Escolhas - Fred e Hermione escrita por penelope_bloom


Capítulo 16
The Bet.


Notas iniciais do capítulo

*Jurosolenementequenãovoufazernadadebom*

Spicy, The_MissNothing, Nandaaxx, Shaunne_Lerman, Bells Tomboy, Liza.

São por causa desses nomes que eu vou desafiar a morte hoje - estou de catigo, e se minha mãe me pegar ela samba em cima do meu caixão. - e postar mais um Cap.

Eu juro que chorei lendo os reviews de vocês... São fofos, e inesperados, pois eu jamais sonhei que um dia, seis pessoas fossem gostar tanto a ponto e recomendarem minha fic.

Eu não costumo pedir reviews, e não fico brava com os meus amados gasparzinhos,mas a emoção de ter seu trabalho reconhecido, é a melhor coisa do mundo.

Então hoje eu dedico esse cap para vocês, as fofas que compartilham essa emoção 'fredionesca' comigo.


ps: Aqui, neste Cap. a cobra fuma, e a vaca vai pro brejo...
mas fiquem tranquilas, o grande dia está chegando... MUAHAHA'

PSS: Desculpa, mas eu costumo ser meio sádica com meus personagens... prometo que vou maneirar com a Mione, coitada.

Boa Leitura ^^



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DEZESSEIS:

Pov’s Fred

-Fred! – ouvi uma voz me chamar. Ignorei. Eu estava com sono. Senti um empurrão.

A contra gosto abri os olhos, Hermione estava a minha frente, com os olhos fechados, em um leve ressonar.

- Fred, o que você está fazendo? – Jorge cochichava.

Analisei o relógio que ficava na parede, logo acima da TV. Eram 7:30.

- Tentando dormir. – eu disse voltando a fechar os olhos.

- E posso saber por que você está quase em cima da Granger, de mãos dadas com ela?

Abri os olhos. Eu estava de fato com meu corpo próximo ao dela e nossas mãos entrelaçadas entre nossos rostos. Por um breve instante analisei a pequena que dormia em minha frente, serena e despreocupada. Meu coração ardeu, como se lhe jogassem água fervente, precisei de mais ar nos pulmões e tudo o que eu sentia era a minha pele contra a sua. Era como se milhares de ampère percorressem o meu corpo, me gerando súbitos arrepios, e sorrisos involuntários. Havia algo preso na minha garganta. Algo que eu precisava dizer. Algo que me assustava.

Decorrido dois segundos de confusos pensamentos e sensações, eu me separei dela, me sentando no colchão bem como Jorge havia feito.

- Não aconteceu nada. – eu disse sério.

- Fred, o que está acontecendo com você? – Jorge disse se levantando e indo ruma a cozinha. – isso não estava no acordo. Você não precisa fazer ela se apaixonar por você. Já achei um exagero a história do baile.

Eu me levantei e fui rumo a cozinha.

O acordo? Bem, no começo do ano, eu e Jorge suspeitamos que ela era afim do meu irmão, Rony. Então,conversa vai, conversa vem, durante a viagem Jorge disse que eu era diferente demais da Hermione, e que ela nunca confiaria em mim a ponto de confessar que gosta do Rony. E com a história do baile, decidi começar a pegar sua confiança desde cedo, convidando-a para o baile. Era uma aposta idiota, que eu estava ganhando.

Mas então algo aconteceu.

No dia em que eu e Hermione aterrissamos na aula de esportes, e eu a senti tão perto de mim, algo mudou. Eu me interessava por ela. Notei que ela era bem mais inteligente do que qualquer outra garota que eu conhecera. Notei que o que antes eu chamava de cabelo-de-vassoura, se tornara para mim, algo gracioso. Ela não precisava de maquiagem como as outras garotas, eu a achava bonita mesmo depois do treino de Quadribol. Notei que seus entediantes e comuns olhos castanhos, eram na verdade de um tom avelã lindo, que ficava cor de mel, quando ela olhava contra o sol. Afinal, o que estava acontecendo comigo?

- Eu não estou fazendo ela se apaixonar por mim. Ela ama o Rony, eu já te contei isso. Eu gosto dela como amiga. – eu disse aos cochichos – e a história do baile foi por que eu realmente quis ir com ela. Quer dizer, não no começo, mas depois acabou por ser uma ótima idéia. – eu disse esbarrando na cadeira sem querer fazendo um grande estrondo.

- Sim você já conseguiu provar para mim, que pode a fazer confiar em você, mas então por que anda tão grudado nela? Você vai machucar ela se continuar fingindo, é melhor acabar logo com isso.

- Bom dia garotos. – uma voz feminina e sonolenta soou atrás de nós.

Eu me virei apavorado, será que ela havia escutado a conversa.

- Vocês são muito barulhentos. – ela bocejou.

- Desculpe, não queríamos te acordar. – Jorge disse no mesmo tom temeroso. – Há quanto tempo está ai?

Ela se enrolou em seu chambre bege felpudo, um calafrio seguido por mais um bocejo percorreu seu corpo.

- Não muito. – ela deu de ombros andando até o fogão. – alguém quer chocolate quente? – ela separou uma leiteira e começou a separar os ingredientes.

- Dois no capricho. – Jorge disse novamente.

Eu permaneci em silencio, observando o jeito gracioso que ela esfregava os olhos sonolentos, com as costas dos dedos. O que diabos há de errado comigo?

- O que tem de errado com você hoje? – Hermione perguntou ao notar que eu a encarava.

- Sono. – menti forçando um bocejo.

- Certo. – ela deu um pequeno sorriso e voltou sua atenção ao chocolate quente.

Ela fez chocolate para todo mundo, e o manteve aquecido por magia. Despejou em grandes xícaras, estilo as do Hagrid, e botou todas em uma bandeja velha de prata que tínhamos. Separou uma cesta e encheu ela de biscoitos. Jorge esfomeado sem demora pegou sua xícara e deu um gole grande queimando sua boca, lhe gerando uma careta de dor.

- É o lema: antes queimaduras do que morrer de fome. – eu disse rindo dele.

- Exatamente. – ele riu. – Tinha uma época, que Fred queria enfiar a massa dos muffins na boca, enfiar a cabeça no forno ligado e criar os Muffins instantâneos. – Jorge disse para Hermione.

- Sim, nós até criamos um lema: Muffins Instantâneos... – eu fiz voz de locutor.

- ... E queimaduras de terceiro grau também. – Jorge finalizou.

Hermione ria alto.

- Vocês são doidos.

Voltamos para a sala onde os outros ainda dormiam. Harry e Gina abraçados de conchinha. Senti uma ponta de ciúmes, afinal ela era a minha caçula.

Hermione equilibrou a bandeja sobre a mesinha perto dos colchões, pegando duas xícaras, uma em cada mão.

Eu sacudi Harry bruscamente. Ele completamente desorientado se levantou, acordando Gina.

- Que safadeza é essa? – eu disse me divertindo com a cara preocupada de Harry. – Olha que mais uma dessas e eu conto pro Rony. – ameacei.

- Ah, Fred não enche. – Gina reclamou bocejando, seus cabelos completamente desgrenhados.

Hermione entregou a cada um deles uma xícara com o líquido fumegante, eles sorriram. Ela pegou mais uma xícara e delicadamente botou as mãos sobre o ombro de Ron.

- Rony, acorda. – ela soprou o rosto dele.

Uma pontada muito estranha surgiu em mim. Era um amargo na garganta e um calor que subia pela espinha. O jeito como ela olhava para ele, era ridículo. Ele nem ao menos gostava dela. Pelo menos não do mesmo jeito que ela. E ela sempre lá, apoiando ele, fazendo trabalhos para ele, cuidando dele.

O folgado do meu irmão acordou e se espreguiçou.

- Bom dia. – ela sorriu para ele.

Ela lhe entregou a caneca com chocolate, e ele aceitou de bom grado.  

- Certo, hoje vamos ver Clube da Luta. – Jorge disse se levantando.

- Boa! – Ron comemorou agora mais acordado.

Harry ia providenciando o filme enquanto eu me atirava no sofá.

- Vai querer? – Hermione se sentou ao meu lado e me estendeu uma xícara, bebericando a outra em sua mão.

Aceitei a caneca e dei um bom gole. Estava delicioso, amanteigado e com um toque de canela. Que Molly Weasley não me ouça, mas o chocolate quente da Hermione era melhor que o dela.

O dia estava chuvoso e frio, uma nuvem de fumaça saia ao respirarmos, e a lareira apagada não ajudava com o frio cortante.

Harry botou o filme e todos nos ajeitamos para assistir. Eu e Mione, encolhidos no sofá. Jorge, Ron, Harry e Gina nos colchões.

- Bom dia, Família. – Gui falou ao pé da escada.

- Oi. – todos disseram em uníssono.

- Estamos vendo filme. – Hermione disse. – quer se juntar a nós Milord? – ela usou um tom de voz honroso.

- Pois não, Madame. – Gui andou até nós.

Tomando cuidado para não pisar em ninguém, veio até o sofá e se sentou ao lado da Hermione. Esta para lhe dar espaço se aproximou de mim, ficamos assim, braço à braço.

O filme começou, mas eu prestei pouca atenção. Estava muito ocupado prestando atenção no calor que irradiava do corpo dela para o meu. Estava prestando atenção quando ela encostou a cabeça no meu ombro, e eu pude sentir o cheiro dos cabelos dela. Estava prestando atenção em como eu começava a suar frio, decidindo se a abraçava ou não. Estava prestando em como ela aceitava meu abraço e se aninhava em meus braços inocentemente.

Passamos o dia assim, assistindo filme. Minha mãe se juntou em nossa seção de cinema, e nos fez pipoca. Acabamos de assistir o filme de luta. Era bom. Meio estranho, mas bem feito. Harry, Ron e Gui pareciam bem mais animados do que eu. Nem notei quando começamos a ver o filme que a Hermione tinha tirado para a minha mãe. Assistimos a todos os filmes e durante a noitinha jogamos baralho. Meu final de semana foi perfeito.

Pela manhã, eu e Jorge fomos os primeiros a acordar, Hermione dormia no quarto da Gina, e Harry dormia no quarto do Ron.

Eu ajeitava preguiçosamente meu malão.

- Já acordado tão cedo? – Jorge me perguntou ainda deitado na cama.

- Não consegui dormir direito. – dei de ombros.

- Sei. – ele disse me lançando um olhar significativo.

Separei uma toalha, a roupa que eu iria viajar e minha escova de dente, me tranquei no banheiro e fui tomar banho. Enquanto a água borbulhante caia sobre meus ombros, era nela que eu pensava. Tolamente passei o dedo no vidro embaçado, e tentei desenhar os olhos dela. Seus longos cílios e seu olhar penetrante definitivamente não ficaram bem reproduzidos ali na superfície úmida. Passei a mão sobre meu desenho falho e inclinei a cabeça para trás, deixando a água cair abundantemente em meu rosto. Quem sabe não acabasse por lavar ela da minha cabeça... Ou quem sabe morrer afogado.

POV’s Hermione:

Eu e Gina estávamos escondidas revendo Piratas do caribe, acordamos às 3:00 da manhã só para poder ver o filme de novo. Gina estava em uma cruel dúvida: amaria ela Johnny Depp ou Orlando Bloom. Já chegava o momento em que Davy Jones conversava com a deusa aprisionada, e se declarava para ela. Eu e Gina estávamos quase nos derretendo de tanto chorar. E o pior é que tínhamos que chorar em silêncio, pois todos achavam que estávamos dormindo.

- O que vocês estão fazendo aqui? – a voz familiar soou atrás de nós nos fazendo pular– Não acredito que vocês estão chorando. – ele abriu um sorriso.

- Cala boca Fred. – eu disse limpando as lágrimas, evitando olhar ele.

Ignoramo-lo e nos voltamos ao filme, justo na parte em que Jones diz que o seu coração sempre fora dela. Gina se desata a chorar do meu lado.

- Ainda não entendi, qual diabos foi a transfiguração que deu errado nele. – Fred disse se sentando a meu lado.

- Não é transfiguração – expliquei pela milésima vez – ele simplesmente é um ser amaldiçoado.

- Que coisa mais linda. – Gina chorava deus sabe lá por que.

- E além do mais eu... – eu me virei para falar com Fred e quase tive uma síncope.

Lá estava ele, com os cabelos ruivos molhados e desgrenhados, sem camisa, apenas com a calça jeans trouxa, um sapato social – nada combinando – deixando a mostra seu tronco bem definido. Cada linha era impressionantemente marcada, seus ombros eram largos fortes com algumas sardas, enquanto suas costas... Bem, é melhor eu parar por aqui, pois já tem uma poça de baba escorrendo do meu queixo.

- Além do mais... – ele perguntou buscando meu olhar e rindo ao ver que estava secando descaradamente seu corpo bem definido. Tomates invejem a minha cor!

- Er... Além do mais – sobre o que eu estava falando antes de começar a apreciar esta oitava maravilha do mundo? Ah, sim! – eles eram piratas trouxas. Não faziam magias. – desviei o olhar.

- Certo.

- Bem Gina, eu vou tomar meu banho. – fiz menção em levantar.

- Ah não! Você vai acabar de assistir. – ela se grudou em meu braço.

E lá fui ver acabar de ver o filme. Nem dois minutos mais tarde lá estava eu, chorando novamente, assim que o filme acabou, eu e Gina soluçávamos. Fred rolava de tanto rir.

- Vou tomar banho. – eu disse quando minha crise de choro cessou, e eu verifiquei já ser 06:15.

- Ok. – Gina murmurou.

Logo após ela começou a chorar novamente, abraçando o irmão e dizendo que o amava. A Gina era completamente pinéu.

- Tá Gina, eu também te amo! Mas que saco! – assim que estava subindo as escadas ouvi Fred dizer.

- Hermione, querida. – A senhora Weasley disse vindo do corredor. – Já acordada?

- Pois é. – mostrei-lhe a toalha. – vou tomar meu banho.

- Vá querida. Vou preparar um café reforçado para vocês. – ela afagou meus cabelos e continuou seu cominho.

Quando estava quase na porta do banheiro pude escutar uma senhora Weasley furiosa gritar:

- Fred Weasley, o que você fez para a sua irmã agora?

- Eu não fiz nada! Ela está chorando por causa do filme. Eu juro! – eu quase podia ver Fred levantando as mãos, deixando-as visíveis para mostrar sua inocência.

Com essa imagem eu ri, e entrei em meu banho. Por sorte alguém havia tomado banho antes de mim, e o banheiro estava quente.

Meu banho foi ótimo e eu estava agora indo para o quarto de Gina guardar meu pijama no malão, eu estava com a toalha na cabeça estilo turbante, e tremia com meu pé descalço direto na madeira fria. Eu ia dobrar a escada para ir ao meu andar quando um som alto me fez parar.

- Você tem que parar com isso. Acho que ela gosta de você. – Jorge alterou o tom de voz.

- Eu não pedi nada disso ok? – Fred respondeu.

Aproximei-me da porta entreaberta.

- Vai dar uma merda federal, mano. Me escuta... – Jorge advertiu Fred sobre alguma coisa.

- Ora, eu disse que poderia virar unha e carne com ela, e consegui. Eu não posso chutar a Mione só por que eu venci a aposta.

Um choque atingiu meu peito e o ar me faltou. Senti meu sangue ferver enquanto trincava os dentes.

Aposta.

A resposta para todas as minhas dúvidas.

 Por que ele estava sendo tão legal comigo.

Por que ele estava sendo meu amigo.

Por que ele tem se “preocupado” comigo.

Tudo não passou de uma estúpida aposta entre ele e aquele irmão babaca. Meu peito deu um nó e meus olhos arderam. Mais do que isso, eu tive raiva. Vontade de matar alguém. Como ele pode ser tão falso?

- Então é isso que eu sou? Uma aposta? – em empurrei a porta violentamente, fazendo-a bater na parede com um grande estrondo.

Passado o choque inicial dos ruivos, Fred foi a primeiro a tentar se explicar:

- Não Hermione. – ele sacudia a cabeça. – não é nada disso. – ele se aproximou de mim – no começo, quando eu te chamei para o baile, até era uma aposta, mas ai...

- Ah, então o baile também era uma aposta? – gritei

O mistério do Por que diabos ele me convidou ao baile estava solucionada também.

- Seu cretino, eu confiei em você e você me faz isso? – eu espalmei minha mão em seu braço com vontade – pois para mim você e você – ela apontou meu irmão e em seguida para mim – podem ir pro inferno! – eu saí dali antes que perdesse a cabeça.

- Não, Hermione, espera! – vi Fred vindo atrás de mim.

Corri para ficar longe dele e subi um andar de escadas. Praticamente arrombei a porta do quarto do Ron e me joguei lá dentro fechando a porta. Ron e Harry se levantaram de suas camas assustados.

- Hermione? O que você... – Ron ia começar a brigar quando viu que eu estava a beira de chorar.

- O que houve... – Harry botou seus óculos apressadamente e alarmado. – Você está bem? – ele me focalizou.

- Hermione. Vem cá, me deixa falar contigo. – a voz do Fred veio abafada de trás da porta. Meu esforço para não chorar dobrou.

- O que houve? – Harry havia se levantado e estava botando uma blusa.

- Tira ele daqui... – minha voz tremeu e eu respirei fundo. – por favor.

Harry sem entender nada andou até a porta e a abriu, eu fiquei atrás da porta parada e escondida.

- Harry eu preciso falar com a Mione.

“Pra você é Granger, seu infeliz!” gritei mentalmente.

- Cara, melhor você falar com ela outra hora, agora não tem como. – Harry disse.

-Diz pra ela, que foi idiotice minha, e que eu realmente gosto dela. – ele frisou a palavra realmente, me gerando uma angústia maior ainda.

- O que você fez dessa vez Fred? – Ron se levantou e andou até a porta, eu ainda escondida.

- Eu não fiz nada. – ele disse em tom de defesa. – ela entendeu tudo errado, eu não fiquei amigo dela só por causa da aposta...

- Espera, - foi Harry quem o interrompeu – você apostou a Mione? – ele disse indignado.

- Não, quer dizer sim, mas eu...

- E como você tem coragem de vir mostrar sua cara aqui Fred? – eu nunca tinha visto Harry perder a paciência com os gêmeos.

Ele por um instante esqueceu que eu estava atrás da porta e a abriu para sair do quarto, me espremendo contra a parede.

- Fique longe dela me ouviu? – Harry alterou o tom de voz avançando em Fred.

Eu ia interferir quando algo surpreendente aconteceu. Ron controlou Harry. Isso mesmo. Ron, o cabeça quente, irritado e brigão puxou Harry para trás e se pôs na frente do amigo.

- Chega, vocês dois. – ele disse com a voz fria. – Você entra no quarto agora. – ele usou um tom de voz mandão empurrando o moreno para longe do alcance do ruivo. – e você, - ele se dirigiu ao irmão. – some daqui, antes que eu mesmo providencie isso.

Antes de ouvir uma resposta Ron bateu a porta. Meus olhos estavam vermelhos. Não sabia se chorava ou se me matava. A dor era descomum me deixava estática. Um vazio muito grande havia me tomado, eu me sentia fraca e nem ao menos conseguia chorar. Por que eu me sentia tão mal? Só por que eu fui usada? Só por que eu confiei na pessoa errada?

- Mione. – Harry me tirou do meu transe e eu notei que ainda estava espremida contra a parede olhando para baixo.

Eu não conseguia falar. Se eu abrisse a boca começaria a chorar. E eu não derramaria uma lágrima sequer por ele.

Harry e Ron, ao mesmo tempo vieram até mim e me abraçaram. Ficamos ali, os três, unidos.

Meus melhores amigos.

- Quem topa xadrez? – Harry perguntou animadamente se afastando

Dei um sorriso fraco.

- Eu topo. – disse abrindo um tímido sorriso.

Jogamos uma rápida partida. Logo em seguida a Sra Weasley veio bater em nossa porta nos apressando ou perderíamos o trem.

Já de uniforme sentei-me a mesa para tomar café da manhã. Não olhei nem para Fred, nem para Jorge. Apenas fiquei ali olhando minha torrada. Harry e Ron faziam piadas para me animar. Mas minha consciência não parava de murmurar.

“Granger idiota foi usada, Granger idiota foi usada”

 A consciência cantarolava

“Como você achou que podia significar algo para Fred Weasley? Fala sério. Ele pode ter qualquer garota, porque se interessaria por você? Justo você, sua rata de biblioteca com cabelo de vassoura!”

Quantos galeões ele havia ganhado comigo? Será que Lino estava nessa aposta? Quem mais sabia? Todos os alunos do sétimo ano estavam rindo de mim, aposto. Sem mais poder ficar no mesmo ambiente que ele, me levantei e comecei a ajudar Gui a por as malas no carro.

- Hermione? – ele se surpreendeu ao ver que eu trazia meu malão para fora dA’Toca.

Ele ergueu meu Malão e pôs na traseira do carro.

- Eu mesma. – disse inexpressiva.

- Tudo bem? – ele me analisou.

- Gui, eu estava pensando... Bem, eu posso ir com você para a Estação? – perguntei parecendo uma criança de cinco anos.

Ele se espantou. Gui sempre levava as malas no carro mais cedo para pô-las no trem, uma vez que era muito trabalhoso levá-las por rede de flu, e muito perigoso Desaparatar com elas.

- Posso ou não? Tudo bem se eu não puder... – eu disse receosa.

Um pensamento passou pela minha cabeça.

E se ele soubesse da aposta e também me visse como uma pirralha chata e sem graça?

- Claro que pode! – ele sorriu genuinamente.

Suspirei aliviada.

- Aliás, fico feliz em saber que alguém vai comigo dessa vez. Esses carros trouxas são muito entediantes.

 - Que ótimo. – sorri.

- Bom, mas eu tenho que ir agora. Sabe como é. Demora até chegar lá. – ele girou a chave entre os dedos.

- Certo. Só vou avisar eles.

- Te espero aqui. – ele disse.

- Nem precisa.

Eu saquei minha varinha e a girei no ar. Um pensamento feliz? Por mais difícil que fosse arrumei um. Eu e Draco rindo na sala precisa. Eu havia mostrado a ele algumas músicas trouxas.

- Expecto Patrono. – murmurei – uma lontra prateada e inconsistente saiu da minha varinha. – Vou à plataforma com Gui, não se preocupem encontro vocês lá.

- Vamos? – Gui entrou no carro e deu a partida.

Entrei no carro e assenti com a cabeça. Ele acelerou e ao invés de partir deixando uma linha de poeira para trás, levantou vôo. Olhei na janela em tempo de ver Fred sair correndo para fora. Desviei o olhar e olhei em frente.

A viagem foi tranqüila e a companhia de Gui era muito boa. Conversamos sobre tudo e ele me contou sobre seu trabalho no banco, me mostrou algumas cicatrizes pelo abdômen e braços, de uma vez que fora visitar o trabalho do irmão e um Meteoro Chinês fêmea se descontrolou ao ter seus filhotes tomados, acabando por praticamente sapatear em cima dele.

- E porque você deixa essas cicatrizes, você pode sumir com elas por magia. – eu disse dando de ombros.

- Nunca! – ele riu. – são o meu orgulho, e elas já me fizeram conquistar muitas mulheres.

Eu ri.

- Sabe, Fleur adora elas. – ele suspirou bobamente.

- Fleur? - perguntei com um sorriso maroto.

- Fleur Delacour. – ele revirou os olhos.

- Oh, meu deus. Fleur?  Tipo, “A” Fleur. Vocês estão...

- Namorando. – ele completou. – dois meses e uma semana amanhã. – ele sorriu orgulhoso.

- Que bonitinho. Eu achei que ela fosse plástica... Dessas que nunca namoram ninguém, só curte esnobar.

- Não... Quando ela começou a trabalhar no banco eu também achei ela extremamente fútil, mas aí, as coisas mudaram.

- Como assim?

- Ela era mais nova, eu a achava patricinha e fútil, eu a achava burra e artificial. Vivia fazendo piadinhas sobre ela pelos corredores e implicando com ela.

- Que horror. – eu disse em tom de censura.

- Pois é. Mas um dia eu a vi chorando por que ela não agüentava mais Londres. Eu fui até ela e a consolei, afinal, eu era um dos responsáveis pela vida dela ter ficado tão difícil.

- E o que aconteceu? – eu perguntei curiosa.

- Bem, naquela noite eu a chamei para ir tomar um café. Descobri que ela gosta de café, odeia rosa e que adora dragões. Começamos a conversar e eu vi que ela era diferente.

- Como assim? – eu disse achando aquilo a coisa mais linda do mundo.

- Eu não sei explicar. Mas é só com ela que meu coração fica como se fosse congelar no peito e sair do peito de tão forte que bate. – ele sorriu.

Olhei para frente. Eu acho que nunca senti isso. Nem mesmo com Ron. Com ele é o típico amor platônico, em que eu fico com o peito apertado e acelerado. Mas tudo em resposta ao meu sistema nervoso periférico simpático. O meu corpo não fica confuso como o de Gui.

- Hermione? – Gui me balançou.

Balancei a cabeça focalizando o ruivo em minha frente.

- Gui... – eu disse engolindo em seco. – como você sabe que está apaixonado por ela?

- Eu não estou apaixonado por ela. – ele fez um tom de obviedade.

- Mas...

- Eu não estou apaixonado, - ele me interrompeu – eu a amo.

- E como você sabe?

Ele deu de ombros.

- Quando eu estou com ela, tudo fica bem. Eu sinto como se respirar não fosse importante e que o meu coração não fosse mais meu. É como se eu tivesse posto meu coração em uma caixa e dado a ela.

- Mas e se ela te machucar.

- Não sei. – ele me olhou. – mas Hermione, você não pode dar o seu coração a alguém, pensando em como será no dia em que ela te trair. Por que isso não é amor. Amor, você é cego, e acredita que vai durar para sempre. Você tem certeza que nada pode separar vocês.

- Que nem no filme. – eu falei baixinho ao me lembrar da cena em que Will Turner entrega seu coração a Elizabeth Swan.

- Que nem nos filmes. – ele concordou com a cabeça. – Mas por que quer saber? Pensando em entregar seu coração Mione?

Não respondi.

“Pensando em entregar seu coração Mione?”

Eu entregaria meu coração, figurativamente falando, para Ron? A resposta inusitada veio sem tom de hesitação.

- Não. – falei em voz alta.

Gui riu.

- Isso mesmo. Não se preocupe com isso, você é jovem demais para saber o que é amor.

- Eu tenho 16 anos ok? – eu disse revoltada.

- Hermione, com 16 os garotos ainda estão brincando de carrinhos! – ele riu. – só não faça nada fora do tempo.

- Sim senhor. – eu disse batendo continência, e rindo logo depois.

Era impressionante como eu gostava de Gui, ele era como aquela tia que você tem coragem de contar coisas, que você não contaria a sua mãe. Ele era muito bonito admito: engraçado, inteligente, alto, esguio, cabelos lisos e seu rosto fino. Mas eu definitivamente não consegui me imaginar com ele. Seria o mesmo que beijar Harry. Seria o mesmo que beijar Edwiges! Ri com o pensamento.

A viagem foi tranqüila, chegamos bem adiantados à plataforma, e nenhum Wesley estava visível. Atravessamos a Plataforma 9 ¾ e eu o ajudei a começar a por as malas no trem.

- Eu sabia que eles botavam um feitiço de expansão aqui! – eu disse empurrando minha mala com livros para dentro co compartimento.

- Eu já viajei aqui com alguns amigos no Quarto ano. É bem desconfortável.

Rimos.

- O-oi Hermione. – escutei aquela já familiar voz pigarrear atrás de mim.

Sorri ao ver o loiro atrás de mim. Abracei-o rapidamente.

- Oi Draco.

Gui engasgou atrás de mim. Era assim toda a vez que me viam sendo amigável com Malfoy.

- Bom, Draco este é Guilherme Weasley. Gui, este é Draco Malfoy. – apresentei-os devidamente.

- Bom dia. – Gui disse com a cara meio fechada. A fama de Draco entre os Weasley não era das melhores.

- Oi. – Draco disse quase se escondendo atrás de mim.

- Bom, Mione, - Gui se virou para mim sorridente. – Vou até a toca, ver se eles precisam de ajuda. Qualquer coisa me mande um patrono. – ele olhou para Draco. – eu venho correndo.

Deixei um sorriso escapar ao ver Draco estremecer lentamente. Ele apertou a mão de Draco em despedida e me deu um beijo na bochecha.

- Vê lá em que caixa você vai guardar seu coração. – ele cochichou em meu ouvido.

- Pode deixar. – sorri.

CREC. Ele sumiu diante de nossos olhos.

Draco sorria.

- Por que veio tão cedo? – eu perguntei.

- Ah, bem, Minha casa não anda muito acolhedora ultimamente. – ele disse meio pesaroso. – e você, onde está o Testa rachada e o Cenoura Junior? – ele disse mudando de assunto.

- Ah, é uma longa história. – eu disse.

Vamos escolher uma cabine lá dentro e você me conta. Ele disse dando passagem para que eu subisse no trem.

Sentamos em uma das últimas cabines e contei-lhe sobre o fim de semana. Ele ouvia atentamente.

- Eu vou matar esse desgraçado. – ele tentou se sentar

- Não vai não! – eu disse fazendo-o sentar.

- Por que você ainda o defende? – ele me olhou indignado.

Por quê? Bem... Ham... Digamos que eu não faço idéia.

- Não sei, mas não quero que você brigue com ele.

Ele bufou.

- Nem deixar ele careca? – Draco murmurou.

- Muito menos isso! – eu disse rindo.

Ele a me ver rindo começou a rir também. O trem já estava quase cheio e nem o murmúrio abafava nossas risadas estrondosas.

POV’s Fred.

 Cheguei ao trem e saí procurando desesperado por ela. Ela tinha que estar em algum lugar do trem, não era possível! Chegando ao fim do corredor ouvi risadas vindas da cabine. Era certamente as risadas dela.

Eu me amaldiçoava pela maldita aposta. Na verdade nem tanto, pois se não fosse por ela eu não teria me aproximado de Mione.

Abri a porta da cabine e senti uma dor no peito. Ela ria. Draco ria com ela. Assim que me viu seu belo sorriso sumiu, seu corpo ficou tenso e ela espremeu os lábios.

- Hermione eu... – comecei a falar sem a chance de terminar.

- Você, me espera lá fora. – Malfoy disse ríspido se pondo em pé.

Ele se abaixou e murmurou algo a Hermione dando um beijo no topo de sua cabeça.

Tive vontade de azarar ele eternamente. Vê-lo beijando ela, abraçando ela, rindo com ela, tocando nela, era algo doloroso. Inconscientemente eu sabia que eu daria tudo para estar ali com ela, fazendo-a rir. Porém, isso me dava medo. Ela era Hermione, a rata e biblioteca, amiga boba do meu irmão caçula, por que eu me importava tanto com ela?

Malfoy andou até mim e praticamente me jogou para fora da cabine fechando a porta atrás de si, assim que fechou a porta ele se virou e me deu um soco acertando minha maçã do rosto no lado esquerdo, me fazendo cambalear para trás violentamente. Bati contra o vidro da janela, senti alguns olhares curiosos sobre nós. Eu poderia tê-lo impedido, mas eu estava muito concentrado pensando no turbilhão de coisas que se passavam pela minha cabeça. No fundo, eu senti que merecia aquilo.

- Você vai ficar longe dela. – ele disse cerrando os olhos.

- Quem é você para me dizer isso? – eu reagi tardiamente encarando o loiro mais baixo em minha frente.

- Não se trata de quem eu sou, e sim do que eu vou fazer. Trata-se de que se Ronald e Potter não são machos suficientes para defender Hermione, eu sou. E se eu souber que voltou a importuná-la, juro por Merlin que retalho esse seu rosto de besta! – ele disse apontando a varinha ameaçadoramente.

Antes que eu pudesse falar algo ele entrou na cabine.

- Ela não vai mais chorar por você. – ele disse batendo a porta na minha cara.

Ela não vai mais chorar por você.

Essa frase ficou martelando na minha cabeça. E se fosse o melhor? Digo, o melhor para ela?

Você está sendo egoísta, o melhor para ela é ficar longe de você.” Minha consciência irritante murmurou.

Mas e se for verdade? Será que vale a pena eu forçar uma amizade para que tenha um capricho atendido, mesmo fazendo-a sofrer?

Não.

Draco seria um melhor amigo para ela. Ela estava melhor sem mim.

Voltei para o meu vagão, e me sentei na janela. O dia estava terrivelmente claro e bonito, me amaldiçoei mentalmente. Por tinha que ser tão complicado com ela? Por que tinha que ser extremamente fácil quando eu estava com ela?

Como ela poderia me perdoar, se nem mesmo eu me perdoava?

Fechei meus olhos e fingi dormir. Desejei profundamente que eu pudesse ser Harry, Rony ou Malfoy.


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Notas finais do capítulo

Taí, bem comprido pra vcs ^^

Por hoje é tudo pessoal o/

*Malfeitofeito*