Escolhas - Fred e Hermione escrita por penelope_bloom


Capítulo 32
With out my heart.


Notas iniciais do capítulo

*Jurosolenementequenãovoufazernadadebom*
amores, sinto pela demora... prometo quenão vou mais demorar tanto... é que eu estou de castigo e só consegui postar agora (23:52 - segunda feira - escondida e morrendo de medode ser pega)
Boa Leitura



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TRINTA E DOIS:

- Eu não vou voltar. – Harry murmurou parando ao meu lado.

Fred e Jorge haviam ido amparar Gui a voltar para casa, enquanto eu conversava com Rony no corredor do velho relógio.

Havíamos discutido durante algum tempo sobre a falsa Horcrux que Harry e Dumbledore haviam surrupiado da caverna e Harry tinha nos detalhado como fora a sua viajem com Dumbledore.

R.A.B.

Impressionante como três letras podem mudar a sua vida.

Juro como daria um braço para descobrir quem era esse tal R.A.B.

Dou também meu antigo exemplar de anatomia humana para descobrir onde acho o dito cujo.

Melhor ainda, dou minhas duas pernas para achá-lo e pegar de volta de um modo simples o medalhão de Slytherin.

Mas como tudo o que acontece comigo tem que ser absurdamente complicado e complexo, fácil é que não vai ser recuperar esse maldito medalhão.

 Recuperar é o de menos, achar as outras três é que vai ser complicado.

- Nós sabemos. – Rony murmurou com os olhos baixos.

- Mesmo que McGonagall consiga ajeitar o colégio, não posso voltar aqui ano que vem. – Harry falou novamente.

- Nós sabemos Harry. – eu disse fechando os olhos e sentindo os raios de sol bater em meu rosto. – Vamos com você.

- Hermione, você tem idéia do...

- Perigo que estou correndo? – abri meus olhos furiosos. – Sim Harry, eu sei o que estou fazendo.

- Mas...

- Eu terminei com Lilá hoje de manhã. – Ron disse abatido. – Ano que vem ela volta para o colégio. Vou ficar longe dela.

Sua voz saia miserável.

- Não sei o que vou fazer com Fred. – abaixei o olhar.

Eu não queria que ele corresse risco.

- Acho que ele pode vir conosco. Ele é mais velho, sabe o que faz. – Harry deu de ombros, sentando-se ao meu lado com profundas olheiras sobre seus olhos. – eu terminei com a Gina. – Harry suspirou dolorosamente.

Ambos estavam lastimavelmente deprimidos e a ponto de chorar. Harry em meu lado direito e Rony do esquerdo.

Peguei a mão de ambos e abri um fraco sorriso.

- Antes de voltar a sermos só nós três... Podíamos adiar as despedidas para o fim das férias. Que tal? Partiremos assim que deixarmos Gina e Lilá na estação 9 ¾.

- O último verão? – Harry perguntou a começando a sorrir.

- O último, antes de nos jogarmos nas garras da morte? – Rony murmurou empolgado.

- Isso seria bom. – Harry alargou seu sorriso e olhou para Rony. – uma idéia digna de Dumbledore.

Ergui um copo invisível ao alto largando as mãos dos garotos.

- À Dumbledore! – disse sorrindo.

- Ao último verão! – Rony seguiu meu exemplo e ergueu sua taça imaginária.

- À nós. – Harry brindou.

- Saúde! – os três disseram juntos.

E depois de dois longos e dolorosos dias, eu voltei a sorrir. O trio de ouro estava bem. Fred estava bem. Meus amigos estavam bem.

Quem sabe Dumbledore tivesse razão.

Quem sabe tudo fosse dar certo no final.

***

A nossa cabine estava estranhamente silenciosa. Todos havíamos nos sentado no chão, um do lado do outro. Era como se quiséssemos nos fundir em um só, para que nada pudesse nos separar.

Eu estava com a cabeça encostada no ombro de Fred e em meu colo, eu acariciava os loiros cabelos de uma Luna destruída.

Ela tinha profundas olheiras e seu olhar não era sonhador, apenas vazio. Ela estava tão pálida quanto Draco costumava ser, e seus olhos azuis criativos estavam opacos e sem vida, seus cabelos desgrenhados estavam mais desleixados que o comum, e sua pele chegava a estar macilenta.

Uma batida escoou pela cabine e logo depois a porta se abriu revelando um Blaise completamente estropiado.

Ele estava com um olho roxo e um corte na boca. Seus negros e lisos cabelos, sempre tão bem penteados agora estavam desgrenhados e o rapaz parecia cansado.

- O que houve com você? – Lino se espantou tanto que até esqueceu-se do tom de deboche.

- Sonserinos. – ele deu de ombros e abriu um sorriso. – posso ficar com vocês?

- Claro. – eu me adiantei.

Ele adentrou o compartimento e sentou-se paralelamente a Luna, escorando as costas no banco.

- Algum motivo para sentarmos no chão?

- Calor humano. – Lino voltou a brincar.

- E de acordo com nossa religião, humanos não devem importunar gatos rabugentos que são espaçosos. – Fred brincou referindo-se ao bichento que ocupava metade do banco, espreguiçando-se preguiçosamente.

- Bom, se é religião, melhor não discutir. – Blaise disse fechando os olhos. – Ano que vem vai ser um inferno.

- Nem me diga. – Harry e Rony murmuraram ao mesmo tempo.

- Que coisa mais irritante! – Jorge abriu os olhos finalmente entrosando na conversa e levantando a cabeça do colo de Angelina.

- Já dissemos que as frases sincronizadas são nossas! – Fred completou a frese de Jorge com um tom de voz com falsa irritação.

- Nossos advogados entrarão em contato! – Jorge voltou a reclinar-se sobre o colo de Angelina que ria.

- Vamos processá-los por plágio! – Fred disse em um tom severo.

- Processar ‘o eleito’? Isso não estava no contrato, quero dobrar meus honorários! – Lino disse indignado.

Todos estavam agora rindo, Blaise havia inclusive se engasgado com a própria saliva.

- Empresário, cobaia, advogado... Tem mais algum serviço que você presta para os gêmeos? – Eu esgueirei meus olhos escuros até Lino.

- Sou amante deles nas horas vagas. – Lino deu uma piscadela marota.

- Gata. – Jorge mandou-lhe um beijo piscando-lhe de volta.

- Delícia. – Fred fez uma garra no ar e fez um rugido baixo e sedutor para Lino.

- Aqui não gente, mais tarde, mais tarde... – Lino fingiu ficar envergonhado.

Eu não ria. Eu gargalhava.

Até mesmo Luna, que mais parecia um cadáver, havia começado a rir alto e soltamente, iluminando seus olhos azuis destroçados com um pouco de Brilho.

Depois disso o resto da viagem correu bem. Jogamos cartas e comemos vários doces. Por breves instantes, cheguei a acreditar que nada havia mudado.

Já era fim de junho e o sol era algo encantador. Aproveitava o oscilar do trem e observava cada detalhe da cabine como se fosse a última vez que eu fosse entrar ali. Afinal, provavelmente seria.

- Mas seus pais vão deixar você vir em julho? – Fred me perguntava enquanto eu separava meu malão. O trem estava quase chegando, já era possível ver a plataforma.

- Não sei... Na verdade, eu tenho pensado sobre eles.

Fred se meteu entre eu e meu teimosos malão e tirou-o para mim.

- O que vai fazer se eles não deixarem? – ele murmurou preocupado.

- Vou dar um jeito. – eu sorri. – Vai me escrever nessas semanas certo? – eu arqueei uma sobrancelha.

- Escrever? Nas férias? – ele fez careta.

Eu revirei os olhos.

- Tudo bem. – eu dei de ombros sentindo uma pontinha de tristeza.

O trem parou e todos já estavam a postos prontos para sair do trem.

Assim que saí pude notar uma quantidade louca de aurores espalhados pela plataforma. Cada filho corria para seus pais, e cada pai, cada mãe, abraçava seus filhos com uma intensidade surreal. A morte de Dumbledore tinha com certeza desencadeando o pânico acumulado de inúmeras pessoas.

Ainda não consigo acreditar que ele morreu.

Ele tinha gostado tanto das meias.

Inconscientemente acariciei o cachecol que cercava meu pescoço, brincando com a ponta arroxeada e fofa feita pelas mãos do maior bruxo que eu já conheci.

- Nos vemos em julho? – Fred murmurou.

Eu sorri e voltei a realidade. Inclinei-me na ponta de meus pés para poder alcançar os lábios do ruivo e sentir aquela eletricidade tomar conta do meu corpo.

- Vou sentir sua falta. – ele murmurou me abraçando.

- São só duas semanas. – eu disse com os braços firmes ao redor do rapaz.

- Só duas semanas... – ele caçoou se afastando de mim. – Fique você duas semanas sem respirar e tente usar esse “só” cretino na frase.

- Eu não passo nem duas horas sem respirar. – eu revirei meus olhos.

- Justamente! – ele disse indignado.

- Então, quando você estiver sufocando de saudades, olha para as estrelas, e fala comigo. – eu ainda enlaçava a cintura do ruivo.

- E você vai escutar? – ele perguntou cético.

- Eu vou sentir. – sorri.

Desta vez foi o ruivo que se inclinou em minha direção e me tomou os lábios. Seu abraço se estreitou em minha cintura enquanto eu bagunçava os fios ruivos, sentindo aquela sensação estranhamente maravilhosa tomar-me o corpo.

Nossas línguas travavam uma batalha, sincronizadas e ritmadas, enquanto seu hálito quente se misturava com meu oxigênio e tudo ao redor perdia a importância.

Tudo o que eu cobiçava naquele momento era ter a sorte de um amor tranqüilo.

***

Após me despedir dos Weasley e de Harry, Lino, Luna e Blaise, segui com meus pais para casa.

Acomodada no banco de trás do carro, observava os prédios passarem por mim rápidos formando borrões.

Fechei os olhos. Nem bem o fiz e meus pais começaram a discutir entre sussurros.

- Ela não vai voltar para o colégio. – minha mãe sussurrou.

- E ela vai ficar sem estudar? De jeito nenhum! – meu pai interpôs.

Eles achavam que eu estava dormindo.

- Ela vai a uma escola normal. – minha mãe murmurava nervosa. – Já falamos sobre isso. O diretor dela foi assassinado! Não sei como não fecharam a escola.

- Falamos sobre isso em casa. – meu pai sussurrou. – Não vamos decidir nada agora.

Respirei fundo e quase comecei a chorar. Meus pais não estavam seguros comigo, e nunca me deixariam partir. Eu teria que afastá-los de mim, só não sabia como.

Cheguei em casa faminta, mesmo depois de vários doces, eu tinha saudade dos lanches de casa. Passei os olhos por cada detalhe da minha casa e me atirei no sofá sentindo o cheiro da minha casa que eu tanto sentia falta. Liguei a TV e coloquei na Universal Chanel, onde para minha sorte estava começando House M.D.

Minha mãe me trouxe um suco de uva com misto quente. Delicioso e simples.

Ali fiquei eu, assistindo um episódio da quinta temporada. E este era o exato episódio em que uma triste combinação de remédios que reagiam com as proteínas do sangue, um acidente de ônibus e um enfarte condenava Amber, a namorada do Wilson e ex-estagiaria de House, a morte.

- Por que você não está com raiva? – Wilson perguntava deitado na cama de hospital de Amber, enquanto fitava seus olhos azuis.

- Raiva não é o último sentimento que eu quero sentir. – ela sorriu fracamente e beijou o rapaz ternamente.

Neste ponto eu já chorava. Amber teve falência hepática total, e não lhe restavam mais do que alguns minutos de vida.

- Estou cansada. – Amber murmurava contra o peito de Wilson já piscando pesadamente.

- Só mais um pouquinho. – o namorado pedia com lágrimas nos olhos, relutante em desligar sua namorada das máquinas.

- Sempre vamos querer, mais um pouco – ela dizia com sua respiração pesada e incômoda. – Por favor, estou cansada. – ela deu um fraco sorriso entre os lábios pálidos.

Eu não chorava. Eu me dissolvia em lágrimas e soluçava enquanto Wilson desligava os aparelhos da namorada.

- Eu te amo. – Wilson disse enquanto Amber sorria e fechava os olhos, murmurando um rápido e derradeiro “eu também”.

Solucei abraçada a almofada e enquanto os créditos finais corriam a tela da Televisão, minha mente vagava até Fred.

As idéias de morte ainda fresca em minha mente, e meus olhos novamente arderam. Não pela catarse provocada pelo seriado, mas sim pelo medo indescritível que eu tinha de perdê-lo. Quis tê-lo perto de mim, ouvir sua voz e sentir sua respiração.

Sem me incomodar em desligar a televisão ou levar o prato para pia, corri escadas acima e comecei a revirar minha mochila atrás de um lápis e um pergaminho para escrever para ele.

Contudo, assim que abri minha pasta para pegar um pergaminho, encontrei um envelope fechado.

Analisei a letra inclinada e de personalidade com um sorriso nascendo em meu rosto. Não acreditei e comecei a rir tentando imaginar, em que momento ele conseguiu colocar aquilo em minha mochila sem que eu visse.

Para: Analista.

De: Físico

Abri o envelope cuidadosamente e com curiosidade passei a ler a carta.

Você realmente achou que eu ia passar duas semanas longe de você, e não te mandaria nenhuma carta? Hermione, eu estou revirando meus olhos neste exato momento!

Sei que são duas semanas longe de você, mas eu vou realmente sentir sua falta. Não sei como você fez isso, mas tudo que eu vejo, faz lembrar-me de você.

Semana passada, eu estava na aula da Minerva, e ela começou a falar de Hipogrifos.  Ela falou sobre a sua agressividade e como há disputa pelo poder entre comunidades de Hipogrifos, sendo que muitos são exilados quando derrotados. Isso fez lembrar-me de como há na natureza raças que excluem os fracos. Isso me fez lembrar de Scar, o leão com mania de grandeza e que conseguia influencia prometendo integrar as hienas no topo da cadeia alimentar.

Me fez lembrar a noite em que vimos Rei leão juntos.

Me fez lembrar aquela noite.

Só de recordar, já começo a sentir falto do cheiro do seu cabelo. Já te falei que ele tem cheiro de cereja?

Não cereja em calda, com aquele cheiro enjoado. Aquele cheiro fresco da fruta.

Você é sexy que nem uma cereja. – comentários desnecessários é meu sobrenome.

Falando em cereja me lembrei também do Miojo que fizemos aquela noite quando pintamos a sala.

Ah! E por falar nisso, eu recebi uma excelente noticia. Meu tio-primo-avô de terceiro grau morreu. Isso soou estranho... Mas enfim, quando formos para a biblioteca vai entender, tenho uma surpresa para você.

P.s.: Sim, outra surpresa.

P.s.s.: Já disse que sinto sua falta?

P.s.s.s.: Já disse que te amo?

P.s.s.s.s.: Eu te amo. Muito.

Carinhosamente

F.W.

Eu ria alto enquanto lia a carta. Só ele para me fazer rir.

Confesso que me preocupei pelo fato dele estar feliz com a morte de um parente... Mas vai entender o que aquela lombriga ruiva está aprontando.

Arranquei uma folha do meu caderno de poções e peguei uma caneta trouxa que estava sobre a cama.

De: Analista

Para: Físico

Cenoura,

Quando diabos você colocou esse envelope na minha mochila? Juro que não vi quando o fez.

Fiquei muito feliz em saber que vai me escrever, assim não sinto tanto a sua falta.

Hipogrifos? Sério que você lembrou de mim? Eu me lembrei de você quando preparei meu sanduiche hoje. Eu botei cenoura nele. Também me lembrei de você assistindo um seriado trouxa de casos médicos... Você iria gostar.

Ouvi meus pais dizendo que querem me mandar para uma escola trouxa ano que vem. Eles simplesmente surtaram com a morte de Dumbledore, mas afinal, qual trouxa em sã consciência não surtaria?

Você tem razão, eu estou seriamente preocupada com essa sua alegria com a morte de um parente. Olha lá o que vai aprontar Fred.

Já estou morrendo de saudades, pelas barbas de Merlin, acho que prefiro ficar sem água a ficar sem você.

Estou morrendo de saudades, espero te ver em breve.

Beijos

H.G.

Enrolei minha carta, guardei-a em minha bolsa e desci as escadas correndo.

- Vou ao correio! – berrei no fim das escadas.

- Tudo bem! Não volte tarde! – Minha mãe berrou do quarto.

Saí porta a fora com minha bolsa transversalmente atravessada ao corpo e com um sorriso que ia de orelha a orelha.

O dia estava claro e os britânicos que passavam por mim chegavam a ser simpáticos. Uma leve brisa acariciava meu rosto e eu aproveitava o ar fresco nos pulmões.

- Hermione! – a voz agoniada chegou até meus ouvidos e eu quase desmaiei. Olhei para os lados freneticamente até que puder o ver correndo em minha direção

Elegantemente arrumado, em seu terno preto mais pálido que o normal, senti seus firmes braços me enlaçarem enquanto retribuía o abraço começando a sentir lágrimas nos olhos, desajeitadamente o beijava e passava meus dedos pelos seus cabelos platinados, agradecendo por tê-lo ali.

- Draco! – eu finalmente consegui dizer. – Como você está? Te machucaram? Como chegou aqui? – eu o metralhava de perguntas.

Ele está miserável, com olheiras, pálido, pele ressecada e lábios rachados.

- Estou bem. – ele murmurou se afastando de mim. – como estão todos? E Luna? –

- Alguns te odeiam, sonserinos te idolatram... Não mudou muito. – eu disse irônica retomando minha caminhada.

Ele passou a andar do meu lado em minha caminhada, nós dois de mãos dadas.

- Mais alguém se machucou? Harry me odeia? Como está Luna? – ele perguntava.

- Gui foi atacado por Grayback, mas já está bem. Harry está decepcionado com você, mas acho que vai passar com o tempo. Luna... Bem, ela está arrasada. – eu disse observando a reação do loiro.

Ele deu um longo suspiro.

- Acho que devia falar com ela. – eu murmurei cuidadosamente.

- Tenho que protegê-la. É melhor assim. – ele murmurou. – Sabe Mione, as vezes eu invejo o Harry.

Olhei-o de esguelha.

- Ele não tem pais. – ele completou. Antes que eu pudesse fazer um comentário horrorizado ele me interrompeu. – ele nunca teve que proteger os pais. Eu não tive escolha.

- Eles são adultos, podem se cuidar. – eu parei de andar. – Fica comigo Draco. Você pode dormir lá em casa, ficar comigo, ou você pode se mudar para a biblioteca, ou ficar na Toca.

- Não posso deixá-los. – ele suspirou.

Retomei a caminhada.

- Como foram seus testes? – ele aliviou a conversa.

Fomos andando e conversando até o corujal de Londres. Despachei a carta e voltamos para casa.

- Durma aqui esta noite. – supliquei-lhe. – Só essa noite, eu não sei quando vou poder te ver novamente.

- Mas e seus pais...

- Eu os enfeitiço se for preciso. Por favor. – eu tinha o tom de estar implorando.

- Quando que eu consigo dizer não para você? – ele revirou os olhos se dando por vencido.

Passamos pela porta e o conduzi até a cozinha onde minha mãe estava lavando a louça;

- Hermione, não é para deixar o prato na sala e... – ela parou o sermão assim que pousou os  olhos no loiro alto ao meu lado.

- Mãe, este é Draco. Draco, minha mãe.

Minha mãe secou as mãos e deu um abraço em Draco.

- Não me disse que teríamos visitas... Ele é...

- Bruxo. – eu sorri. – ele pode dormir aqui hoje mãe? – eu pedi usando o tom de voz pidão.

- Espera um instante. Esse é o Draco Malfoy? – ela disse estreitando os olhos.

Droga! Eu não esperava que a minha mãe guardasse nomes tão bem.

- Mais ou menos. – eu disse pigarreando.

- E não era esse o arrogante que te fez chorar durante as férias do seu primeiro, segundo e terceiro ano? O que te chamava de Sangue-ruim.

- Senhora Granger, eu realmente sinto muito. – Draco interpôs.

- E como você mudou assim tão de repente? – minha mãe estava brava.

- Eu estava mal. E a sua filha me ajudou. Ela destruiu a educação que meus pais me deram. E isso não é ruim. – ele se adiantou.

Minha mãe me olhou buscando confirmação das palavras do rapaz.

- Ele é meu amigo. Me defendeu quando briguei com Fred, brigou com toda Sonserina por ser meu amigo e tem sido como um irmão para mim. – eu disse sorrindo.

- Você em um quarto ele no outro. – minha mãe estreitou o olhar mais ainda.

- Mas eu ia ver filme com ele no quarto. – eu murmurei.

- Durmam de porta aberta. – ele contra argumentou.

- Mãe! Eu tenho namorado! O que acha que vou fazer com Draco? Nós só vamos ver um filme! – eu bufei.

- As camas são separadas! – ela disse em tom irredutível cruzando os braços na defensiva.

- Tudo bem! – eu disse rindo.

Subi com Draco para o quarto e fechei a porta.

Ficamos ali, aproveitando o tempo, jogando stop, conversando, assistindo a mais um episódio de Bones, jogando canastra e comendo besteiras.

Jantamos pizza com meus pais e depois comemos sorvete com calda de morango. Draco fez o favor de deixar cair em cima de Bichento, que furioso com o loiro rolou sobre a sua cama melecando o travesseiro dele.

Depois de trocar a fronha do seu travesseiro e limpar Bichento, coloquei o filme para nós assistirmos.

Hércules.

Se você pensou naquele filme de animação, sobre a figura mitológica, filho de Zeus que caiu na Terra, você acertou. Esse mesmo em que Hades tem os cabelos de fogo. Muito engraçado por sinal.

Draco se acomodou ao meu lado em minha cama, joguei um edredom por cima de nós e encostei minha cabeça no ombro do loiro e passei a assistir o filme.

- Sinto falta da Luna. – ele murmurou á pela metade do filme.

- Você devia escrever para ela. – eu disse piscando pesadamente.

Ele ficou em silêncio, completamente pensativo. O filme se passou. Rimos, fizemos comentários desnecessários e eu pude fingir que tudo estava bem.

 O filme acabou. Draco extremamente empolgado com o filme e definitivamente encantado com Hades e seus cabelos de fogo que se apagavam. 

Dei-lhe uma camisa velha de meu pai, que ficou super grande nele e uma calça de moletom. Ele colocou seu pijama e acomodou-se em sua cama, tendo que obrigatoriamente dividir espaço com Bichento.

Após colocar o meu pijama, apaguei as luzes, me acomodei entre os lençóis e me inclinei para poder ver Draco na cama baixa ao meu lado.

- Está confortável? – eu perguntei. – Você está com frio? Quer mais um cobertor.

- Hermione. – ele disse com seu sotaque britânico que lhe soava tão característico e fofo. – Eu estou bem.

Mesmo no escuro era possível ver seu sorriso.

- Boa noite, Draco. – eu sussurrei.

- Boa noite Mione. – ele disse entre um bocejo e outro.

Automaticamente comecei a bocejar também.

Eu fiquei ali, observando o loiro praticamente desmaiar de cansaço na penumbra do quarto fresco sentindo o tão familiar cheiro de minha cama.

No limiar da consciência, porém, eu senti algo arder contra minha pele. Preguiçosamente relutante, fisguei o objeto circular que estava caído em baixo do travesseiro, perto do meu braço desnudo.

Analisei a pequena moeda contra a luz que vinha da rua atravessando a janela, e dei um fraco sorriso para o nada.

“Boa noite Hermione” estava escrito na moeda.

Fisguei minha varinha que estava ao lado do travesseiro e em um último ato consciente respondi-lhe.

Sorri também ao ter a idéia de dar uma moeda dessas para Draco. Era mais segura que corujas, e também mais rápidas.

“Boa noite Fred” deixei meus olhos caírem enquanto eu era engolida pela escuridão.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado, ficou meio fraco, mas já já melhora ;)
*Malfeitofeito*