Universe escrita por Yumi Oni


Capítulo 2
Fallen


Notas iniciais do capítulo

Olá!! Bem, to adiantando a fic porque de semana que vem em diante não vou ter tempo nem pra respirar (provas dão nisso) que dirá pra atualizar minha querida fic. E como esse cap já estava pronto só dei uma revisada. Aproveitem.



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“Esse é quem você é?

Um doce violento impulso

Um homem fraco caído

Com a promessa de um final?”

Acordei mais tarde que o normal naquela terça-feira, tanto que encontrei Kouyou e Yuu já acordados se preparando pro café.

 Sentia meu corpo pesado fazendo de cada passo uma tortura, mesmo assim eu insisti em me arrumar e descer com os outros que nem notaram meu estado já que eu estava acostumado com essas recaídas e com isso aprendi a fingir que estava tudo bem. Não era uma gripe qualquer que me faria faltar o segundo dia de aula.

Assim que desse passaria na enfermaria, tomaria um remédio e tudo voltaria ao normal.

 Me obriguei a comer mesmo sem vontade, vez ou outra me metia na conversa daqueles dois que eu já estava acostumado a ver brigando pelas coisas mais idiotas e até sem sentido. Eles também se acostumaram com minhas constantes mudanças de humor que segundo minha mãe puxei de meu pai. Agora era comum nós três discutirmos também, da última vez nos deixamos levar e quando me dei conta o refeitório inteiro nos olhava como se fossemos nos matar ali. Discrição zero.

Mas hoje eu não estava com forças nem pra discutir e eles notaram isso.

-Kai, tá tudo bem? – Uruha perguntou genuinamente preocupado.

-Uhum. – afirmei tentando não deixar transparecer meu cansaço.

-Tem certeza? – Yuu insistiu.

-Tenho.

-Olha, é a primeira semana de aula, não é como se algum professor fosse dar algo realmente importante fora que temos os mesmos horários hoje, qualquer coisa a gente te passa a matéria depois.

-Eu estou bem, sério, não tem porque se preocupar.

-Se você diz.

 Foi nessa hora que Miyavi entrou no refeitório vindo na minha direção, ele parecia irritado com alguma coisa e sem nem ao menos dizer alguma coisa levou a mão até meu pescoço, medindo a temperatura. Eu pensei em impedir, mas eu pude ver que aquela irritação toda era porque ele estava preocupado, preocupado comigo.

-Não vou te deixar assistir aula desse jeito. – ele disse e começou a me puxar pra fora do refeitório sob o olhar interrogatório de meus amigos e de todos os alunos que estavam ali.

-Mas, o que? Miyavi, para com isso. Onde estamos indo?

-Pra enfermaria pegar um remédio que abaixe essa febre e um atestado.

-Não precisa, isso logo passa e – ele parou de andar e me encarou.

-Você sabe que não, sua saúde é tão frágil que uma febre como essa vira uma pneumonia em instantes. Agora para de agir como criança ou eu mesmo peço pra te darem uma injeção. – senti meu corpo todo contrair só de pensar naquela agulha maldita. Eu não tinha medo de injeção, tinha pavor, além de péssimas experiências.

Sabe o que é ficar sendo furado por meia hora até a enfermeira encontrar uma veia?

Sabe o que é ver a injeção quebrar no seu braço correndo o risco da agulha entrar na circulação?

Sabe o que é ser perfurado por uma injeção que tem três vezes o tamanho da sua mão e ainda ouvir que é tudo pro seu bem?

Pois é, eu sei bem o que é isso.

 Eu parei de resistir e voltamos a andar com ele ainda me puxando. Ao chegarmos lá pegamos o necessário e Miyavi ainda convenceu a enfermeira a dá-lo um atestado também. Depois ele me explicou que era pra que pudesse cuidar de mim sem que eu ficasse falando no ouvido dele. Ele me conhece demais e isso assusta mas eu estava ignorando os fatos, toda aquela correria me deixou mais cansado e dolorido do que antes, parecia que eu tinha corrido uma maratona. Nem ao menos reclamei quando me vi sendo puxado até seu quarto que por motivos que desconheço possuía apenas uma bela e grande cama de casal.

-Pode deitar, eu vou buscar umas toalhas.

 Ao invés de responder desabei naquela cama tão macia e convidativa sentindo o cheiro dele nos travesseiros. Quando ele voltou me fez tomar o comprimido e deitar com uma daquelas toalhas que mais parecia gelo na minha testa. Ficamos nos olhando um bom tempo sem ter o que dizer.

-Eu só te dou trabalho. – comentei ainda tendo seu olhar preso ao meu.

-Já disse que faço isso por que quero. – me encolhi embaixo dos cobertores sentindo cada vez mais frio. Provavelmente a febre estava subindo.

-Você ainda não me contou como sabe tanto sobre mim nem por que está me ajudando.

-E você é muito curioso, vou contar tudo quando for a hora certa.

-E quando vai ser? – ele riu e foi fumar um cigarro na varanda.

 Depois disso eu caí no sono.

Acordei tremendo de frio apesar estar embaixo de três grossos edredons.  Miyavi me encarava preocupado.

-Acho melhor você tomar um banho frio, vai ajudar com a febre. – assenti apesar de não ter certeza se ia conseguir essa façanha fraco do jeito que estava. – Eu te ajudo.

Sentei na cama e ele fez o mesmo a minha frente. Suas mãos gélidas me tocaram abrindo o primeiro botão da camisa, meu corpo inteiro vibrou com o choque térmico e tive que morder os lábios para conter um gemido. Ele me olhava o tempo todo, pedindo permissão pra continuar, encarei o colchão enquanto ele abria o segundo botão, sentia a respiração cada vez mais difícil e cada botão parecia levar uma eternidade.

 Todas aquelas sensações quase me fizeram esquecer que eu não queria que ele visse aquela queimadura por todo meu braço. Delicadamente ele tirou minha camisa, eu ainda não conseguia encara-lo e da mesma forma que fez com minha camisa ele puxou meu rosto até nossos olhos estarem conectados de novo.

E pela primeira vez, eu pude ver um brilho diferente neles. Com sentimentos tão fortes que chegava a ser palpável.

 Ele segurou minha mão esquerda olhando atentamente aquelas marcas e voltando a me olhar nos olhos beijou minha mão. Miyavi se aproximou mais, acariciando meu rosto lentamente, eu tentava gravar cada detalhe de seu rosto. Olhos, nariz, boca...

Meu coração falhou uma batida quando seus lábios tocaram os meus.

 Seu gosto era diferente de qualquer um que eu já tivesse provado, me apoiei em seus ombros sentindo suas mãos em minha cintura. Não havia malícia em seus toques, não havia pressa, só carinho e talvez até amor.

Nos separamos ofegantes, seus dedos escorregaram no cós da minha calça abrindo o botão e abaixando o zíper. Levantei depressa e teria caído se ele não tivesse me segurado.

-Pode deixar que eu me viro daqui. – disse antes de entrar no banheiro onde encontrei uma toalha e roupas.

 Eu estava confuso com tudo aquilo. Afinal eu tinha falado com ele pela primeira vez a menos de vinte e quatro horas e já estava ali no quarto dele, beijando ele, na cama dele!

Foco Kai, foco! Você veio aqui pra tomar banho então tranque a bendita porta e entre nesse box!

 Acho que estou enlouquecendo de vez.

Terminei meu banho já me sentindo melhor. A única coisa que me preocupava agora era como eu deveria agir com Miyavi. Que ele me conhecia eu não tinha dúvidas mas o que eu sabia dele? Só os horários da faculdade e seu apelido. Nem ao menos seu nome eu sei já que na lista de chamada também só tinha seu apelido. Não que eu tenha olhado mas foi o que Uruha me disse.

 Não tem como eu confiar num cara que eu nem sei o nome! Isso é o que minha avó chamaria de burrice dupla porque você sabe que não deve mas insiste mesmo assim. Não que eu planeje insistir.

Quer dizer tem todas essas sensações e sentimentos confusos que sinto quando estou perto dele sem falar na segurança que eu sinto quando estou com ele.

 Mas é que eu nunca pude confiar num estranho, nem em conhecidos a não ser meus familiares. Mudar isso de uma hora pra outra é mais difícil do que parece.

Finalmente criei coragem e saí do banheiro me deparando com Miyavi deitado na cama assistindo a televisão que desligou assim que pus os olhos nela.

-Por que o seu quarto tem televisão e o meu não? – ele me olhou de cima a baixo antes de responder.

-Acho que é porque eu paguei por ela. – é isso explica muita coisa.

-Você também pagou pra ter um quarto só seu? – ele confirmou – E da onde você tira dinheiro pra isso? – curioso? Nem um pouco.

-Digamos que, dinheiro é uma das coisas que eu não preciso me preocupar.

-Pena não poder dizer o mesmo.

 Lembra quando eu disse que minha família era tradicional e que esse era um dos motivos de eu estar vindo pra Tóquio? Bem digamos que na minha família quando se completa dezessete anos nós aprendemos na prática a cuidarmos de nossos narizes. Ou seja meus pais pagaram a primeira mensalidade da faculdade... o resto é comigo.

Vou entrar pro mundo dos trabalhadores/estudantes. Não que eu esteja reclamando mas vai ser puxado. Fora que não quero nem imaginar como vai ser voltar tarde da noite...

-Miyavi... você sabe quem era ele?

-Matsumoto Takanori mais conhecido como Ruki, é o que chamamos de Lume, em outras palavras, um bruxo intimamente ligado ao fogo.

-Bruxo?

-Sim, um feiticeiro que usa magia negra.

-E eu sou o que?

-Um Mectro-lux. Um feiticeiro que pode usar tanto magia branca quanto negra e tem habilidades extras ligadas à luz. – tá, normalmente eu diria que ele estava contando história pra boi dormir, mas pelo tom de suas palavras não me restavam muitas dúvidas.

-Por que ele estava atrás de mim?

-Provavelmente, por diversão.

-Diversão?

-Bruxos se divertem com o medo. – ele deu de ombros – Pelo menos ele não vai voltar a incomodar.

-Como pode saber? – ele riu.

-Digamos que, eu o botei pra correr. – arqueei uma sobrancelha.

-E você é o que pra botar medo num bruxo?

-Um Koryo.

-.....

-Kai, você está bem?

-Eu vou perguntar de novo, o que é você?

-Um Koryo.

-Impossível.

-Você acabou de aceitar que é um feiticeiro por que eu não posso ser uma raposa?

-Uma kitsune e amaldiçoada ainda por cima! Explica isso direito.

-Ah, é como nas lendas, quanto mais caldas mais poderosas e essas baboseiras todas.

-E quantas caldas você tem?

-Duas.

-Isso significa que você tem duzentos anos? – ele assentiu. – É demais pra mim, não quero saber de mais nada.

-Tem certeza?

-Não. O que você pode fazer? Sabe, gerar fogo com a boca ou as caldas, entrar nos sonhos dos outros, se alimenta da vida ou do espírito das pessoas?

-Pra quem não queria saber você está bem interessado.

-Mas não é todo dia que eu falo com uma raposa. – respondi emburrado, o que custa me dizer algumas coisas?

-Não seja por isso. Daqui pra frente você vai ter que me aturar.

-Então, me diz seu nome, o de verdade. – ele fez uma careta.

-Youkais não dizem seu nome aos quatro ventos.

-Eu juro que não conto pra ninguém, por favor Meevs.

-Só se me chamar assim de novo. – senti meu rosto esquentar.

-Onegai Meevs. – tudo pela curiosidade.

-Ishihara Takamasa.

-Takamasa.  – disse mais pra mim mesmo do que pra ele.

-Agora vamos jantar!

-Mas já? – olhei pela janela notando pela primeira vez que tinha anoitecido.

-Você passou o dia inteiro dormindo deve estar com fome.

-É, tem razão, vamos logo.

No refeitório Uruha e Aoi depois de se certificarem de que eu já estava melhor tiraram a noite para me perturbar perguntando sobre o Miyavi e o que ficamos fazendo no tempo em que fiquei com ele. Obviamente eu omiti a parte sobre o beijo e sobre a conversa, já que no mínimo eles achariam que eu estava delirando com a febre (na parte da conversa pelo menos).

 A única coisa que me intrigou foi uma sensação incômoda, como se estivesse sendo observado. Mas tinham muitas pessoas no refeitório, qualquer um podia estar me olhando. Devo estar ficando paranoico. Também pudera, meu histórico não é dos melhores.

De qualquer forma não deve ser nada, Miyavi disse que tinha resolvido então só resta descansar.

“Todas as preocupações foram embora

Agora não tem nada sobrando pra mim”


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Notas finais do capítulo

Well, não teve nada demais, é a partir do próximo que as coisas esquentam (em vários sentidos rsrsr) então até lá e deixem reviews. Kissus!!!



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