Universe escrita por Yumi Oni


Capítulo 8
Ame ni Utaeba


Notas iniciais do capítulo

Aê gente, capítulo gigante e quentinho pra vocês xD
Ps.: As falas em itálico depois que o Ruki chega na faculdade vocês já leram então se quiserem pular fiquem a vontade só não marquei tudo pq com elas vem junto a visão do Ruki dessa vez por isso achei interessante repetir.



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“Chuva, chuva, caindo, caindo. Mamãe com um guarda chuva para mim (não veio)

Meu coração jovem está avisando por ondas fortes, se você tiver dó de mim me dê um guarda chuva

(Chuva hoje, chuva amanhã...)”


Naquele dia eu virei um traidor que matou 200 bruxos e 100 youkais com a ajuda de Akira. Ao menos isso foi o que eles espalharam por aí, na verdade, não foram só 300, Ruki, ou o Shinigami não ficaria satisfeito com tão pouco, não depois de me tirarem eles.

Matamos mil naquele dia. E quando digo “matamos” não me refiro a “eu e Reita” e sim a “eu e Ruki”. Sim, porque já faz um tempo que nos considero pessoas diferentes. E porque Reita estava tentando me parar o tempo todo e não me ajudar como sugeriram.

Só parei quando não aguentava mais me manter de pé. Ainda não estava bem, ainda não era o bastante, e eu ainda não tinha matado quem mais queria depois do bastardo que me dava ordens nos últimos tempos, Gackt.

–Me larga Reita, ainda não terminei.

–Deixa de ser idiota Ruki, você não tá em condições de matar mais ninguém vamos embora daqui, você já deixou claro o suficiente que pode matar todos eles.

–Ainda não terminei. – eu não estava pensando direito, estava mais interessado em continuar estripando os idiotas que apareciam pensando que poderiam matar os traidores.

Por um instante eu pensei ter sentido algo diferente, uma energia parecida com a de Gackt, estava próxima e vindo cada vez mais rápido, mas não era uma energia opressiva de um bruxo.

–Um feiticeiro. – Reita falou e dessa vez não me deixou protestar o que quer que fosse e nos levou pro mais longe que conseguia.

Eu não sabia onde estávamos mas com certeza não era Tóquio, tinha verde demais pra isso.

–Eles virão atrás de nós, espero que ainda esteja sedento por sangue. – ele estava irritado, muito irritado mas eu não tive tempo pra avaliar isso.

O feiticeiro e seu consorte apareceram.

–Então, foram vocês que fizeram aquela carnificina? – o loiro-mel com roupas da era vitoriana perguntou, ele não parecia que ia atacar, estava mais pra defensiva assim como seu consorte que usava um vestido chamativo preto e vermelho além de um leque que notavelmente não era normal. O aço era refinado demais, provavelmente cortava mais limpo que uma faca.

–Não, fui eu quem fiz. – respondi vendo-os se entreolharem rapidamente.

–O que aconteceu meu jovem? Pelo estado dos corpos posso dizer que estava com muita raiva de alguém. – ele continuou, seu consorte e Reita analisavam os movimentos um do outro, estávamos em desvantagem era o que o cenho franzido e o corpo inclinado pra frente indicava, Akira estava pensando numa forma de fugir.

–Ainda estou. Não vai mudar até eu acha-lo e mata-lo. – eu ao menos sabia porque estava respondendo a ele.

–E por isso matou todos aqueles bruxos, sendo que você também é um?

–Eles foram.. consequência.

–Consequência?

–Hora errada, lugar errado. – algo estava muito estranho. Ele era um feiticeiro, devia ter me atacado e não iniciado um diálogo amigável de “você está bem?” e que merda de calma induzida era aquela? – Encantamento. – murmurei vendo-o sorrir de leve.

–Você é um bom garoto, não me parece alguém que mataria mil bruxos só porque estavam “no lugar errado”. – senti raiva dele.

–Você não me conhece. – eu ainda me sentia alterado demais, Ruki tinha me comandado por tempo demais – Não sou um bom garoto. – o cansaço estava ficando incontrolável, eu poderia desabar a qualquer momento e não acordar pelas próximas 24 horas, ainda não estava pensando direito, talvez por isso estivesse respondendo aquele cara quando devia pensar em como fugir.

–Gackt esteve na cobertura, o que ele fez lá? – o consorte perguntou, sua voz era suave, quase calmante mas só a menção daquele nome já me fez ferver de novo.

– Taka – pela primeira vez Reita me chamou daquela forma, eu reconheci de imediato que o tom em sua voz era de pena – já é o bastante.

Uma frase e aquela raiva crescente, aquele ódio que me consumia deu lugar à tristeza. Ela estava lá o tempo todo, esperando o momento em que poderia sair, em uma frase ele conseguiu isso. A tristeza querendo transbordar em lágrimas, não era mais o Ruki pedindo vingança e sim o Takanori pedindo a algo inexistente que aquilo não fosse real.

–Rei... – ele me abraçou como se eu pudesse quebrar enquanto eu apertava sua camisa entre meus dedos, como se isso pudesse mantê-lo ali, eu não podia perde-lo também.

Não agora que o mais próximo do que eu conheci como família tinha queimado até as cinzas, não quando não teria alguém pra me chamar de monstrinho, nem alguém pra me treinar, não quando não seriam mais quatro, não quando restavam apenas dois.

Ali sentindo o calor de Akira eu chorei e gritei até não poder mais, tudo o que eu tinha estava destruído, só me restava ele, só me restava Reita.


“Então eu deveria chorar?

Então eu deveria gritar?”


Depois daquilo eu desmaiei e só acordei em dois dias numa cama confortável em um quarto que eu nunca tinha estado.

–Está melhor?

–Não. – respondi sinceramente vendo Reita trazer uma bandeja com comida – Onde estamos?

–No covil dos feiticeiros, eles parecem ter algo a tratar com você. Agora coma.

Obedeci em silêncio, estava tudo bem ficar ali? Akira não parecia incomodado nem tão alerta como quando entravamos na base dos bruxos, era um bom lugar então? Não tinha perigo ali?

–Que bom que acordou Ruki-kun. – aquele feiticeiro de antes entrou acompanhado de seu consorte – Me chamo Kamijo e este é Jasmine.

–Por quê? – ele pareceu entender minha pergunta.

–Você e Reita-kun não representam uma ameaça, na verdade, podem vir a ser muito úteis se ficarem do nosso lado.

–Só tenho um objetivo e não preciso de alguém me dando ordens pra alcança-lo.

–Nem se eu disser que se ficar posso te falar todos os pontos fracos de Gackt? Apesar de não garantir que vai conseguir mata-lo, esse tem sido meu objetivo à muitos anos.

–O que vão querer de mim?

–Bem, isso eu não tenho como saber, Azumi-san é quem lhe dará ordens aqui dentro.

Uke Azumi era um dos conselheiros e se não falhava a memória, era avô de Uke Yutaka, me pergunto se ele ainda estava vivo.

–Ruki-kun, ainda não disse o que Gackt foi fazer naquela cobertura. – Jasmine me lembrou.

–Não importa, a nenhum de vocês. – quem respondeu foi Reita, numa voz hostil sem brechas para perguntas. Eu também não gostaria de responder.

–Tudo bem, não vamos insistir nisso. Ruki-kun, Reita-kun, espero que fiquem bem. – Kamijo seguia em direção á porta.

–Quando vai me contar as fraquezas dele? – ele parou um instante sorrindo.

–Quando estiver em boas condições.

Kamijo cumpriu o que disse daquela vez, contou muito mais do que os pontos fracos do Gackt como contou a história dos dois pra mim, não que eu quisesse realmente saber, mas uma coisa ele não contou: o porque de querer mata-lo também.

Ele e Jasmine saíram em missão e não os vi mais, eu e Reita continuamos ali, na base dos feiticeiros por um bom tempo, só treinando e esperando o tal Azumi me mandar em missão fosse ela qual fosse, mas ele só me olhava e falava que eu ainda não estava pronto.

Era irritante, eu pensei muitas vezes em simplesmente ir embora dali mas Akira sempre me convencia a ficar. Não fazia ideia do porque ele gostava tanto de lá. Talvez gostar não fosse a palavra, ele ficava confortável lá, de forma que eu só vi poucas vezes quando estávamos com Shi e Shinigami-sama, mas eu não conseguia sentir o mesmo. Não conseguia ver aquele lugar como uma “casa”.

Os feiticeiros também não confiavam em mim, assim como eu não confiava neles, o único que eu confiava era Reita.

Algum tempo depois, quando eu e Reita terminávamos o treinamento tive uma surpresa.

–Ruki.

–Hm. – estava olhando o céu, tão azul e tranquilo, tão diferente de mim.

–Eu quero ser seu consorte. – demorei pra entender aquela frase tão simples mas tão cheia de significados.

–Pensei.. que você não quisesse depender de alguém.

–Se for você eu não me importo. – e estava ele outra vez falando coisas constrangedoras.

Depois que tudo aquilo aconteceu não tínhamos mais conversado ou estado juntos como antes, Akira tentava respeitar meu espaço e provavelmente ter o espaço dele também e eu não conseguia pedir pra voltar a ser o que era antes, não seria o que era antes.

–Não quero te ver daquele jeito outra vez, não quero que tenha que agir como shinigami outra vez.

–É parte de mim, não posso evitar.

–Talvez eu possa. – sim ele podia, Reita era o único agora que podia evitar aquele meu lado obscuro.

–Você pode, eu que sou fraco demais pra fazer isso sozinho.

–Você não é fraco.

–Claro só sofro de bipolaridade, completamente normal. – ele me olhava irritado, Akira não gostava quando falava de mim mesmo daquela forma, menos ainda quando eu era sarcástico. – Sem falar meus incontáveis traumas eu devia contar? Mas era de se esperar algo assim de alguém com um passado tão podre.

–Não foi sua culpa! – ele falou meio alto, seu olhar entre raiva e angústia me deixando mais surpreso ainda – Nada disso foi sua culpa.

–Eu me senti melhor matando aqueles bruxos, não satisfeito, mas melhor, não sou alguém que mereça compaixão. Nem de ninguém, nem a sua.

–Para com isso seu idiota! – ele gritou e avançou em mim, me sacudindo pelos ombros – Pare de agir como se a culpa fosse sua, acha que Shinigami alguma vez te culpou? Acha que o idiota do Shi ficaria feliz te ouvindo dizer essas coisas? Acha que eu fico feliz te vendo assim?

–Reita – eu nunca pensei que o veria descontrolado daquele jeito, nunca pensei também que ele pudesse estar sofrendo por minha causa – me desculpe.

–Baka eu não quero desculpas, quero meu demoniozinho de volta. – ele sorriu e me beijou, um beijo intenso, sedento e saudoso, nem eu sei como aguentamos tanto tempo sem aquele ato. Quando nos separamos em busca de ar ele continuava sorrindo e enquanto eu ainda tentava respirar me pegou no colo e nos levou pro quarto em meio segundo. – Sabe, eu esperei muito pra decidir se você merecia ou não ser meu Amo então será que dá pra responder se aceita ou não?

Eu não aguentei e tive que rir, ele estava ansioso.

–O que acontece se eu disser não? – brinquei.

–Eu te persigo pelo resto da sua vida até dizer sim. – ele provavelmente falava sério.

–Então não tenho muita escolha. – Reita ainda me encarou um tempo.

–Isso é um sim?

–Você já foi mais inteligente cachorrinho. – provoquei vendo-o sorrir ainda mais.

–Meu demoniozinho podia dizer algo fofo ao menos uma vez.

–Não me confunda.

–Claro, claro, algo a dizer antes do selo?

–Que se não me botar no chão quebro seus braços. – era constrangedor, mas eu não diria isso.

–Mas não é assim que os humanos fazem?

–Cala a boca. – sim eu estava corando, e ele só podia estar de palhaçada – Só porque parece um casamento não precisa agir como se fosse, principalmente porque eu não sou a noiva.

Apesar de tentado a responder ele me colocou no chão, um sorrisinho de “tem certeza?” brincando em seu rosto.

–Va á merda Akira, eu vou tomar banho.

–Vou com você. – pensei em dizer alguma coisa mas não ia adiantar, e eu também não estava tão preocupado com essa parte por assim dizer.

Não que já tivéssemos ido muito além de toques intensos mas era o Reita então...

–No que está pensando? – a banheira já estava enchendo, Akira usando só uma sunga e eu ao menos tinha tirado a blusa.

–Nada. – perdi algum tempo olhando seu corpo sendo molhado pela água que caia do chuveiro, músculos nos lugares certos, era tentador demais até pra mim.

Tentei me concentrar em tirar a roupa, restando apenas a boxer entrei no chuveiro, Reita já dentro da banheira mantinha os olhos fechados mas vez ou outra a intensidade deles me fazia arrepiar, a banheira já estava cheia quando me acomodei, ela era grande o bastante pra quatro pessoas, Akira sentado em uma ponta e eu na outra mas claro que isso não durou nem um minuto.

–Taka – sua voz firme e levemente rouca me fez arrepiar outra vez, suas mãos delicadamente levantaram meu pé direito até estar acima da água, seus olhos grudados nos meus – você me aceita como seu consorte, pelo resto dos seus dias até que a morte nos faça uma visita?

–Aceito, mas quando a morte vier eu mato ela. – ele riu.

–Não duvido nada. – seus lábios encostaram de leve e uma marca começou a surgir subindo pela minha perna como uma serpente – Agora eu pertenço a você.

A imagem formada do meu pé até a altura do joelho era sem duvida o rosto de um lobo, ou devo dizer, o rosto de Reita em sua forma normal. Subitamente tudo ali pareceu mais quente, a marca esquentando como se fosse brasa, não queimava, era mais.. excitante.

–Ah – deixei um gemido escapar enquanto Reita se aproximava subindo a mão pela marca até alcançar minha coxa – por que hmm – ele apertou ali e instintivamente abri mais as pernas pra que ele pudesse se acomodar – tão quente.. – estava difícil me concentrar no que eu queria perguntar, ainda mais com ele tão perto, seu cheiro tão bom...

–Eu te disse uma vez, quando um inu deixa sua marca ela atiça o elemento que o bruxo ou feiticeiro controla e também, – sua mão subiu mais massageando meu membro semi desperto me fazendo gemer mais longamente e tentar trazê-lo mais pra perto conseguindo apenas distribuir aranhões em suas costas – te deixa mais sensível à mim.

–Aki.. ra! – sua mão se movia com afinco ignorando completamente o tecido que me apertava, todo ele era dor e alívio naquele pequeno inferno em que estava, comparado a mim seu corpo era uma pedra de gelo e o choque térmico era muito bem vindo – Mais.

–Como desejar. – suas mãos agilmente tiraram minha boxer enquanto minhas costas iam de encontro a algo liso e congelante, o chão do banheiro, ele desceu e eu soube o porque quando sua língua tocou meu falo da base até a glande.

–AAH, aaah Reeeei – sua boca de alguma forma era mais gelada que aquele chão, era uma sensação única que estava me enlouquecendo aos poucos, meus gemidos vergonhosos e descontrolados pareciam agradá-lo já que ele sugava mais forte em cada um deles mas não era o bastante, ainda estava queimando.

Foi quando sua boca me soltou e sua língua desceu mais procurando o lugar que eu sentia ferver e se empurrar pra dentro, ao contrário de antes pareceu queimar ainda mais, era angustiante, mas eu não queria que parasse.

–Akira, A-Akira – queria implorar que fosse mais fundo, que me desse alívio, que me deixasse queimando, mas da minha boca só saia seu nome regado de gemidos.

Ele parou o que fazia e voltou a subir lambendo e mordendo desde minha virilha até meu pescoço, o calor se tornando insuportável.

–Vou derreter.

–Eu derreto com você, até virarmos um. – num lapso de consciência eu quis prova-lo também, sentir o seu gosto, ouvi-lo gemer.

–Levanta. – Reita me olhou sem entender mas quando viu que eu não estava pedindo obedeceu.

Meu corpo tremia, meu interior pulsava e minha boca salivava, o desejo era tanto que me manter ajoelhado parecia impossível, Reita notando isso me ajudou a me firmar antes de tirar a última peça que nos impedia, minhas mãos fincaram em suas coxas e sem conseguir esperar o empurrei em minha boca.

–Ruki. – ele grunhiu e suas mãos acariciaram meu cabelo enquanto eu me movia pra frente e pra trás sugando ora com força, ora movendo a língua, ele também era gelado ali, comecei a imaginar como seria tê-lo em mim, forte, queimando, fundo, delicioso, sem ao menos notar já estava gemendo de novo e enterrando dois dedos no meu ânus no mesmo ritmo em que minha boca era fodida.

Assim que senti o gosto do pré - gozo Akira me fez solta-lo e levou minha mão agora melada até a boca chupando e me olhando nos olhos.

–Akiraa. – não ia aguentar mais e ele pareceu notar, voltamos a deitar no chão, suas mãos prontamente ajeitando minhas pernas em seus ombros, seu olhar ainda preso ao meu.

Lentamente ele começou a empurrar e por um instante cedi à tentação de fechar os olhos. Era melhor do que eu poderia imaginar. Quando estava todo dentro pude ouvi-lo gemer e acabei imitando o ato.

–Taka, - ele não tinha se mexido – olhe pra mim.

Foi impossível não olhar, ele sorriu de leve.

–Isso, assim.

–Aaah, aaaah, AAAH – seus movimentos rápidos, firmes e cada vez mais profundos me fizeram delirar, os gemidos dele me incentivando a gemer mais e mais e quando me vi no limite ele me mordeu.

Eram tantos sentimentos juntos, e não eram apenas os meus, tinham os dele também, estavam todos ali, se misturando e passando como uma corrente elétrica por nós dois e apesar disso eu não conseguia tirar os olhos dele, não conseguia desviar daquelas esferas vermelhas que me encaravam, por um instante pude jurar que vi meu próprio rosto, como se tivéssemos trocado de lugar, meus olhos também estavam vermelhos, mas não era um vermelho sangue, era vermelho fogo.

Quando voltei a mim ainda estávamos como antes, com uma única diferença: éramos um só.

Continuamos deitados no chão do banheiro até recuperar as forças, em nenhum momento desviamos os olhos um do outro, era como um ímã e nem todo o cansaço parecia o bastante pra quebrar aquilo.

–Agora você é meu. – ele sussurrou.

–Todo seu... pra sempre. – respondi sentindo a inconsciência me ganhar.

–Pra sempre.


Três dias depois Azumi nos chamou, sua primeira reação ao nos ver foi um discreto mas perceptível sorriso, como se já esperasse que nos tornássemos Amo e Consorte, vai ver ele esperava mesmo.

–Não os vi treinando nos últimos dias, fiquei me perguntando o que poderia ter acontecido mas acho que já sei a resposta.

Seria impossível treinar nas minhas condições atuais foi o que pensei e comprovei naqueles três dias. Três dias e três noites em que eu acordava queimando e só voltava a mim depois que Reita me mordia incontáveis vezes, segundo ele isso ia continuar até eu me acostumar à marca. E ainda tinham outros “problemas” como minha atual incapacidade de ficar longe de Akira pelo milésimo de tempo que fosse, eu até tentei, mas pude sentir claramente o quanto meu corpo rejeitou a ideia, só a intenção de me afastar, mesmo que inconsciente e uma dor como eu nunca senti na vida vinha me lembrar que eu não podia.

Ela começava na minha cabeça como uma dor aguda e depois descia até meu peito como se uma mão invisível tentasse arrancar meu coração. Só aconteceu uma vez, se dependesse de Reita não haveria uma segunda. Mesmo no meio daquilo pude sentir o desespero dele.

Além disso ainda tinha a repulsa a qualquer youkai que se aproximasse de mim, cheguei a vomitar quando um veio perguntar se eu estava bem e isso era o que eu tentava não repetir naquela sala em que youkais não paravam de entrar e sair.

–Vamos Ruki. – não fazia ideia do que eles tinham conversado e realmente não me importava no momento, a prioridade era sair dali e Reita me concedeu isso – Pense no lado positivo: essa faze passa.

Ele continuou quando chegamos no quarto, meio que sem pensar deitei na cama de bruços inalando o cheiro dele impregnado nos lençóis.

–Uhum. – mau conseguia retrucar algo decente, apesar do enjoo ter diminuído por algum motivo ainda não me sentia bem.

–Quer que eu traga algo pra você comer?

–NÃO! – gritei avançando nele e consequentemente derrubando nós dois no chão.

–Calma, eu ia levar você comigo. – continuei agarrado à ele – É que você não tem comido, vai acabar doente.

–Uhum. – não tinha ouvido uma palavra outra vez, estava mais interessado no seu cheiro e no calor que desprendia do seu corpo.

–Oe Ruki, ouviu o que eu disse?

–Me morde. – não precisei dizer duas vezes.

Levou uma semana pra que conseguisse controlar meus novos impulsos e quase dois meses para aquela dependência sem limites começar a diminuir, o que não quer dizer que tenha sumido, provavelmente, nunca ia sumir.

Curiosidade nunca fez muito do meu feitio mas naqueles dias minha curiosidade por Reita e tudo o que lhe dizia respeito era quase sufocante, no começo eu conseguia mantê-la só pra mim mas num dia específico as perguntas se tornaram tão latentes que Akira se sentou de frente pra mim dizendo um tenso “pergunte” e me deixando na situação atual, sem saber por onde começar.

–Você já sabia... sobre mim. – era uma constatação.

–Shi me contou.

–Hmm, e você..?

–Eu?

–Não me contou nada antes de ser capturado pelos bruxos.

–Foi a muito tempo.. posso não lembrar algumas coisas. – pelo tom de sua voz ele lembrava de tudo, só não sabia até onde queria falar.

–Conte o que quiser que eu saiba.

Ele pensou um pouco, hesitando até se decidir.

–Eu.. nasci numa época ruim. Os yokais eram perseguidos por monges e os que se chamavam de exorcistas, foi o período em que passamos a nos esconder dos humanos e consequentemente dos bruxos e feiticeiros que apesar de não nos fazerem mau também não eram confiáveis. Foi uma das raras vezes em que youkais se uniram para a proteção geral. As raposas que eram maior número criaram tocas em que podíamos viver sem sermos perturbados e deixando o orgulho de lado chamaram os mais fracos para morar sob a proteção delas mas nem todos aceitaram ou tiveram tempo pra isso. Meus pais por exemplo não tiveram tempo. Eu tinha acabado de nascer e por isso eles estavam enfraquecidos quando foram cercados por exorcistas, não sei exatamente o que aconteceu mas um casal de raposas me salvou. Eles me adotaram e me ensinaram tudo o que sabiam, ignoraram os olhares tortos e palavras ferinas que outras raposas nos davam, foram verdadeiros pais pra mim. Os problemas com os humanos deixaram de existir e a tranquilidade voltava aos poucos, mas uma epidemia se espalhou entre as raposas numa velocidade absurda. Muitas morreram e as poucas que sobreviveram ainda sofriam com efeitos da doença. Nessa situação crítica a Tenko que cuidava daquela toca-

–Tenko? – interrompi sem realmente querer.

–O tipo que chamam de kitsune celestial, a que eu conheci era mensageira de Inari. – confirmei pra que continuasse – Ela fez um acordo com o primeiro Mectro e dessa forma livrou todas as kitsunes da epidemia, não muito tempo depois eu saí da toca pra viver nas florestas.

–E foi capturado.

–Não são muitos youkais que fazem contratos com bruxos por isso eles passaram à pegar filhotes, eu só tive azar. – ele ficou em silêncio, como se lembrasse de coisas ruins.

–Você gosta daqui – resolvi mudar de assunto – por quê?

–De certa forma me lembra os tempos que passei na toca.

–Se gostava de lá por que saiu?

–Eu não podia viver pra sempre na sombra das raposas, por mais que tenham se acostumado comigo não era o meu lugar.

–E onde é? – ele sorriu de leve.

–Naquele tempo eu não sabia, mas com certeza é onde você estiver.

Dali em diante não tocamos mais no assunto “passado”, não precisávamos disso, a vontade de pensar apenas no presente era mútua.

Problemas com os bruxos se tornou algo raro já que estávamos à mando de Azumi e nunca era muito prudente irritar um conselheiro, por mais que a maioria dos bruxos não ligassem pra isso era sempre bom manter a cabeça no pescoço e se tornou de conhecimento geral que os que vinham atrás de nós voltavam sem ela, isso quando alguém os mandava de volta afinal a “paz” entre bruxos e feiticeiros era só diplomática na maioria dos casos. Devia ser por isso que Azumi demorou tanto para nos mandar em alguma missão, ele precisava convencer os outros primeiro.

Ficamos tanto tempo lá que eu até duvidava que algum dia voltaria a ouvir o nome Camui Gackt outra vez, foi quando Azumi nos contou da condição de Yutaka, Amo de uma kitsune e com um selo contendor além de ser um Mectro mas isso era mantido em segredo ao menos parcialmente. Todo ele era um ímã que chamaria atenção de Gackt cedo ou tarde e quando essa hora chegasse alguém deveria estar por perto, alguém que pudesse pará-lo se necessário, o único assim era Kamijo e depois de muita discussão eu e Reita nos tornamos uma opção também. Não que Akira tivesse concordado de primeira, ele achava que o melhor era nos mantermos longe mas o convenci do contrário.

Em pouco tempo nos mudamos para a faculdade que Yutaka frequentaria, pude observa-lo desde o dia que botou os pés lá dentro. Minha missão era me aproximar dele como “amigo” mas isso pra mim seria impossível, especialmente se ele ainda se lembrasse do que fiz quando era mais novo. Então resolvi fazer as coisas do meu jeito, primeiro pra saber se ele teria medo de mim e depois pra ver se ele valia à pena o esforço já que minha motivação pra estar ali nunca foi sua proteção pra começo de conversa. Ainda na primeira semana de aula ele me deu a oportunidade perfeita indo sozinho até o bosque, estava distraído, relaxado, perfeito até demais. Resolvi dá-lo um dejavú, assim ele lembraria mais rápido.

Qual não foi minha surpresa ao ser jogado contra uma arvore por uma massa concentrada de ar, pra quem ao menos sabia controlar sua energia conseguir aquilo era um feito e tanto, vai ver as lendas sobre Mectros não eram só lendas.

Reita me olhou entre preocupado e aborrecido quando entrei no quarto: preocupado pela repercussão que aquilo podia dar e aborrecido porque achava que eu estava pegando pesado.

–Eu nem toquei nele. – tentei amenizar mesmo sabendo que não adiantaria.

–Pressão psicológica é o que você mais gosta. – ele tinha razão, desde que viramos Amo e Consorte eu criei preferência pelo terror psicológico, trazia resultados mais rápido e eu me divertia por mais tempo.

–Tinha que começar por algum lugar então que fosse pelo medo.

–Já parou pra pensar que depois do que ele passou e ainda vai passar pode não ser a melhor opção?

–Justamente por isso é a melhor opção. Agora diz o que conseguiu com a raposa. – acendi um cigarro ignorando o olhar de desgosto que Akira me lançou.

–Só alguns xingamentos e a certeza de que eles ainda não sabem tudo o que deviam.

–Azumi virá esclarecer o necessário, até lá esperamos.

–Bem longe de Kai se quiserem continuar como estão. – a raposa, ou Miyavi como se chamava entrou no quarto com um olhar ameaçador, entendia seus sentimentos possessivos então decidi que seria mais fácil fingir por enquanto.

–Já tive o que eu queria, vou procurar outro pra me distrair, se não acredita Reita dá sua palavra. – Akira me lançou um rápido olhar raivoso.

–Vamos embora ainda essa noite, se quiser pode vir checar depois. – Miyavi lançou um longo olhar à nós dois dando um sorriso malicioso em seguida.

–Então o cachorro encontrou um dono?

–Cai fora raposa idiota! – Reita o expulsou visivelmente nervoso.

–De onde o conhece? – perguntei tentando ignorar a pontada de ciúmes indevida.

–Ele morava na toca. – e se resumiu a isso.

Ignorei todas as perguntas e suposições que me atingiram e fui tomar um banho, ao sair me encontrei sozinho e mais irritado ainda me deitei.

Quem diabos era aquela raposa pra deixar o meu Reita nervoso? Como eles se conheceram? Viveram quanto tempo juntos? O quão próximos eram?

Akira voltou deitando do meu lado e me abraçando pela cintura como se nada tivesse acontecido.

–Está irritado. – ele confirmou quando eu não disse uma palavra – Miyavi foi meu primeiro amigo na toca.

–Pensei que eu fosse seu primeiro amigo. – imaturo eu sei, saiu sem que eu pudesse segurar.

–Humano. Eu vivi muitos anos Ruki, é normal que tenha conhecido outras pessoas antes de você. – aquela frase doeu – Droga, não foi isso que eu quis dizer.

–Saia quero ficar sozinho.

–Taka você sabe que não foi nesse sentido-

–Não interessa o sentido você disse. – um dos motivos pra que eu não perguntasse sobre o passado de Reita era por que tinha medo do que ia ouvir, medo de que ele tivesse alguém mais importante do que eu.

–Foi sem querer, sabe que me tira do sério quando não confia em mim.

–Confio no Reita que eu conheço, não posso fazer o mesmo com o passado. – ele se calou sabendo que de certa forma eu tinha razão.

Tanto eu quanto ele mudamos depois que nos conhecemos, passamos a pensar diferente em relação à muitas coisas, assim como eu não poderia jurar fidelidade a quem eu ainda não sabia ao menos da existência ele também não podia, mas nem por isso era menos doloroso.

–Nunca tive alguém tão especial quanto você chibi. Ninguém nunca me teve da forma que você me tem.

–Isso é óbvio, nenhum youkai pode ter mais de um Amo. – ele deitou por cima de mim me obrigando a olhá-lo.

–Não seja teimoso, eu te amo como jamais amei ou vou amar alguém, te entreguei minha vida o que mais eu preciso fazer?

–Nada, não é com você que estou irritado.

–Então o que é?

–Difícil explicar. – sentia raiva de mim mesmo, por motivos que eu nem ao menos sabia dizer.

Ele pareceu se acalmar um pouco.

–Nee Ruki, eu também preferia ter te conhecido antes de qualquer um, talvez comigo sua vida teria sido diferente assim como a minha também seria. Mas ao mesmo tempo fico feliz que tenha sido do jeito que foi porque temos um ao outro agora.

–Hm. – grunhi em resposta de certa forma feliz por Reita pensar o mesmo.

–Ruki...

–Huum.

–Você quer mesmo continuar nessa missão?

–Sim, não só pela vingança mas por outros motivos também. Se tudo o que Kamijo me disse for verdade, Gackt vai achar sua nova diversão aqui e além disso... tem uma teoria que eu gostaria de comprovar.

–Teoria?

–Sobre o treinamento dos Mectros, acho que sei o que falta.

–Me deixou curioso. – sua mão escorregou por dentro da minha blusa.

–Reita, eu quero dormir.

–Não seja mal Ruki. – ele reclamou.

–Estou falando sério.

–Ok, boa noite.

–Oyasumi. – ele continuou em cima de mim e antes que eu pudesse reclamar outra vez ele me beijou.

No dia seguinte só nos preocupamos em ficar longe da raposa para evitar maiores problemas e graças a isso encontrei o rastro leve de Gackt na cidade, ele veio mais rápido do que eu esperava mas ainda não tinha entrado na parte demarcada por Kamijo por isso não tinham mandado outros feiticeiros pra cá. Não ia demorar muito pra ele chegar na faculdade.

–Vai avisar pro conselho?

–Ainda não. – Reita me olhou desconfiado.

–Por que não?

–Vamos esperar Gackt saber o que tem aqui.

–Isso não deixaria a situação pior?

–Na verdade deixa tudo mais interessante, vamos voltar pra faculdade.

–Tem certeza?

–Absoluta.

Tínhamos passado o dia e parte da madrugada atrás daquele rastro mas não encontramos ele, o verme sabia se esconder. Quando pus os pés na faculdade pude sentir a “visita” que nos esperava.

–Esse velho deve saber ver o futuro.

–Acha que ele percebeu? – falava de Gackt.

–Espero que não.

–Ne Ruki, de que lado você está? – ótima pergunta.

–Do meu. Ainda não tenho motivos pra me aliar a ninguém.

–Talvez eu possa te dar um motivo. – velho intrometido.

O encarei com raiva contida, odiava quando ele ouvia demais.

–A missão de vocês mudou um pouco. Os outros conselheiros achavam melhor tirá-los daqui mas os convenci que vocês podem vir a ser úteis.

–Pode ir direto ao assunto e pular o desnecessário? – não tinha paciência nem força de vontade suficiente pra ficar perto de Azumi mais do que o necessário, de alguma forma sua presença me incomodava.

–Vamos adiantar as coisas, vocês ficarão aqui como alunos sob os cuidados de Kai e seu consorte, vou apresenta-los como os aliados que são.

Hum, vai ver ele sabia mesmo ver o futuro, querer acelerar as coisas do nada só podia ser porque algo ruim ia acontecer logo.

–Algo mais?

–Tragam o consorte dele aqui, ele também precisa ficar a par de algumas coisas.

–Reita.

–Hai. – Akira saiu atrás de Miyavi e se passaram longos e desconfortáveis sete segundos pra que voltasse com a escandalosa raposa.

–Porra Akira me solta caralho!

–Cala a boca, Azumi tem algo a dizer. – Reita o soltou e ficou parado ao meu lado, estava ficando entediante ali.

Não prestei muita atenção na conversa, na verdade ele não diria muita coisa de qualquer forma já que os assuntos do conselho só dizem respeito ao conselho, uma política contraditória e seletiva.

Uma sutil alteração na barreira de proteção que Kamijo criara chamou minha atenção, um youkai tinha entrado... não só um... me concentrei melhor e as energias ficaram mais evidentes apesar de quase nulas, eu estava certo, Gackt encontrou a faculdade.

Akira me encarava a um longo tempo, ele sabia que eu tinha sentido algo e interpretou facilmente quem era quando comecei a liberar minha intenção assassina, inconscientemente ele começou a fazer o mesmo.

Já pouco me importava se o outro youkai presente interpretaria como uma ameaça, Ruki estava quase me convencendo a ir atrás do maldito que entrou facilmente no quarto de Kai.

–Ainda não Ruki. – Reita sussurrou.

–Eu sei. – sim eu sabia, não estava nos meus planos estragar tudo por um impulso.

–Vocês dois não fiquem tão agitados, Raposa, traga Kai aqui, preciso falar com ele também. – podia sentir claramente que Miyavi estava perturbado ali dentro, sendo comprimido pela tensão palpável no ambiente, provavelmente estava tão sufocado com o que sentia ali que nem ao menos notou o que se passava lá fora.

Foi meio inevitável minha crise de riso.

Só podia ser uma piada, ele estava perturbado com isso?

Reita pousou a mão em meu ombro e no mesmo instante parei com o riso, encarando friamente a raposa do outro lado da sala.

Inexperiente demais.

Ele nos olhava de volta ainda perdido na youki que agora desprendia apenas de Reita, este estava irritado porque sabia exatamente o que eu queria e sabia também que se eu resolvesse fazer não poderia me impedir, e por isso estava se preparando mentalmente pra me atacar caso eu me movesse.

Eu entendia, da última vez eu me descontrolei completamente ele não ia se dar ao luxo de acontecer uma segunda vez.

Só que o engraçado nisso era que a raposa do outro lado da sala estava interpretando aquilo como uma ameaça para ela e não pra mim.

–Até quando vai ficar parado aí? – não resisti em provocar vendo-o finalmente despertar do transe em que estava e sumir dali em um segundo – Relaxe Reita, não vou sair daqui.

Não foi imediato mas ele se acalmou aos poucos, à tempo de Miyavi voltar acompanhado de Kai que olhou de Azumi para nós como se fossemos assombrações. Imagino o que ele teria sentido se entrasse ali duas horas antes.

Ignorei mais uma vez o monólogo que se desenrolava e me concentrei em Gackt e seu consorte, parecia jovem, mais jovem que Miayvi, mas se estava na companhia de Gackt era porque podia fazer algo que o mesmo não podia e eu só sabia uma coisa que o bastardo não sabia fazer: ilusões.

Mas não me parecia que Gackt carregaria um peso quase morto só porque era bom em ilusões, tinha algo mais que esse youkai podia fazer além de ter uma dívida de vida alta o suficiente para aceitar um contrato.

–Do que você está falando velho, não aconteceu nada hoje de manhã. – as palavras rosnadas da raposa me trouxeram de volta pro que acontecia ali. Como eu suspeitava ele ficou mexido demais com o que sentiu ali dentro pra notar o que tinha lá fora.

Eu até poderia entender, youkais não costumam ser bons em sentir a energia dos outros a não ser que tenham muita experiência coisa totalmente relevante quando eles tem um Amo, seja um bruxo ou um feiticeiro sentimos a energia dos outros com uma facilidade assustadora mas a de Gackt e seu consorte estava muito bem camuflada, não me surpreenderia se mesmo que a universidade estivesse lotada de feiticeiros ninguém mais notasse, eu casualmente ontem tinha posto um pouco da minha energia na barreira de Kamijo por isso pude sentir quando ele entrou.

–Ou será que essa raposa ficou tão abalada na presença de um inu que não notou o risco que seu amo corria? – evidente até demais.

O youkai parecia ser outra pessoa completamente diferente de antes, talvez fosse verdade quando dizem que a presença do Amo muda até mesmo a personalidade do Consorte. Ele estava irritado e me parecia que não demoraria muito pra atacar e então casualmente Reita entraria em seu caminho.

Mas contrariando minhas expectativas Kai segurou sua mão e ele pareceu retomar um pouco de consciência. Encarei o moreno vestindo minha melhor máscara de surpresa mas ela se tornou real quando vi claramente a energia do consorte de Gackt envolvendo seu pescoço. Por algum motivo não tinha reparado antes, me pergunto como ele conseguia respirar, Shi-san uma única vez fez o mesmo comigo durante o treinamento e eu quase morri sufocado, claro que na época eu ainda não controlava minha energia o suficiente para tornar aquela energia em meu pescoço maleável o bastante para respirar mas Kai parecia fazer isso sem ao menos se dar conta.

Akira que ao contrário de mim estava prestando atenção no que acontecia deu o primeiro passo na direção dos dois quando Azumi foi embora, o imitei inconscientemente, era meio natural repetirmos os atos um do outro quando um de nós (no caso atual eu) ficava fora de órbita.

–Vocês foram matriculados? – deixei que Reita respondesse por nós, talvez Kai estivesse começando a despertar meu interesse?

Seguimos os passos dos dois até a sala em que teríamos aula e pensar nisso me deixou nervoso por um instante, eu nunca tinha ido a uma escola de verdade mas isso não importava no momento, não estava ali pra estudar e fazer amigos de qualquer forma... mas nem por isso fiquei menos nervoso quando paramos na frente da turma.

–Vocês são os alunos novos certo? Apresentem-se. – o que devia ser o professor disse.

–Me chamo Matsumoto Akira, conto com vocês. – o olhei de esgueira.

–Matsumoto Takanori, conto com vocês. – vários cochichos se estenderam pela sala o que nenhum deles sabia era que eu podia ouvir muito bem o que cada um estava falando, graças à marca de Reita eu tive meus sentidos apurados.

E em momentos como aquele isso era irritante como o inferno.

Tentei me distrair com o que tinha fora dali mas os constantes olhares na minha direção estavam me tirando do sério e tudo piorou quando notei que alguns olhavam Akira com desejo.

Acalme-se, humanos são visuais é natural que se sintam atraídos por youkais.. mas isso também não mudava minha vontade de matar todos eles.

–A aula já vai acabar. – Reita sussurrou pra mim conseguindo amenizar em parte o que eu estava sentindo.

Afinal se ele estava prestando atenção em mim não teria tempo pra pensar nos outros. De alguma forma sobrenatural consegui não liberar toda a minha vontade de matar e desmaiar todos os humanos ali presentes já que humanos comuns não suportam uma energia direcionada dessa forma.

O sinal estridente pra mim e no máximo irritante pros outros ali presentes tocou e todos começaram a sair, eu aproveitando que já estava no fundo da sala encostei na parede respirando o mais profundo e lentamente que conseguia, Akira parou na minha frente como se analisasse se eu estava ou não em condições de sair dali e seu cheiro mesmo que não tão perto quanto eu gostaria conseguiu me acalmar.

A raposa se aproximou de nós como se também analisasse minha reação mas Reita tapou parcialmente sua visão de mim.

–O que houve com ele? – tinha um leve ar de preocupação em sua voz.

–Nada de mais. – provavelmente o tom de ameaça que Akira deixou escapar o irritou.

Os dois se encaravam como se fossem se matar ali mesmo e eu não duvidava muito, seria até legal vê-los destruir aquela sala.

Só que mais uma vez Kai se envolveu e todo o cenário mudou. Ele parecia ser do tipo pacifista, não ia durar muito naquele mundo.

Segui com Reita pro quarto, sem ao menos dizer uma palavra me sentei na cama e voltei a me concentrar na energia de Gackt, ele estava na ala dos dormitórios como nós e seu consorte pelo visto estava ocupado marcando a faculdade.

–Vamos sair. – Akira me desconcentrou.

–O quê?

–Vamos sair, se você continuar aqui vai acabar matando alguém.

–E se algo acontecer enquanto estamos fora gênio?

–Nós voltamos, tem energia minha e sua suficiente aqui para chegarmos em meio segundo. E Gackt com certeza não vai a lugar nenhum agora que encontrou Kai.

–Tudo bem, eu vou me trocar. – ele não ia desistir mesmo e por mais que eu negasse ele tinha razão, faltava pouco pra que eu realmente atacasse alguém.

Comemos fora e caminhamos até começar a anoitecer e eu sentir a energia do consorte de Gackt se tornar inconstante.

–Ele fez uma ilusão. – constatei fechando os olhos e me concentrando melhor.

–Consegue sentir pra quem foi?

–Pro Kai com certeza.

–Pode interferir?

–Só se tiver uma brecha e não me parece que vai ter alguma.

–Como sabe?

–Gackt é um maldito prevenido e fez uma barreira em volta do quarto em que o youkai está. Mesmo que tenha uma falha na ilusão dele eu não vou conseguir entrar.

–E onde está o Miyavi que não viu isso ainda?

–Procurando por ele. Mas ele só vai conseguir sentir o Kai quando Gackt desfizer a barreira.

–Acha que vai demorar?

–Depende de quanto tempo o Mectro vai levar pra sair da ilusão.

–Acha que ele consegue? – o olhei pensando a respeito.

–Talvez... ele faz muitas coisas de forma inconsciente resta torcer pra que essa seja uma delas.

–Ah eu não sirvo pra isso. – realmente, Reita ficava muito ansioso quando não podia fazer nada – Acha que eu quebro a barreira?

–Claro mas não vai precisar, ele já saiu da ilusão. – Akira me olhava surpreso, eu também não esperava que fosse tão rápido – Logo ele acorda e a barreira será desfeita, a energia dele descontrolada como é fará isso sem problemas.

–Tem certeza que não precisamos nos envolver?

–Tenho, agora vamos voltar, do nosso quarto vou poder sentir melhor como as coisas estão caminhando.

Meia hora foi o tempo que ele levou pra acordar provando minha teoria de que ele tinha saído da ilusão inconscientemente já que se fosse consciente não demoraria nem um minuto pra acordar. A barreira foi desfeita e pude sentir com clareza quando o consorte de Gackt marcou Kai, me pareceu o tipo de marca que demora demasiadamente pra sair mas a energia de Kai já estava desfazendo-a assim que foi posta, talvez nem passasse daquela noite. Em pouco Gackt entrou no quarto e nem ao menos se conteve em suprir sua energia, na verdade ele liberou toda de uma vez e a manteve constante, provavelmente queria ver se Kai sobrevivia aquilo, um humano comum morreria logo.

–Droga Ruki me fala o que tá acontecendo!

–Ele vai morrer.

–O QUÊ? – escandaloso.

–Ou não, parece que o seu amiguinho youkai finalmente entendeu o que está acontecendo e Gackt deve estar propondo o treinamento nesse instante, da forma errada como era de se esperar mas se Kai está saindo ileso do quarto quer dizer que aceitou.

–Certeza que ele saiu ileso?

–Só está marcado, nada que mereça preocupação da sua parte. – estava me irritando profundamente toda aquela situação.

–Entendi, entendi não pergunto mais nada.

Fiquei mais um tempo concentrado na energia daqueles quatro e depois achei melhor dormir, não aconteceria nada melhor essa noite.

Na manhã seguinte levei um contrariado e sonolento Akira pro refeitório e sentei em qualquer mesa esperando ele voltar com nosso desjejum, foi mais ou menos nesse momento de distração que Miyavi sentou na mesa e ficou me encarando. Normalmente eu teria me irritado e utilizado sabiamente do vasto vocabulário de palavrões que eu conhecia mas estava com sono demais pra isso, devia ser porque fiquei muito tempo sentindo a energia dos outros.

–O que foi raposa? – Reita perguntou se sentando do meu lado, a comida a minha frente conseguiu minha primeira reação coerente e o motivo pelo qual levantei: comer.

–Vocês sabiam que era o Gackt. – nem de longe era uma pergunta, era uma acusação.

–Sim, sabíamos. – Akira respondeu mesmo assim.

–E não fizeram nada.

–Quem é o consorte dele afinal? – Reita continuou provocando, ele facilmente esquecia do sono quando tinha alguém pra importunar.

–E vocês estão aqui pra quê? Pelo que Azumi falou-

–Não obedeço o Azumi, só tiro vantagem do que ele me propõe. – interrompi, um pouco de verdade naquele jogo poderia trazer algo de bom também – Não me importam os planos do conselho e sim os meus planos.

–É o que ele diz, se Ruki não quiser se envolver eu não vou me envolver.

–Pensei que você tivesse aprendido alguma coisa com a Miko-san mas parece que o chibi-shinigami aí te fez uma lavagem cerebral. – a tensão naquela mesa cresceu, não me interessava realmente o que a raposa achava mas Akira pareceu se importar até demais quando ele citou a Miko-san. Quem seria essa?

Kai e seus companheiros de quarto se juntaram a nós na mesa me obrigando a ser o mais amigável o possível, Reita entendeu a mensagem e também se mostrou cordial aqueles dois, humanos comuns não precisavam ser envolvidos naquilo e se eu teria que andar com Kai e Miyavi por aí tinha que parecer tão amável e sem preocupações quanto aqueles dois, Kouyou e Yuu se não estava enganado.

A raposa parecia incrédula com nosso nível de atuação, na verdade Akira não estava fingindo de todo, ele conseguia se apegar facilmente aos que ele considerava mais fracos, já no meu caso isso não acontecia, tinha vivido tempo o suficiente com os piores lixos da humanidade, repetir a dose não era uma opção.

Yutaka estava tentado a nos afastar daqueles dois, como se fossemos atacar a qualquer momento era até divertido.

Dali fomos pra aula e dessa vez consegui me controlar melhor, até prestei atenção em algumas coisas mas sempre acabava pensando em outra, mais especificamente em quanto tempo eu tinha até Kamijo chegar, sendo otimista um dia, sendo realista algumas horas. As coisas começariam a andar quando ele chegasse.

E foi exatamente isso, só algumas horas e Kamijo acompanhado de Jasmine já se movia pela cidade. Eles marcaram Kai e foram concertar o buraco que Gackt e Hizaki (Reita me disse o “nome” dele quando passamos em uma das marcas que ele deixou) deixaram na barreira.

–Onde? – Akira perguntou quando notou que eu não estava indo pro quarto.

–Falar com o Mectro. – ele virou o corredor me poupando de continuar andando, paramos um de frente pro outro – Uke, tem algo que eu gostaria de lhe perguntar.

–Estou ouvindo.

–Você e a raposa tem algo haver com a presença de Gackt-san aqui na faculdade desde ontem? – pude sentir Reita me olhando como se eu tivesse algum problema, ele conseguia ser tão ingênuo as vezes.

–Na verdade eu estava querendo conversar com você sobre isso. Tem um minuto? – concordei, fomos em silêncio até uma parte mais isolada, pude sentir Gackt se movendo pela universidade, ele estava atrás de Kai mas parecia reconsiderar agora que sentiu que eu e Reita estávamos com ele.

–Ele veio atrás de você não é?

–Sim... está sabendo de alguma coisa? – estava tão interessado na reação de Gackt que quase não ouvi o que Yutaka me perguntava.

–Iie, não tenho contato com os bruxos a um bom tempo, sou um traidor no final das contas.

–Hum, Miyavi disse que você conhecia Gackt.

–Conhecemos ele a dois anos. – Akira falou no meu lugar quando notou que eu estava meio distante.

–Uma porra de um azar tremendo é ele ter vindo até aqui. – continuei – Se eu fosse você falava com alguém que pudesse tirá-lo daqui o quanto antes, ter Gackt por perto só pode resultar em problemas.

–Eu já avisei meu avô, ele vai mandar alguém de confiança. – não estava muito preocupado com isso na verdade.

–Até lá tome cuidado, o consorte dele marcou a faculdade de cima a baixo e o cheiro dele está começando a me incomodar. – Reita falou fazendo uma das várias caretas pelo cheiro de gato como ele chamava.

–Pena que você não fará nada a respeito. – disse me voltando pro dormitório, eu queria saber que tipo de treinamento Gackt faria, olhei Yutaka desinteressado – Não vou me envolver no que quer que aconteça, você e sua raposa que deem um jeito. – ele não me pareceu surpreso.

–Nee Matsumoto, você gosta do que tem aqui? – uma pergunta inesperada, girei o corpo ficando de frente pra ele outra vez, o que ele queria dizer com “o que tenho aqui”? – Gosta das pessoas que conheceu aqui? – essa sim foi uma pergunta que eu jamais teria me feito.

–Não são ruins. – respondi vendo-o sorrir de leve.

–Eu também acho, na verdade, só conheci boas pessoas aqui. – continuava sem entender – Não quero perder o que tenho aqui e se pra isso eu preciso ser alguém que nem Gackt ou quem quer que seja possa lidar é o que eu serei.

–Belas palavras de alguém que não sabe nem se defender. – Akira o provocou.

–Se for pra defender meus amigos não duvide de mim Reita-san, eu posso ser muito mais do que você espera. – sua energia se transformou rapidamente em uma vontade assassina intensa me fazendo dar um passo pra trás com a pressão, não era direcionada pra mim por isso não me afetava realmente, só foi uma surpresa interessante.

Akira se colocou entre nós dois e Kai virou as costas indo embora.

–É impossível o que eu senti vindo dele ser youki não é? Chegou a me dar arrepios. – Reita me encarou com aquele sorriso de quando estava interessado em algo.

–Iie, sem dúvidas era energia youkai. Ele me pegou de surpresa, certamente Miyavi encontrou alguém único.

–Parece que o garoto que eu encontrei daquela vez cresceu. – comecei a caminhar com as mãos nos bolsos também em direção aos quartos – Mesmo que pareça insano eu acredito no que ele disse.

–Hum? Jamais pensei que voltaria a te ver confiando em alguém cegamente. – ele tentou fazer gracinha.

–Eu confio em você não é? – sorri de lado ao vê-lo fazendo outra careta, provavelmente, pelo cheiro de gato.

–E vai fazer o que agora?

–Por enquanto nada, quero saber até onde vai toda essa coragem recém adquirida, você fica de olho nele. – comecei a pensar no que viria dali pra frente – Gackt não consegue ficar muito tempo no mesmo lugar, o que significa que ele vai agir sem pensar como sempre faz e quando acontecer nos livramos dele.

–Fácil assim? – um sorriso distorcido tomou conta de minha face.

–Qual seria a graça se fosse fácil? Eu ainda não dei o troco pelo que ele fez.

–Posso supor então que o shinigami está de volta? – meu sorriso se alastrou enquanto belas imagens tomavam conta de minha mente.

–Com toda a certeza. – uma leve variação de energia foi suficiente pra que eu não tivesse dúvidas – Siga-os Akira.

–Volto antes do jantar.

–Não se atrase. – falei sentindo-o sumir, pelo visto a noite seria interessante, Hizaki e Miyavi também tinham sumido.

Para confirmar se nada tinha mudado passei em frente ao quarto deles, Takashima e Shiroyama estavam lá dentro a horas, mas isso não era realmente importante. No quarto de Gackt não havia ninguém, um encantamento de alto nível para impedir a entrada de invasores como eu, não que realmente me impedisse mas eu precisava ter certeza do que ele queria antes de agir.

Estava prestes a entrar em meu quarto quando Kamijo e Jasmine deram as caras.

–Já era hora. – disse encontrando os dois lá dentro me esperando.

–Ruki-kun, a quanto tempo.

–Ah, fazem anos desde a última vez.

–E mais uma vez nos encontramos devido a mesma pessoa. A propósito, onde está Reita?

–Seguindo os passos do psicopata, eles devem voltar logo.

–Quem é a vítima dessa vez?

–Uke Yutaka. O não desperto que Jasmine-san marcou mais cedo. – ambos sorriram de leve.

–Tão previsível. – Jasmine comentou.

–Ele realmente parecia ter algo de especial, por acaso você sabe o que é Ruki-kun?

–Depende, quem te mandou aqui? – perguntei enquanto acendia um cigarro, Reita continuava tentando me fazer parar por isso eu fumava sempre que ele estava fora.

–Azumi-sama recebeu a notícia de que Gackt havia invadido a faculdade e me mandou voltar para averiguar as coisas como sempre.

–O velho é mesmo rápido quando se trata da família.

–Família? – Jasmine perguntou curioso.

–Sim, Yutaka é neto dele.

–Interessante, mas há algo mais não é?

–Sempre há. Resta saber o que vai fazer quando descobrir. – o olhei vendo o mesmo sorriso calmo de sempre.

–Independente do que for terei de reportar ao conselho.

–Então não posso te contar. – o cortei.

–E se fizermos vista grossa? – Jasmine perguntou como quem não quer nada, vi Kamijo lançar um rápido olhar repreendendo-o.

–Terão que aguentar as consequências. Não é uma notícia que se tem todo dia e não é qualquer um que pode saber.

–Se guarda esse segredo com tanto afinco posso supor que sejam amigos certo? – ri de leve.

–Conhecidos e não mais que isso.

–Mas você se importa e isso é realmente raro. – Jasmine completou o que estava gritando no olhar dos dois.

–Tanto faz, vão querer saber ou não? – os dois se olharam por um tempo.

–Mesmo se não contar vamos descobrir.

–Sei disso, só espero que não façam a mesma besteira da última vez. Algumas coisas o conselho não precisa saber de imediato. – Akira voltou abrindo a porta num estrondo.

–Jasmine, se eu fosse você corria lá agora. – ele sumiu no mesmo instante – Você também Kamijo-san, só você pra acalmar aquela raposa idiota.

–Se me dão licença. – ele também se retirou.

A primeira coisa que Akira fez foi apagar meu cigarro, eu o ignorei e acendi outro.

–O que aconteceu?

–Gackt forçou ele ao limite.

–Hum, por isso ele parece tão mal.

–É, e eu já disse que não te quero fumando.

–Cuida da sua vida. – joguei um pouco de fumaça pro alto antes dele me prensar contra a parede, suas mãos em minhas coxas me puxaram pra cima nos deixando na mesmo altura, circulei sua cintura com as pernas o apertando ali.

–Estou cuidando. – sussurrou em meu ouvido, me fazendo arrepiar – Mas ela é muito teimosa e não escuta o que eu falo.

–Talvez esteja falando errado. – seus caninos rasparam em meu ombro, me provocando. O cigarro a muito já estava apagado no chão.

–Então vou tentar de outro jeito. – enterrei minha mão em seu cabelo ao mesmo tempo em que sua boca avançava contra a minha num beijo lascivo, como se tentássemos mostrar um ao outro quem mandava.

A parede foi substituída pela cama, a chave girou na porta, roupas começaram a cair e quando eu estava prestes a dar o mesmo destino a sua calça Reita mordeu meu pescoço me fazendo gemer de prazer e surpresa, mas diferente do que eu esperava ele parou no segundo seguinte com um sorriso predador nos lábios.

–Você merece um castigo depois de me desobedecer tão descaradamente. – meu corpo ferveu em expectativa.

–Me torture a noite toda Reita. – seus olhos se tornaram vermelhos.

–Com todo o prazer.

Me livrei de sua calça, suas mãos apertando por onde passavam me deixou duro em um instante, puxei seu cabelo querendo seus lábios mas ele ignorou.

–Quero você se preparando pra mim Ruki. – Reita se afastou me dando espaço.

Virei de quatro na cama empinando o quadril na direção de seu rosto.

–Só depois que você me morder. – em vez de responder ele afastou as bochechas da minha bunda e me invadiu com sua língua – Huuum Akiraaa. – me empinei ainda mais quando ele ameaçou sair – Mais Akii.

–Não me provoque chibi. – quando eu ia protestar ele mordeu minha coxa.

Aquele prazer inebriante fez meu membro pulsar. Mais uma vez ele não o fez por muito tempo logo lambendo onde mordera fazendo a ferida fechar e voltando a me dar espaço. Já fariam duas semanas sem sexo, eu precisava dele com urgência.

Sem ao menos me importar com a dor empurrei um dedo dentro o movendo depressa, podia sentir o peso de seu olhar sobre mim, olhando de relance vi que se masturbava também, pensar que logo seria ele ali me fez empurrar o segundo e o terceiro, mordi os lençóis pra não gritar. Mesmo assim não parei, meus gemidos de prazer se alastraram pelo quarto.

–Chega, vire pra mim. – ele estava tão desesperado quanto eu.

Deitei novamente na cama e suas mãos puxaram minhas pernas, enlacei sua cintura em expectativa. Seu olhar predatório, caninos saltando, seu corpo quente, seu cheiro, todo ele era como uma droga que me fazia querer mais.

Reita lambeu meu rosto, pescoço, ombro até refazer o caminho voltando e capturando minha boca, no instante seguinte ele se empurrou pra frente metendo tudo de uma vez.

–Huuuuum! – seus lábios não saíram dos meus, ele acertou minha próstata sem o menor esforço, mais um pouco e eu teria gozado.

Sua mão agarrou meu pênis num aperto de ferro.

–Ainda não Ruki. – disse e começou a se mover forte, duro e delicioso, eu o sentia entrar e sair num ritmo sem igual.

–A-Akiraaah aaah aaaah. – eu só conseguia gemer e me contorcer entre a dor e o prazer do ato.

–Peça.

–O-onegaai hmm preciso, me deixa. – cravei as unhas em suas costas, minha mente nublada me impedia de pensar.

Sua mão me soltou em outra estocada ao mesmo tempo em que seus dentes perfuraram meu pescoço. Gritei seu nome sentindo meu sêmen jorrar entre nos dois, Reita continuou se movendo me fazendo revirar os olhos. O prazer era tão grande que já me sentia ficar duro de novo.

–Reitaaa. – sua boca deixou meu pescoço e suas mãos me puxaram sentando na cama, o senti ainda mais fundo, me preenchendo por completo.

–Taka. – ele suspirou antes de me impulsionar pra cima e pra baixo cada vez mais rápido.

Me apoiei em seus ombros ajudando nos movimentos a medida que seus gemidos aumentavam, eu também estava no limite.

Ele saiu completamente me dando um selinho antes de me puxar de volta tão forte que viemos os dois juntos, gritei seu nome outra vez enquanto ele gemia o meu.

Caímos pro lado sem forças. Seus braços me envolveram, ele beijou meu rosto várias vezes.

–Meu cachorrinho deseja alguma coisa ou isso tudo é carência?

–Os dois, mas o que eu quero você já sabe.

–Você quer muitas coisas Reita. – ele se mexeu me fazendo gemer, sentia seu falo ficando duro outra vez.

–No momento eu só quero uma.

–Como se eu negasse algo a você. – a noite seria longa – Akiraa. – gemi roucamente ao sentir sua mão massageando meu membro esquecido.

–Meu demoniozinho me evitou todo esse tempo, agora vai ter que compensar.

–Hmm cala a boca – olhei em seus olhos com o sorriso mais sacana que tinha – e me fode logo. – o baque surdo das minhas costas na parede nem ao menos pareceu importante enquanto ele voltava a se mover ainda me estimulando.

–Você fala assim ah, mas adora minha voz não é? – ele sussurrou lambendo meu pescoço, arqueei as costas e em resposta deixei minhas mãos aquecerem cada vez mais, Reita logo notou minha pretensão e arremeteu mais fundo me fazendo perder a concentração – Sem queimaduras dessa vez.

–Chato. – reclamei sentindo-o soltar meu membro e passar a me puxar pra cima e pra baixo agora com as duas mãos, me fazendo arrastar na parede atrás de mim cada vez mais depressa.

–O masoquista é você, não eu.

–Aham. – concordei sabendo que era mentira – Então me faça sofrer, cachorrinho. – suas mãos me apertaram com mais força enquanto saia lentamente – A-Akira.

Ele me virou, pressionando meu corpo contra a parede e voltou a entrar e sair numa lerdeza agonizante.

–Está gostando? – sussurrou.

–NãoAAAH! – mau terminei ele entrou com tanta força que chegou a doer, mas ainda era uma dor bem vinda.

–E agora? – Reita continuou se movendo me fazendo gritar revirando os olhos, era bom demais, gostoso demais, e se eu pudesse, pediria mais.

Já não sentia minhas pernas, não fosse Reita e a parede estaria me contorcendo no chão, minhas mãos inutilmente tentando se agarrar à parede lisa, a única firmeza que eu tinha eram as mãos de Akira em minha cintura, espasmos me percorriam dos pés a cabeça, vez ou outra sentia sua boca, mais forte, mais fundo, eu queria toca-lo também.

Ele como sempre sabia o que eu queria e levou uma mão até a minha entrelaçando nossos dedos.

Senti meu corpo tencionar, um orgasmo tão forte que levou minha voz e antes de desmaiar no meio daquele torpor pude ouvi-lo dizer:

–Eu te amo meu demoniozinho.


No dia seguinte acordamos um pouco mais tarde e quando chegamos no refeitório os outros já estavam lá. Sem conseguir me conter me peguei pensando no que Kai poderia fazer se soubesse controlar uma parte de todo o poder que ele tinha, claro que grande parte ainda estava adormecida mas se só com aquilo ele conseguiu lutar mesmo que por pouco tempo talvez as coisas ficariam mais interessantes se eu o ensinasse alguma coisa.

–O que foi Ruki? O Kai está com uma espinha na testa ou algo assim pra merecer tanta atenção? – Yuu perguntou recebendo um tapa na nuca por Uruha – Itai! Eu estava brincando.

–Iie, não é nada. – olhei mais um pouco a energia descontrolada que o envolvia como uma aura, se aquilo não era nem metade quanto mais ele podia ter?

–Parece que você finalmente escolheu um lado. – Reita sussurrou pra mim tirando minha atenção do Mectro.

Era essa a impressão que dava? Que eu tinha escolhido ele? Não tinha pensado dessa forma mas... não era má ideia.

O sinal tocou, caminhamos um pouco e quando estávamos próximos ao banheiro resolvi tomar uma atitude.

–Posso falar com você à sós? – Akira me olhou surpreso como se não esperasse um resultado tão rápido.

–Alcançamos vocês depois.

Entrei no banheiro tendo-o no meu enlaço, era realmente estranho ficar sozinho com alguém que não fosse Reita depois de tanto tempo.

–Aconteceu alguma coisa? – preferi me concentrar no que pretendia fazer ali.

–Mantém o que me disse da última vez?

–Sem nenhuma dúvida. – podia ver em seus olhos que ele realmente não tinha dúvidas.

–Mesmo que custe sua vida?

–Mesmo que custe minha vida. – sorri involuntariamente.

Ele não tinha a menor noção de onde estava se metendo. Caminhei até a pia, minhas mãos estavam suadas em parte pela adrenalina que me atingia pelas possibilidades e em parte porque eu me sentia sujo. Sujo por ajuda-lo a entrar nisso.

–Por que a pergunta assim do nada?

–É meio que de praxe, não tem sentido treinar um covarde. Só Gackt parece não se importar muito com isso, deixando sempre um verme por onde passa. – disse lembrando de alguns “discípulos” que ele deixou por aí e que eu tive o prazer de matar – Fico feliz que ele tenha escolhido o alvo errado dessa vez.

–Você e Gackt tiveram problemas sérios não é? – parei de lavar as mãos tendo um vislumbre rápido de Shi e Shinigami-sama.

–Seria mais certo dizer que temos... assuntos inacabados.

–Huum. – voltei ao que estava fazendo, talvez eu devesse ignorar os planos e simplesmente terminar aquilo com Gackt de uma vez.. mas não teria a menor graça do jeito que estava.

–Kamijo era o feiticeiro que estava esperando? – puxei algum assunto.

–Não tenho certeza, ele não falou nada sobre meu avô. – enxuguei as mãos olhando-o diretamente agora.

Valeria a pena esperar por ele?

–De qualquer forma, não podia ter vindo uma ajuda melhor. Gackt e Kamijo tem uma rixa de milênios, as coisas vão ficar divertidas quando eles resolverem disputar você.

–Me disputar? – ele precisaria saber algumas coisas não é?

–Pelo que sei os dois conheceram o primeiro Mectro-lux, aprenderam feitiçaria e bruxaria com ele, se tornaram irmãos de batalha praticamente, mas quando o mestre deles sumiu cada um escolheu seu caminho. Depois disso ambos vem tentando treinar os novos mectros mas a maioria morre na primeira parte do treinamento. – parei um instante – Espero que você seja exceção.

–Eu também. Anõ, você disse que o primeiro Mectro sumiu?

–Sim, não tem nada que prove que ele morreu e também não há nada que prove que ele continua vivo. Mas como tempo não é um problema tenho pra mim que ele está muito bem escondido.

–Hum, e como funciona isso de viver o tempo que quiser, parece que qualquer um pode fazer.

–Existem várias formas de viver “eternamente”, pode até parecer fácil mas são raros os que conseguem.

–E você já tentou? – ele era curioso.

–Não. Quando chegar a minha hora eu quero morrer feliz pelo que vivi. É melhor do que viver parado no tempo acumulando arrependimentos. – de qualquer forma eu já tinha arrependimentos suficientes.

–Vendo por esse lado eu concordo com você. – o olhei um tempo, era arriscado mas podia dar certo.

–Começamos na contra mão não é?

–É, mas sempre tem um retorno certo? – ele se curvou me surpreendendo outra vez – Me chamo Uke Yutaka, é um prazer conhece-lo. – demorei um pouco pra fazer o mesmo.

–Matsumoto Takanori, o prazer é todo meu. – ele sorriu.

–Acho que já passaram nossos minutos de tolerância. – perfeito.

–O que me diz de irmos até o bosque?

–Contando que nenhum inspetor nos pegue.

–Esqueceu com quem está falando? Um simples inspetor não vai me encontrar a não ser que eu queira. – notei que ele não me seguia – Você não vem?

Caminhamos pelos corredores vazios e Yutaka parecia que teria um ataque de nervos a qualquer momento.

–Se continuar assim vou ter que concordar com Uruha quanto ao “gatinho assustado”. – ele riu desconcertado.

–Eu não consigo me refrear quanto a isso. – entramos no bosque e eu continuei andando até ter certeza de que ninguém de fora poderia nos ver.

–Consegue se aprender a sentir os outros sem precisar dos olhos.

–E como faço isso? – pensei um pouco.

–Primeiro você tem que deixar de ter medo de tudo, se não confiar que pode se proteger sua magia nunca será como deveria. E segundo, você tem que sentir as coisas com mais frequência, até agora você só o fez por intuição. – claro que ele não fazia ideia de que estava sentindo – Sabe essa sua mania de perseguição? É a forma que você encontrou de se manter alerta a tudo, foi por causa dela que você sentiu Miyavi naquele dia, também sentiu Hizaki em seu quarto, Gackt ontem pelos corredores, até Kamijo. Todos eles você sentiu antes que seus olhos vissem. É isso que eu quero que você faça só que sem precisar estar em perigo real pra isso.

–Vai me ajudar então?

–Sim, essa foi uma das coisas que seu avô me pediu: “Ensine Yutaka que ele não precisa ter medo de todos, começando por você.” Mas quando encontrei você no começo da semana soube que não era medo de mim que você sentia e sim de ser queimado, surpreendentemente você não me culpa. Por quê?

–Você só estava me obrigando a dar um passo mais depressa, se não fosse a desconfiança que eu adquiri com o medo certamente teria muitas mais cicatrizes para me lembrar ou até mesmo já teria morrido. Por isso eu agradeço, você me deu o choque de realidade que eu precisava. – esse garoto, ele não raciocina bem.

–Acho que nunca vou conseguir te entender.

–E então como funciona isso de sentir?

–Exatamente como parece mas como explicar a teoria não fará diferença vamos pular pra prática. – o joguei uma venda – Coloque isso, de inicio você só precisa dizer em que direção estou. Não esqueça de falar em voz alta.

Quando vi que ele estava pronto comecei a me distanciar deixando minha energia tão baixa quanto Gackt mantinha a dele desde que entrara ali. Dei algumas voltas e escolhi sua direita, deixei minha energia crescer e se tornar ofensiva por um instante.

–Esquerda.

–Errado. Tente de novo.

Deixei um pouco da minha energia no chão em frente a ele e parei as suas costas, um pequeno galho quebrou pela pressão da energia que eu deixara.

–Frente. – avancei contra ele – Costas! – ele gritou se afastando, bom, pelo menos um bom senso de auto - preservação ele tinha.

–Muito bom, agora você tem que dizer onde estou citando antes tudo o que nos separa desde a formiga que segue sua trilha até o pássaro que voa aqui perto entendeu?

Caminhei ficando atrás de uma das árvores que tinha ali e deixei minha energia fluir naturalmente.

–Tem... uma arvore na frente mas você está à minha direita.

–Que tipo de arvore? – acelerei o fluxo da minha energia pra dificultar um pouco.

–Frutífera.

–E que frutos ela dá? – deixei minha energia nula outra vez e me movi rapidamente pelo bosque pra que ele não pudesse me sentir.

–Nêsperas.

–Quantas você consegue ver?

–Nenhuma, ela está na época das flores.

–Quem te ensinou sobre isso?

–Minha avó.

–Quando elas dão frutos?

–Do final do inverno até o início da primavera. Essas perguntas são pra me distrair?

–Certamente. Onde eu estou agora? – o bom e velho truque com o vento.

–Na minha frente, a menos de dez passos. – bati palmas vendo-o tirar a venda.

–Muito bom para primeira tentativa, procure treinar isso mais vezes. Agora temos que voltar, o sinal já vai bater.

–Oe, Ruki. – o olhei – Obrigado.

–Me agradeça aprendendo a se cuidar.

–Somos amigos agora? – isso outra vez.

–Entenda como quiser. – segui pra sala em que teríamos a próxima aula.

Reita me olhou preocupado mas relaxou quando notou que não tinha acontecido nada demais. As horas passaram depressa, talvez porque eu fiquei pensando sobre coisas dispensáveis mas o convite de Kai chamou minha atenção. Olhei Akira que entendeu de imediato.

–Temos algumas coisas pra resolver. – algumas partes do plano tinham se alterado mas o que eu faria no final de semana não.

Depois de saber que Kai e companhia estaria em Kanagawa no final de semana resolvi começar a agir.

–Kamijo-san, – este mantinha Jasmine em seu colo, fato que ignorei – o conselho já deu sua resposta?

–Quanto a Gackt é o de sempre.

–Yutaka.

–Fique tranquilo, Kamijo-kun omitiu alguns fatos. – Jasmine respondeu por ele, um leve sorriso brincando em seu rosto. Certamente ele havia simpatizado com Kai.

–Vai treiná-lo?

–Meu mestre me deixou essa missão.

–E vai dividi-lo com Gackt? – seu sorriso leve de sempre se tornou uma linha reta.

–Sem chance.

–Pois é melhor começar a pensar a respeito, afinal essa é a única coisa que você e Gackt não fizeram todo esse tempo. – dado o recado voltei pros corredores tendo Reita em meu enlaço.

–Então era essa sua teoria? Mas isso dos dois trabalharem juntos de novo eu acho difícil.

–Muito pelo contrário, se eles originalmente eram dois se torna lógico que juntos o treinamento será muito mais efetivo. Quando eles aceitarem esse fato a rixa deles será só um detalhe.

–Como tem tanta certeza?

–Nee Reita, o que eles tem em comum?

–O mestre.

–E pupilos como esses dois fariam de tudo para tornar o último desejo dele realidade.

–Assim como você?

–Não vamos voltar nesse assunto agora.

–Claro. E onde estamos indo?

–Falar com Gackt não é óbvio? – ao sentir a youki daqueles dois apertei o passo.

Abri a porta sem nem me dar ao trabalho de bater, eles já sabiam que eu estava ali de qualquer forma.

–Ruki, impertinente como sempre. Veio a mando dos feiticeiros? – Gackt estava sentado numa poltrona totalmente seguro de si como era de se esperar.

–Assim como você eu não recebo ordens.

–Então o que trás o traidor aos meus aposentos? – o ignorei deixando meu olhar cair sobre Hizaki, este próximo a ele mostrava garras e dentes para Reita.

–Reita, já pode mostrar a ele toda sua insatisfação dos últimos dias. Não fiquei te ouvindo reclamar do cheiro de gato pra nada.

–Como quiser meu amo, volto em um instante. – dito isso ele arrastou Hizaki para algum lugar que não me interessava no momento, me concentrei em manter meu auto - controle para não ataca-lo ali mesmo.

–Só vou dizer uma vez e espero não ter que repetir. Se afaste do campus enquanto o conselho ainda não foi informado de seus atos ou eu mesmo farei questão de te expulsar daqui.

–Me expulsar? – ele riu – Isso tudo só por que eu falei com o garoto?

–Você sabe muito bem que fez pior do que apenas falar, ele podia ter sofrido um colapso ao usar tantas magias seguidas sem nem ao menos ter despertado.

–Estamos falando de um mectro-lux, as regras normais não se aplicam a ele.

–Ele é humano antes de tudo, os limites humanos também se aplicam a ele.

–Não completamente, me surpreende que seu cão de guarda não tenha notado a sutil diferença entre ele e um humano normal. – me fiz de desentendido, eu precisava que ele falasse o que queria afinal.

–Diferença?

–Como imaginei é mais difícil de perceber do que parece. O selo deve ter sido feito a pouco tempo.

–Selo? Está me dizendo que Kai tem um selo?

–De alto nível, selo contendor número 72 para youkais que não possuem controle sobre suas próprias ações.

–Isso é impossível. – disse categórico vendo-o alargar o sorriso.

–Existe uma lenda muito antiga que previa o nascimento de um mectro-lux, ele seria diferente dos anteriores que nasceram banhados de luz. Ele nasceria dividido, como a prova viva do yin e yang. Teria em si luz e trevas, ambos lutando para se sobrepor ao outro e o que conseguisse traria a paz ou a destruição. Infelizmente o curso natural das coisas foi interrompido quando selaram as trevas que existem nele, só quando ele voltar a ser como antes é que sua energia vai despertar completamente.

–E você está aqui para ajeitar as coisas?

–Obviamente, a humanidade só evolui quando sofre a ameaça da destruição.

–E se não sair como você planeja? Com a energia completa nenhum de nós será capaz de para-lo caso resolva matar a todos.

–Bem, eu não me importo de morrer.

–E eu ainda esperava ouvir algo coerente. Tem certeza que essa lenda fala de Kai?

–Não, ele pode ser só um desafortunado que foi possuído por um demônio quando criança, mas não custa nada tirar a prova.

–Falou com alguém sobre isso?

–Não, você é o primeiro e único a saber.

–Talvez o primeiro mas não o único. – Akira já tinha voltado a algum tempo – Pretende contar a mais alguém?

–Não há necessidade, esse é o tipo de lenda que ninguém acredita. – virei as costas para ir embora – Desistiu de me ameaçar?

–Não, só lembrei que você pode ter alguma utilidade. Mas tenha em mente que se algum humano se machucar por culpa dos seus jogos doentios tenho carta branca para te caçar e executar.

–Aguardarei ansiosamente por este dia.

–Tenho mais uma pergunta. Se Kai sobreviver a seja lá o que você planeja pretende treina-lo?

–Certamente.

–Então vai dividi-lo com Kamijo? – sorri levemente pela aura assassina que emanou a minha volta.

–Nunca.

–Sugiro que pense a respeito, talvez seja isso o que falte para seus pupilos passarem da primeira parte. – Reita me tele - transportou pra fora dali antes que todas as armas que tinham naquele quarto me atingissem – Previsível.

–Achei que você não fosse aguentar e ia tentar mata-lo assim que o visse. – Reita admitiu.

–Eu também achei. Mereço um prêmio pela boa atuação?

–Quantos você quiser.

“Cantando a chuvosa canção melancólica, música para o melancólico arco-íris

Quando aquelas lágrimas tiverem secado certamente amanhã o céu irá clarear.”


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Notas finais do capítulo

E então minna >.< gostaram? Merece reviews ou desistiram na metade do caminho? Eu achei que não fosse ficar tão grande... ok eu tinha completa noção de que estava ficando enorme mas não tinha ideia do quanto.
E... me digam se gostaram dos lemons *se esconde*
Kissus.



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