável ela parecia ser. Passei meus braços um pouco abaixo do tórax do Fred, pressionando na área do seu diafragma.

- Agora, quando eu contar até três nós vamos dar um impulso bem forte ok? – ele disse.

- Isso não é uma boa idéia.

- Um... – ele me ignorou.

- Fred, eu vou fazer nós dois cairmos.

- Dois.

- Fred, Fred eu to doente eu to muito mal e...

- TRÊS! – ele disse dando um forte impulso com as pernas.

Eu já sabia como era, a sensação de se equilibrar em uma corda, mas pelo menos desta vez eu pude me agarrar ao garoto em minha frente.

- Estamos indo bem. – ele disse com a voz risonha.

- Muito bom! Agora alunos, quero vinte voltas pelo campo! – ela a professora Hooch com a voz ampliada magicamente.

Como era Fred quem estava no comando eu não fazia mais nada além de grudar meu corpo a ele. Quando ele se inclinava para que a vassoura ganhasse velocidade, eu conseqüentemente me inclinava junto. Eu parecia àqueles macaquinhos que ficam grudados as costas da mãe.

- Até que não está tão mal. – ele disse contra o vento. – mas relaxa um pouco, sente o vento na cara.

- Se eu relaxar eu caio! – eu gritei apavorada com a idéia.

- Granger, Granger... Tirando uma casquinha né? – Lino deu um rasante com sua vassoura e emparelhou conosco.

- Vai pro inferno Lino. – Fred respondeu.

Eu fiquei na minha, estava muito assustada calculando o peso que eu chegaria ao chão caso eu caísse.  Multiplica ali, divide... Aqui deve ter uns cinco metros de altura... Aproximadamente 240 kg. Íamos fazendo as voltas e passando rápido pelas arquibancadas que pareciam ser um turbilhão de cores.

- Hermione, você está meio verde. – Lino gargalhava.

- Quando eu descer daqui, você vai ver só Lino! – eu disse imóvel.

Lino gargalhou e em um movimento exibicionista ele mergulhou com a vassoura passando por baixo de nós e indo para o lado contrário do campo.

- Ele é um mala. – eu disse para Fred.

- Turma, quem acabou as vinte voltas, pouse, e que treinem agora com vassouras individuais. – a professora voltou a falar. – A tarefa é arremessar a goles para o parceiro, e vice versa!

- Essa mulher que me matar! Só pode! – eu disse irritada e com certa vontade de empurrar a professora da vassoura.

Ele riu com a minha irritação e começamos a perder altitude.

 - Fred! – eu o chamei ao notar a apavorante inclinação rumo ao chão. – como nós aterrissamos? – eu berrei, já vendo o chão mais perto.

Alguns pares pousavam perfeitamente, outros tropeçavam enquanto outros se esborrachavam no chão. Não pude evitar a risada quando vi Romilda cair e tentar se segurar no Harry, levando-o junto para um tombo feio, indo os dois pararem perto dos vestiários.

- Sei lá... – Fred respondeu. – vamos com fé em Merlin! – ele gargalhou.

Como assim “fé em Merlin?”

Antes que eu pudesse xingar Fred senti meus pés tocarem o chão, então Fred também esticou suas pernas e pude sentir um forte tranco na vassoura, a lei da inércia me impulsionou para a frente, minha perna acabou por dar uma rasteira em Fred que perdeu o rumo da vassoura e fomos parar sob as arquibancadas, eu batendo elegantemente com o ombro em uma madeira, deixando um pedaço do meu braço para trás. Fred rolou até cair sobre mim, com a vassoura a metros de distância.

- Você está bem? – Fred perguntou preocupado.

Eu abri os olhos e senti o peso dele sobre o meu, seus cabelos estavam bagunçados e havia um graveto em sua franja ruiva. Ele estava meio sujo de terra.  Assim que nos encaramos começamos a rir descontroladamente. Eu não devia estar em um estado muito melhor. Eu ainda rindo passei os dedos em sua franja tirando o graveto de lá, e dando uma espanada em seu rosto para tirar a sujeira.

- Estou. E você? – eu disse entre risos.

Ele afirmou com a cabeça, mas ele não estava mais rindo. Seus olhos estavam fixos em mim. Eu nunca havia notado como sua boca era bonita, tão bem desenhado, seus dentes brancos, seus caninos pontudos, formavam um sorriso maravilhoso. Ele tinha as sardas mais suaves do que Rony, e seus olhos agora estavam de um tom avelã. Ele ainda estava com seu peso sobre mim e eu podia sentir o seu coração batendo contra o meu. Seu peito subia e descia com a respiração tranqüila e ele estava apoiado nos cotovelos, com esses apoiados aos lados da minha cabeça. Seu rosto estava tão próximo que eu podia sentir seu hálito quente e úmido percorrendo minha boca entreaberta. Eu pisquei lentamente até que meu sorriso se desfez eu fiquei ali, sentindo nossos corações um contra o outro e observando a figura masculina em minha frente. Tive vontade de ficar assim para sempre, tive vontade de me deitar ali com ele e apenas o sentir perto de mim enquanto adormeço. Incrível quantos sentimentos podemos vivenciar em pouco mais de dois segundos.

Ele pigarreou alto, saiu de cima de mim, eu fiquei ali, meio perdida, meio hipnotizada, ainda deitada de costas no chão observando o ruivo desamassar sua roupa e desviando o olhar.

- Fred? – uma terceira voz apareceu e eu me sobressaltei.

Era Angelina que acabara de chagar, e por algum motivo ruborizei ao vê-la.

- Oi Ange. – ele disse sobressaltado.

- O que vocês estão fazendo aqui? – ela disse cruzando os braços, um ciúme palpável em suas palavras.

- Caímos da vassoura. – eu disse me levantando.

- Ah. – ela disse me olhando de canto.

Sorri amarelo.

- Certo. – Fred disse batendo palmas. – vamos Hermione, você ainda tem muito a fazer.

Eu concordei com a cabeça e comecei a caminhar para o meio da quadra.

- Amor, nós nos falamos mais tarde ok? – ele disse sorridente.

- Certo. – Angelina sorriu e o puxou para um beijo, como se estivesse deixando bem claro que ele tinha dono.

Fred e Angelina se separaram ofegantes, e eu passei a analisar meus sapatos com grande interesse. Isso me deixava imensamente incomodada.

Fred passou por mim e eu o segui, Angelina saiu logo depois de nós.

- Vamos lá. – Fred retomou seu ar descontraído. – pegue sua vassoura.

- O que vocês três estavam fazendo lá dentro hein? – Lino surgiu Merlin sabe lá da onde.

Eu havia acabado de pegar uma vassoura, olhei-o sem entender.

- Rolou um Menáge e vocês nem para me avisar! – ele disse com seu sorriso maroto.

Eu inspirei vergonha e expirei raiva. Sem pensar peguei impulso com a vassoura e acertei-lhe o braço com força.

- Isso é nojento Lino! – eu disse ofendida ainda dando vassouradas nele.

Ele ria e se encolhia. Fred traidor o acompanhava nas risadas.

- Calma, calma... Desculpe! Eu tava brincando. – Lino me abraçou fazendo uma voz inocente.

Dois segundos se passaram.

- Eu me esqueci que você não gosta de dividir o Fred. – ele disse rindo, e acabando a frase, ele pegou sua vassoura caída no chão, deu impulso e foi se esconder na segurança das alturas.

- Espera só ele tocar os pés no chão. – eu murmurei.

Fred riu e me deu um abraço. Logo em seguida ele bagunçou meus cabelos me fazendo praguejar. 


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Notas finais do capítulo

Gostaria de salientar que NENHUMA foto é de minha autoria, e não precisa me processar, se o autor se sentir incomodado é só me pedir e eu tiro as fotos.

HAHA

Por Hoje é tudo pessoal.