Universe escrita por Yumi Oni


Capítulo 6
Someone who cares


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap pra vcs. XD



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“Porque é tão difícil encontrar alguém

Que se importe com você,

Quando é fácil o bastante de encontrar alguém

Que menospreze você?”

 Vozes que não reconheci discutiam próximas a mim. Lembrei os últimos acontecimentos sentindo meu corpo cansado.

-Kai. – Miyavi me chamou e com certa preguiça cocei os olhos antes de sentar o encarando.

Notei que estávamos no quarto dele na companhia de mais duas pessoas.

 A primeira era a figura de uma mulher (?) ainda mais excêntrica que Hizaki, com um vestido roxo. A segunda era de um homem que mais parecia um daqueles príncipes de filmes europeus só que muito mais chamativo e muito mais oriental claro.

Os dois me olhavam levemente preocupados.

-Se sente melhor?

-Sim. Huum, o que aconteceu com Gackt e Hizaki?

-Eles estão bem infelizmente.

-Miyavi! – ralhei vendo-o dar de ombros.

-Gackt foi irresponsável ao te pressionar daquela forma. Você poderia ter ficado com sequelas. Me chamo Kamijo e este é Jasmine.

-Prazer em conhece-los. – a mesma sensação calmante de outrora me atingiu – Você é o feiticeiro de antes. – afirmei vendo-o sorrir.

-Sim, e você sem dúvidas é um jovem peculiar. Poucos são os que me reconhecem de primeira sem terem me olhado nos olhos.

-Na verdade eu sinto algo diferente em você, é como se me induzisse a ficar calmo.

-Esplêndido! Se já pode sentir algo tão sutil quanto um encantamento certamente é um prodígio.

-Ahn, o que você quer comigo? – perguntei tentando não parecer indelicado.

-Nada em especial, só fiquei interessado numa energia tão intensa quanto a sua. Ainda mais sendo você um não desperto. Meu objetivo inicial era só verificar o que Gackt fazia aqui, sem dúvidas ele teve um ótimo motivo para entrar no nosso território.

-Território?

-Todo o mundo é dividido em territórios, aqui em Tóquio se encontram as duas cedes principais e por conta disso bruxos e feiticeiros facilmente se esbarram por aí mas como ninguém quer mais uma guerra sem sentido dividiram o país como dois grandes feudos. Essa área da faculdade em especial está sob seus cuidados certo Kamijo? – Miyavi tomou a frente.

-Um consorte bem informado pelo que vejo, sim essa faculdade abrange meu lote por assim dizer.

-E por que não o impediu de entrar?

-Oh eu não poderia, seria uma afronta. Deste modo deixei que quebrasse a barreira e vim averiguar o que o atraíra. Só não esperava encontrar um não desperto com tamanho potencial. O último assim pelo que me recordo foi um mectro. – desviei o olhar nervoso com a constatação.

 Jasmine não tirava os olhos de mim e eu soube que ambos tinham certeza do que eu era.

-O que pretende fazer sobre Gackt então? – Miyavi perguntou tentando desviar o assunto.

-Minhas ordens foram apenas para observar o que se passava, mas se tratando de quem é tenho carta branca caso ele saia dos limites. De qualquer forma vou reportar ao conselho o que presenciei juntamente com seu parecer Miyavi-san.

-Fale com Azumi. – pedi sem pensar no que isso poderia resultar.

-Você o conhece? – o ar de curiosidade não me passou despercebido.

Encarei Miyavi que me parecia temeroso quanto ao que eu ia dizer.

-Conheço. – respondi simplista voltando minha atenção à Kamijo que me parecia ainda mais interessado. Mas não era minha intenção dizer que Uke Azumi era meu avô, não seria oportuno.

-Você certamente é uma caixa cheia de surpresas. Falarei com Azumi-sama sobre o ocorrido e então veremos o que eu posso fazer, qualquer novidade que os envolva mando Jasmine avisá-los. Tenham uma boa noite.

 Eles se retiraram nos deixando ali com dúvidas e preocupações extras.

-Acha que ele vai fazer o que disse? – perguntei a Miyavi que se sentou ao meu lado na cama.

-Kamijo é fiel ao conselho pelo que ouvi dizer mas não sei quase nada sobre sua conduta.

-Então ele é mais um problema?

-Até que se prove o contrário, sim ele é um problema. – o olhei cansado de tantas informações e sem querer pensar em mais encostei a cabeça em seu ombro sentindo seus braços me acolherem num abraço antes de ser vencido pelo sono.

Tive uma noite sem sonhos que não fez sua parte de recuperar minhas energias já que acordei tão cansado quanto me sentia na noite anterior.

-Ohayo. – Miyavi disse beijando meus cabelos e me fazendo notar que estava deitado sobre ele.

-B-Bom dia. – retribuí ainda constrangido com aquela proximidade sentindo suas mãos firmes em minha cintura impedindo que eu me afastasse.

-Dormiu bem? – perguntou puxando meu rosto para que eu o olhasse, sua boca a centímetros da minha.

-Hai. – sussurrei tentando ignorar o calor que se apoderava de mim aos poucos enquanto suas mãos subiam e desciam por minhas costas desnudas.

-Ainda cansado? – suas mãos desceram mais apertando minhas coxas, me deitando totalmente sobre ele antes de apertarem minha bunda me puxando contra si. Mordi os lábios para não soltar um gemido.

-Um pouco. – minha voz falhou ao passo de que minha respiração ficava cada vez mais pesada.

-E o que acha de passarmos a manhã aqui? – ele levantou uma das pernas pressionando meu membro que começava a despertar.

-AAH, não – sua boca cobriu a minha num beijo quente, desejoso, suas mãos continuavam explorando, sua perna continuava me pressionando me arrancando mais gemidos que morriam em seus lábios.

 Quando menos esperava ele nos girou, deitando sobre mim antes de atacar meu pescoço com lambidas e chupadas fortes que me fizeram tremer e lhe dar mais espaço.

-Huum Myv, aaah.

-Me deixa cuidar de você Kai. – sua mão massageou meu falo sob a calça, inconsciente de meus atos lhe arranhei o braço quando outro gemido rasgou minha garganta – Isso pequeno, não se contenha comigo, me diga o que quer.

-Mais. – observei seu sorriso safado aumentar.

-Sim meu amo. – o ajudei a me livrar da calça mas antes de jogá-la longe meu celular começou a tocar – Sinta-se livre para atender. – ele disse deixando o aparelho ao meu lado e voltando a lamber todo meu tronco.

Olhei o visor do aparelho piscando, era minha irmã.

-Miyavi huuum, pode s-ser importante aah.

-Nada te impede. – sua língua já estava muito próxima à cueca deixando um pouco de saliva escorrer humedecendo o tecido fino.

-Filho da puta. – xinguei vendo-o rir e sem outra alternativa atendi o celular – Moshi moshi.

-UKE YUTAKA PODE PARANDO O QUE QUER QUE ESTEJA FAZENDO! – empurrei Miayvi de qualquer jeito me sentando apressado na cama. Se tinha uma coisa que eu não era maluco de fazer era ir contra minha irmã quando ela levantava o tom de voz, sempre tinha consequências não muito felizes caso o fizesse. – Bom garoto, eu posso não ter conseguido ver direito o que vocês pretendiam mas sei que não seria nada bom.

-Você prometeu que ia parar de tentar ver o meu futuro. – resmunguei contrariado.

-Mas eu senti que algo importante ia acontecer e você melhor do que ninguém sabe que eu sou curiosa afinal puxei a um certo alguém.

-Infelizmente, me ligou só pra isso?

-Claro que não, também liguei pra dizer que estamos com saudades e a mama vai fazer um almoço dos deuses só pra você esse sábado. Traga seu amado e seus amigos, estamos ansiosas para vê-lo pessoalmente.

-O pai já sabe? – perguntei mais baixo temendo a resposta.

-Não, a mamãe está preparando o terreno, mas acredito que não vá ser tão ruim contando que você chegue aqui do mesmo jeito que foi.

-Tá eu já entendi, agora vou desligar, ainda tenho que tomar café.

-Tchauzinho. – ela desligou e eu ainda fiquei um tempo ouvindo aquele tu, tu, tu, antes de fazer o mesmo e olhar Miyavi com fogo nos olhos.

-Seu tarado de uma figa, é tudo sua culpa!

-Também te amo Kai-chan, pode tomar banho na frente trouxe umas roupas suas pra cá ontem. – o encarei incrédulo.

-E quem te deu permissão pra trazer minhas roupas pra cá?

-Não sei se notou mas você passa mais tempo aqui do que no seu próprio quarto então achei que não teria problema. – pensei em retrucar mas desisti quando ele começou a engatinhar na minha direção – Se continuar aqui só de cueca vou ser obrigado a te atacar de novo.

 Tomado pela ameaça peguei uma roupa qualquer no seu armário e me tranquei no banheiro.

Não levei mais do que quinze minutos e já estava pronto de volta no quarto recebendo um selinho de Miyavi antes do mesmo entrar no banheiro atrás de mim.

 Observei meu material da faculdade em cima da larga mesa de estudos encostada em uma das paredes e pela segunda vez achei que tudo estava correndo depressa demais, já até dividiria minhas coisas com as dele.

Decidi ignorar esses pensamentos e separei o que ia precisar colocando tudo na mochila quando vi meu reflexo no espelho.

-Miyavi, eu devia te matar. – as marcas no meu pescoço estavam tão roxas que pareciam hematomas – Será que sai até amanhã? – me perguntei derrotado só de imaginar a reação alheia ao ver aquilo.

 Troquei de camisa por outra de gola alta absurdamente quente mas por ser a única que cobriria aquilo tive que relevar, era melhor do que andar por aí de pescoço enfaixado...

-Por que trocou de camisa? – ele perguntou aparecendo atrás de mim com o olhar mais inocente que eu já vira em seu rosto.

-Não sabe mesmo o motivo? – frisei o “mesmo” fuzilando-o com os olhos.

-Mas você fica tão lindo marcado desse jeito. É bom pra saberem que tem dono.

-Só seria justo se eu fizesse o mesmo com você.

-Mas você fez. – ele virou de costas me fazendo ver toda sua pele tatuada com arranhões, ele colocou uma camiseta que cobriu quase tudo exceto pelos arranhões em seus braços.

-É um nível completamente diferente, - rebati vendo-o me encarar zombeteiro – e não preciso que os outros saibam da minha intimidade.

-Nossa intimidade. – corrigiu – Realmente não é da conta de ninguém mas, você vai sentir calor.

-Culpa sua. Vamos logo, Aoi e Uruha devem estar preocupados.

Mal coloquei os pés no refeitório e fui preso num abraço de urso do Uruha.

-Que história é essa de levar meu gatinho assustado pra dormir no seu quarto?

-Seu o que? – ele perguntou enquanto eu tentava respirar naquele aperto.

-Uruha, os dois estavam se divertindo, seu suposto gatinho assustado principalmente se é que não notou.

-O que quer dizer com isso Aoi seu desnaturado?

-Olha pro Miyavi que você vai ver. – Uru me soltou imediatamente parando na frente de Miyavi notando finalmente os arranhões.

-Meu Kami-sama eles transaram!

-NÃO! – gritei atraindo a atenção deles pra mim – Nós não-

-Não precisa ficar com vergonha Kai, cedo ou tarde eles iriam saber.

-Cala a boca! Eu ainda não esqueci disso. – falei apontando pro pescoço vendo Myv rir.

-Ohh, e o que foi que o Miyavi fez pra você precisar cobrir o pescoço em Kai? – Aoi alfinetou.

-Quer dar uma olhada? – Myv perguntou ameaçando abaixar minha gola.

-Sai fora seu poste tarado. – disse me escondendo atrás de Uruha que lançou à Miyavi um olhar mortal que o fez parar.

-Esclareça exatamente o que significa o sumiço de mais da metade das roupas juntamente com o material de Yutaka essa manhã. – ele disse cruzando os braços, o rosto sério de uma forma como eu nunca vira.

-Eu as levei pro meu quarto.

-Por qual motivo?

-Uruha já chega. – Yuu tentou intervir.

-Cala a boca você também! Miyavi não pense que me intimida de alguma forma porque se você ferir o meu gatinho pode apostar que será castrado. Estamos entendidos? – Myv que o olhava assustado assentiu freneticamente. – Ótimo! Agora vamos tomar café. – ele finalizou me puxando pelo pulso em direção à mesa.

 Olhei interrogativo para Aoi e ele também me olhava como se não tivesse ideia do porque daquilo mas logo estávamos os quatro à mesa conversando normalmente.

Ruki e Reita também se juntaram a nós pouco depois. Takanori em especial me encarou por um longo tempo.

-O que foi Ruki? O Kai está com uma espinha na testa ou algo assim pra merecer tanta atenção? – Yuu perguntou recebendo um tapa na nuca por Uruha – Itai! Eu estava brincando.

-Iie, não é nada. – ele continuou me olhando até Reita sussurrar algo em seu ouvido.

Um silêncio opressor caiu sobre nós pouco antes do sinal tocar avisando que as aulas começariam, seguimos juntos pra sala mas quando passamos próximos ao banheiro Ruki parou.

-Posso falar com você à sós? – olhei os outros que pararam mais à frente, alternei entre Miyavi e Reita antes de concordar.

-Alcançamos vocês depois.

 Entramos no banheiro que pelo horário estava vazio.

-Aconteceu alguma coisa? – perguntei vendo que ele parecia incomodado.

-Mantém o que me disse da última vez?

-Sem nenhuma dúvida. – respondi sem hesitar.

-Mesmo que custe sua vida?

-Mesmo que custe minha vida. – ele sorriu levemente antes de caminhar até a pia lavando as mãos – Por que a pergunta assim do nada?

-É meio que de praxe, – seu olhar encontrou o meu através do espelho – não tem sentido treinar um covarde. Só Gackt parece não se importar muito com isso, deixando sempre um verme por onde passa. – falava distraidamente enxugando suas mãos – Fico feliz que ele tenha escolhido o alvo errado dessa vez.

-Você e Gackt tiveram problemas sérios não é? – ele parou um instante como se lembrasse de algo.

-Seria mais certo dizer que temos... assuntos inacabados.

-Huum. – eu não sabia muito bem o que falar, Ruki tinha voltado a lavar as mãos.

-Kamijo era o feiticeiro que estava esperando?

-Não tenho certeza, ele não falou nada sobre meu avô. – ele terminava de enxugar as mãos novamente, agora me encarando.

-De qualquer forma, não podia ter vindo uma ajuda melhor. Gackt e Kamijo tem uma rixa de milênios, as coisas vão ficar divertidas quando eles resolverem disputar você.

-Me disputar?

-Pelo que sei os dois conheceram o primeiro Mectro-lux, aprenderam feitiçaria e bruxaria com ele, se tornaram irmãos de batalha praticamente, mas quando o mestre deles sumiu cada um escolheu seu caminho. Depois disso ambos vem tentando treinar os novos mectros mas a maioria morre na primeira parte do treinamento. – fez uma pausa como se só agora notasse que estava falando em voz alta – Espero que você seja exceção.

-Eu também. Anõ, você disse que o primeiro Mectro sumiu?

-Sim, não tem nada que prove que ele morreu e também não há nada que prove que ele continua vivo. Mas como tempo não é um problema tenho pra mim que ele está muito bem escondido.

-Hum, e como funciona isso de viver o tempo que quiser, parece que qualquer um pode fazer.

-Existem várias formas de viver “eternamente”, pode até parecer fácil mas são raros os que conseguem.

-E você já tentou? – ele riu.

-Não. Quando chegar a minha hora eu quero morrer feliz pelo que vivi. É melhor do que viver parado no tempo acumulando arrependimentos.

-Vendo por esse lado eu concordo com você. – ficamos um tempo nos olhando em silêncio.  

-Começamos na contra mão não é?

-É, mas sempre tem um retorno certo? – me curvei respeitosamente – Me chamo Uke Yutaka, é um prazer conhece-lo. – ele levou alguns segundos me encarando antes de fazer o mesmo.

-Matsumoto Takanori, o prazer é todo meu. – lhe sorri novamente.

-Acho que já passaram nossos minutos de tolerância. – comentei ao olhar no relógio.

-O que me diz de irmos até o bosque?

-Contando que nenhum inspetor nos pegue.

-Esqueceu com quem está falando? Um simples inspetor não vai me encontrar a não ser que eu queira. – ele se virou já saindo do banheiro – Você não vem?

Caminhamos pelos corredores vazios tranquilamente, pelo menos da parte do baixinho que estava mais do que seguro de si. Eu pelo contrário fiz o caminho inteiro olhando pros lados como se a qualquer momento alguém fosse aparecer e nos levar pra diretoria.

-Se continuar assim vou ter que concordar com Uruha quanto ao “gatinho assustado”.  – ri meio sem jeito.

-Eu não consigo me refrear quanto a isso. – entramos no pequeno bosque indo mais a fundo por entre as arvores.

-Consegue se aprender a sentir os outros sem precisar dos olhos.

-E como faço isso? – Ruki se voltou pra mim com um ar pensativo.

-Primeiro você tem que deixar de ter medo de tudo, se não confiar que pode se proteger sua magia nunca será como deveria. E segundo, você tem que sentir as coisas com mais frequência, até agora você só o fez por intuição. – inclinei a cabeça em dúvida – Sabe essa sua mania de perseguição? É a forma que você encontrou de se manter alerta a tudo, foi por causa dela que você sentiu Miyavi naquele dia, também sentiu Hizaki em seu quarto, Gackt ontem pelos corredores, até Kamijo. Todos eles você sentiu antes que seus olhos vissem. É isso que eu quero que você faça só que sem precisar estar em perigo real pra isso.

-Vai me ajudar então?

-Sim, essa foi uma das coisas que seu avô me pediu: “Ensine Yutaka que ele não precisa ter medo de todos, começando por você.” Mas quando encontrei você no começo da semana soube que não era medo de mim que você sentia e sim de ser queimado, surpreendentemente você não me culpa. Por quê?

-Você só estava me obrigando a dar um passo mais depressa, se não fosse a desconfiança que eu adquiri com o medo certamente teria muitas mais cicatrizes para me lembrar ou até mesmo já teria morrido. Por isso eu agradeço, você me deu o choque de realidade que eu precisava. – sua face estava contorcida em incredulidade.

-Acho que nunca vou conseguir te entender. – eu sorri outra vez antes de ficar sério.

-E então como funciona isso de sentir?

-Exatamente como parece mas como explicar a teoria não fará diferença vamos pular pra prática. – ele me jogou uma venda pros olhos – Coloque isso, de inicio você só precisa dizer em que direção estou. Não esqueça de falar em voz alta. – frisou me deixando desconfiado, fiz o que ele pediu e me mantive parado.

 O silêncio só era quebrado pelo farfalhar de algumas folhas e minha respiração profunda, me sentia tenso, minha mente gritando pra tirar aquela venda e ter certeza de que o ruivo não me atacaria.

Um arrepio me percorreu.

-Esquerda. – falei em alto e bom som.

-Errado. – sua voz estava distante vinda da minha direita – Tente de novo.

 Mais silêncio e mais daquela vontade incontrolável de tirar a venda, foi então que eu ouvi o sutil quebrar de um galho.

-Frente. – no mesmo instante soube que não era ali, eu sentia o calor do fogo – Costas! – gritei me afastando. Por um segundo eu achei ter visto o vermelho da chama.

-Muito bom, agora você tem que dizer onde estou citando antes tudo o que nos separa desde a formiga que segue sua trilha até o pássaro que voa aqui perto entendeu? – assenti.

Dessa vez eu não senti tanta necessidade de tirar a venda, só precisava senti-lo de novo. Alguns segundos passaram antes da sensação voltar, o fogo estava ali mas tinha algo grande e sólido na frente.

-Tem... uma arvore na frente mas você está à minha direita.

-Que tipo de arvore? – o vermelho do fogo ficou mais intenso quando tentei me concentrar no verde quase inexistente da arvore.

-Frutífera.

-E que frutos ela dá? – o verde pareceu um pouco mais forte.

-Nêsperas.

-Quantas você consegue ver?

-Nenhuma, ela está na época das flores.

-Quem te ensinou sobre isso?

-Minha avó.

-Quando elas dão frutos?

-Do final do inverno até o início da primavera. Essas perguntas são pra me distrair?

-Certamente. Onde eu estou agora? – sua voz vinha de todas as direções.

-Na minha frente, a menos de dez passos. – ouvi palmas e retirei a venda.

-Muito bom para primeira tentativa, procure treinar isso mais vezes. Agora temos que voltar, o sinal já vai bater. – me surpreendi com a rapidez com que o tempo passou.

-Oe, Ruki. – ele me encarou – Obrigado.

-Me agradeça aprendendo a se cuidar.

-Somos amigos agora? – ele desviou o olhar.

-Entenda como quiser. – dito isso não trocamos mais nenhuma palavra mas ao contrário do que esperava era um silêncio confortável.

 Takanori provou ser uma boa pessoa no final das contas. Não tinha por que guardar rancor dele por algo que aconteceu a tanto tempo.

Entramos na sala assim que o sinal tocou passando despercebidos pelos outros alunos que entraram pouco depois, Miyavi e Reita pelo contrário entraram praticamente juntos olhando preocupados para nós. Eu sorri e Myv pareceu ficar mais calmo.

As aulas seguiram normais, encontramos Aoi e Uruha no intervalo, a conversa fluía com facilidade e notei que era um bom momento para um convite.

-O que vão fazer nesse final de semana? – Ruki e Reita se olharam rapidamente.

-Temos algumas coisas pra resolver. – acenei concordando, eu também teria muito o que resolver.

-Nós estamos livres. – Uruha se pronunciou puxando Aoi e Myv pelos braços.

-E você decide tudo né? Nem pergunta se temos planos? – Yuu implicou falsamente indignado.

-Não preciso perguntar o que já sei. Pra onde vamos Kai?

-Bem, eu vou pra casa então, se quiserem podem vir comigo. – Kou se levantou no mesmo instante.

-Estou indo arrumar minhas coisas! E você vem comigo Aoi.

-Por quê? Eu nem acabei de almoçar!

-Seu prato está limpo. – observou.

-O que não quer dizer que eu não vá pegar mais.

-Vai acabar velho e gordo prematuramente agora para de reclamar e vem comigo. – no final o moreno cedeu deixando apenas nós quatro na mesa.

-Isso tem alguma coisa haver com a ligação de mais cedo? – Miyavi perguntou com um sorriso nada casto nos lábios.

Cruzei os braços emburrado, é óbvio que ele sabia o que minha irmã tinha dito, ela quase estourou meus tímpanos qualquer um que estivesse perto ouviria.

-Estou indo pro quarto também, o final de semana vai ser longo. – Takanori comentou distraidamente antes de se levantar. Reita fez o mesmo.

Ficamos eu e Miyavi na mesa mas achei melhor me levantar também.

-Você também tem que arrumar suas coisas certo?

-Depois que você me contar o que ficou fazendo com o Ruki o primeiro tempo inteiro. – sorri de lado e comecei a caminhar com Takamasa ao meu lado.

-Nada demais. Só esclarecendo algumas coisas.

-Ficaram amigos?

-Quem sabe. – com a mão dentro do bolso toquei a venda que ele me dera mais cedo. Ele não pediu de volta e eu também não falei a respeito.

Talvez fosse a forma dele de fazer amigos.

Sorri mais abertamente.

Talvez fosse...

“Porque é tão difícil encontrar alguém

Que pode te manter junto

Quando você chega destruído?”


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Notas finais do capítulo

Sexta começam minhas provas então essa semana e a outra estarei estudando (ou pelo menos é oq pretendo) mas assim q passar essa fase minhas atenções voltam pra fic.
Kissus!



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