Escolhas - Fred e Hermione escrita por penelope_bloom


Capítulo 28
Destination, Time and Socks


Notas iniciais do capítulo

*Jurosolenementequenãovoufazernadadebom*
MANO QUE REVIEWS FOFOOOS ^-^
Então eu ainda não respondi por que eu só dei uma entradinha rápida para postar, afinal, minhas leitoras lindas maravilhosas não podem esperar.
Bem minha semana de simulados começou, mas eu já tenho alguns capítulos prontos, então não vou demorar muito para postar *-*
ps:Capítulo sem muito romance, mas crucial para a história :X



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VINTE OITO:

- Bruxos relatam ao transcorrer da história sonhos proféticos, que em geral ocorrem com aqueles que brincam ou brincarão com o tempo. – a professora de Runas Antigas falava.

- Brincarão? – uma garota da Corvinal, cujo nome não é importante, perguntou.

- Sim.

- Mas como eles podiam ter visões como conseqüência de coisas que ainda nem fizeram? – ela disse em tom de ridículo.

- Vejo que a senhorita vê o tempo como algo Linear, um destino imutável.

A turma ficou em silêncio, eu parei de fazer minhas anotações e comecei a prestar atenção nas palavras da bruxa grisalha e esguia.

- O tempo – ela disse pegando um giz e fazendo uma linha vertical no quadro negro. – e visto por muitos desta forma.

Um silêncio sepulcral se instalou na sala.

Se eu fosse Fred, berraria bem alto só para ver as reações que os alunos teriam. Seria engraçado. Mas eu não era Fred e não iria assustar meus colegas na base do berro.

A professora passou a mão no quadro, apagando a linha e fazendo um circulo para logo em seguida enchê-lo de linhas concorrentes. Como se fosse um grande asterisco, só que com mais linhas.

- O tempo, é assim. – ela largou o giz. – tem um formato esférico, e cada ponto da nossa “linha” do tempo está conectado com infinitas outras linhazinhas que nos ligam com outros momentos e outros pontos de nossa vida. Logo não existe um Dumbledore, por exemplo, existem infinitos Dumbledore, cada um em um determinado ponto dessa circunferência. O Dumbledore de 20 anos não morreu nem envelheceu, ele continua o mesmo, repetindo os mesmos atos, paralelamente à nossa realidade, paralelamente ao Dumbledore de 150 anos.

A turma fazia agora várias outras anotações, eu, porém apenas encarava a professora com os ouvidos atentos.

- Quando temos o chamado Dejavú, é por que nossas mentes pegaram carona com uma dessas linhas que atravessam a circunferência e fizeram uma rápida viagem, presenciando alguns segundos do nosso futuro ou passado. Já é sabido, que usamos 5% de nossa capacidade cerebral, então somos muito limitados nesse assunto. Nossa sensação de espaço tempo é linear – ela disse voltando a fazer um risco no quadro – e não conseguimos controlar, nem prever, quando vamos pegar um desses desvios para o futuro.

- Professora, mas o que a senhora quis dizer com “Brincarão com o tempo”? – eu perguntei com as feições sérias.

- Bem, quem aqui conhece “Vira-Tempo”? – ela perguntou para turma.

Boa parte dos alunos levantou a mão.

- E alguém sabe como funciona? – ela disse voltando ao quadro e desenhando o que me parecia ser um Vira-Tempo.

- Você dá um determinado número de voltas para voltar à quantidade de horas que deseja voltar no passado.

- Mais ou menos... – ela disse virando-se para o quadro.

Em uma das linhas que atravessavam o circulo ela passou fortemente um giz cor de rosa em cima.

- As linhas que interligam passado, presente e futuro, são muito finas, de modo que quando as atravessamos, apenas observamos o que aconteceu ou vai acontecer. – ela olhou para a turma. – o Vira-tempo, tem a capacidade de construir um caminho entre o ponto que você está – ela apontou o inicio da reta rosa que estava sobre um ponto da circunferência – e para onde você quer ir – ela traçou a reta rosa até o fim, levando até o lado oposto da circunferência.

Ela olhou para a turma deixando que as palavras fossem absorvidas

- Mas o que faz disso tudo muito perigoso, é o fato que você não vai em mente para o passado, você vai em corpo. Se Dumbledore usasse um vira-tempo, o Dumbledore de 150 anos deixaria de existir hoje, e iria visitar o Dumbledore de 20 anos. – ela rabiscou novamente na linha. – Ocorre então um desequilíbrio na Linha do Tempo de Dumbledore, afinal, teremos 2 Dumbledore nesse ponto – ela indicou o fim da reta rosada – e nenhum Dumbledore nesse ponto. – ela indicou o inicio da reta onde deveria haver um Dumbledore de 150 anos.

- Então os sonhos são uma mensagem da nossa linha do tempo, dizendo que o eu do futuro desregulou a minha balança do tempo? – eu disse começando a sentir minha respiração pausar.

- Exatamente! – a professora olhou para mim. – A linha do Tempo manda visões da sua vida, em como ela seria, sem ser alterada, e de como ela ficará se o “você” do futuro voltar no tempo e acabar mudando algo!

- Mas e se eu começar a ter sonhos mostrando coisas ruins.

- Quando você chegar no ponto da Linha, em que você deverá escolher se volta ou não no tempo, é como se o tempo te desse uma chance de escolher o certo para que aquilo não aconteça.

- Mas como eu sei que aquilo que vai acontecer é conseqüência por eu ter voltado no tempo? E se aquilo for acontecer justamente por que eu decidi não voltar no tempo?

- Bem senhorita, eu não sei muito sobre o assunto. Mas creio que o tempo goste de pregar peças, e que ela mostre apenas o suficiente para te confundir. Por isso que coisas horríveis acontecem aos bruxos que mexem com o tempo. Muitos ficam loucos, paranóicos ou então eles simplesmente deixam de existir já que os sonhos que o seu ‘eu’ anterior vai ter podem ser tão perturbadores a ponto de fazer o ‘eu’ do passado se matar. E sem o passado não há presente.

- NÃO! PAREM! POR FAVOR! POR FAVOR! – ele gritava em algum lugar da minha mente.

Não podia ser. Eu nem se quer possuía um Vira-Tempo.

E quem podia estar berrando daquele jeito tão horrendo?

Minha respiração começou a se intensificar. Eu precisava contar para alguém. Alguém que acreditasse em mim e soubesse o que fazer.

Fred? Não. Não quero incomodá-lo com isso, e ele certamente diria se tratar apenas de pesadelos.

Luna? Não. Ela anda cuidando tão bem de Draco. Vou deixá-la em paz.

Draco? Muito menos. Ele anda cada dia mais pra baixo, sempre falando comigo como se fosse me perder em breve, não quero importuná-lo.

Lilá? Até parece.

Harry? Nem pensar, desde que voltamos de férias ele anda preocupado com as aulas de Dumbledore. Parece que as peças se encaixam e todas apontam para o pior.

Gina? Contaria para Harry.

Ron? Acho que ele é meu amigo suficiente para guardar segredo.

-... Na próxima aula escreveremos 20 cm de pergaminho sobre a co-relação entre as Runas Greco-romanas e a criação do Vira-Tempo em 1612.

Copiei a tarefa sem caprichar na letra, e assim que acabou a aula fui a primeira a sair correndo rumo ao grande salão.

Era uma quinta-feira gostosa e a neve havia cedido. Possivelmente teríamos aula de esportes amanhã devido à melhora do clima.

Passei os olhos pela mesa do almoço e lá estava ele. O ruivo por quem eu já havia sofrido, com sua boca cheia de comida e suas mãos protetoramente ao redor do prato.

Sentei-me em meu usual lugar entre Rony e Harry. Fred e Jorge conversavam com Lino sobre quando iriam testar o novo produto, felizmente Harry e Gina também conversavam com lilá. Logo, não notaram quando eu praticamente arrastei Rony para longe do prato.

- O que você quer? – ele disse assim que engoliu a comida.

Estávamos no corredor do lado de fora, alguns primeiranistas passeavam ao nosso redor.

- Preciso de ajuda. –eu disse olhando para os lados.

- O que houve?- ele abandonou o tom rabugento.

Resumi-lhe a história do vira-tempo e contei-lhe sobre meus sonhos.

- Você acha que a Hermione do futuro possa estar fazendo uma mancada?

- Eu não sei. Mas não sei o que fazer. E se eu perder um de vocês? – eu engoli o choro e mantive a voz firme.

- Fale com Dumbledore. – Rony sugeriu.

Dumbledore? Perfeito.

- Rony, você é um gênio! – eu abracei-o rapidamente e saí correndo rumo ao salão principal, onde em lugar de destaque o senhor de cabelos alvos e barba clara enfiava um pedaço realmente grande de torta na boca.

- Professor. – eu disse meio ofegante ajeitando meus cabelos que haviam se bagunçado na corrida. – O senhor tem um momento.

Dumbledore acabou de engolir sua torta e deu um gole do que me pareceu ser suco de abóbora.

- Parece-me aflita senhorita Granger. – ele olhou-me por cima de seus óculos meia-lua. – prefere conversar em meu escritório?

- Se não for importuná-lo. – eu disse recebendo olhares curiosos dos outros professores.

Snape largou o garfo e começou a me olhar. Desviei o olhar já que tinha certeza que ele estava tentando entrar em minha mente.

- Não será um incômodo – ele levantou-se de sua cadeira ornada em detalhes dourados e majestosos e passou a mão pelas minhas costas, conduzindo-me para que saíssemos.

Andamos em silêncio pelos corredores calmos do colégio até pararmos na frente da gárgula que dava acesso ao escritório do diretor.

- Torrão de açúcar. – ele disse.

Logo a gárgula abriu-se e deu passagem para a escada que subia rumo ao escritório do diretor. Pegamos carona da escada que se movia.

Chegamos ao seu escritório que estava como sempre calmo e tranqüilo. Raios de sol quentes entravam pela janela ampla deixando o lugar com um ar de casa de veraneio. Aquela varanda com rede que você senta depois do almoço para tirar um cochilo enquanto sente a brisa do mar e sol lhe esquentar a pele enquanto alguns cachos da vizinhança latem ocasionalmente e é possível ouvir os sons do mar.

- Então senhorita. – ele contornou sua mesa se acomodou em sua cadeira grande e aconchegante. Ele indicou-me a cadeira em sua frente para que eu me sentasse.

Sentei-me e como sempre fazia observei sua sala. Fawkes limpava suas penas, o seu relógio sem ponteiros, mas sim com doze planetas oscilavam

- Bem. Eu tenho tido sonhos horrendos e reais, e hoje na aula a professora de Runas, estava explicando os mecanismos do tempo, destino e...

- Acha que seus sonhos são presságios? – Dumbledore estava agora com as mãos enlaçadas sobre a mesa.

- Não tenho certeza. Mas se encaixa. – eu disse temerosa.

- E com o que a senhorita sonha? – o velho bruxo tinha o olhar instigado.

- Eu não sei. Não vejo rostos, não reconheço vozes, mas eu sinto as dores como se fossem minhas, eu sei que o que acontece é comigo, embora eu não faça idéia de onde, por que ou com quem. – eu bufei.

Aquilo parecia àquelas conversas de bêbado:

“Onde fica aquele lugar? Como faço para chegar lá?”

“Aquele onde passa uma rua?”

“Sim esse mesmo, com uma rua bem dura e com várias casas com telhado!”

“Ah, certo, você tem que pegar aquela estrada, seguir por aquele caminho e lá você dobra na esquina perto daquele prédio, sabe?”

“Aquele prédio com paredes?”

“Esse mesmo!”

- Você poderia me mostrar. – Dumbledore sugeriu recostando-se na cadeira. – Se importa?

Fiz que não com a cabeça e o bruxo passou a me encarar de modo intenso. Seus olhos azuis cintilantes pareciam queimar-me por baixo de seus óculos meia lua. Ele deu um aceno de varinha e sussurrou um baixo “Legilimens”. A sensação de ter a mente vasculhada é estranha, é literalmente como se pequenas mãozinhas passeassem dentro da minha cabeça.

- Vadia é a sua bunda! – eu disse perdendo a calma e me sentindo extremamente ofendida - Enquanto você estava por aí, se esfregando com o Dino, Harry estava resolvendo questões realmente importantes. – eu disse de modo bem rude. – você sabia que Horácio foi professor da mãe do Harry, e que ela era uma das suas alunas prediletas? Pois é Gina. E você sabia que devido a uma informação que o Slughorn deu a Você-sabe-Quem, ele se tornou o que é hoje? Pois é Gina. – a ruiva estava vermelha, mas de vergonha – E você sabia que Harry teve que passar por cima da dor dele para poder conseguir uma informação crucial na batalha contra Você-sabe-Quem? Pois é Gina.

Sim eu exagerei na história para deixá-la mal. Ela agora estava quase chorando de vergonha... Ou seria por Harry?

 – Então Gina, depois de tudo que ele passou, ele precisou de uma amiga, e eu estava lá, como SEMPRE vou estar. Eu estou pouco me fodendo se você quer ou não que eu trate meu amigo como ele merece. Eu estou com ele nesta maldita guerra e quero que você saiba que não tem espaço para crises de descontrole entre o nosso lado. – eu respirei sentindo os olhos meus arderem. – Pegue esse seu ciúme enfie no seu cu e pode ir para o inferno! – eu berrei concluindo meu pensamente.

Acho que nunca falei tantos palavrões juntos.

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- Granger, Granger... Tirando uma casquinha né? – Lino deu um rasante com sua vassoura e emparelhou conosco.

- Vai pro inferno Lino. – Fred respondeu.

Eu fiquei na minha, estava muito assustada calculando o peso que eu chegaria ao chão caso eu caísse.  Multiplica ali, divide... Aqui deve ter uns cinco metros de altura... Aproximadamente 240 kg. Íamos fazendo as voltas e passando rápido pelas arquibancadas que pareciam ser um turbilhão de cores.

- Hermione, você está meio verde. – Lino gargalhava.

- Quando eu descer daqui, você vai ver só Lino! – eu disse imóvel.

Lino gargalhou e em um movimento exibicionista ele mergulhou com a vassoura passando por baixo de nós e indo para o lado contrário do campo.

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Ele beijou minha bochecha longamente e se afastou.

- Boa Noite Hermione. – ele sorriu.

- Boa Noite Fred. – respondi.

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- Sabe, eu estava pensando, bem que podíamos seqüestrar Luna e fazer dela nossa elfa doméstica cozinheira. – Fred veio até a cama.

- É uma boa idéia. – eu sorri para ele, encostando minha cabeça sobre o travesseiro macio. – só que Draco viria junto.

- Eu já disse que sempre vai ter um tapete para a Doninha aqui em casa. – ele disse rindo e sobrepondo seu corpo ao meu.

- Você é terrível. – eu disse rindo

- Mas falando sério, o garoto é só osso, ele pode dormir na dispensa, ou ao lado das vassouras. Nada melhor do que um agregado portátil!

Eu ri da idéia de colocar Draco para dormir ao lado das vassouras.

- E você poderia dormir na geladeira, junto com as outras cenouras. – eu disse maldosa ainda rindo.

- Mas faz frio lá. Eu congelaria. – ele choramingou roçando os lábios em meu pescoço.

- Temos um sofá... – eu sugeri fechando os olhos.

- Ainda seria frio. – ele mordiscou meu pescoço enquanto eu passeava com os dedos pelas costas molhadas do rapaz, sentindo a água de seu corpo molhar-me e gerar-me arrepios,

- Sabe, acho que você poderia ficar na cama, comigo, qualquer coisa eu te esquento.

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- Não! Soltem ele! – eu gritava desesperada.

Ele aproximou seu rosto ofídico e eu tremi. Não de medo, mas sim de raiva. Era algo doentio, chegava a ser doloroso.

Senti aquilo novamente. E pela primeira vez desde o meu primeiro ano em Hogwarts, eu quis ficar viva, eu precisava.

- Então minha cara, seria para quando? – ele me olhou e eu senti repulsa.

Eu fiquei calada. Dois homens me seguravam e eu agora chorava desesperadoramente.

- Responda-me! – ele guinchou em sua voz nojenta.

Eu me recusei a falar. Eu desviei o meu olhar até onde ele estava. Ele estava caído no chão sangrando, me olhando. Uma careta de dor surgiu em meu rosto, algumas lágrimas escorreram. Eu não agüentaria o perder. Não mais uma vez.

- Crucio! – Voldemort sibilou.

Como se mil agulhas quentes perfurassem meu corpo eu me dobrei de dor. Eu berrei em tom agudo, eu quis morrer. Mas eu não podia, não podia abandoná-lo, Comecei a sangrar e sabia que iria perdê-lo.

- NÃO! PAREM! POR FAVOR! POR FAVOR! – ele gritava em algum lugar da minha mente.

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O lampejo verde veio em minha direção

 e eu senti meu peito se espremer em desespero.

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- Imortalis Amortis. – eu murmurei sobre o pulso esquerdo de Draco.

Fios finos foram se tramando entre si formando um delicado cordão verde escuro que se prendeu sobre seu pulso.

- É um feitiço de afeição. Enquanto eu me preocupar com você, esse cordão vai existir. – eu toquei o cordão com a ponta da varinha. – sempre que você se sentir mal por causa do que você teve que se tornar, olhe para ele, e lembre que quando isso acabar, eu não vou te julgar. Eu vou estar aqui. E se um dia, sua mãe estiver segura, e você puder lutar pelo lado certo, você será sempre bem vindo.

- E como eu vou te achar?

Eu ergui meu pulso e mostrei um cordão igual ao dele em meu pulso.

- Eles estão ligados. Você vai saber na hora.

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Ela então com o corpo vibrando levemente levantou os olhos com pupilas desfocadas e enormes. Em uma voz gélida e cavernosa, como se alguém falasse por ela, ela disse as seguintes palavras:

Uma escolha deve ser feita. Entre dois amores, entre dois inocentes. Entre os de sangue por ele considerado sujo, a última treva será plantada. A última parte deverá ser expurgada para que a história não se repita. A escolha feita com o coração alterará os rumos naturais, mas mesmo assim alguém que se ama lhe será tirado. Uma vida pela outra, a morte não parte de mãos vazias.”

A sensação de ter a mente invadida se foi, e eu saí dessas lembranças voltando ao escritório de Dumbledore.

O velho bruxo me olhava com um misto de choque e surpresa.

- Sua vida é bem agitada senhorita. – ele disse voltando a se recostar na cabeça. – sinto por ter visto mais algumas coisas, suas emoções eram tão fortes que me sugavam para estes momentos. Eu não esperava tanta intensidade.

- Sinto pelas palavras chulas. – eu disse corando ao me lembrar de minha discussão com Gina.

Santo Hades, obrigado por ele não ter visto nada mais... Embaraçoso.

- Pelo visto a senhorita se aproximou muito do senhor Malfoy. – ele esgueirou seus olhos espertos pelo meu pulso, onde o cordão verde estava firme e forte.

Então eu notei algo.

 Eu havia mostrado a Dumbledore o fato de Draco ser um comensal!

 Minha respiração se tornou irregular e meus instintos de pseudo-irmã super protetora quase me fizeram lançar um “Obliviate” em Dumbledore para apagar-lhe a memória.

Seria algo estilo: “Sinto muito, mas você sabe demais”.

Dumbledore começou a rir. Provavelmente tinha pescado este pensamento.

- Não se preocupe senhorita, manterei meus lábios selados. E além do mais, isso não é surpresa.

Minha vez de ficar surpresa e chocada.

- Senhor?

- Digamos que eu cuido de Draco bem de perto. – ele piscou-me rapidamente com um sorriso brincando nos lábios repuxados. – e entenda que minha vigilância deve ser mantida no completo sigilo.

- Claro. – eu apressei-me em dizer. – Professor, o senhor sabe qual é a tal missão que Draco deve cumprir?

Ele ponderou por uns momentos e analisou-me longamente.

- Não é nada que ele queira fazer.

- Sei que ele deve matar alguém. – eu olhei-o de modo fugaz.

Dumbledore riu-se e me olhou divertido.

- A Senhorita realmente é muito inteligente. E temo que sua conclusão seja correta, mas por ora, é melhor que aproveite os tempos calmos que ainda tem com o senhor Malfoy.

Por mais que ele tenha dito isso de forma tranqüila e descontraída, vi um relance de pesar passar por seus olhos azuis lívidos.

- Quanto aos seus sonhos, eles não me impressionaram. Isso pode ser tanto profético, quando simples pesadelos. E de fato, eles são muito confusos para obtermos conclusões, não deveria se preocupar. Ao menos não por ora. – ele sorriu tranquilizadoramente e passou seus dedos murchos e pretos por seu bisbilhocópio que repousava sobre a mesa em sua frente. Sua mão parecia muito mais necrosada do que no começo do ano. – Contudo, pergunto-me se não ficou um tanto quanto incomodada quanto à visão de Sibila.

Ponderei por uns instantes e suspirei pesadamente.

- Isso tem me tirado o sono. – admiti.  – A morte não parte de mãos vazias. Lindo! – eu disse em escárnio – isso significa que no fim eu vou perder alguém.

- Senhorita, estamos em guerra, pessoas que amamos nos serão tiradas. – ele disse sereno.

- Uma escolha deve ser feita. Entre dois amores, entre dois inocentes. – eu recitei o começo da profecia – Não vê? Depende de mim. Entre duas pessoas que eu amo, uma delas eu deverei escolher para matar! – eu disse fazendo um tremendo esforço para não embargar a voz. – fico imaginando e tendo pesadelos, não sei se terei que escolher entre meu pai e minha mãe, ou entre Fred e Harry, ou entre Draco e Rony, Luna e Gina, Lino ou Jorge.

- Lembre-se, que pode se referir a pessoas que você ainda nem conheceu. – Dumbledore murmurou.

Lancei-lhe um olhar do tipo: “Não está ajudando”.

Ele voltou a rir.

- O que quero dizer, é que nós humanos, não conseguimos percorrer livremente entre os tempos paralelos de nossa vida, por que não sabemos lidar com isso. – seu tom sábio e enigmático característico – o futuro é algo subjetivo e incerto. Isso pode acontecer, ou não acontecer. O destino não é algo inflexível. Não se preocupe, aproveite o momento, pois até onde sei você pode muito bem tropeçar na escada, cair e quebrar o pescoço. – ele deu de ombros.

Arregalei os olhos. Dumbledore sabia como acalmar alguém.

- Creio que a Professora sibila já tenha profetizado algo do gênero. – eu disse sarcástica. – Oh, não! Desculpe-me, ela disse que eu seria esfaqueada e esquartejada pelo maníaco da machadinha, e meus restos seriam transformados em confetes e jogados da torre de astronomia. – eu comecei a sorrir. – Ou será que ela disse algo sobre um trágico acidente em que eu levaria um tombo, cairia desmaiada em cima do meu prato de leite e cereais e acabaria por morrer com leite nos pulmões?

Dumbledore riu-se mostrando os dentes brancos.

- A morte por afogamento no cereal me parece mais trágica. – o bruxo disse retomando sua compostura.

- Certo, lembrar-me-ei de dar preferência por esta morte. Sugere-me alguma segunda opção? – ironizei.

- Ser devorada por formigas carnívoras amazônicas. – ele disse com seu sorriso de Mona Lisa.

- Excelente. – eu disse sorrindo.

Acabei por matar metade da aula de Runas enquanto conversava com Dumbledore sobre mortes estúpidas. Ele ficou decidiu que sua primeira opção seria morte por apertar demais o nó da gravata e acabar quebrando o pescoço por acidente e em segunda opção morrer sufocado por dormir com o rosto contra o travesseiro.

Ficamos falando sobre táticas de boliche, jogo que era muito estimado pelo bruxo, e como ele conseguiu deixar uma bola cair no pé do irmão mais novo, a única vez em que saíram para jogar boliche. Ele, Abeforth – seu irmão mais novo – e Ariana – a caçula da família. Foi um ano após a morte de sua mãe, e ele disse que foi a melhor tarde de sua vida, mesmo que Abeforth tenha se vingado pelo dedão quebrado e atrapalhado o que teria sido uma série de 3 strikes perfeitos.

Conversamos sobre o F.A.L.E. e ele riu sobre minhas histórias em quando eu tentava converter elfos para se libertarem.

- Deixava meias espalhadas pelo salão comunal da grifinória? – ele me perguntava divertido.

- Meias e gorros. – eu disse orgulhosa.

- Isso explica por que tantos elfos se recusam a limpar o salão da grifinória. – ele riu e eu acabei por acompanhá-lo. – Explica também o porquê do elfo Dobby andar sempre com não menos do que 15 meias e no mínimos uns cinco gorros.

E lá fomos nós rirmos novamente. Esta era a primeira vez em que Dumbledore e eu conversávamos sem ser sobre Harry e sem ter alguém morrendo.

Ele era um bruxo fascinante, e o carinho que eu tinha por ele chegava a ser maior do que o carinho que eu tinha pela professora Minerva.

- A senhorita não tinha um texto para entregar nesta aula? – ele olhou-me divertido.

Eu comecei a rir culpada.

- Mas conversar com o senhor é tão legal. E escrever sobre Runas me torra o cérebro.

Ele me olhou de um modo triste. Tão triste que me fez ficar triste. Seus olhos tristonhos escondiam a dor e ele suspirou longamente.

- Convivo com a senhorita nos últimos 5 anos, e ainda assim, nunca conversamos muito não é?

- Sabe como é, quem é amigo de Harry vive ocupado salvando o mundo.

- E que tal a senhorita trocar um longo texto de Runas, por algum tempo tricotando? – ele disse levantando-se e indo rumo ao seu longo armário em que a fênix repousava.

- Tanto tempo que eu não tricoto. – eu disse observando o velho bruxo.

Ele abriu a porta do armário e fez um som de aprovação tirando de dentro uma cesta de palha escura, pareciam aquelas que são usadas em piqueniques.

Repousou a cesta sobre a mesa e puxou uma cadeira perto da minha, sentando-se ao meu lado.

- Eu também tenho andado sem tempo para tricotar. – ele abriu a cesta e tirou alguns novelos e agulhas de tricô.

Entregou-me duas agulhas azuis e pegou as suas em que já havia um cachecol quase pronto.

- Escolha o seu novelo, e pode começar.

Ele recostou-se na cadeira e começou a finalizar o que fazia.

Ficamos assim o resto do período letivo, tricotando e jogando conversa fora. Ele me ensinou um tipo de ponto novo, e eu aprendi com maestria. Conversamos sobre os mais diversos assuntos e eu me dobrava de rir.

Fiz-lhe um par de meias roxas com listras horizontais violetas.

Ele finalizou seu cachecol e me deu de presente. Era azul com detalhes roxos nas pontas.

Ele abriu uma garrafa de suco de uva branca que bebemos na companhia de deliciosos pães de mel feitos pelo próprio Dumbledore. Continuamos nosso lanche rindo, conversando, jogamos uma partida de cartas, eu lhe ensinei a jogar forca e ele me ensinou algumas palavras em sereiano.

E quando me dei em conta, o tempo havia voado e já estava na hora da janta. Acompanhei o bruxo pelos corredores.

- Senhorita, foi uma tarde memorável. – ele disse antes de entrarmos no salão principal.

- Temos que repetir a dose. – eu sorri-lhe.

- Isso seria excelente. – ele retornou a usar seu tom de voz melancólico.

E então algo que eu não esperava aconteceu. Dumbledore se inclinou em minha direção e abraçou-me.

Seus braços magros me envolveram com firmeza e eu pude sentir o aroma de alcaçuz vindo dos cabelos do velho, enquanto notava sua falha respiração perto do meu ouvido.

Por que aquilo me soava como uma despedida?

Não pude conter e meus olhos acabaram por fica marejados e eu comecei a ter aquele mesmo sentimento protetor que eu tinha em relação à Draco e Harry.

- Vai ficar tudo bem. – a voz apaziguadora soou enquanto ele afagava meus cabelos.

Afirmei com um balançar de cabeça e me afastei do bruxo.

- Mande meus cumprimentos aos demais. – ele sorriu. – agora com licença que vou exibir minhas meias novas.

Ele levantou rapidamente suas vestes e mostrou-me orgulhoso a meia roxa de lã que eu havia feito para ele.

Entramos no salão e caminhamos juntos até o ponto em que nos separávamos.

Sentei-me entre Harry e Rony.

- Até mais Senhorita Granger.

- Até mais professor. – eu sorri-lhe.

Ele continuou seu caminho até seu lugar na mesa dos professores, onde posso jurar vi-o exibindo suas novas meias à professora Minerva que ria-se do diretor.


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Notas finais do capítulo

THANS!
Na moral, quem dera eu tivesse um diretor assim T-T
Por hoje é tudo pessoal "/
*Malfeitofeito*