Sangue Puro escrita por Shanda Cavich


Capítulo 7
Capítulo 6 - Patronos




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Estavam os quatro bruxos em Little Hangleton. Uma casa pequena, completamente arruinada. As pequenas janelas pouco contribuíam para que houvesse luminosidade no local, necessitando da ajuda de velas que flutuavam próximas a parede. O mais poderoso deles, Lorde das Trevas como era conhecido, discursava algo empolgante a seus ouvintes. Rodolfo Lestrange era um único deles que não prestava muita atenção. Apenas olhava para baixo, como se algo o incomodasse:

– Algo errado, Lestrange? – disse a voz do mestre, fazendo-o se arrepiar.

– N-não, Milorde. Nada errado. – respondeu o jovem de vinte anos, quase fazendo uma reverência.  

– Assim espero. – em seguida, Lord Voldemort sibilou algo incompreensível, então Nagini se enroscou por volta de seu pescoço. – Quero que você e Travers matem John Mckinnon. Ontem Lúcio me enviou uma carta a respeito do auror, explicitando a urgência da missão. Quanta delonga, não é mesmo? Lúcio é mesmo um moleque!

– Mataremos ainda hoje, Milorde. – respondeu Travers, calma e friamente. Rodolfo apenas assentiu com a cabeça.

Bellatrix, que até agora estava em silêncio, levantou-se da cadeira almofadada, fazendo com que os dois bruxos mais jovens notassem o seu olhar demente e apaixonado em direção ao Lorde.

– Milorde... – Bellatrix sorriu. – O senhor não acha melhor matarmos a família toda?

– Interessante, Bella... Devo admitir que não é má idéia. Afinal, a aniquilação completa da família Mckinnon seria um exemplo de superioridade contra a Ordem da Fênix, que até agora não nos venceu uma só vez.

Depois de tudo ser acertado, Travers e Lestrange direcionaram-se até a porta, para logo dar início à tarefa que acabaram de assumir. Voldemort acenou com a mão para os dois, como um sinal para que se apresassem. Bellatrix sentou-se na cadeira novamente, tranqüila e indiferente, provocando a injúria de seu marido.

– Bella, meu amor... – disse Rodolfo, desajeitadamente, percebendo o olhar agudo e reprovador de seu mestre em função da demora. – Por que não vem conosco?

Antes que Bellatrix pudesse responder alguma coisa, Voldemort deu alguns passos até o rapaz. Sua face pálida e ofídica expressava perturbação, ou até mesmo desentendimento.

– Não vejo porque ela precise ir, sendo uma missão tão simples como essa. – prosseguiu Lord Voldemort, que desta vez sorria de modo estranho, revelando dentes levemente afiados. – Até porque, mais tarde Bella irá comigo até os gigantes, a fim de convencê-los a unirem-se a nossa causa.

– M-m-mas, Milorde, acho que seria mais apropriado se Travers, ou então Lúcio, que é tão bem relacionado, por que não?... Quero dizer... Seria melhor se um deles fosse com o s-senhor ao invés de Bella, pois...

Lord Voldemort aproximou-se do jovem, encarando-o nos olhos. Rodolfo cessou as palavras imediatamente, engolindo em seco.

– Algo errado com minha decisão, Lestrange?

– Não, M-milorde. Nada errado.

– Ótimo então! Agora já podem ir! – disse Voldemort para os dois Comensais a sua frente.

Travers saiu porta a fora, seguido por Rodolfo, que transmitiu um último olhar triste para a esposa. Os dois bruxos saíram voando, de modo que uma fumaça negra os seguisse até que sumissem de vez. Alguns segundos depois, uma brisa gélida adentrou o local. O gramado em frente à velha casa foi coberto por pequenos flocos de gelo. Lord Voldemort tirou Nagini dos ombros e a pôs no chão. Bellatrix sacou a varinha, tremendo ao ver as criaturas que pairavam no quintal.

– Milorde! – exclamou Bellatrix, quase em um sussurro. – Dementadores!

– Sim, Bella, estou vendo. – Voldemort estava mais calmo do que nunca. – Não farão nada conosco, acredite.

Bellatrix foi para perto de seu mestre, descrente, apontando a varinha para os três seres encapuzados. Nos anos em que estudara em Hogwarts aprendeu a conjurar o famoso patrono, entretanto jamais teve de por o aprendizado em prática fora das salas de aula. Exatamente como Lord Voldemort havia dito, os dementadores apenas circulavam a casa, mas nada faziam além disso.

– Me disseram que Dementadores como estes guardam a prisão de Azkaban. – disse Bellatrix, tentando evitar o olhar direto dos seres pútridos e sombrios.

– É verdade. Esta foi uma nova medida adotada pelo Ministério desde que meus Comensais da Morte ameaçaram invadir o lugar e libertar todos os presos. – Voldemort riu ao terminar de falar. – Estes dementadores devem ter vindo apenas pela atração que o aborrecimento do Lestrange gerou agora a pouco.

– Por que eles não estão nos atacando? – Bellatrix fazia todo o possível para parecer o menos ignorante possível. Detestava fazer perguntas.

– Pelo óbvio, Bella. – Voldemort continuou a rir, coisa que só fazia quando estava sozinho ou então na presença da Comensal mais fiel, sem que terceiros estivessem a volta. – Eles temem a mim.

– Pensei que só recuavam em função de um patrono, Milorde. – disse a bruxa, ingenuamente.

Voldemort encarou a jovem durante alguns segundos. Por um momento ela sentiu medo, mas depois viu que o olhar de seu mestre era de aspecto positivo.

– Preste atenção, Bella. Patrono é magia branca! Magia para fracotes e otários! – disse Voldemort, completamente alucinado em suas próprias palavras. – A magia que eu faço é de um poder tão grande, que não só faz os dementadores recuarem, como também faz eles sentirem algo um tanto quanto peculiar, que os assusta! Algo como a...

– Dor. – interrompeu Bellatrix, sorrindo de ansiedade.

– Ah, Bella! Você aprende rápido. Magia como a minha, poucos são capazes de realizar. Veja o porquê! – Voldemort sorriu, em seguida apontou a varinha de teixo ao dementador mais próximo. – Dementore passus ipsum!

A criatura atingida pelo feitiço soltou algo parecido com um grito e voou para longe, retorcendo-se ao extremo. Nos mesmos instantes em que o dementador agonizava, Voldemort sentia exatamente o mesmo sofrimento. A diferença é que Lord Voldemort era um bruxo das Trevas. Um bruxo que aprendeu a agüentar - e apreciar - a dor.

Os outros dois dementadores foram embora, amedrontados pelo feitiço do Lorde. Bellatrix deixou escapar uma gargalhada, fazendo com que Voldemort desse um pequeno e estranho sorriso de preocupação. Já houvera outras ocasiões em que Tom Riddle dedicou parte de seu tempo a ensinar sua seguidora as mais diversas e perigosas artes negras. A cada hora que se passava junto Daquele-que-não-deve-ser-nomeado, Bellatrix tornava-se mais forte.

– Depois do que acabei de ver, creio que não precisaremos de Patronos tão cedo, Milorde.  – concluiu a garota, olhando para sua varinha. – Mas algo neles sempre me intrigou...

– E o que é, Bella? – disse Voldemort, sombriamente.

– Ouvi dizer que nem todos têm a capacidade necessária para conjurá-los. Achei uma besteira quando ouvi, mas hoje acredito ser verdade. – Bellatrix bufou de indignação, demonstrando certo receio ao dizer aquilo, pois o rosto de seu mestre não parecia nada agradável. – Nunca vi um patrono de perto, mas me disseram que causa uma boa sensação. Uma sensação de felicidade, ou algo do tipo.

– Para que se consiga conjurar um patrono é necessário, acima de tudo, pensar em felicidades passadas, Bella. Isso explica a sensação de bem-estar que afasta os dementadores. – Lord Voldemort subitamente mudou o tom de voz, como se o assunto em questão o incomodasse duramente.

– Absurdo! Toda magia que envolve sentimentalismo me dá nojo. – Bellatrix tapou a boca com a mão, de certa forma arrependida de ter dito o que disse, mas logo se concertou. – Quero dizer... Apenas acho, ou melhor, tenho certeza de que o senhor faz muito bem em não conjurar Patronos. O senhor é digno demais para isso.

– Você tem juízo, Bella. Nem preciso mais dizer os motivos pelo qual... – Lord Voldemort foi interrompido ao perceber que a Marca Negra fora projetada no céu a quilômetros de distância, em função do feitiço "Morsmordre". Travers e Lestrange cumpriram a missão. A marca no céu foi apenas um sinal de que a família Mckinnon já estava inteiramente morta.


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