Hellmut escrita por Lay_Rossy, Lolis, Nessa Poison


Capítulo 9
Festa da Alana - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei... demorei.
Mas eu tenho bons motivos para a demora. Um bom e outro ruim. Qual querem ouvir primeiro?
Tanto faz, vai o ruim. Eu fiquei de recuperação em matemática, e mesmo com três semanas para estudar, minha mãe esta surtando comigo ¬¬...
Agora, o bom... Eu fui aceita como guitarrista-base de uma banda de verdade! *Aweeeeeee!!!!!* e sim, eu estou vibrando. A banda se chama Sr. Presidente. Em breve teremos nosso próprio site, caso alguém se interesse...
Mas chega de bláh-bláh-bláh desnecessário e desinteressante sobre a minha vida. Vamos a tão esperada parte da festa. Provavelmente terá mais três partes, cada uma narrada sob um ponto de vista.
Enjoy it!



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Narrado por: Vivian

Filme do momento: Barrados no Baile. (Bom, é uma série, mas quem liga?)

Ouvindo: O barulho do secador da Emily.

- Sra. Flowers? – chamei batendo na porta. Pela quantidade de fumaça de produtos cosméticos saída pelo vão da porta e pelas janelas, eu não duvidaria muito se todos já estivessem em coma.

Ouvi passos e a o barulho da maçaneta se abrindo.

- Ah, graças a Deus! – Sra. Flowers apareceu na minha frente com um lenço cobrindo a boca e o nariz. Obviamente, por causa da fumaça tóxica que estava presente na casa – Eu não agüento mais, querida. Eu tentei tira-la daquele banheiro, mas ela não responde! Eu já estava me matando de preocupação! Quer um lenço?

- Ah sim, obrigada... – peguei um dos lenços e cobri meu nariz e boca, afim de evitar uma possível infecção pulmonar – Que tipos de produtos ela está usando?

- Uns cremes novos que ela comprou. Ela quer dar um efeito ‘Pin-Up/Moderno/Balada/Hippie-Chique/Sexy’ para o cabelo dela... – Sra. Flowers afirmou aparentemente preocupada com a sanidade mental da filha.

- Ela está no banheiro?

- Sim, primeira porta a esquerda. Por favor, tente fazer algo...

- Eu vou tentar...

- Ah, e segure bem o lenço. Não sei quais os componentes dos cremes, mas a fumaça parece perigosa...

- Claro, vou tomar cuidado. Obrigada, Sra. Flowers...

Entrei pelo corredor, onde a fumaça parecia mais densa e forte, e achei o banheiro. Bati.

- Emily? Emily?

Nada. Apenas o barulho do secador ecoando.

- EMILY! SE VOCÊ ESTIVER VIVA, RESPONDA! – Soquei a porta desesperada.

O barulho continuou.

- EMILY! POR FAVOR...! Emy... JÁ ESTAMOS ATRASADAS!!!!

O barulho do secador diminuiu e por fim desligou.

‘Ufa, ela está viva’.

O clique da fechadura se ouviu, e Emily abriu a porta, liberando toda a fumaça para a casa.

- Ela está viva, Sra. Flowers! – avisei.

- Ah! Que bom! Vou abrir as janelas e ligar os ventiladores para essa fumaça espalhar... Divirtam-se meninas.

Emily espanou com a mão a fumaça a seu redor, e jogou o cabelo de um lado para o outro.

- Ah, oi! – disse alegremente jogando os cabelos em cima de mim – E ai, o que achou do meu cabelo? Parece diferente?

Tossi, tirando a fumaça dos meus pulmões.

- Sim, e deveria mesmo, pelo tanto de produtos que você usou...

- Bobagem, usei apenas uns cremezinhos inofensivos. Nada demais...

Revirei meus olhos

- Claro, inofensivos...

Ela riu, e logo em seguida, me encarou.

- Cadê sua maquiagem? – perguntou séria.

- Maquiagem? – exclamei surpresa – Bom, eu passei um batom e uma sombra... Nada demais.

- Realmente. Nem aparece. Preciso maquiar você. Agora.

- Hum... Emy, não sei se é uma boa idéia.

- Tolice. Vamos subir para o meu quarto. Comprei cinco novos estojos de maquiagem. Vai ser tão divertido!

‘Para quem?’ pensei engolindo seco.

- Mas, nós estamos atrasadas!

- Dez minutos a mais, dez minutos a menos não farão diferença...

- Mas...

- Ah, Viv´s, sem mais nem menos! Vem!

Subimos até o quarto dela, e ela abriu a porta cuidadosamente branca, revelando uma cama alinhada, uma cômoda também branca, com vários itens de maquiagem. Sem contar os espelhos. Um embutido no guarda-roupa, um na cômoda, um na parede e mais dois de segurar.

- Isso me lembra a casa dos espelhos do parque... – comentei.

Ela riu pegando uma maleta enorme de maquiagem.

- Vamos começar? – ela perguntou com um sorriso sádico.

Arregalei meus olhos.

- Fique quietinha, senão borra! – ela pediu retirando de um estojo rosa uns pincéis.

Rezei internamente. Deus, se o senhor existe, faça com que algo impeça isso, pelo menos momentaneamente...

‘Meu sangue ferve quente por você! Acho que assim vou entrar em ebulição! Pura química da paixão! Estou gamado por ti, gata quente!’

O telefone de Emily. Amém.

- ‘Meu Sangue Ferve Por Você’? – perguntei – Que tipo de toque é esse?

- O tipo que se tem quando se e uma boa fã... – ela mostrou a língua. – Alô? Kate? Vou por no viva voz, espera... Pronto, pode falar.

- MINHA VIDA ACABOU EMILY! – Kate berrou do outro lado.

- Eu pedi para você falar! NÃO ESTOURAR MEUS TIMPANOS!

- Desculpe... – ela fungou. Ao fundo dava para ouvir Coldplay tocando.

Kate só ouve Coldplay em duas situações: Ou ela está se sentindo britânica, e andou lendo muito Harry Potter, ou ela está deprimida.

- Por que você está ouvindo ‘Clocks’? – questionei.

- Por que minha vida é um lixo! Um Lixo!

Viram?

- Que coisa mais Emo, Kate! – Emily reclamou passando pó de arroz no meu rosto – E por que sua vida é um lixo?

- Por causa daquela infeliz da Bulstrode!

- O que a Bulstrode fez dessa vez? – Emily pareceu curiosa.

- Além de me dedurar para minha mãe?

- Como ela te dedurou, criatura? – perdi a paciência.

- Bom, tecnicamente, ela não me dedurou. Quem me dedurou foi a mãe da Bulstrode. Ela contou para a mãe dela do acidente na aula de química, e a minha mãe tem amizade com a mãe dela, então...

- Oh, isso é horrível... – Emily se solidarizou.

- E é por isso que eu não vou na festa...

- O QUÊ?! – Emy gritou – Como assim, Kate Sputnik, você não vai a festa? Explica melhor!

Pude ouvir Kate mudando para ‘Paradise’ e assuar o nariz.

- Como assim explicar melhor? – ela pareceu irritada – Eu estou de castigo. C-A-S-T-I-G-O!

- HaHa! Trouxa!

- Cala a boca, Vivian!

- Tudo bem estressadinha...

- E agora, por causa disso, eu vou ter que passar a noite aqui, cuidado da Milly e comendo comida congelada, já que a minha gentil mamãe saiu para o trabalho e não volta até amanhã a tarde. Aparentemente, pediram que os enfermeiros ficassem de plantão, já que um idiota bateu o caminhão de diesel num carro com uma família e tudo foi pelos ares...

- Espere, você disse que sua mãe saiu? – Emily perguntou com aquela carinha de ‘eu tenho um plano’.

- Sim. Por que?

- E sua avó não vai ficar ai, vai?

- Não, minha avó esta passando uma temporada na Flórida, lembram? Por que você quer saber disso?

- Por nada Katezinha, por nada...

- Nem pense em virem aqui me buscar! A Milly está aqui! Ela vai nos meter em encrenca se vocês aparecerem! Ela tem o numero do hospital onde minha mãe trabalha!

- Mas Kate, nós jamais faríamos isso! – Emy fez drama.

- Ah, faríamos sim... – fui interrompida pela cara furiosa de Emily.

- O que a Vivian falou?

- Nada, Kat´s, bobagem...

- Hey! – reclamei.

- Cala a boca. – Emy pediu gentilmente para mim.

- Hum... – Kate pareceu desconfiada – Vou desligar. Minha irmã está mexendo no microondas e eu não quero que ela exploda a casa. Se divirtam... – Fungou mais uma vez, antes de mudar a musica para ‘Viva La Vida’.

- Claro que nós vamos nos divertir... – Emily enrolava o fio do telefone com o dedo – Ultima coisa: Você ainda tem aquele DVD com respostas aleatórias das nossas mães?

- Está aqui em algum lugar... Por que?

- Por nada. Deixe ele perto de você.

- Como é que é? Emily Lilly Flowers! Nem ouse tentar vir aqui e...

Emily pegou uma folha de papel e começou amassar perto do celular.

- O que? Não ouvi! A ligação está péssima! – Emily falou.

Bufei.

- EMILY! NÃO DESLIGUE ESSE CELULAR! EMILY!

- A ligação está... – amassa mais papel – Horrível! Vou ter que desligar! Beijos!

- Emily...! – ela foi cortada por um barulho alto da cozinha – MILLY!!!!!!

- Thau, Kate...

- MILLY SUA DESGRAÇADA! NÃO PODE POR A COLHER NO MICROONDAS! QUAL O SEU PROBLEMA?!

E o celular foi desligado.

- Acho que ela está com problemas... – deduzi.

Emily ignorou.

- Viv´s, como filha de delegado, qual sua opinião sobre seqüestros?

- São legais. Desde que eu não seja a seqüestrada. E que tipo de pergunta é essa?

- Bom, nós vamos cometer um seqüestro.

- Emy...

- Vai ser tão C.S.I!

- Emily!

- Vamos Vivian, desde quando seqüestradores chegam atrasados?

- Seqüestradores não chegam atrasados por que eles não marcam hora! São Seqüestradores!

- Ai, para de tirar a graça de tudo. Nós vamos com o Corolla do meu pai.

- Você ainda esta teimando em dirigir? – perguntei descendo as escadas atrás dela.

- Claro que sim. Eu uma ótima motorista. Mamãe! Onde estão as chaves do Corolla?

A mãe de Emily pos a cabeça para fora da porta da cozinha.

- Seu pai levou. Ele...hum, vai precisar do Corolla.

- Mas...por que? Ele não iria usar a Picape? – ela pareceu chocada com a idéia de não dirigir o tão amado Corolla do pai.

- Ele iria usar. Até descobrir que quem ia dirigir o Corolla era você.

- Como eu vou aparecer com uma picape numa festa? Como?!

- Aparecendo. E além do mais, a picape é mais segura... Seu pai instalou airbags nos bancos traseiros e no do motorista.

- Eu vou no banco traseiro! – decidi em pânico.

- Caso você bata ela acidentalmente, o seguro cobre tudo. E o Corolla ainda não tem seguro.

- De onde você tirou a idéia de que eu possa bater o carro?

- Filha...

- Sim?

- Por que você acha que nunca te deixaram brincar no ‘bate-bate’ quando você era criança?

- Mas era para bater! O nome diz tudo! ‘Bate-Bate’!

- Mas não era para bater em quem esperava na fila. Do lado de fora...

- Eles ficavam muito perto!

Sra. Flowers arqueou uma sobrancelha. Emily suspirou.

- Tudo bem, eu vou com a picape... Torça para meu vestido não amassar naqueles bancos comuns!

- Usem o cinto! – Sra. Flowers pediu antes da gente sair.

- Com certeza! – respondi.

Entramos na picape vermelha. Ela era um bom carro. Grande, cintos fortes e o mais importante: Airbags.

- Tem Airbags nos dois bancos traseiros? – perguntei puxando o cinto. Eu já havia puxado o do meio, e agora puxava os dois da porta. Segurança nunca é demais.

- Tem. Acho que só não conseguiram por no banco do passageiro...

- Ah, legal. Emy...?

- Hum?

- Você está legal?

- Sim, por que eu não estaria? Aqui tem chiclete, radio e espelhos por toda parte. Carros são melhores que casas.

- Tenta ir com cuidado... AHHHHHHHHHHH! – Assim que eu disse isso, Emily arrancou com a caminhonete, derrubando umas latas de lixo e quase matando uns gatos.

- Vou ligar a rádio para descontrair! – ela anunciou.

‘E agora, na radio Jovens Sátiros, 101.5 F.M, a rádio que faz você dançar, vamos com mais uma musica da garota do momento: Katy Perry! Depois, temos uma programação de uma hora só com musicas do cantor Rob Tristan, para os fãs curtirem!’

Emily soltou um gritinho agudo e aumentou o radio, que tocava ‘Last Friday Night’.

- HAS FLAMINGOS IN THE POOL, BARBIES IN THE BARBECUE! – Emily cantou empolgada.

Enquanto ela se divertia a 80 km por hora numa pista de 40 km/h, eu estava lá atrás, a com o estomago revirando...

- Emily! Diminui! Eu vou vomitar! – pedi em prantos.

- Credo Vivian! Na caminhonete não! Meu pai lava o carpete a seco. Espera ai, que falta pouco para chegarmos na casa da Kate.

- Pouco quanto?!

- Bom, se eu aumentar para 100 km por hora, chegaremos em poucos minutos.

- Faça isso então!

- Ok!

Dito e feito. Em poucos minutos, Emily derrubava a cerca verde da casa de Kate, numa tentativa frustrada de estacionar.

- OH MEU DEUS! – Kate saiu a janela – EMILY!!!!!!!!!!

O alarme do carro disparou. Emily saltou delicadamente e meteu um chute na roda para parar.

Eu não desci. Praticamente cai no jardim de Kate e vomitei todo o cheeseburguer que eu comera no almoço.

- As hortências da minha mãe! – Kate surtou ainda da janela – Você vomitou nas hortências da minha mãe!

- Oi Kate! – Emily sorriu – Viemos te salvar!

- Argh! Eu vou chamar a policia!

- Meu pai é a policia... – retruquei já recuperada.

- Não vai convidar a gente para entrar? – Emily abusou.

Kate ficou vermelha e fechou a janela com violência. Poucos segundos depois ela abriu a porta. Armada com uma pá.

- Eu vou matar vocês! Minha cerca! Minhas hortencias! AHHHHH!!!!!

- Kate! Calma! – pedimos desviando dos golpes com a pá.

- Tivemos boa intenção! – Emily gritou.

- Minha mãe vai me matar! Mas se for preciso, eu carrego vocês junto!

- Kate! Você está fora de si! Larga essa pá, vamos conversar!

- Eu não tenho nada para conversar! Minha irmã explodiu parte da cozinha! As cortinas pegaram fogo! Agora a casa está toda molhada por causa daquele alarme de incêndio dos infernos! Depois vocês vêem aqui, destroem meu quintal e vomitam nas minha flores? EU NÃO TENHO NADA PARA CONVERSAR!

- KATE! AH SOCORRO!

- Grrrr!!!! – ela rugia possessa. Enquanto ela não prendeu a pá na arvore, depois de quase me decapitar, ela não sossegou.

- Mais calma agora? – Emily tentou.

- Talvez... – ela bufava.

- Não tivemos boa intenção, sério...

- Sério mesmo? – ela perguntou desconfiada.

- Sério – confirmamos.

- Então... tudo bem. Mas eu quero uma cerca nova. E hortênsias novas também.

- Tudo bem. O que queremos é apenas te levar para a festa.

- O QUÊ? Olha que eu pego o rastelo de folhas! E ele tem pontas! – ela ameaçou.

- Isso aí. Te levar. Kate, você vai deixar que um castigozinho assim te impeça de curtir a maior festa do ano?

- Se eu quiser continuar viva até a faculdade, a resposta é sim, Viv´s.

- Mas Kate, sua mãe nunca vai descobrir...

Kate riu seca.

- Emily, Emily, Emily... depois de todos esses anos assistindo filmes adolescentes você ainda não aprendeu que a garota que sai escondida sempre é pega?

- Bom... Então você vai ser a primeira.

- Por que esse plano daria certo?

- Por que, foi elaborado por mim. – Emily começou, zero modéstia – e segundo, tem a Vivian como auxiliar. O pai dela é delegado, e ela carrega um estoque de sprays de pimenta na bolsa. Tem como algo dar errado?

- Hum... Acho que não...

- Viu? Agora, que você aceitou o fato, vamos te trocar.

- Espera, mas e a Milly?

- Droga, aquela fedelha! – reclamei – Havíamos nos esquecido dela!

- Relaxa Vivian, eu sei o que fazer. Só vou precisar do seu telefone, Kate.

- Ok, Emy. Só mais uma coisa.

- O que?

- Se por um acaso, esse plano der errado...

- Não vai dar errado.

- Mas se ele der... Eu... eu esgano vocês. De verdade, e sem compaixão.

- Claro, claro... Vamos, entre.

Entramos na casa dela.

- Esta cheirando a frango queimado... – reclamei.

De longe dava para ver o microondas todo tostado.

- A Milly estava esquentando macarrão... – ela falou mal-humorada.

- Por falar nela, onde ela está?

- Tanto faz. Não a vi depois que as cortinas pegaram fogo. Com um pouco de sorte, ela morreu queimada, ou fugiu para a casa da nossa tia esquizofrênica.

- Não foi não, olha ela ai... – Emily apontou para o demoniozinho loiro. Milly era a típica irmã diabólica. Sete anos mais nova que Kate, estudava num dos braços do sistema de educação St. Alba. Ela ainda esta na Elementary e faz aulas de dança três vezes por semana, tudo com o desejo de se tornar líder de torcida quando entrar na High School.

As irmãs eram totalmente diferentes. Enquanto Kate tinha os cabelos castanhos e os olhos também castanhos, Milly era loira e tinha olhos incrivelmente verdes. Isso só prova minha teoria de que a mãe-natureza só é boa com as pessoas más.

- O que suas amigas estão fazendo aqui, Kate? Se a mamãe ficar sabendo...

- Ela não vai ficar sabendo. – Kate retrucou – Você não vai contar.

- Ah é? Por que?

Quando Milly diz: ‘Ah é? Por que?’ ela quer dizer ‘Ah é? Por quanto?’

- Quanto você quer? – perguntei impaciente.

- Cinqüenta dólares para manter a casa inteira e mais cinqüenta pelo meu silencio.

- Você ainda vai acabar nos falindo... – Emily reclamou pegando cinqüenta da sua bolsinha rosa. Dei mais cinqüenta.

- Hey, ela não paga? – reclamei apontando para Kate.

- Não, ela vai usar o dinheiro dela para a babá... – Emy explicou.

- Babá? – Kate e Milly se surpreenderam.

- É... babá... – Emily já pegava o telefone.

- Eu já sou quase pré – adolescente, não preciso de uma babá! – Milly determinou.

- Ah, precisa sim. Você colocou fogo nas cortinas da sua própria casa!-Emily retrucou.

- Que tipo de babá vocês vão trazer para cá? – Kate se preocupou. – A ultima que veio saiu horrorizada.

- Você vai ver. É simplesmente a melhor opção no quesito babá. Ah, espere, está chamando...

- Para quem você está ligando? – perguntei.

- Alô? Caleb?

- CALEB?! – gritamos eu Kate e Milly em uníssono.

Olhamos confusas para ela.

- O que foi? Só por que sou pequena não quer dizer que eu não saiba quem ele é. – Milly deu os ombros.

Fiz um aceno de desprezo.

- Emily, pelo bem da minha irmãzinha, não chama o Caleb! Não deixa ela mais patricinha do que ela já é! – Kate começou a dramatizar.

- Psiu! – Emily pediu – Desculpe Caleb, é que elas não calam a boca... É, eu entendo. Falam demais...

- Vocês estão falando da gente na cara dura? – pus as mãos na cintura.

Emily ignorou.

- Pode repetir? – ouvíamos a voz esganiçada do Caleb do outro lado da linha – Como assim Personal Stylist? E MC Candyman?

- O que? – perguntamos.

- MC? – Milly franziu o cenho.

- Personal Stylist? – Kate pareceu pertubada.

- Emy, nos diz o que ele esta falando! – pedi.

Ela tirou o telefone do ouvido.

- Ele disse que não pode cuidar da Milly. – Ela anunciou solenemente.

- A Milly vence novamente! – Milly comemorou.

- E o que o Personal Stylist e o tal MC tem haver com isso?

- É que ele vai ser o Personal Stylist das madrinhas e o DJ da festa, Kate. E o nome artístico dele é MC Candyman.

- Mas o que a gente faz com ela? – me desesperei apontando para um Milly saltitante e alegre.

- Vou ver isso agora... – Emily respondeu voltando para o telefone – Elas querem saber o que a gente faz com a garota agora.

Silencio. Emily apenas assentia.

- Sério? Isso é perfeito, Caleb... Esse seu conhecido parece estar bem desesperado mesmo. Pede para ele chegar o mais rápido o possível... Beijinhos...

E desligou.

- E ai? – Kate quis saber.

- O Caleb sabe de um garoto desesperado por um emprego.

- E...

- Esse menino aceitou vir aqui. Ele já deve estar chegando...

- Mas ele tem referencias de onde já trabalhou?

- Kate, você está parecendo a mamãe – Milly emburrou.

- Cala a boca.

Milly saiu pisando duro para a cozinha.

- Hora de te arrumar! – Emily exclamou enérgica – Onde você deixou seu vestido?

- Numa poltrona no meu quarto.

- Ótimo. Vamos lá.

Subimos para o quarto de Kate.

A porta, com dizeres do tipo: ‘Silêncio selvagens, estou lendo’, ‘Não perturbe’ e ‘Se manda, Milly’, já mostravam o quão acolhedora ela era.

Abrimos a porta e nos deparamos com uma verdadeira anarquia.

Vários pôsters e flâmulas de seus artistas favoritos (Que incluíam Guns N´Roses, Sex Pistols, Mettalica, Aerosmith, Rolling Stones) recheavam a parede azul céu. Sem contar seus quadros e desenhos, que estavam espalhados, entre algumas calças jeans e blusas. A guitarra estava ajeitada num canto perto da parede, imune a qualquer bagunça num raio de trinta centímetros. A janela e a cama, cheia de figurinhas. A cômoda aberta, mostrando a bagunça dentro e um guarda-roupa que ninguém tinha coragem de abrir.

Era basicamente o quarto da Kate. Ou o cafofo da Kate, como o apelidamos carinhosamente.

- Isso é um verdadeiro lixão, Kat´s... – Emily chiou – Você não deixa nada no lugar.

- Claro que deixo. A Jenny e o notebook ficam sempre ajeitados.

Jenny é a guitarra.

- Isso por que você ama eles... – comentei chutando um par de tênis longe.

- Certo, onde está o vestido?

- Ali – ela apontou entediada para a poltrona manchada de tinta (Longa história) com o vestido ajeitado e incrivelmente desamassado em cima.

- Nossa, ele está limpo... – Emily foi irônica.

- HaHa, que engraçadinha...

- Vai, veste – Emily jogou o vestido para ela – E põe esses sapatos e...

- Eles são altos demais!

- Deixa de ser fresca. Se troca logo, o garoto já deve estar chegando...

DING – DONG!

- Acho que ele chegou... – olhei pela janela e enxerguei uma figura a porta.

- Vai atender então... – Kate incentivou – Não aperta tanto, Emy!

- Não reclama, quem comeu três caixas de bombons de licor hoje?

- Como você...

- Quer um conselho? Jogue seu lixo fora, e não no embaixo da cama...

Deixei as duas lá no quarto e desci até a sala.

- Não se preocupe Milly, eu atendo... – fui sarcástica.

- Tanto faz... – ela respondeu estirada no sofá.

Revirei meus olhos e abri a porta.

- Oi...?

- Oi, sou o babá... e você é a...?

- Vivian. Vivian Hopkins.

- Posso entrar?

- Pode – dei os ombros.

O garoto entrou. A principio achei ele um tanto... alternativo. A jaqueta jeans puída cheia de botons, as calças manchadas, os all star pretos, a camiseta do Led Zeppelin. E o cabelo. Cacheado, caindo sob os olhos castanhos.

Aquilo era familiar. Muito familiar...

- Garoto do armário! – lembrei num estalo – Você é o garoto do armário que a MarJo disse!

- Como é que é?

- É isso mesmo. É exatamente a descrição dele... Espera só até Kate te ver... Vem, acho que é bom você conhecer a irmãzinha mais nova dela. A Milly. Nossa, que engraçado, não? Imagina quantos caras tem a oportunidade de servir de babás para a futura cunhada? E, garoto do armário, já vou avisando: Sua cunhadinha não é flor que se cheire. Está vendo aquele microondas tostado? Ela que fez aquilo.

- Sé – Sério? – ele engoliu seco, obviamente já se arrependendo da idéia de cuidar da Milly.

- Sério. Eu mesma mal acreditei quando vi, mas ela já fez coisas piores. Senta!

- Ok... – ele parecia desconfortável.

Milly ergueu a cabeça entediada para ver quem tinha se sentado no outro sofá.

- Quem é você? – ela perguntou ácida.

- Vou ser seu babá – o garoto tentou parecer confiante – Não se preocupe, vamos nos dar super bem.

- Até parece, imbecil... – ela balançou a cabeça rindo e voltou sua atenção para a TV.

- Ela é sempre assim? – ele questionou.

- Não faz nem idéia...

Ele me olhou nervoso.

- Relaxa...

Ele maneou de leve.

Ouvimos uma leve discussão vinda da escada e olhamos Kate descendo irritada, com uma Emily mal-humorada e um kit de maquiagem atrás dela.

- Katerina, não teima! A base não faz mal para ninguém!

- Emily, isso foi testado em animais!

- Como pode ter tanta certeza?

- Como eu posso ter tanta certeza? Eu já visitei um lugar assim! Eles usam cães e coelhos em experimentos cruéis para ter certeza que a maquiagem é de boa qualidade e...

- Tudo bem, já entendi... Você não quer mais base... – Emy bufou.

Kate sorriu vitoriosa.

- Graham – tossi – O babá chegou...

Elas nos encararam.

- Ah! – Kate guinchou e subiu novamente, sem mais nem menos.

- O que foi isso? – sussurrei.

Emily suspirou.

- Sou Emily. E aquela lunática era a Kate.

- Emy, escuta essa... Ele é o garoto do armário!

- Não... – Emily fez a incrédula – Sem chance. O Caleb disse que ele era um baita bofe... E esse aqui, bem... Ele não parece um bofe.

- Eu tenho certeza que é ele. – afirmei convicta.

- Hey, eu estou bem aqui... – o garoto do armário de enfureceu.

- Nós sabemos disso. Qual é o seu nome?

- Jack London.

- Oh Meu Deus! É ele!

- Eu disse.

- Foi por isso que a Kate sumiu... Ela só está tímida...

- Vou buscar ela, Jack, espera ai.

Cinco minutos de muito drama depois, voltei arrastando a Kate.

- Não...Não... Vivian, me larga!

- Vem! É o garoto do armário! O tal London!

- Vivian... tenha compaixão!

- A única ‘com paixão’ aqui é você... – ri da minha própria piadinha infame.

- Vivian...

- O que?

- Vou te bater se você não me soltar.

- Você vai fugir. Me promete que não vai correr para o seu quarto e vai agir maduramente diante dessa situação.

Ela revirou os olhos.

- Eu prometo.

- Tem que prometer pelo Estige.

- O que? Não!

Eu sabia que havia pego o ponto fraco da Kate. Literatura e ficção.

- Jura!

- Pelo Estige?

- É.

- Tem que ser pelo Estige mesmo? Não pode ser por um riozinho qualquer? Olha, eu prometo até pelo rio Hudson...

- Tem que ser pelo Estige.

- Certo... eu... eu prometo pelo ES-TI-GE que vou agir maduramente diante dessa situação... – ela choramingou.

- Ótimo. – larguei ela – Se você tentar fugir...

- Já sei, já sei... Zeus me fulmina com um raio e eu vou parar no tártaro...

- Isso. Agora, vai atrás do seu homem! – gargalhei diante da cara assassina que ela fez.

- VIVIAN!

Ri enquanto ela ia em direção a Emy que tagarelava sem parar com o Jack.

- Erm... oi?

- Ah, oi! Kate, certo?

- É... e você é o Jack, não?

- Sou... – os dois sorriram estupidamente. Emily e eu fingimos um vomito.

- Bem, eu acho que devo te dar as instruções de como cuidar da minha irmã... – Kate continuou.

- Beleza.

- Olha, em primeiro lugar, você tem seguro de vida ou um plano de saúde que cubra acidentes?

- Por quê?

Kate ergueu uma sobrancelha.

- Você tem?

- Tenho o plano de saúde...

- Isso é bom. Bem, é o seguinte. Deixe ela longe do faqueiro, dos fósforos, dos produtos químicos, do meu quarto e principalmente, deixe ela longe do microondas.

- Hum – Hum – ele concordou.

- Não alimente ou molhe ela depois da meia-noite...

- Gremlins... – Jack sorriu de lado. Kate dá um risinho mais depois ficou séria novamente.

- Não, é sério mesmo. Não alimente ou molhe ela depois da meia-noite. Se ela pedir enegéticos, não dê. Ela só pode comer alimentos com o mínimo de açúcar o possível e nenhum traço de leite, ou ela vai convulsionar e vomitar no carpete. E ela não pode vomitar no carpete.

- Ok...

- Nem atormentar o cachorro. A propósito, ele já esta alimentado. Mas se precisar, a ração dele está em cima do armário.

- Que horas você volta?

- Ela volta ao amanhecer, Romeu. – Emily respondeu por Kate.

- Emily!

- Desculpe, Julieta... – rimos.

Kate apenas fechou os olhos com força e nos ignorou.

- Bom, estes são os telefones de emergência. Bombeiros, policia, assistência social, hospitais e o meu celular.

- Uh, a Kate já esta dando o celular dela... – provoquei.

- Calem a boca!

- Que estressadinha! – Emily riu.

Kate nos olhou fulminante.

- Pegou tudo? – ela perguntou para Jack.

- Aham... ela não pode tomar nada com traços de leite, ou açúcar... nem ficar perto do microondas, seu quarto e faqueiro. Ou do cachorro. É, acho que entendi.

- Ótimo. Vamos, meninas?

- Finalmente! – Emily bufou – Como o casalzinho fala!

- Emilinne! Quando você arranjar um amigo homem, eu também vou ficar te atormentando!

Jack emburrou. Aparentemente ele não gostou nada de ser tachado como ‘amigo’.

- Eu não arranjo amigos. Eu arranjo pretendentes... – Emy sorriu de maneira superior – Agora vamos logo. Thau garoto do armário.

- É, thauzinho, garoto do armário! – falei também.

- Thau...

- Thau Jack. E... cuidado com a Milly. Ela é mais maligna do que você imagina. – Kate avisou.

- Claro. Mas nós vamos nos dar bem. Tenho certeza.

- É... Cai nessa. Thau Milly!

- Thau! – Milly gritou do sofá. Kate suspirou irritada e saiu atrás de nós.

- Eu aposto que ele não dura nem uma hora... – comentei assim que entramos no carro.

- Eu tenho certeza... – Kate disse tristemente.

- Ah, a Katerina vai ficar viúva... – zombei.

- Morre, Vivianne.

Cruzei os braços.

- Não gosto que me chamem assim!

- Por isso mesmo – ela mostrou a língua sapeca, enquanto tentava entrar no lado do motorista.

- Hey! Kate! Eu vou dirigir! – Emily exclamou.

- Acho melhor não Emy... Precisamos chegar inteiras na festa.

- Tudo bem, então. Onde está sua carteira de motorista?

Kate adquiriu um tom escarlate.

- Minha carteira?

- Só dirige quem tem carteira.

- Que injustiça! Eu tenho uma carteira, mas minha mãe confiscou, você sabe disso!

- Isso só mostra sua irresponsabilidade com um carro. Sai daí.

- E você é totalmente responsável com um carro... – Kate pulou para o banco do passageiro.

- Que bom, que você reconhece.

Kate revirou os olhos e tentou puxar o cinto, mas foi impedida por Emily.

- Nem pense nisso.

- Emily! É para minha própria segurança!

- Não. Seu vestido é de chiffon. Vai amassar tudo.

- Mas...

- Sem ‘mas’. Tira a mão desse cinto!

Kate o soltou, assustada.

- Ok...

- Agora, tome esse batom. Precisa de um pouco de cor nessa boca.

- ‘Batom durável...’. O que isso quer dizer?

- Que dura de 24 á 48 horas.

- Puxa...

- Eu sei, eu sei... É fantástico. Agora começa a passar. Com cuidado! Se borrar, não sai até dar os dois dias.

- Quanta pressão... Posso ligar a radio?

- Liga na Jovens Sátiros. Vai passar uma hora dedicada ao Rob Tristan!

- Ah não! Eu quero a Rádio Hugs!

- Mas só passa rock!

- Dãh! Por que você acha que eu vou por?

- Não vai não!

A essa altura já estávamos na estrada.

- Emy! Por onde você indo? – perguntei desconfiada. Aquele caminho não parecia o caminho do salão de festas.

- Por um atalho.

- Um atalho é sempre um caminho mais longo entre um ponto e outro... – Kate afirmou sabiamente.

- E eu ligo? – Emily arqueou as sobrancelhas bem delineadas – É até bom, que ai eu ouço toda a programação do Rob Tristan.

E ligou.

“E agora na Rádio Jovens Sátiros, uma hora só com musicas do ídolo da country music: ROB TRISTAN! Agora, vamos começar de ‘Quero dar uma escapadinha com você!’

‘Eu quero dar uma escapadinha com você, baby

Sob a luz do luar, mera telespectadora do nosso amor!

Paixão de fogo! Vamos fugir, docinho!’

A musica foi interrompida drásticamente. Kate havia mudado.

“Fiquem agora com as 10 melhores musicas de Rock dos anos 60 e 70! Com vocês... Born to be Wild, dos Steppenwolfs! Hugs F.M.!

‘Get your motor running

Head out on the highway

Looking for adventure

In whatever comes our way

Yeah, darling, gonna make it happen

Take the world in a love embrace

Fire all of your guns at once and

Explode into space!’

- Adoro musicas que falam de armas e explosões! – comentei.

- Eu também! – Kate vibrou.

- Pois eu odeio! – Emily reclamou e mudou para Jovens Sátiros novamente.

‘Cuidado comigo, amor!

Sou sua chama de calor!

Quero te sentir!

Vou te pegar! Ah, seu eu te cato, gata!’

- Ah, eu quero ouvir a Hugs F.M.! – Kate teimou e mudou de estação. Agora tocava ‘(I Can´t Get No) Satisfaction’ dos Rolling Stones.

‘I can't get no satisfaction
I can't get no satisfaction
'Cause I try and I try and I try and I try
I can't get no, I can't get no...’

- Não! Rob Tristan! – Emily trocou de musica.

‘Fervo, fervo por você!

Meu sangue entra em ebulição!’

- Keith Richards! – Kate devolveu.

‘I can't get no, oh no no no
Hey hey hey, that's what I say!’

- Mas quem canta é o Jagger! Keith é o guitarrista! – falei.

- E daí? Prefiro os guitarristas!

- Não prefere não! Volta no Rob!

- Não!

- Sim!

- Não!

- Sim!

- Não! Não e não!

- Sim! Sim e sim!

- Calem a boca! – pedi.

- Não! – as duas falaram ao mesmo tempo.

- Quero ouvir Rolling Stones! – Kate fez bico.

- Mas eu quero ouvir o Rob... – Emily choramingou.

- E eu quero ouvir Green Day! – berrei mudando da rádio que estava.

- Vivian! – Kate brigou.

- Nem ouse mexer no som, ou eu mato vocês duas!

As duas fungaram.

‘Hear the sound of the falling rain 
Coming down like an Armageddon flame (HEY!) 
The shame, the ones who died without a name 

Hear the dogs howling out of key 
To a hymn called "Faith and Misery" (Hey!) 
And bleed, the company lost the war today 

I beg to dream and differ from the hollow lies 
This is the dawning of the rest of our lives 
On holiday...’

- Eles se inspiraram em Sex Pistols... – Kate murmurou passando o batom da Emily – E passa Sex Pistols na Hugs...

- Mas se não fosse pela country music do começo dos anos trinta, os Sex Pistols não existiriam. – Emily retrucou.

- Hey! Fiquem quietas! Quero ouvir!

As duas bufaram.

E então, sem mais nem menos, ouvi uma buzina e um par de luzes me cegou.

- Desvia Emily! – Kate gritou – Ahhh!

Os airbags triplos se abriram me sufocando.

- Mmmmm!!!! – gritei abafada.

- Ai! OH NÃO! OH NÃO! – A voz de Kate falou chorando. Será que algo terrível teria acontecido?

Consegui colocar minha cabeça para fora.

- O que houve? Vocês estão bem? – perguntei – Emily? Kate?

- O batom borrou...! – Kate se virou para mim.

- Ah! – gritei assustada.

- O quê? Borrou demais? – ela se preocupou.

- Você está parecendo o Coringa!

- Argh! EMILY!

Mas Emily já tinha saído da picape e agora discutia com o cara do carro que ela bateu.
- O que exatamente ela está fazendo? – Kate perguntou irritada.

- Tentando bater no cara! Vai lá, Kate!

- Não com essa cara! Vai você!

- Não posso! Estou presa!

- Ah, legal. Tenta furar o airbag com o salto, como a Emily. Vou lá.

- Boa sorte em Gotham City, Coringa...

- Morre!

E saiu como um furacão do carro.

Lá fora, a confusão já estava armada. De dentro do carro, dava para ouvir parte do dialogo, que incluíam uma torrente de palavrões que eu nem sabia o que significavam e ameaças contra a família do homem – isso se ele tivesse uma.

- Você tem merda na cabeça? Não enxerga não? Tem problema nas juntas? É surdo?! – Emily berrava gesticulando como louca – São as únicas explicações para você bater na minha picape! Não sabe dirigir não?

Kate riu, mas diante do olhar alucinado da doce e gentil Emily, se calou.

- Escuta aqui, moça, a única errada é você! Essa pista é contramão! E eu buzinei! Você que não ouviu!

- Sou senhorita para você, capitão trânsito! ‘Oh, eu sou tão esperto! Eu sei tudo de trânsito e segurança... Devia ser um guardinha de esquina ou programador de semáforo...’

- Emy, isso não existe... – Kate avisou.

- Não se mete!

- Ok...

- Olha...se a senhorita continuar gritando assim eu ligo para a policia.

- Não liga não!

- Vou ligar, e agora!

Emily começou a gritar bem alto.

- EU VOU TE MATAR, SEU CAIPIRA! – e fez para saltar nele, mas foi impedida por Kate.

- Alô? Sim, que queria fazer uma denuncia. Houve um acidente, com meu carro...

- Você chama isso de carro? – Emily riu cruelmente.

O cara ignorou. Enquanto ele fazia a queixa dele e Emy se debatia, tentando se livrar de Kate, eu tinha problemas maiores.

Três na realidade. Eu já havia me livrado de um, o esfaqueando com o salto agulha do meu sapato, e agora, eu trabalhava eu furar o segundo.

Nesse meio tempo, a policia chegou.

- O que está havendo aqui? – distingui a voz do meu pai.

Droga. Meu pai não sabia dessa festa.

- Essa maníaca bateu no meu carro e ainda tentou me agredir – o motorista disse tranquilamente.

- Seu filho de uma p*ta, mentiroso desgraçado renascido das trevas! Eu não te agredi porcaria nenhuma! AINDA!

- Emily! Se controla! Ah, olá pai da Vivian! – Kate saudou meu pai alegremente. Kate sempre teve o péssimo hábito de não tratar os meus pais e os pais da Emy e MarJo com ‘senhor’ e ‘senhora’.

- É senhor Hopkins, Kate... – meu pai suspirou – E o que houve com seu rosto?

- O batom da Emy borrou.

- Era durável?

- Sim.

- Puxa, você se meteu em problemas, garota. Minha mulher já usou um batom assim e não saia nem com reza braba e...

- Hey, vocês! Vão ficar de papo aí, ou vão resolver meu problema? – o homem se alterou.

- Qual seu nome, cidadão? – meu pai perguntou já se armando com seu bloquinho.

- Lester. Lester Chester.

- Muito bem senhor Chester, vamos para a delegacia responder pelo carro e por desacato a autoridade.

- Por que desacato? – Lester se indignou.

- Você interrompeu minha conversa com a coleguinha da minha filha. Não notou que o dialogo era reto? Sua mãe não te deu educação?

- Deu...

- Diga, ‘Deu, sim senhor’! Batendo continência, soldado!

- Deu, sim senhor! – Lester falou batendo continência.

- Muito bom – meu pai aprovou. – Agora, entrem ali. Todos.

- Todos? – Kate se preocupou – Escute, pai da Vivian...

- Senhor Hopkins...

- Senhor Hopkins. Olha, o senhor como pai da nossa amiga não pode fazer isso com a gente...

- É, ninguém me leva para a delegacia. Por acaso estou com drogas? Ou bebidas? – Emily continuou.

- Drogas? Bebidas? Você têm essas coisas no carro?

- Claro que não! – Emy se defendeu.

- Vou investigar... – ele decidiu – Se eu encontrar algo dessa natureza...

- Oh meu deus... – Emily sussurrou para Kate – E se ele achar os bombons de licor?

- Ai ferrou tudo, irmãzinha...

Meu pai colocou a cabeça para dentro do carro e começou a revistar tudo.

Eu, escondida atrás do banco do passageiro apenas rezava para que ele não me achasse.

Caramba, eu estava me sentindo uma traficante.

- Limpo... Limpo... – ele averiguava – Uh! Bombons!

E pegou um punhado e escondeu dentro do uniforme.

- Apenas como prova... – sussurrou para si mesmo – Agora, vamos ver o banco de trás e... Neném?

- Pai! – me revoltei – Já disse para não me chamar assim em publico!

- Vivianne Pauline Robin Hopkins! O que você está fazendo aqui?!







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Notas finais do capítulo

Capitulo mega-hiper-ultra-super gigante! Nem sei como consegui escrever tudo isso!
Preciso dizer que adoraria receber milhões de comentários gatos? Rsrsrs...
Bjs
Lolis