Trabalho Escolar: Diário de Lidia Brazzi escrita por Juliiet


Capítulo 18
Dia 9, quarta feira, 10 de agosto. (parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Aqui tem mais um capítulo pra vocês :)
Já estamos na metade da história, são só 16 dias =/ Mas é até bom, porque eu to tendo ideias pra novas histórias, mas como eu to tentando me organizar, não vou escrever mais de uma fic ao mesmo tempo. Beijos :)



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   Demorei alguns minutos para lembrar onde estava depois que acordei.

   Olhei para o bonito quarto, espaçoso, com móveis bem distribuídos, as paredes brancas. Já me sentia quase à vontade.

   Espreguicei-me naquela enorme cama. Os lençóis de linho macio eram como uma carícia na minha pele. Sob este aspecto não seria nadinha difícil me adaptar à minha nova vida.

   Sentei-me na cama e cocei os olhos, depois vi as horas no relógio em cima da mesa de cabeceira ali do lado. Eram apenas seis e meia da manhã.

   Feliz por ter acordado cedo na minha primeira manhã na casa de Felipe, calcei os chinelos macios que havia encontrado no guarda roupa na noite anterior e saí da cama. Tive que mancar, pois não queria ficar andando com as muletas, além disso, meu tornozelo estava parecendo bem melhor.

   O banheiro da minha suíte era encantador, como eu havia reparado antes, mas ficava simplesmente magnífico iluminado por aqueles finos e suaves raios do sol da manhã.

   Era muito espaçoso, com uma banheira grande de um lado e um chuveiro de outro. Tirei a roupa e me encaminhei para o chuveiro. Tomei um banho rápido e, vestindo um roupão fofo que estava pendurado perto do chuveiro, sequei meu cabelo com um secador que achei numa das gavetas embaixo da pia. Depois escovei os dentes com a escova que estava na minha bolsa.

   Estava saindo do banheiro quando me bateu o pânico.

   Calma, ninguém morreu. Ainda.

   O que diabo eu ia vestir para ir à escola?

   É Sr. Albert, já pode me dar o prêmio de maior lentidão de raciocínio.

   Eu só estava com as roupas do dia anterior e umas poucas peças que mamãe havia levado para o hospital. Nada de uniforme.

   Não que eu ainda tivesse algum, já que parece que eu destruí todos no decorrer da semana passada.

   Será que ainda daria tempo de dar um pulo lá na casa da Renata? Seria difícil convencê-la a me emprestar outro uniforme, mas não custaria nada tentar.

   Afinal, Sr. Alfred, o senhor bem sabe que o Sr. Orsi me mataria se eu chegasse atrasada de novo, mas ele provavelmente me colocaria para lavar o banheiro masculino se eu aparecesse de jeans na escola.

   Entre morrer e lavar o banheiro masculino, qualquer pessoa com um pingo de bom senso escolheria a primeira opção.

   Esse pensamento começou a me dar náuseas.

   É, o melhor mesmo seria ligar para Renata e pedir para ela levar um uniforme para mim na mochila.

   Estava à procura do celular quando a porta do quarto se abriu e um furação entrou.

   Furacão: Paula, irmã de Felipe.

   - Lidia! O que você pensa que está fazendo de pé?

   Olhei para Paula. Ela estava usando um pijama curto de algodão azul e segurava um monte de roupas nos braços.

   - Bom dia, Paula – disse, timidamente.

   Paula largou as roupas de qualquer jeito na cama e foi até mim.

   - Se Felipe ver você se aventurando por aí sem as muletas – ela disse, segurando-me pelos braços e fazendo-me sentar na cama. – seu dia não terá nada de bom.

   Sr. Albert, por que todo mundo nessa casa é tão esquisito?

   - O que Felipe tem a ver com isso? – perguntei, e sem esperar resposta, acrescentei:

   - Eu só quero ligar para Renata, uma amiga, e pedir um uniforme emprestado. Não posso me atrasar para a escola de novo.

   Paula me fitou como se eu tivesse cuspido um sapo.

   - Você tem sérios problemas – ela disse. Olha quem fala, a irmã do cara mais louco do mundo.

   Nesse momento, a porta do quarto se abriu de novo.

   - Quem tem sérios problemas? – Felipe perguntou, entrando no quarto.

   A voz dele teve o efeito de um raio percorrendo todo o meu corpo. Sr. Albert, o senhor já se apaixonou, certo? Quando isso passa?

   Odeio me sentir vulnerável.

   E por que Felipe tinha que estar tão bonito naqueles jeans escuros e naquela camisa cinza com mangas curtas? Além disso, estava óbvio que ele tinha acabado de sair do banho, já que estava irradiando aquele cheiro maravilhoso de sabonete e o cabelo dele estava todo bagunçado e molhado.

   - Quem está com sérios problemas? – repetiu, olhando feio para Paula, como se não gostasse que ela estivesse ali.

   - Sua namorada – respondeu Paula, antes que eu pudesse me recuperar do efeito que Felipe tem sobre mim o suficiente para formar uma frase coerente.

   E, tudo bem, Sr. Albert, eu admito. Senti um frisson quando Paula disse “sua namorada”. É algum crime, por acaso?

   É, eu sei, estou perdida.

   Para não dizer coisa pior.

   - Isso não é nenhuma novidade – respondeu Felipe se referindo ao fato de eu ter sérios problemas. Que canalha. – O que ela fez dessa vez?

   - Está falando besteiras sobre usar um uniforme emprestado e ir para a escola – respondeu Paula. E acrescentou, preocupada, colocando as costas da mão na minha testa:

   - Você acha que ela pode estar delirando, Felipe?

   Como os dois se atreviam a falar de mim como se eu não estivesse no recinto? E ainda tratando-me como uma doente mental!  

   Eu devo ter grudado chiclete na cruz em alguma vida passada, só pode.

   - Não, ela não está delirando – respondeu Felipe calmamente. – Pelo menos não mais do que em qualquer outro dia. Depois de um tempo você se acostuma, Paula. A instabilidade de Lidia é bem engraçada, às vezes.

   Todo mundo tem um limite. E eu havia chegado ao meu.

   Eu também sou humana, Sr. Albert.

   E instabilidade? Esse desgraçado ainda não viu o que é instabilidade.

   - Ok, acabou a palhaçada – fui dizendo, irritada. – Vamos estabelecer alguns pontos importantes aqui. Primeiro: não falem de mim como se eu não estivesse presente. Segundo: não entrem no meu quarto sem bater na porta. Terceiro: eu estou muito bem, obrigada, e não sei por que querer ir para a escola é algo tão absurdo. E por último: EU NÃO SOU INSTÁVEL!

   Felipe sorriu com apenas um canto da boca e Paula riu abertamente. Não era exatamente a reação que eu procurava causar.

   - Uau! A sua gatinha tem garras, Felipe – disse ela. – Cuidado para ela não arranhar você. Ou talvez você ate goste de ser arranhado...

   - Eu sei como lidar com ela – Felipe disse, fitando-me com aqueles intensos olhos verdes cheios de humor. Então se voltou para a irmã. – Você trouxe as roupas que eu pedi?

   - Coloquei-as em cima da cama. Agora, se os dois gatos selvagens me dão licença, vou tomar o café da manhã com mamãe antes que ela saia. – dizendo isso, saiu.

   Fitei Felipe com raiva.

   - E você? – perguntei. – Não vai sair? Eu preciso me trocar para ir à escola.

   De repente eu me toquei que vestia apenas um roupão.

   - Nossa! – Felipe disse, debochado, enquanto caminhava pelo quarto. – Devo dizer que estou impressionado. Mal chegou e já começa a dar ordens? Pensei que ia levar pelo menos uma semana ou duas, mas fico feliz que já esteja se sentindo em casa.

   Corei furiosamente.

   - N-não é nada disso – disse sem graça. – É só que você é um garoto e eu, uma garota e –

   - Sério? – Felipe me interrompeu com ironia. – Só agora que você notou?

   - O que eu estou querendo dizer é: e se você entrasse aqui e eu estivesse só com roupa de baixo? Ou até nua?

   - Qual seria o problema? – ele perguntou, como se realmente não fosse nada. – Eu já vi você só com roupa de baixo, dá para ter uma idéia de como você é sem nada.

   - Você é impossível!

   - Tudo bem, eu bato na porta da próxima vez, se isso a faz tão feliz. – Felipe cedeu, como se estivesse me fazendo um enorme favor.

   - Ótimo. Agora, por favor, saia para eu trocar de roupa.

   Felipe parou perto da cama.

   - Você não vai à escola, Lidia – ele disse com firmeza.

   Olhei feio para ele.

   - Claro que vou. Por que não?

   - Lidia, você deve ter batido a cabeça, porque não pode estar no seu juízo perfeito. Você mal consegue andar direito!

   - Eu consigo andar perfeitamente – disse empinando o queixo. – Veja.

   Levantei rapidamente. Estava furiosa demais com aquele porco chauvinista que tropecei no tapete.

   Só não caí porque Felipe me segurou.

   - Estou vendo sim – ele disse e caiu na risada.

   Por que a risada dele me faz tremer? Por quê?!

   Sr. Albert, o senhor me faria um favorzinho, bem pequenininho, coisa básica?

   Só me mata.

   Logo.

   Por favor.

   - Lidia, pare de ser tão teimosa – Felipe disse com carinho, seus braços enroscados na minha cintura, seus olhos nos meus. – Por que você não faz o que eu digo?

   Espera aí, eu disse carinho? Esqueça Sr. Albert, Felipe é incapaz de ser carinhoso. Ele não tem coração.

   - Por que você está sempre tentando mandar em mandar em mim – respondi simplesmente. – Por que você não me solta?

   - Porque eu gosto de você. Eu tento? Quero dizer, mandar em você?

   - Sim – meu coração estava fazendo acrobacias dentro do meu peito. – Por que você gosta de mim? – tive de perguntar. Por que não seguro minha língua?

   - Desculpe. Isso não foi gentil da minha parte. Mas mesmo eu tentando mandar em você, você não me obedece mesmo.

   - Porque sou esperta. Mas você ainda não respondeu à minha pergunta. Por que gosta de mim?

    - Por que sim – respondeu ele, finalmente me soltando e me fazendo sentar na cama. Era o que eu queria, não era? – Aceite e conviva com isso.

   Ele se afastou e foi em direção à porta.

   - Paula deixou umas roupas dela para você, use a que quiser – disse ele, já na porta. – Vista-se logo e venha tomar o café da manhã comigo. Você precisa de forças já que parece não conseguir ficar de pé. Esqueça essa história de ir para a escola hoje.

   Ele estava quase saindo quando eu o chamei.

   - O que é? – perguntou ele.

   - Você está fazendo de novo. – disse, irritada.

   - O quê?

   - Tentando mandar em mim.

   - E estou tento sucesso? – perguntou com um sorriso fofo.

   - Não muito – respondi com uma careta.

   - Ótimo – disse ele abrindo ainda mais o sorriso. – Não se pode ter tudo na vida.

   Quando ele fechou a porta e me deixou sozinha eu quis chamá-lo de novo, mas não fiz isso.

   O motivo é simples, Sr. Albert. Eu ainda não tinha decidido se queria dar um tapa ou um beijo nele.


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Notas finais do capítulo

Vou só dar uma revisada na parte 2 e posto mais tarde. Beijos.