Walking In My Shoes escrita por Quididade


Capítulo 3
Certezas antes do café da manhã.


Notas iniciais do capítulo

Certo. Primeiro, peço desculpas a todos por tê-los feito esperar tanto. Mas com toda a agitação escolar minha criatividade foi a primeira a me trollar legal.
Esse é o último capítulo que eu posto estendendo muito um dia só. Não curto fazer isso, mas era necessariíssimo, ele ficou muito grande. Se eu fizer de novo, será no máximo dois capítulos para cada dia, o que ainda sim aumenta bastante a fic, mas não vai passar disso. Enfim, espero que aproveitem.
Apolito na área!



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Ainda que minha cabeça estivesse a mil por hora com as muitas taxas de probabilidades que Atena estava calculando enquanto íamos ver papai, ao ver Apolo chegando para a reunião não pude refrear a mim mesma.

— Eu já volto, vai indo na frente. — Disse para Atena, que me olhou confusa. Na metade do caminho até Apolo eu olhei pata trás e vi que ela continuou falando suas taxas de probabilidades, como uma doida varrida.

Definitivamente estávamos perdidas.

Eu só não sabia o quanto naquele momento, nunca imaginei que a coisa era muito maior. 

— Não dê nem mais um passo! — Gritei, assustando-o. Por um minuto ou dois, Apolo manteve as sobrancelhas juntas, vincando a testa. Ele me esquadrinhava com curiosidade, e não pude deixar de sentir, de certa forma, alívio por ele estar agindo conforme o seu normal.

Mas não significava que ele não sabia o que fez. Só que era um bom ator, e não, não foi um elogio.

— Maninha! — Ele ergueu os braços, pronto para me abraçar tão forte quanto o abraço com qual acordei. Dessa vez eu não ralhei com ele, ou revirei os olhos, apenas olhei de um lado para o outro rapidamente, o que o deixou apreensivo levando em conta o calor atmosférico que aumentou. — Tudo bem Ártemis?

Eu me virei para seu rosto novamente, e dei um sorriso doce. Doce demais, na verdade, e antes de ele poder se aterrorizar com isso eu o empurrei para um canto atrás da enorme máquina de refrigerantes... Máquina de refrigerantes, tsc... Poseidon quando se junta com Hades só dá coisa que não presta.

— Caramba, calma! Se quiser me sequestrar eu recomendo um lugar mais privativo do que um canto... Talvez o seu quarto, sei lá. — O timbre que ele usou foi tão depravado que eu, mais uma vez, não pude me refrear. — Ai! Você me trouxe pra cá só pra me bater, é?

Era minha autodefesa, ué. Que foi? Vai dizer que se o seu irmão te cantasse você não bateria nele também?

— Apolo cala a boca e me escute uma vez nessa sua vida! — Eu não gritei, mas falei com tanta determinação que ele largou sua bochecha marcada pela minha mão e me encarou, cauto. Respirei fundo, passando uma das mãos nos meus cabelos. — Nós estamos em alerta "vinholeta", todos nós.

— Eu sei disso! — Ele exclamou, sorrindo de lado levemente. Não parecia preocupado, só contente com tudo. — Você foi ao pátio principal? Está tão badernado que nem setecentas ninfas estão dando conta. O velho vai nos matar, principalmente Poseidon e eu, ah é.

Ele riu, e pelo meu terceiro impulso do dia, acompanhei sua risada melodiosa.

— Não se esqueça do Nísinho.

Apolo riu ainda mais com o Apelido do deus dos vinhos. Afrodite e Ariadne chamavam tanto ele desse jeito que todas as olimpianas o chamam assim agora, mas eu até que acho um apelido fofo.

— Esse daí já está em alerta "vai voltar para o acampamento!". A carcaça dele já está no fundo do molho tártaro há muito tempo.

— Credo Apolo! — Eu disse um pouco horrorizada. — E isso nem fez muito sentido.

— Você é uma menina, nada do que eu digo faz sentido para você. — Ele deu de ombros enquanto começava a sair do cantinho e ia para o salão.

Pela primeira vez ele disse algo que faz realmente muito sentido.

Puxei a gola da camisa polo vermelha que ele vestia até Apolo estar no mesmo lugar que eu o pus, ligeiramente desnorteado.

— Que foi? O que é que você ainda quer? Ai!

— Fala direito comigo! — Ele riu um pouco mais quando eu fechei a cara. — E... Por a caso se lembra de alguma coisa de ontem?

Como descrever os dois minutos que ele levou para vasculhar suas memórias? Pavoroso? Não. Um verdadeiro pesadelo? Quem sabe... O pior dois minutos da minha vida. Sim, isso mesmo!

Ele levou tanto tempo pensando que ficou mais do que na cara que ele se lembrava de muiiita coisa. E quando ele deu aquele sorriso pervertido, eu tive certeza de três coisas.

Primeiro, houve muitas coisas depravadas naquela festa.

Segundo, eu estava envolvida em algumas delas, levando em conta a forma como ele me olhava ao recordar.

Terceiro, eu estava frita. Tão ferrada que estava quase indo para um cemitério qualquer e me enterrando sozinha.

Afrodite nunca iria cavar mesmo, suas unhas eram bonitas demais para se colocá-las na terra. Atena diria que é ilógico, então não me ajudaria. Deméter, apesar de adorar terra, nunca pisaria em território inimigo, se é que me entende. Hera coitada... Talvez, talvez ela me ajudasse no meu enterro.

— Terra para Artie, terra para Artie... Huston, temos um problema. — Apolo gargalhou com a própria brincadeira, balançando uma das mãos em frente a meu rosto, e com a outra imitando um pequeno comunicador. Ele fazia aqueles ruídos estranhos com a boca também.

Bizarro.

— Certo, do que você se lembra?

Ele riu abestalhado.

— Que você estava rebolando em cima de uma mesa com Ariadne.

Desta vez eu revirei os olhos, um pouco cansada desse lado infantil do Apolo pelas manhãs. Às vezes isso se tornava um verdadeiro porre, e com às vezes eu quero dizer sempre.

— Próxima informação inútil. — Ele exclamou um "ei", ofendido. — Que foi? Vai demorar até você falar algo de útil para mim.

— Ah é? — Ele indagou provocador. — E se eu falar que ontem você me beijou hein? Ah, não sou mais tão inútil assim, né?

Merda, merda, merda! Oh, meu deus, perdoe-me por quebrar meu voto com ti. Eu não estava sobre a melhor das consciências, e sou muito novinha pra morrer, oh, merda.  Leve o Apolo, sei que ele não prometeu nada, mas foi ele que me beijou e...

— E foi você quem me beijou pelo que eu me lembro. — Ele cantarolou.

— Apolo cala a boca antes que eu arranque suas cordas vocais com as unhas!

Passei a mão no rosto completamente devastada. Céus, que injusto! Todas nós no escuro, embargadas na amnésia, e o retardado do meu irmão se lembrando de tudo o que ele não deveria em hipótese alguma, recordar.

— Que injusto! — Exclamei, injuriada.

— O que? Você ter me beijado? Se for isso vem aqui que eu resolvo isso, beijo você rapidinho.

Ignorei o comentário dele, utilizando os meus anos e anos de pratica.

— Porque você é o único que se lembra de algo?

— Não, não. — Ele me corrigiu, balançando o dedo indicador em sinal de negação. — Afrodite, Hefesto, Dionísio e Ares se lembram de algumas coisas também. Ah, Savanna também se lembra de algumas coisas.

Estreitei os olhos para ele.

— Como Sabe disso? Por acaso você mal acordou e foi arrastar asa pra minha afilhada?

— Ér... Vamos entrar, vamos? Já devem estar preocupados conosco. Olha Ares ali!

Eu me virei para olhar. O troglodita do Ares estava realmente vindo em nossa direção, e apesar da cara amarrada, tinha um sorriso meio duvidoso no rosto.

Será que ele sabia de algo também? Oh, boy...

Apertei o pulso de Apolo, que me olhou assustado com o toque.

— Presta bastante atenção... Abre essa maldita boca pra contar tudo isso para outra pessoa, e considere-se na minha lista de coisas para caçar, me entendeu?

Ele anuiu com veemência. Dei um sorriso simpático quando Ares chegou mais perto.

— Já estamos indo.

— É claro que estavam, mas se continuarem nesse passo de lesma, vocês só vão chegar no final do século que vem. O que há retardados? Ah, estão discutindo a próxima bebedeira é? Talvez nela Artie tire a roupa como me prometeu.

Eu estanquei no lugar. Eu já disse que quando estou de ressaca eu fico um pouco agressiva? Não? Ah, vocês perceberam, tenho certeza.

Meus punhos já estavam prontos para socá-lo, mas Apolo apertou o meu pulso, e eu abri as mãos, desfazendo a posição de ataque. Não foi uma boa ideia porque ele escorregou sua mão do meu pulso para a minha mão, e entrelaçou seus dedos nos meus.

— Vamos indo, Artie. Ignore esse tapado. — Apolo disse com um timbre manso, cauteloso. Eu concordei, dando língua para Ares assim que passamos por ele, o deixando para trás, mas ele além de retribuir me dando língua também, riu e zombou das nossas mãos entrelaçadas.

— Ah, que isso! Voltaram aos sete anos? Ou foi Apolo que te deu um trato daqueles ontem? — Ele riu. Olhei para Apolo de esgueira quando ele se retesou.

— Cala a boca, Ares.

— Você não manda em mim, solzinho. E a propósito, você não disse que não ia se aproveitar dela quando a levou pro seu palácio ontem, hein?

Ok, ok. Apolo se esqueceu dessa parte quando estava conversando comigo, mas lembrou-se bem dela ao socar a fuça de Ares. E enquanto os meus dois irmãos se socavam e trocavam insultos na porta da frente do palácio de meu pai eu cheguei a mais duas conclusões para somar as três anteriores.

Quarta, eu estou cercada de babacas primitivos.

Quinta, eu precisava urgentemente de alguém para me ajudar com meu enterro, já!

— Continue, ninguém está nos esperando nem nada! — Héstia, que estava chegando, comentou. Ela se agachou e com muita habilidade agarrou a orelha de cada um, puxando-os para dentro do salão de reuniões enquanto os dois marmanjos reclamavam de dor.

Certo, e a sexta certeza do dia: Héstia tem muito mais força do que eu imaginava.

— Vamos Ártemis, ou quer que eu puxe sua orelha também?  — Ela indagou, sorrindo. Tapei minhas orelhas, exasperada.

— Já estou indo, já estou indo. 


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Notas finais do capítulo

Tadinha da Artie. Os puxões da Héstia doem.
Ela não deveria fazer isso, não era a deusa mais pacifica do Olimpo ou coisa do gênero?
Apolo safadenho demais! E ocultador também, mas ele tem sus motivos para omitir algumas coisas de Ártemis. E alguns deles são extremamente fofos.
Apolo é extremamente fofo.
Ah, antes que eu me esqueça. Mesmo que Poseitena seja o casal secundário, eu aumente relativamente as citações e as aparições de Poseidon devido a tia Maeve, que brigou comigo por não pô-lo em "Eclipse". Enfim, o deus mais gostoso do olimpo vai aparecer mais agora CeCe.