Trabalho Escolar: Diário de Lidia Brazzi escrita por Juliiet


Capítulo 31
Dia 15, terça-feira, 16 de agosto. (parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Ér..pois é... não me matem, mas esse capítulo não ficou muito bom...o negócio é que eu queria fazer uma coisa fofa e ao mesmo tempo...sei lá, não rolou. Mas ok, vai ficar assim mesmo. Não fiquem com muita raiva do Felipe, ele tá muito apaixonadinho, mas não sabe lidar com isso, o coitado. Enfim, amanhã tem o último capítulo e...eu espero que vocês gostem. Mesmo :)



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   Eu estava morta?

   Bom, se estivesse, então eu certamente estava no inferno, porque as demandas para o Céu seriam realmente escassas se a gente sentisse toda aquela dor no paraíso.

   Fala sério, meus músculos de todo o corpo estavam me matando. Eu sentia dor até onde não imaginava ser possível sentir alguma coisa.

   Sem falar do frio. Eu estava batendo os dentes de tanto frio. O inferno não devia ser quente a ponto de tostar a gente?

   Acho que eu não estava morta, afinal de contas. A morte não deveria ser tão ruim assim.

   Abri os olhos. Demorei um pouco para me acostumar com a luminosidade e então examinei o lugar onde estava. Parecia muito com meu quarto no chalé, mas eu nunca havia estado ali antes. O lugar estava um pouco deteriorado, não havia cortinas nas janelas, o que fazia com que o quarto ficasse muito claro. Apesar da claridade, eu podia perceber flocos de neve caindo como gotas gordas de chuva. Aquilo era uma tempestade?

   Estava rolando uma tempestade e aquele lugar certamente não tinha aquecimento central. Isso eu percebi por causa da lareira que estava acesa ali, a poucos metros de onde eu estava.

   Eu estava deitada numa cama improvisada, já que não havia cama nenhuma ali, com várias mantas e edredons. Era confortável, mas eu ainda sentia muito frio.

   Apertei os olhos e tentei lembrar do que aconteceu depois que eu caí na neve, mas era como um buraco em minha mente...A única coisa de que me lembrava de ter visto eram os incríveis olhos do Felipe.

   Mas aquilo devia ter sido uma alucinação, só podia ser.

   Quem será que havia me achado e me trazido para aquele lugar? Por que não me levaram para o chalé? Não havia ninguém ali que pudesse responder minhas perguntas.

   Tentei levantar-me devagar, mas tudo doía. E quando eu consegui levantar o torso e ficar sentada naquela cama improvisada, a manta escorregou do meu corpo e eu percebi que estava quase que completamente sem roupa.

   O SENHOR LEU ISSO DIREITO, SR. ALBERT.

   Gelei. Como eu iria sair dali agora? Não tinha nada naquele quarto além da lareira e a cama onde eu estava deitada. Não tinha nada que eu pudesse vestir. Que lugar era aquele? Quem havia me trazido para lá? Por que me deixaram sem roupa? E se fosse um tarado da neve? Só um tipo desses pra deixar uma garota desacordada só de calcinha.

   Eu tentei me levantar enrolada na manta, mas ela era muito pesada e escorregou, deixando-me sem nada para cobrir o corpo. O frio me atingiu com força e eu fiquei tonta e perdi o equilíbrio, caindo em seguida.

   Sorte que foi em cima daquele amontoado de mantas, mas mesmo assim não pude reprimir um gemido alto de dor.

   Ouvi passos e só tive tempo de me enfiar rapidamente embaixo das cobertas antes que Felipe abrisse a porta e invadisse o quarto como um furacão.

   Eu tinha de estar morta mesmo, aquilo não podia ser real. Felipe estava parado ali e olhava para o canto onde eu estava encolhida. Seus olhos eram uma miscelânea de sentimentos. Preocupação, raiva, medo...

   Ele fechou a porta e deu dois passos vagarosos para dentro do quarto. Eu me encolhi ainda mais, assustada com a intensidade dos sentimentos que lia em seus olhos.

   Não, eu não estava morta. Definitivamente. Felipe era real e estava ali.

   Nenhum de nós disse nada por vários minutos. Apenas ficamos nos encarando ininterruptamente como se o mundo tivesse parado.

   O silêncio fazia com que eu temesse que ele pudesse escutar o barulho ensurdecedor do meu coração, então resolvi perguntar:

   - Onde estou?

   Minha voz saiu rouca e alta demais naquele silêncio sepulcral do aposento.

   Felipe, a princípio, não respondeu, apenas continuou me fitando por mais um momento. Então ele finalmente disse, numa voz perfeitamente controlada:

   - Num chalé de caça abandonado.

   Tremi. O que fazíamos ali? Onde estavam as outras pessoas?

   (Ah, tenho uma observação. Não é a toa que o chalé de caça estava abandonado. Vão caçar o que naquele lugar? Bonecos de neve?)

   - Só estamos nós dois aqui – Felipe disse como se lesse meus pensamentos.

   Ele se aproximou da minha cama de mantas e eu me encolhi ainda mais.

   - O que aconteceu? – perguntei, tremendo. Felipe estava me assustando.

   - Quer dizer que você não lembra? – Ele perguntou, ríspido, quase cruel.

   Baixei os olhos e Felipe perdeu a paciência.

   - Pare de agir como se tivesse medo de mim! – ele gritou, bufando de raiva.

   Não consegui encará-lo, apenas continuei com a cabeça baixa, sentindo os olhos começarem a arder.

   Senti Felipe sentar na beira da cama improvisada, mas não me mexi. Senti sua mão em meu cabelo.

   - Perdão – ele disse. – Eu não deveria ter gritado com você.

   Levantei os olhos para ele, surpresa. E vi dor naqueles orbes verdes.

   - Eu apenas não suportei ver você agindo assim – ele continuou. – Como se tivesse medo que eu fosse te machucar.

   Não disse nada e apenas continuei segurando a manta contra meu corpo, como se fosse uma armadura que eu usava para me proteger.

   - Não tem como machucar mais do que machucou. – disse, sem pensar.

   Felipe tirou a mão do meu cabelo, mas continuou com os olhos fixos em mim.

   - E você acha que foi a única a sofrer? – ele perguntou, os olhos faiscando.

   - Eu não te machuquei – me defendi.

   - Ah, não?  – ele disse, agora tremendo de raiva. As oscilações de humor dele estavam me apavorando. – Você acha que eu gostei quando Paula me disse que você estava num hotel com Christian? Eu quebrei a cara dele só por pensar que ele tinha encostado em você! Mas você não estava lá...Fiquei a noite toda a sua procura e de manhã onde te encontro? Na casa do seu “ex” vestindo as roupas dele, com o cheiro dele! Você acha que isso não me machucou? Você acha que quando eu vejo você com esse Leo eu não tenho vontade de simplesmente acabar com a raça dele e com a sua?

   Não conseguia entender...era simplesmente muita informação...Felipe sentia ciúmes? Sofria por minha causa? Não era possível, não! Não podia...

   De repente lembrei de uma coisa.

   Ai meu Deus.

   - Quem tirou minhas roupas? – perguntei de supetão.

   Felipe foi pego fora de guarda, virou o rosto, que estava ficando surpreendentemente corado.

   - Suas roupas estavam encharcadas e...bom...você podia ficar doente e...não tinha mais ninguém...

   Ai. Meu. Deus.

   Felipe Madson me viu...PELADA!

   Ou quase, já que, aparentemente, ele resolveu usar a última gota de decência do corpo dele e me deixou com a minha roupa de baixo inferior (que não é muito digna, já que é de algodão cor de rosa com desenho de ovelhas).

   - Seu tarado! – gritei. – Você é um idiota, safado, sem vergonha!

   - Lidia, você ia morrer de hipotermia!

   - Pois eu preferiria ter morrido!

   No momento em que disse essas palavras, percebi o erro que cometi.

   - É, eu percebi! – Felipe gritou, levantando-se. Ele estava furioso. – Você é uma idiota, sabia? Só você para sair sozinha e sem rumo lá fora! Ainda teve a coragem de dizer que queria morrer quando eu a resgatei!

   Eu havia dito isso? Não conseguia lembrar. Estava assustada demais com a explosão de Felipe. Não conseguia nem me mover.

   - Idiota, egoísta! – ele continuou gritando. - É isso o que você é! E nem adianta ficar se cobrindo com esse seu pudor virginal. Não há mais nada em você que eu não tenha visto mesmo!

   E dizendo isso, ele puxou a manta com que eu me cobria e me expôs por alguns breves segundos antes que eu soltasse um grito agudo e me cobrisse com ela novamente.

   Tremia convulsivamente, lágrimas de vergonha escorriam por meu rosto e não fui capaz de conter os soluços. Não conseguia levantar os olhos para encará-lo.

   De repente, o senti perto de mim. Ele me segurou e me puxou para ele. Eu tentei resistir, protestar, mas eu não era páreo para Felipe.

   - Você não sabe – ele começou, com uma voz pesada – não tem ideia, de como eu me senti quando a vi caída ali. Eu pensei que estivesse morta! E então a tempestade começou, não tinha como voltar para o chalé, não havia ninguém por perto, não pude chamar ajuda!...

   Eu agora chorava sem parar. Felipe me pôs em seu colo, me abraçou e afastou a manta, apenas para colocá-la sobre nós.

   Ele me confortava, acariciava meus cabelos, tentava enxugar minhas lágrimas. E eu não podia fazer nada, a não ser continuar chorando em seu ombro e tentar não pensar no meu estado.

   Eu não sei como nem quando os carinhos que ele fazia deixaram de ser confortadores e se tornaram íntimos, provocantes. Ele segurava minha nuca com uma mão e a outra estava pousada em minha cintura nua. Eu não conseguia pensar com clareza. Felipe dava delicados beijos no meu ombro, pescoço, clavícula. Eu me agarrava a ele como se ele fosse a última gota de água do deserto. Abraçava e beijava cada centímetro dele que eu conseguia alcançar, afastando e puxando sua blusa, até tirá-la completamente.

   - Você não sabe... – ele disse com voz rouca, tocando os meus lábios levemente com os dele. – Foi a pior sensação da minha vida...a de te perder...

   Havia parado de chorar e agora o beijava como se nunca mais quisesse soltá-lo.

   Meu pudor virginal foi, de fato, esquecido e eu não podia deixar de pensar em como eu havia me arrependido de não ter me entregado para ele naquele hotel. Eu sei, Sr. Albert, ele não me amava, não sentia por mim nem a metade do que eu sinto por ele, mas...e daí? Se eu o amo, é tão errado assim querê-lo? É tão errado querer amá-lo completamente, da maneira mais especial em que consigo pensar? É errado querer pertencer ao homem que eu amo de corpo e alma, mesmo que por apenas alguns momentos?

   É amor, Sr. Albert, ainda que ele não o sinta por mim. Eu o amo, eu o quero, o desejo. Então, mesmo que para os olhos das outras pessoas, isso possa ser errado, para os meus não é. Afinal, eu já havia dado a ele o que eu possuía de mais importante.

   Meu coração.

   Mas eu logo deixei de pensar nisso. Eu deixei de pensar. As carícias de Felipe, cada vez mais ousadas, estavam me levando à loucura. E parecia tão certo...Estar ali, com ele, me fazia sentir como se tivesse encontrado o meu lugar no mundo. Felipe estava certo quando me reclamara como dele. Ele estava certo o tempo todo.

   Era a ele que eu pertencia.

   Vou ser clara e dizer que não ficamos apenas nos beijando, não por muito tempo, pelo menos. Eu sei que deveria estar envergonhada por estar escrevendo isso, eu sei que devia estar envergonhada pelo fato de isto ter acontecido, mas não estou. Nem arrependida.

   Foi desajeitado e confuso.

   Mas foi mágico. Tenro. Carinhoso.

   Não apenas eu me entreguei a ele, como ele se entregou a mim. E, por alguns momentos, nós fomos um. Com corpos, mentes, corações e almas unidos. Pode ser que, para ele, não tenha tido o mesmo significado que teve para mim, mas mesmo assim, foi o que eu senti, porque eu o amo.

   E não posso me arrepender de um sentimento tão lindo, que me fez sentir tantas coisas pela primeira vez, que me fez sentir completa, querida, amada.

   Espero, de coração, Sr. Albert, que, se o senhor ainda não tiver tido um AVC ou coisa parecida ao ler esse diário, o senhor possa se alegrar por mim. Por eu ter conhecido algo tão maravilhoso, por ter encontrado alguém que, mesmo que só por hoje, eu possa chamar de meu.

   Mas, principalmente, por ter amado, um amor louco e talvez até um pouco doentio, que faz mal, mas cura, que me destrói, mas que sem ele minha vida não teria sentido. Um amor cujos limites eu desconheço, que não é recíproco, mas que não precisa ser, pois ele continua a existir mesmo assim. Um amor do qual eu não posso, nem quero, me arrepender.

   E, quer saber? Se eu pudesse voltar no tempo, já sabendo das coisas que aconteceriam...eu não mudaria nada.


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Notas finais do capítulo

Acho que esse cap tem erros, revisei muito rápido, então desculpa qualquer coisa. Ah, vou fazer a propaganda (¬¬), eu to postando uma nova história, olha que legal! Ok, talvez não, mas se vocês quiserem dar uma olhada, chama Manchas e tá lá no meu perfil. Beijos, boa noite, obrigada e até amanhã :)