VINTE:

Eu acordei. Mas não queria abrir os olhos.

E se fosse tudo um sonho?

Não eu não ia arriscar. Vou morrer antes de me permitir sair desta cama. Merlin pode descer na terra, nada me fará levantar dessa cama.

Nada, exceto uma legião de garotas doidas pulando em cima de mim.

- Hermione! – diferenciei a voz de Gina – pode nos contar os detalhes!

Fui forçada a abrir os olhos. Gina, Lilá, Parvati e Luna estavam amontoadas na minha cama.

- Detalhes? Ora, não tem nada demais nisso.

- Boa tentativa... Vamos, me conte como foi! Me disseram que ele quase bateu no Córmaco! – Parvati sorriu.

- Foi normal... – com normal eu quis dizer, completamente maravilho, de um jeito que chegava a doer – ele disse pro Córmaco que eu era dele e só dele...

- Ele te disse isso? – Luna disse sonhadora. – Que coisa linda, e a música que ele botou para vocês, foi tão perfeita. O Fred é um Deus! – ela riu, as outras garotas, com exceção de Gina, suspiraram.

Olhei para Luna enciumada. Ron, Draco... Se ela chegar perto de Fred eu juro que parto para a briga.

- E mais cedo, ele me salvou dos sonserinos babacas. A vaca  vadia, lambisgóia desalmada, vagabunda rasgadeira, projeto de Morgana, jararaca mal comida, aborto dos infernos, meleca de trasgo, gonorréia ambulante, víbora pretensiosa, criatura obtusa da Pansy quase estragou minha noite! Não fosse o Fred eu teria passado o baile na enfermaria – sorri.

[N/A: Créditos dos xingamentos à nossa amada Spicy, que tem um grande talento em ofensas e ameaças de morte]

- Conta isso direito. – Gina disse praticamente pulando em cima de mim.

Ri bobamente e contei para elas sobre a noite anterior. Reservando algumas partes para contar exclusivamente à Gina mais tarde.

***

- Pára Fred. Assim eu vou errar a poção! – eu disse rindo enquanto tentava colocar as pétalas de lírio na mistura.

Ele sorriu e mordiscou minha bochecha.

- Seus pais deixaram você passar o natal lá em casa? – Fred perguntou adicionando o alecrim que faltava.

- Sim, mas... – eu hesitei. – tudo está tão incerto... Não sei se vou poder passar outro natal com eles. – eu disse mexendo a poção e mordendo o lábio inferior de preocupação.

- Chame sua família para vir junto. – ele disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Eu sorri.

- Tem certeza? Quer dizer... Não é meio cedo para isso? – eu disse mudando o sentido que girava a poção.

- Eu te amo. Creio que devo agradecer pessoalmente o mais rápido possível aos responsáveis pela sua existência. – ele deu de ombros acrescentando Bálsamo à poção.

Eu ri revirando os olhos.

- Céus Harry! – ouvi Slughorn dizer. – Sua poção e a do senhor Weasley está perfeita!

Olhei surpresa para Harry, afinal ele já havia se livrado do livro do príncipe. De fato. A consistência leitosa, com a fumaça helicoidal característica estava perfeita.

- A de vocês também está excelente! – ele disse passando para o caldeirão em que Fred e eu trabalhávamos.

Ele saiu andando pela sala, e foi avaliar a poção do Malfoy, que fazia par com Blásio. Eles riram ao ver a cara do professor, que acabara de conceder cinco pontos para ambas às casas.

- Parabéns Harry! – eu disse sorrindo.

- Devo ter feito alguma coisa errada. – ele disse confuso. – nunca consegui fazer uma poção direito. Não sem cola. – ele deu de ombros enquanto Ron ria.

Eu revirei os olhos e dei um rápido beijo na bochecha dele.

- Harry, vai passar o natal com a gente certo? – Fred disse guardando a poção Ditamno em frascos.

- Sim. – Harry disse fazendo o mesmo com sua poção. – Já comprei os presentes. – ele sorriu.

O resto da aula foi normal.  Limpamos os caldeirões e saímos. Tinha sido a última aula daquela terça-feira e nós fomos aproveitar o resto de sol que vinha com o vento do que seria uma gelada noite.

- Harry me empresta a Edwiges? – eu disse enquanto me sentava ao lado de Fred sob o velho carvalho.

- Claro. – ele disse.

Mal dito isso, Edwiges que estava acomodada perto do dono deu um pio e andou até mim, esticando a pata. Embrulhei o pergaminho e prendi na bolsinha de couro.

- Muito obrigado Edwiges. Quando voltar, te dou um belo brioche, recheado com açúcar. – eu disse acariciando suas penas.

Ela deu um pio orgulhosa, como se concordasse com a proposta e saiu ruflando suas asas.

- A aula de literatura trouxa estava muito chata. – Gina disse encostando sua cabeça no peito de Harry.

- O que vocês estão vendo? – Harry quis saber.

- Parnasianismo. – Gina disse revirando os olhos.

- Céus isso é realmente entediante! – eu disse rindo. – a próxima matéria vai ser mais legal. Mencione o poema “Ismália” para a sua professora quando o assunto for simbolismo, que aposto como ela dá 20 pontos para Grifinória!

- Hermione, às vezes você me assusta. Você parece uma enciclopédia ambulante – Lilá disse rindo.

- Eu acho genial. – a voz sonhadora soou atrás de nós nos fazendo pular.

- Oi Luna. – eu disse após ter me recuperado do susto.

- Podemos nos sentar? – ela perguntou.

Notei que o plural se deva pela presença do loiro completamente sem jeito ao seu lado.

- Oi Draco! – sorri. – sentem-se.

Após meu convite Luna e Draco se sentaram na rodinha. Pela primeira vez na minha vida, eu não estava segurando vela. Agradeço à Merlin, se eu nunca mais precisar fazê-lo novamente.

- Então Malfoy, tem tentado matar alguém ultimamente? – Rony provocou.

Draco, que estava sentado ao meu lado ia responder, quando eu apertei seu ante braço, evitando que desse alguma de suas respostas preconceituosas e carregadas de sarcasmo.

- Para com isso Ronald. – Lilá disse em tom duro.

- Estávamos falando sobre simbolismo. – eu disse ignorando o clima tenso que se formara. – Algum argumento sobre?

- Mencione o poema “Ismália” que a professora te dá uns 20 pontos. – ele disse sorrindo.

- Eu não disse? – eu disse rindo.

- Então, eu estava pensando, podíamos sair nas férias de natal. Tipo, todos juntos. – Gina disse.

- É uma boa idéia. – Fred disse. – Harry e Mione podiam nos levar por um passeio pela Londres trouxa. – senti seus braços me envolverem.

- Seria legal. Podíamos ir no cinema. – Harry sugeriu.

- Dia 26? – Gina voltou a falar.

- Por mim pode ser. – Lilá disse.

- Por mim também. – Luna sorriu.

- Você vem Draco? – eu disse encarando o loiro ao meu lado.

- Não sei.

Os outros começaram a discutir empolgados enquanto Draco encarava o chão.

- Você vem né, Draco? – baixei o tom de voz. – Diga aos seus pais que vai ficar com Blásio. Você pode ficar na minha casa. – sussurrei.

- Vou tentar. – ele sorriu meio sem jeito. – Você e o Weasel, hein? Zoofilia. – ele caçoou.

Empurrei-lhe e dei um sorriso.

- Idiota. – eu murmurei.

- Nós podíamos acampar na sala precisa. – Luna disse aleatoriamente.

Todos a olhamos. O silêncio pairou entre o grupo.

- Por que não? – Fred rompeu o silêncio. – Já está tudo de cabeça pra baixo mesmo.

- Mas e se nos pegarem? – contestei.

- Ora Mione, nós somos monitores, damos um jeito. - Draco deu de ombros.

- Assim que eu gosto. – Fred disse empolgado. – hoje às 18:00  na sala precisa? A senha pode ser... Um lugar para dormir.

Houve um tom geral de concordância.

***

[N/A: Fiz essa parte escutando Nine in the Afternoon, Panic at theDisco, adoro essa música e acho que combina *-*]

Eu estava ligeiramente atrasada, e andava apreensiva com medo de alguém nos pegar. Eu já estava com meu pijama e levava Bichento em baixo do braço. Cheguei em frente a parede já conhecida e fechei os olhos. Pedi:

Um lugar para dormir

Assim que abri meus olhos pude ver uma porta arredondada e com bolinhas coloridas. Bem coisa de Fred.

Abri a porta e me deparei com uma zona extremamente confortável. O chão era todo forrado com almofadas, pufes espalhados pela sala, cobertores e almofadas coloridas. Tudo extremamente alegre. Assim que entrei notei uma placa vermelha.

“Não são permitidos sapatos, pantufas à esquerda”

Olhei para a esquerda da porta onde havia vários pares de sapatos, bem como varias pantufas. Não me incomodei em escolher uma pantufa, tirei os sapatos e fiquei apenas com as minhas meias coloridas.

- Mione, linda! Amei suas meias. – Lino veio até mim me abraçar e afagou bichento com grande entusiasmo, não perdendo a oportunidade de caçoar das minhas meias. – Você acaba de me fazer ganhar dois galeões. – ele beijou minhas bochechas. – Draco! Ela veio com o Gato! Ganhei a aposta!

Lino tratando Malfoy pelo primeiro nome? Estranhamente bom ouvir isso. Adentrei o mar de almofadas. Lino e Draco riam falando sobre algo. Blásio, Cho – para a minha surpresa – conversava com Jorge e Fred animadamente. Luna, Gina, Neville, Lilá, Ron e Harry jogavam algo que lembrava ser twister. Sorri ao ver aquela cena.

It looks like the end of history as we know,         (Parece o fim da história que conhecemos)

It's just the end of the world.                                    (é apenas o fim do mundo)

Tudo estava virado de cabeça para baixo. Sonserinos e Grifinórios riam juntos. Na mesma sala. O mundo em que cresci havia morrido. E parece que isso não era completamente ruim. Em meio a uma guerra, eu ainda podia sorrir. No fim é isso que importa não é? Amizade. No fim é tudo que se pode ter.

- Amor! – Fred sorriu ao me ver. – vem cá.

Eu sorri e andei até ele. Assim que me aproximei ele me puxou para um beijo. Eu fiquei completamente vermelha.

- Oi Cho, oi Blásio. Não sabia que vinham. – disse encabulada.

- Bem... Luna nos convidou – Blásio disse dando de ombros.

- Fico feliz que tenham vindo. – eu sorri genuinamente. – Certo, quem tem um violão? – eu disse me levantando.

- No armário. – Fred indicou uma corta vermelha no canto da sala.

- Accio Violão. – eu disse com a varinha em punhos.

Em poucos instantes lá estava o violão pertinho de mim. Peguei e comecei a dedilhar algumas notas. Eu havia aprendido algumas coisas durante as férias.

- Mione, foi você que estuporou a Pansy ontem? – Blásio perguntou

- Ela me atacou primeiro. – eu contestei.

Fred e eu começamos a narrar como havia sido. Blásio e Cho nos olhavam interessadíssimos na história.

- Mas da onde ela conhecia esses feitiços? Quer dizer... Isso é magia negra pesada.

- Não faço idéia. – Fred deu de ombros.

- E nem queremos saber. Nada de assuntos tristes por aqui.

- Ah, mas ver Pansy levar uma surra definitivamente não é algo triste. – Neville disse entrando na roda.

Rimos.

- Vocês viram o olho roxo que Córmaco estava sábado? – Neville disse se acomodando ao lado de Cho.

- Hermione... Andam dizendo que você se drogou em uma das festas do Córmaco. – Cho disse cautelosa. – É verdade?

Eu ri.

- Eu? Me drogar? – olhei para Fred, lançando-lhe um olhar cúmplice. – Cho, sou eu... Nerd lembra? Vergonha do próprio reflexo...

- Certo. – ela riu convencida que a idéia era completamente maluca. – Quem quer Jogar verdade ou conseqüência?

Abrimos espaço na roda todos jogamos, conversamos, cantamos e brincando até tarde. Quando estávamos cansados e o dia quase raiava distribuímos vitaminas para que todos tomassem. No meio das vitaminas, havia Pedras boa noite Cinderela moídas, para que no dia seguinte todos estivessem em perfeitas condições de viagem.

- Eu amo caixas de música. – eu disse conversando em voz baixa com Fred. – Nunca tive nenhuma, mas eu era apaixonada por elas quando era pequena.

- Você era estranha. – Fred

Eu estava deitada ao lado de Fred quando um pio ecoou pela sala. Edwiges estava apoiada no lado de fora da janela. A coitada estava quase congelando. Levantei-me até a janela e a abri rapidamente dando espaço para que a coruja entrasse. Assim que o fez estendeu sua pata me entregando o pergaminho.

Hermione,

Ficamos gratos com o convite, e se não for incômodo ficaríamos felizes em passar o natal com os Weasley.

Mande-nos o endereço, que ficaremos satisfeitos em ceiar com eles. Nós levamos o vinho.

Beijos, Mãe e Pai.

Abri um largo sorriso. Em um prato raso triturei alguns biscoitos para a bela ave e deixei água disponível para ela. Bichento foi fazer-lhe companhia.

Com um sorriso de orelha à orelha engatinhei pelas almofadas. Jorge e Lino dormiam um ao lado do outro, Lino ainda com um pedaço de chocolate nas mãos, perto deles Draco e Luna dormiam de mãos dadas. Aquilo me soava familiar e extremamente fofo. Lilá dormia abraçada com Ron. Blásio, Cho e Neville dormiam próximos à Harry e Gina. Cho e Neville estranhamente próximos. Fred estava bem no meio dos alunos desmaiados, com seus cabelos ruivos espalhados pelo tecido fofo do travesseiro verde que realçava o vermelho de seus cabelos.

Pisando em Harry sem querer ao passar finalmente me deitei ao seu lado, usando seu braço musculoso como travesseiro.

- Meus pais deixaram – eu disse empolgada.

- Que ótimo. – ele disse me acolhendo.

Não havia palavras suficientes para descrever como eu estava. Era tão bom. Eu me sentia tão plena, de um jeito que apenas os amantes podiam.

Fiquei ali. Olhando o ruivo piscar pesadamente. Cada linha em seu rosto era suavizada, e só o que sobrava era uma linha de riso em sua bochecha. Uma cova fraca, linda.

- Pensando no que? – ele perguntou de repente.

- No quanto eu te amo. – eu disse sentindo o corpo dele perto do meu.

- É a primeira vez que você diz que me ama. – ele disse em tom de constatação.

- Jura? – eu disse sentindo o cheiro almiscarado dele. – Já estava tão claro para mim... Achei que fosse tão obvio...

- De qualquer jeito. É bom ouvir isso. – ele deu de ombros. – Eu te amo. – vi-o sorrir.

- Eu te amo. – eu disse dando um longo selinho nele, sentindo minhas pálpebras pesarem.

- Boa noite Mione.

- Boa noite Fred.

Senti os lábios quentes dele moldarem-se aos meus, me tirando todo o ar. Meu coração, definitivamente, não era mais meu.

[N/A: RÁ! Depois de MUITOS capítulos de sofrimento, finalmente vocês podem guardar suas varinhas e apreciar a felicidade da Mione com nosso amado Fred.]