Trabalho Escolar: Diário de Lidia Brazzi escrita por Juliiet


Capítulo 11
Dia 5, sábado, 6 de agosto. (parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Esqueci completamente de postar o resto do capítulo ¬¬



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/159744/chapter/11

Aproveitei que Felipe ainda não parecia ter se recuperado – todo esse meu dilema interior está demorando muito mais para ser escrito do que durou na vida real, Sr. Albert – e localizei a porta, disparando por ela, deixando um Felipe sonolento e confuso para trás. Comecei a correr por um corredor comprido e nem prestei atenção a detalhe nenhum. Cheguei ao que parecia ser uma sala, mas não encontrava a porta da saída. Precisava sair de lá antes que Felipe fosse atrás de mim – se é que ele iria.

Ao dobrar em outro corredor, esbarrei em alguém.

O homem me segurou pelos braços para me impedir de cair no chão. Quando ele me fitou, deixou escapar um:

— Meu deus!

O.k., eu estava correndo pela casa de Felipe Madson de pijama. Porém, no momento, eu tinha coisas muito mais importantes com o que me preocupar do que com qualquer tipo de compostura (Sr. Albert, se o senhor ainda não teve um ataque cardíaco diante de tanta falta de vergonha na cara de uma aluna sua, gostaria que soubesse que minha atitude pode ser justificada pela situação desesperadora, eu acho).

O homem parecia ser um empregado, ainda bem (imagina se eu esbarro com o pai dele ou coisa assim? Morreria na hora), pois estava vestindo um uniforme preto e branco. Era magro e alto, mas tinha um rosto redondo. E estava começando a ficar careca.

— Senhorita! – exclamou ele. – Q-quem é você? O que faz aqui?

— Eu sou Lidia, uma amiga de Felipe – disse, tentando aparentar calma. – Onde é a saída?

Ele me olhou como se eu fosse maluca.

Talvez ele tivesse razão.

— A senhorita pretende sair...assim? – ele me olhou especulativo. Eu ainda estava descalça.

— Eu pretendo sair de qualquer jeito – repliquei. – Mas tem que ser agora!

A tentativa de aparentar calma foi pras cucuias, eu estava exalando desespero pelos poros! Acho que por isso o pobre empregado se compadeceu da minha alma condenada e me guiou para uma enorme cozinha, em que duas mulheres pareciam trabalhar, onde havia a porta dos fundos.

É claro que ele não iria querer que vissem uma garota no meu estado deixando a casa pela porta da frente, o que os vizinhos diriam? 

As duas mulheres olharam para mim como se eu tivesse duas cabeças.

Nesse exato momento eu escutei – não sem estremecer – uma voz grossa e clara gritando meu nome.

Felipe realmente funcionava devagar pelas manhãs.

— Rápido! – disse para o empregado. – Me tira daqui!

O pobre homem me olhou como se estivesse tendo de tomar uma decisão muito difícil.

— Mas senhorita, o patrão está gritando o seu nom – ele começou a dizer, mas e o cortei.

— Por favor, eu preciso ir embora antes que ele me ache!

Antes que eu percebesse, uma das empregadas embasbacadas jogou um enorme sobretudo preto, tirado sei lá de onde, sobre mim e disse:

— Coloque-a no carro, Alfie, e peça para Tullis deixá-la em casa. A mãe da menina deve estar preocupada com ela!

Apenas assenti com a cabeça enquanto ouvia Felipe gritar meu nome mais uma vez – agora mais perto.

Alfie hesitou por uns dois segundos antes de me empurrar para fora e me enfiar em um carro azul escuro, maior que o de Felipe. Me perguntei de quem seria.

Tullis, o chofer, parecia ter uns quarenta anos, tinha um rosto agradável de feições suaves e era ainda mais alto que Alfie. E também pareceu igualmente surpreso ao me ver.

— Leve esta menina para casa – mandou Alfie, e depois se dirigiu a mim. – Diga para ele aonde é sua casa. Vá logo!

Outro grito se fez ouvir de dentro da casa. Dava pra ver que Felipe estava soltando fogo pelas ventas. Me senti num filme de terror decadente.

Sem gaguejar, disse o endereço de minha casa a Tullis e, enquanto ele dava partida e saía da – agora eu podia ver – magnífica propriedade, eu apenas rezava para mamãe não me espancar muito quando chegasse em casa.

O percurso foi longo e silencioso. Quando Tullis parou em frente à minha casa, eu nem mesmo lembrei de agradecer de tão nervosa que estava, apenas abri a porta e desci. E depois de hesitar um momento, Tullis foi embora.

Andei até a porta de casa. Estava sem minha mochila, onde guardava a chave. Para falar a verdade, não tinha nem ideia de onde ela estava. Talvez na casa de Felipe.

Tudo, tudo, o que estava acontecendo de ruim comigo era culpa do Felipe. Se não fosse por ele eu não teria matado aula, eu não teria chorado, eu não teria me perdido, não teria quase sido assaltada, não teria sido atropelada por uma bicicleta, não teria desmaiado nem passado a noite na casa dele sem avisar ninguém, não teria precisado fugir vestindo um pijama e um sobretudo e certamente não levaria uma surra e não ficaria de castigo por toda a eternidade.

Respirei fundo três vezes antes de levantar o punho para bater na porta. Decidi que odiava Felipe Madson mais do que qualquer pessoa no mundo.

Antes que meu punho tocasse a madeira, a porta se abriu e Fred me puxou para dentro de casa antes que eu pudesse esboçar qualquer reação.

Agarrando meu pulso, correu escada acima e empurrou-me para dentro do meu quarto, fechando a porta atrás de si.

— O que – comecei a falar, mas Fred não permitiu.

— Você devia agradecer de joelhos por ter um irmão tão bom – ele disse. – Você não tem ideia do aperto que eu passei para encobrir a sua noitada.

Fiquei só olhando para ele, sem conseguir pensar em nada para dizer.

— Felipe me ligou ontem à noite avisando que você ia dormir na casa dele e para eu segurar a barra por aqui – continuou. – Ele disse que você tinha batido a cabeça ou coisa assim e ele não ia tirar os olhos de você até ter certeza de que você estava bem. Como se eu fosse acreditar nesse papo. Não nasci ontem.

Então quer dizer que Felipe estava preocupado comigo? Quer dizer que ele me levou para sua casa por que queria cuidar de mim? Ter certeza de que eu estava bem?

Eu estava voltando a sentir a dor de cabeça que nunca tinha ido embora realmente. E senti vontade de vomitar.

— Eu disse pra mamãe que você ia dormir na casa da Renata – Fred continuou, fazendo-me voltar a atenção para ele. – Ela já saiu para trabalhar. Você tá me devendo uma. E essa é a última vez que eu vou encobrir as suas noites de amor com Felipe ou com quem quer que seja.

Felipe Madson, aquele monte de bosta arrogante tinha estado realmente preocupado comigo a ponto de não querer tirar os olhos de mim ao passo que meu irmão, uma das poucas pessoas que tinha propensão genética a me amar, obviamente não estava nem aí.

Fred abriu a porta e saiu do quarto, batendo-a em seguida. Nem me dei ao trabalho de corrigi-lo, ele não ia acreditar em mim mesmo. Ele estava pensando exatamente a mesma coisa que Alfie, Tullis e as duas empregadas deviam estar pensando. E a gente nem tinha se beijado.

Olhei para o meu quarto e ele realmente parecia um buraco perto do de Felipe. O relógio que ficava na minha mesa de cabeceira dizia que eram apenas onze horas da manhã.

Deitei-me na cama, que me pareceu desconfortável pela primeira vez na vida, e quis chorar, mas só fiquei encarando o ventilador no teto.

Ninguém me importunou durante o resto do dia. Não saí do meu quarto nem me movi da cama por um longo tempo. Não senti fome e só me levantei para tomar banho e trocar de roupa. Depois da desgraça do dia anterior, eu me recusei a tomar remédios para a dor e fiquei tentando forçar minha dor de cabeça a ir embora pela força da minha mente, mas isso foi estúpido e ela só piorou. 

Quando eu finalmente caí no sono, já era muito tarde, mas mamãe ainda não havia voltado para casa.

Acordei pouco tempo depois para escrever neste diário o dia de ontem e o de hoje.

Já vou voltar para a cama.

No pouco tempo em que dormi, sonhei que tinha ficado e beijado aquele desgraçado.

Obs.: Reescrever todo esse dia e tirar todos os detalhes sórdidos antes de entregar o diário ao Sr. Albert.

Obs. 2: Depois de tirar todos os detalhes sórdidos não vai sobrar muita coisa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, taí, amanhã posto mais um capítulo (ou dois, se eu terminar a tempo). Beijos :)