Trabalho Escolar: Diário de Lidia Brazzi escrita por Juliiet


Capítulo 16
Dia 8, terça-feira, 9 de agosto. (parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Fiquei muito feliz com as minhas leitoras hoje *-*
Mas infelizmente eu não curti muito esse capítulo e to com preguiça de reescrever e tenho que estudar pra prova de filosofia (ajuda divina seria bem vinda agora), então vai ficar assim mesmo. Enjoy :)



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   Acordei me sentindo zonza e cansada. Minha garganta ardia e clamava por água. Meus olhos estavam inchados e custou um pouco até eu conseguir abri-los totalmente e visualizar o ambiente onde me encontrava.

   A principio, a luminosidade e a brancura do lugar me fizeram pensar que estava mais uma vez no quarto de Felipe, mas aos poucos fui notando que não era nada disso.

   Eu estava num hospital.

   O quarto onde eu estava era individual, pequeno, com apenas uma cama (onde eu estava deitada), um sofá bege e uma pequena geladeira. As paredes eram brancas, assim como os lençóis que estavam me cobrindo. Apesar de impessoal, o lugar era limpo e organizado.

   Percebi que tinha curativos nas mãos e nos braços e que meu tornozelo machucado estava enfaixado. Constatei com certa satisfação que, tirando a ardência em minha garganta, não sentia dor nenhuma – os médicos devem ter me entupido de analgésicos.

   Havia um tubo com um liquido transparente entrando pela veia do meu braço direito e, quando eu comecei a mexer nele (não me pergunte por que Sr. Albert, acho que a minha burrice somado ao efeito dos analgésicos não teve um resultado muito bom) consegui tirar a agulha da minha veia.

   - Ai – gemi, um pouco alto.

   - Lidia? – mamãe apareceu ao meu lado, onde estava sentada numa poltrona que eu não havia notado antes. – Lidia, você...o que você está fazendo?!

   Ela reparou então na marca roxa e preta que ia se formando em meu braço.

   - Eu – comecei, hesitando. – Acho que eu soltei esse troço.

   Ela me olhou com uma expressão reprovadora. Percebi de repente como ela parecia diferente desde a última vez em que eu a tinha visto, na manhã em que ela resolveu fazer o café da manhã.

   Naquele dia ela estava alegre e amorosa. Hoje ela estava cansada, seus ombros estavam caídos e havia pequenas bolsas escuras embaixo de seus olhos. Estava pálida, mas apesar de sua aparência mostrar fragilidade, o brilho frio de seus olhos castanhos dizia outra coisa.

   É, Sr. Albert, ela estava furiosa.

   E alguma coisa me dizia que era comigo.

   - Enfermeira! – ela chamou.

   Segundos depois uma mulher que devia ter uns 28 anos, bonita, com cabelos muito louros e uniforme de enfermeira, entrou no quarto. Seu crachá dizia “Enfermeira Amber”.

   - Bem – ela disse, com uma voz melodiosa e um enorme sorriso. – O que está havendo aqui? Vejo que acordou, Lidia. Você nos deu um susto e tanto.

   Não sei se o senhor já percebeu, Sr. Albert, mas as enfermeiras sempre dão um jeito de nos fazer sentir desconfortáveis. Sério, você está lá, na pior, seu cabelo é um emaranhado de cachos cheios de nós, sua pele está pálida e sem brilho, você está com olheiras gigantes e com aquela camisola ridícula do hospital. Aí elas chegam, naqueles uniformes impecáveis, com o cabelo perfeitamente arrumado num coque, com aquele sorriso brilhante e falando com você como se te conhecesse há anos. Vai dizer que isso não te deixa meio irritado?

   Mamãe logo mostrou meu braço para Amber e ela soltou um longo suspiro antes de ajeitar tudo.

   - Ele ficou muito preocupado – Amber disse, com um sorrisinho. – Você é uma garota de sorte.

   - Han? – grunhi. Minha garganta ainda estava seca. Tinha que lembrar de pedir um pouco de água e umas pastilhas. – De quem você está falando?

   - Do seu namorado, é claro. Nunca vi um garoto tão preocupado e dedicado à namorada antes. Ele não quis sair do seu lado desde que chegou. Foi tomar um café agora, não dormiu nem comeu nada a noite toda, só para ficar aqui com você até sua mãe chegar.

   Continuei embasbacada depois de Amber ter saído. De quem, raios, ela estava falando?

   E mamãe não ficou a noite toda ali comigo?

   - Mãe, o que... – comecei a falar, mas mamãe me interrompeu, furiosa.

   - O que você pensa que está fazendo da sua vida, Lidia?! Eu já sei de tudo! Você achou que podia começar a namorar esse menino riquinho sem que eu soubesse? Quem você pensa que é? Ainda é uma criança!  E seus estudos, hein, como ficam? Começou a matar aula para se encontrar com ele e o pior de tudo, você dormiu com ele!

   - Mamãe! – gritei, surpresa.

   Para tudo. Que conversa era essa?

   - Eu já fiquei sabendo de tudo, sua pequena vadia! – ela se afastou e olhou pela janela, antes de murmurar:

   - Meu Deus, minha própria filha...

   Senti que as lágrimas iam saltar de meus olhos. Minha mãe estava mais preocupada com a minha reputação do que com a minha saúde! Eu tinha passado por uma situação horrível – e tudo bem, eu mesma tinha me metido nela – mas mamãe não se importava nem um pouco!

   Percebi, somente naquele momento, porque minha mãe não era igual às outras. Ela não podia! Subitamente, eu perdoei meu pai por ter saído de casa e casado com outra mulher. Minha mãe era incapaz de amar! Nem mesmo seus filhos...

   - Mamãe – disse, com voz calma. - Eu não estou namorando ninguém.

   Ela virou para mim e indagou, numa voz carregada de desprezo:

   - E aquele garoto, Felipe? Ele estava aqui quando eu cheguei e o fiz me contar tudo.

   Ah sim, Felipe. Meu rosto ruborizou à simples menção do nome dele. Lembrei-me automaticamente dos nossos beijos na chuva.

   Mas por que Felipe estava fazendo todos acreditarem que ele era meu namorado?

   - Mamãe, eu juro... - tentei dizer, mas fui novamente interrompida.

   - Não precisa dizer nada, sua ingrata, nada vai mudar. Como você pôde fazer isso com a sua mãe? E a conta desse hospital, quem vai pagar? Você pensou nisso antes de fazer besteiras por aí? Não, você não tem a menor pena da sua mãe! Pois eu estou desempregada, entendeu menina? Fui despedida ontem enquanto você fazia suas maluquices por aí! E agora mais essa...

   Dessa vez as lágrimas realmente fluíram. Como mamãe podia fazer uma coisa dessas comigo? Eu nem ao menos sabia sobre sua situação...

   Mas era tudo muito sério. Com mamãe sem emprego, o que iríamos fazer? O dinheiro que papai mandava todo mês não era muito e não dava para pedir mais, já que ele não era um homem de muitas posses e levava uma vida simples no interior. Minha vida estava ruindo...

   Nesse exato momento, alguém entrou no quarto. Julgando ser a enfermeira Amber novamente, eu nem levantei os olhos. Escondi minhas lágrimas com as mãos, mas era impossível conter os soluços.

   Senti uma mão grande pousar sobre meu ombro de maneira reconfortante e quando levantei o rosto, deparei-me com os olhos verdes e preocupados de Felipe.

   Quis perguntar o que ele fazia ali, quis pedir que ele fosse embora, mas não pude. Apenas comecei a chorar mais e deixei que ele sentasse na ponta da minha cama e me abraçasse com ternura.

   - Acalme-se querida – ele disse, baixinho, no meu ouvido. – Tudo vai ficar bem, eu vou cuidar de você.

   Mamãe se virou ao ouvir a voz dele e gritou:

   - Você aqui de novo? Saia daqui agora! Você nunca mais vai ver minha filha!

   - Pelo contrário – Felipe disse, levantando o rosto e fitando minha mãe com insolência. – Pretendo ficar muito tempo com ela. Por isso mesmo vim aqui. Quero falar com a senhora, a sós.

   Olhei para ele, confusa, enquanto deixava o quarto com minha mãe, mas sua expressão protetora nada me revelou suas intenções.

   Fiquei uns vinte minutos ali sem saber o que fazer. Não podia compreender Felipe. O que ele estava querendo, afinal? Ficou comigo no hospital a noite toda, me chamou de querida, me abraçou e disse que ia cuidar de mim. Mas isso ia completamente contra todas as suas atitudes anteriores! Ele havia sido o maior imbecil comigo, me tratou mal, me humilhou, me machucou...

   Será que ele sabia que eu estava tão apaixonada por ele? Porque só a certeza de que ele pode estar querendo me confundir é que podia explicar o comportamento dele.

   Depois de alguns minutos, a enfermeira Amber entrou no quarto trazendo meu café-da-manhã. Tentou engatar uma conversa comigo, mas eu não estava interessada, então ela logo saiu.

   E quase esbarrou em Felipe!

   Ele entrou no quarto como uma tempestade. Parecia que a conversa com minha mãe o havia deixado irritado e eu fiquei tão assustada com sua expressão hostil que não esbocei reação nenhuma enquanto ele começava a pegar minhas poucas coisas no quarto e a enfiá-las dentro de uma mochila.

   - Vamos – ele disse, finalmente virando-se para mim. – Levante-se dessa cama.

   - Como? – perguntei, me sentindo meio tonta.

   - Você ouviu – ele disse, irritado. – Levante-se daí de uma vez, a não ser que queira que eu te arraste pelo hospital inteiro. É, você vai embora comigo.

   - Como? – repeti, incrédula. – Você não pode estar falando sério! Onde está mamãe?

   Ele soltou um palavrão antes de dizer:

   - Deve estar a caminho da casa dela agora.

   - Você quer dizer, da minha casa – eu o corrigi.

   - Não, da casa dela. Você não mora mais lá.

   - O quê? Mamãe não pode me expulsar de casa! Eu...-

   - Sua mãe não a expulsou de casa, droga! – ele gritou, largando a mochila no chão e me fitando com aqueles olhos verdes faiscando. – Mas você não vai mais voltar para lá. Eu tive uma conversa com ela e chegamos a um acordo. Você vai para a minha casa. Comigo. Agora.

   Ele só podia estar de brincadeira, não podia ser verdade! Por que minha mãe me mandaria embora com ele? Por que ele me queria em sua casa? Eu não ia! Definitivamente não! Nem que ele me puxasse pelos cabelos por todo o hospital, nada me faria concordar com aquilo.

   O único problema é que ninguém se importou com minha opinião. E foi por isso que, uma hora depois, com a autorização do médico e da minha mãe, eu deixei o hospital com Felipe.


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Notas finais do capítulo

Gente, to atrasadíssima. Posto a parte 2 quando voltar da aula, ok? Beijoos.